Em pedido de prorrogação de prazo do inquérito que investiga deputado emedebista, procuradora-geral afirma que 'secretários parlamentares mentiram ao tentarem defender que a residência de Marluce Vieira Lima serve como escritório parlamentar'
Luiz
Vassallo - DO ESTADÃO
03 Abril 2018 | 18h18
03 Abril 2018 | 18h18
Em pedido de prorrogação de prazo do inquérito que investiga o deputado federal Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), a procuradora-geral da República Raquel Dodge revelou ter convicção de que o parlamentar tem pelo menos quatro ‘fantasmas’ em seu gabinete. A chefe do Ministério Público Federal disse que os secretários parlamentares mentiram em depoimento ao tentarem defender que a casa da mãe do emedebista, Marluce Vieira Lima, serve como escritório parlamentar.
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Além de denunciados, ao lado do ex-ministro Geddel Vieira Lima, pelo bunker dos R$ 51 milhões, o deputado Lúcio e a genitora dos emedebistas também estão implicados em outras suspeitas, como a compra de gado e maquinário fantasma e a apropriação de salários de assessores do parlamentar. A investigação sobre os desvios de salários começou com o depoimento de Job Brandão, ex-funcionário de Lúcio que admitiu devolver parte de seus salários, contar dinheiro e guardar valores na casa de Marluce.
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Em sua defesa, o deputado e seus assessores ainda remanescentes disseram, em depoimento, que a casa de Marluce Vieira Lima é o escritório político de Lúcio. Raquel não engoliu. “As inverdades que declararam são relevantes”.
A procuradora-geral destacou que a investigação da PF ‘com base no material apreendido no endereço de Marluce, não identifica documento cujo teor aproxime-se da atividade de um Deputado Federal’.
“Logo, lá não era o escritório parlamentar de Lúcio e os dois secretários parlamentares que até hoje trabalham naquela residência não exercem atividade de interesse público”.
Raquel dá conta de que, além de Job, Milene Pena e Suzarte dos Santos, que trabalham na casa de Marluce, ainda há um quarto ‘fantasma’ que pediu demissão após a Operação Tesouro Perdido, adotando ‘um comportamento típico de quem sabia fazer algo errado’. Trata-se de Valério Sampaio Sousa Júnior, que é filho de um homem de confiança dos Vieira Lima também implicado em diversas investigações.
O pai do assessor é investigado pela suposta venda e locação de ‘gado de papel’ e ‘maquinário fantasma’ aos emedebistas em suas fazendas no interior da Bahia.
“Ouvido a partir da fl. 2405, Valério Sampaio Sousa Júnior afirmou que foi nomeado secretário parlamentar porque seu pai pedira um emprego aos irmãos Vieira Lima. Ocorre que ele nunca trabalhou em Salvador/BA, nunca esteve em Brasília/DF, e não sabe sequer dizer onde ficam os escritórios de representação de Lúcio”, diz Raquel.