quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

Lula é humilhado e toma chuva de vaias e protestos no Rio





O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentou protestos e percalços nesta terça-feira (5), segundo dia de sua caravana pelos Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro. As informações são do Valor Econômico.

Com uma faixa com a inscrição “Lula, ladrão, seu lugar é na prisão”, cerca de 200 pessoas fizeram uma manifestação nas escadarias da Câmara de Vereadores de Campos, diante da praça onde Lula deu início à visita ao Estado do Rio.
Foi a maior manifestação encarada por Lula desde o início de sua caravana, em agosto.
Do palanque, de onde se podia ouvir a vaia de manifestantes, Lula chamou a população do Rio de cordata, mas disse que o fluminense se sente traído pela classe política.
Ele contou ainda ter sido alertado por seus colaboradores sobre o ânimo do eleitor do Rio. Interlocutores do ex-presidente dizem que, advertido, Lula afirmou que não se entra no jogo apenas quando se está em vantagem.
“Se o povo está desacreditado, a gente tem que conversar seriamente com o povo”, discursou.
Esse não foi o único incidente na agenda do ex-presidente. Na chegada ao hotel em Campos, um hóspede o chamou de ladrão no hall. Aos gritos, sendo conduzido ao elevador por seguranças até o elevador.
Mais tarde, na saída do hotel, a caminho da praça, um grupo de jovens, com camisa do Senai, o aguardava na calçada.
Para ser levado ao ato, Lula dispensou o ônibus, símbolo da caravana, e optou por um carro de passeio.
A chuva também atrapalhou. Na parada programada na cidade de Iconha (ES), apenas cerca de 50 pessoas o aguardavam quando chegou, por volta das 15h.
O ex-presidente nem sequer subiu no carro de som para discursar, limitando-se a posar para selfies e abraçar simpatizantes.
Patético, patético… DO C.POLÍTICO

Diante de Temer, Moro executa show de humor

Josias de Souza

Agraciado pela revista IstoÉ com o prêmio Brasileiro do Ano, Sergio Moro dividiu o palco com Michel Temer e outros personagens em litígio com a lei. O juiz da Lava Jato tinha duas alternativas: ou encarava o inusitado com um sentido de absurdo ou enxergava tudo sob a ótica do deboche. Preferiu encarar a situação como uma piada. Ao discursar, o juiz da Lava Jato revelou-se um humorista insuspeitado.
Moro falou sobre providências que precisam ser adotadas ou evitadas para combater a “corrupção sistêmica” que assola o país. Reiterou, por exemplo, a defesa da regra que abriu as portas das celas para os condenados na segunda instância. Injetou uma certa ponderabilidade cômica na cena ao pedir ajuda a Temer.
Com duas denúncias criminais no freezer, Temer terá de acertar contas com a Justiça depois que deixar a Presidência. Num instante em que seus aliados tramam aprovar um mecanismo qualquer que mantenha ex-presidentes fora do alcance de ordens de prisão de juízes como Moro, o comediante sugeriu a Temer que se enrole na bandeira da prisão em segundo grau:
''Mais do que uma questão de justiça, é questão de política de Estado”, disse Moro. Ele pediu a Temer que “utilize o seu poder” para influenciar o Supremo Tribunal Federal, de modo a desestimular a mudança da regra. “O governo federal tem um grande poder e grande influência. E pode utilizar isso. Se houver mudança, será um grave retrocesso.”
Um detalhe potencializou o teor humorístico do pedido que Moro dirigiu a Temer: o ministro Gilmar Mendes, amigo e conselheiro do presidente, é o maior defensor da política de celas vazias no Supremo.
Gilmar compôs a maioria de 6 a 5 que autorizou a prisão de condenados em tribunais de segundo grau. Mas já deixou claro que pretende mudar o seu voto quando a questão retornar ao plenário da Suprema Corte. Foi como se Moro sugerisse a Temer dizer algo assim para Gilmar: “Tem que manter isso, viu?”
Como em todo bom espetáculo de stand-up comedy, Moro falou como se extraísse da plateia motes para suas anedotas. Defendeu o fim do foro privilegiado diante de Moreira Franco, o amigo a quem Temer fez questão de presentear com o escudo. Concedeu-lhe o título de ministro e o consequente direito de ser julgado no Supremo depois que o companheiro virou o “Gato Angorá” das planilhas do Departamento de Propinas da Odebrecht.
O foro concede ''privilégios às pessoas mais poderosas'', declarou Moro, arrancando efusivos aplausos da audiência. ''Seria relevante eliminar completamente o foro ou trazer uma restrição ao foro.'' Como juiz, Moro também dispõe de foro especial. ''Não quero esse privilégio para mim'', refugou, sob aclamação.
Temer e Moreira abstiveram-se de aplaudir Moro. Outros acompanhantes do presidente também sonegaram ao juiz a concessão de uma salva de palmas. Entre eles o presidente do Senado, Eunício Oliveira, o “Índio” da planilhas da Odebrecht.
Como que decidido a borrifar graça na atmosfera, Moro sugeriu ao ministro da Fazenda, também presente à premiação, que seja mais generoso com a Polícia Federal: “Pedindo vênia ao ministro Henrique Meirelles, que faz um magnifico trabalho na economia, me parece que alguns investimentos são necessários para o refortalecimento da Polícia Federal. O investimento na atuação do Estado contra a corrupção traz seus frutos.”
Temer discursou depois de Moro. Mas não disse palavra sobre Lava Jato ou o combate à corrupção. Preferiu bater bumbo pela reforma da Previdência.
Destoando do resto dos presentes, o presidente e seus acompanhantes não ficaram em pé quando Moro subiu ao palco para receber o seu prêmio. Durante o discurso do juiz, exibiam cenhos crispados. Tratados como reformadores morais, as piadas não acharam graça de si mesmas. Por sorte, o humor compreende também o mau humor. O mau humor é que não compreende coisa nenhuma.