Para os esquerdistas Yoani é vista como uma “mercenária do império” que é mantida pela CIA (chavão utilizado para todo aquele que se opõe ao regime), e para a verdadeira dissidência ela é tolerada, pois de algum modo chama a atenção do mundo para a Ilha.
No princípio de fevereiro a presidente brasileira visitou Cuba, suscitando muitos comentários e especulações a respeito de seu possível encontro com a dissidência de dentro da Ilha, principalmente a famosa blogueira Yoani Sánchez. (É curioso como para o Brasil a única pessoa que se opõe ao regime dos Castro, dentro da ilha, é esta criatura. Os verdadeiros opositores que correm toda sorte de riscos, perseguições, torturas, prisões e mortes não existem).
Yoani foi convidada para participar do lançamento de um filme feito na Bahia, no qual é citada e participou com entrevistas, e antes mesmo da visita ilustre se antecipou, gravando um vídeo, no qual solicitava os bons ofícios da mandatária brasileira para que intercedesse junto aos ditadores Castro a fim de que estes liberassem seu visto de saída. Apelava “de mulher para mulher” e por ter sido perseguida política, mas ninguém lhe contou que a “perseguição” sofrida pela brasileira era porque se aliara à ditadura do seu país.
Correu pela rede uma petição para que ela pudesse viajar ao Brasil, vários articulistas dos jornalões e revistas nacionais escreveram defendendo a saída da “opositora” Yoani e houve muita indignação a respeito das declarações do chanceler Antonio Patriota, que foi enfático ao dizer que “os direitos humanos em Cuba não são uma questão emergencial”, e de Marco Aurélio Garcia (MAG), que afirmava que se a blogueira pedisse asilo político no Brasil, teria de abandonar as atividades do seu blog. Bem, todos esses ditos precisam ser analisados sem o calor das paixões e à luz dos fatos. Em primeiro lugar, não tem cabimento o espanto e o escândalo que se formou em torno da afirmação do chanceler Patriota, tendo em vista que ele apenas cometeu um ato falho, revelando aquilo que de fato é a praxis comunista. Basta que se dê uma olhada no histórico do comunismo nacional e internacional para se comprovar que o discurso é divorciado da prática, e que “direitos humanos” não passa de um chavão para conquistar os corações dos incautos e incultos. Também não se constitui uma preocupação da presidente brasileira sair em defesa de ninguém que se oponha aos donos da ilha, considerando que no passado, tanto ela quanto a maioria dos seus camaradas d’armas, foram financiados e treinados por aquele que ela iria encontrar. É preciso ser muito tolo ou ignorante para acreditar que ela pudesse interceder a favor de quem é contra o seu ídolo, desde a juventude!
Seu objetivo era mesmo esbanjar os recursos do povo brasileiro, através do BNDS, atribuindo uma importância para o Brasil da ampliação do porto de Mariel, cuja fabulosa exportação se desconhece, uma vez que atualmente Cuba não produz nada além de charutos e que, convenhamos, é um contra-senso em tempos de campanha anti-tabagista! Enquanto Cuba abocanhou R$ 1,18 bilhões dos nossos impostos, no Brasil a Saúde perdeu R$ 5,47 bilhões, a Defesa R$ 2,7 bilhões e Cidades R$ 3,32 bilhões. Economiza-se em casa, para ajudar a manter uma ditadura genocida fazendo figura com o chapéu alheio, e que não vai ajudar a melhorar a vida do cubano a pé em nem um grão de arroz.
Com relação à declaração do poderoso MAG, é a maior estupidez imaginar que esta “opositora” fosse abdicar de sua galinha dos ovos de ouro para viver num país em que ela seria mais uma exilada, e cujos cinco minutos de fama escorreriam pelo ralo tão logo passassem as naturais curiosidades de uma criança quando vai ao zoológico pelo primeira vez. Houve revolta pelas afirmações de que se pedisse asilo político ela teria que abandonar o blog, mas isto não é invenção de MAG e sim do CONARE, o órgão encarregado do processo de asilo. Diz em seus estatutos que, aquele que for abrigado pelo asilo político fica expressamente proibido de comentar, falar, escrever ou dar entrevistas de cunho político, sobre o seu país e o que lhe abrigou.
Partindo desse princípio, torna-se evidente que a famosa blogueira jamais iria cometer uma estupidez desse tamanho, pois de onde ela iria sacar todos os milionários prêmios que vivem lhe fornecendo os bajuladores e sócios do regime castro-comunista da Ilha? Yoani é detentora de ao menos 10 prêmios internacionais, que não se limitam a títulos ou troféus mas também a uma soma em dinheiro, geralmente muito alta, o que faz dela uma pessoa com um lastro financeiro invejável, do qual evidentemente não quer abrir mão.
Dentre os prêmios recebidos desde 2008 (apenas um ano após a inauguração do blog), o primeiro país a conceder-lhe foi a Espanha, muito casualmente o país que mais apóia a ditadura dos Castro, seja através de sua rede de hotéis Meliá, seja com acordos de cooperação comercial com várias outras empresas, ou de receber ex-prisioneiros políticos libertados mas expulsos do país. A Espanha os recebeu mas não lhes concedeu asilo político e eles são tratados como sub-raça, identidade, trabalho, nem quaisquer outros direitos.
Então, em 2008 Yoani recebeu o “Prêmio Ortega y Gasset”, da Espanha, “100 Most Influential People in the World”, da esquerdista revista Time, “100 Hispanoamericanos más Importantes”, do jornal El País, também da Espanha, “Los 10 personajes de 2008” da revista Gatopardo, do México e o “10 Most Influential Latin American Intellectuals of the year” do Foreign Policy. Em 2009 ela recebeu o “25 Best Blogs of 2009”, outra vez pela revista Time, o “Young Global Leader Honoree”, outorgado pelo Fórum Econômico Mundial, e o “Maria Moors Cabot Prize”, pela Universidade de Columbia. Em 2010 é a vez da Holanda, com o prêmio “Príncipe Klaus” e em 2010, o Instituto de Estudos Econômicos (IEE), do Brasil, lhe oferece o “Prêmio Libertas”.
Para os esquerdistas Yoani é vista como uma “mercenária do império” que é mantida pela CIA (chavão utilizado para todo aquele que se opõe ao regime), e para a verdadeira dissidência ela é tolerada, pois de algum modo chama a atenção do mundo para a Ilha.
Por outro lado, os Castro fingem reconhecer sua “oposição” quando não lhe dão o visto de saída - absurdo que condeno veementemente seja a quem for, não o visto em si mas à existência mesma dele -, mas também não a oprimem com a mesma severidade imposta aos verdadeiros dissidentes porque, presa, ela não poderá escrever nem muito menos receber prêmios. Todo mundo sabe que nem um mísero centavo entra na ilha sem que o Banco Central fique com um percentual a título de “imposto”, então, porque fechar a torneira de onde jorra leite e mel e que, ademais, não lhes acrescentaria nada?
Assim que, cada um cumpriu bem o seu papel no script: a blogueira apelou para o feminismo da gerentona, que por sua vez fingiu que não era com ela e passou a bola para o ditador Raúl Castro, que por sua vez fingiu ser inimigo da blogueira não lhe concedendo o visto que, no fim das contas, não lhe interessava mesmo, para poder representar bem o papel de perseguida. Que os ilhéus que vivem perdidos no meio do nada, sem comunicação com o mundo real desconheçam isso, é compreensível, mas os brasileiros, não.
A propósito, de acordo com documentos revelados por WikiLeaks não foi Obama quem respondeu ao questionário enviado pela blogueira em 2009, mas o Escritório de Interesses dos Estados Unidos em Cuba.
Artigo ampliado do escrito originalmente para o Jornal Inconfidência de Belo Horizonte.
DO MIDIA SEM MASCARA