sábado, 3 de dezembro de 2011

A PERGUNTA QUE NÃO QUER CALAR: POR QUE DILMA ROUSSEFF NÃO DEMITE CARLOS LUPI?


Das duas uma, ou as duas: dona Dilma ficou realmente sensibilizada com a declaração pública de amor que lhe foi feita pelo ministro Carlos Lupi, como se o que o sujeito falasse merecesse o mínimo de crédito, e resolveu manter seu pretensamente apaixonado ministro por perto, independente das evidências de que ele está “atolado até o pescoço” em todo tipo de armações e maracutaias, ou o cara tem mesmo “bala na agulha”, e sabe que ninguém vai ter coragem de enfrentá-lo, assumindo o risco de que ele “jogue farinha no ventilador”.
O mais recente ato dessa “chanchada mambembe”, foi dona Dilma ter mantido Lupinho no cargo, mesmo depois que a “Comissão de Ética Pública”, um órgão ligado ao Palácio do Planalto, recomendou a sua demissão, entre outras coisas, pelo fato do “sabichão” haver ocupado, simultaneamente, dois cargos públicos, um em Brasília e outro no Rio de Janeiro, por quase cinco anos (será que Dilminha acredita que o sujeito tem o “dom o onipresença”?).

Depois dessa “palhaçada”, a pergunta que não quer calar é: se o parecer oficialmente emitido pela tal “Comissão de Ética Pública”, teve para a presidente Dilma o mesmo valor “daquilo que o gato enterra”, será que esse é apenas mais um daqueles órgãos públicos “inventados” para servir de “cabide de emprego”, criando cargos que possam ser utilizados para “abrigar” apaniguados de políticos aliados?

Júlio Ferreira
Recife – PE 
DO RESIST.DEMOCRATICA

O país da mentira

Quanto mais mentem à vontade e sem constrangimento os cínicos que nos governam ou representam, pior é a qualidade de suas mentiras. De fato, a perda de qualidade tem tudo a ver com o grau de nossa indignação diante do que Dilma chama de malfeitos.
Se nos indignamos pouco ou quase nada para que sofisticar as mentiras e torná-las verossímeis?
A mais recente e reles mentira oferecida ao nosso exame foi publicada na última ediçãoda VEJA. O mecânico Irmar Silva Batista, filiado ao PT há 20 anos, tentou criaro Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Reparação de Veículos eAcessórios no Estado de São Paulo.
Em 2008, elebateu à porta do Ministério do Trabalho para tratar do assunto com o entãosecretário de Relações do Trabalho, o ex-deputado Luiz Antonio de Medeiros. Oministro já era Carlos Lupi, presidente do PDT. Medeiros encaminhou Irmar aEudes Carneiro, assessor de Lupi.
Eudestrancou-se com Irmar em uma sala. Primeiro, pediu-lhe que desligasse o telefonecelular. Em seguida cobrou R$ 1 milhão para liberar o registro do sindicato.Irmar denunciou o caso a parlamentares do PT – entre eles, o senador EduardoSuplicy. Sem sucesso. Então escreveu uma carta a Lula. Sem resposta.
Um mêsdepois da posse de Dilma, Irmar enviou-lhe uma carta por e-mail contando emdetalhes tudo o que se passara. Mandou cópia para Gilberto Carvalho,secretário-geral da presidência.
No dia 9 demarço último, o Palácio do Planalto confirmou o recebimento da carta.
Na semanapassada, a assessoria de imprensa da presidência informou que nenhumaprovidência a respeito pode ser tomada porque o trecho da carta que narrava apatifaria acabara cortado da mensagem.
Não éespantoso? Sumiu da carta justamente o trecho onde Irmar denunciava o grupo queagia no Ministério do Trabalho pedindo dinheiro para liberar registro sindical.
Mas sumiucomo? Não se sabe. Assim como ainda não se sabe se a carta para Gilbertoapresentou a mesma falha.
Vai ver otrecho mais explosivo dela chegou truncado aos seus destinatários. Vai ver quemdigitou o e-mail pulou o trecho. Custava a quem o recebeu alertar seu autor queficara faltando um trecho? Assim a carta poderia ter sido reenviada.
Bons temposaqueles onde um dossiê da Casa Civil sobre despesas sigilosas do governoFernando Henrique foi batizado por Dilma de banco de dados. Fazia até algumsentido – embora fosse mentira.
E o mensalãoque Lula se empenhou para que fosse confundido com Caixa 2?
Mensalão écrime. Caixa 2 também é. Mas Caixa 2 soa como um crime leve, quase inocente.
O quealimentou o mensalão foi dinheiro desviado de órgãos públicos. Se preferir,"recursos não contabilizados", como observou com deslavada hipocrisiao ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares.
Montagem defalso papelório político para uso contra adversários é coisa de bandido noslugares onde as palavras correspondem ao seu verdadeiro significado.
Aqui foicoisa de "aloprado" – um sujeito que age por conta própria paraajudar a se reeleger quem repele ajuda desse tipo.
Sobreviveuao governo anterior e atravessará o atual uma das mais perigosas mentirasjamais produzidas. Atende pelo nome de "controle social da mídia".
Seria maisadequado referir-se a ela como "censura". Diz-se que o controle sefará sem interferir no conteúdo. Quem acredita?
A mãe detodas as mentiras é também a mais perversa. Ela atribui a bandalheira àgovernabilidade.
Como paragovernar é preciso contar com maioria de votos no Congresso ounas Assembléias, os partidos abiscoitam cargos e fazem com eles o que bementendem. De preferência, roubam.
Abandalheira não decorre da necessidade de contar com o apoio de partidos.Decorre da falta de princípios e de coragem do governante para valer-se daforça do mandato obtido mediante o voto popular.
Afinal,para que servem os milhões de votos que elegem um presidente ou governador?
DO BLOG DO MARIO FORTES

Acidente no interior da Bahia deixa 36 mortos e 11 feridos

 

Colisão envolveu um caminhão, uma carreta e um ônibus no km 585 da BR 116, na região de Milagres

Tiago Décimo - O Estado de S. Paulo
Um acidente envolvendo um ônibus de turismo, que transportava trabalhadores rurais, uma carreta e um caminhão-baú, no km 583 da BR-116, altura do município de Brejões (BA), 270 quilômetros a oeste de Salvador, deixou 36 mortos e 11 feridos, na madrugada deste sábado, 3. Os trabalhadores seguiam de Mato Grosso do Sul para Pernambuco, onde fariam uma empreitada de corte de cana.
Acidente entre os municípios de Milagres e Brejões envolveu três veículos - ZENILTON MEIRA/AGÊNCIA A TARDE
ZENILTON MEIRA/AGÊNCIA A TARDE
Acidente entre os municípios de Milagres e Brejões envolveu três veículos
De acordo com informações da Polícia Rodoviária Federal, o trecho onde ocorreu o acidente, conhecido como Serra dos Cem, é uma ladeira com três faixas de rolagem, duas para subir e uma em descida. Por volta das 2 horas, o ônibus estaria fazendo a ultrapassagem sobre o caminhão, na subida, quando o motorista da carreta, em sentido contrário, teria perdido o controle do veículo logo após fazer uma curva, atingindo o ônibus de frente.
Com o impacto, o veículo no qual estavam os trabalhadores rurais teria sido jogado contra o caminhão, que foi lançado para fora da estrada. De acordo com os relatos, o ônibus ficou completamente destruído. Trinta e um de seus ocupantes morreram no local e oito ficaram feridos. Cinco mortos e três feridos estavam nos outros veículos.
O acidente causou a interdição da rodovia nos dois sentidos, que durou até a manhã, causando longos congestionamentos. No início da tarde, parte da estrada ainda estava interditada, para limpeza da pista e conclusão da remoção dos veículos envolvidos, que foi feita com guinchos.
Os feridos, entre eles os motoristas do ônibus e do caminhão, foram encaminhados a hospitais de Jequié e Jaguaquara. Um deles, internado no Hospital Prado Valadares, de Jequié, está em estado grave. Os corpos foram levados para as sedes do Instituto Médico Legal de Jequié, de Brumado e de Vitória da Conquista.

Charges


acorda lupi !!!

copa: abertura oficial 

www.sponholz.arq.br

DO RESIST.DEMOCRASTICA

DENÚNCIA GRAVE: EXTREMISTAS DE ESQUERDA DA USP ACUSAM INTEGRANTE DA CHAPA “REAÇÃO”, AQUELA DOS ESTUDANTES QUE ESTUDAM, DE FREQÜENTAR LIVRARIAS!!!

Espalhem este post. Enviem-no, muito especialmente, a estudantes da USP!

O quê?
Vocês acham que me esqueci dos dinossauros e os pterodáctilos que enchem o saco dos estudantes que querem estudar da USP e das universidades públicas? Não mesmo!!! Até porque eles são loucos por mim! Eu lhes ofereço, ao menos, a chance de ter uma causa.
Os estudantes que estudam já venceram na UnB!
Os estudantes que estudam já venceram na UFMG!
Os estudantes que estudam — a chapa “REAÇÃO” — teriam vencido na USP não fosse o golpe desfechado pelas esquerdas unidas, incluindo os petistas de Fernando Gugu Dadá Haddad.
Muito bem! As tendências que compõem o comando de greve na universidade — UMA GREVE QUE NÃO EXISTE!!! — editam um jornaleco xexelento. Uma remelenta lá escreve um texto contra mim. Sei lá por quê, me chama de “Renato Azevedo”. Deve ser medo de processo. Ela também aproveita para falar mal da VEJA. Entendo a alma da coitada. Um revista que publica reportagens que resultam na queda de cinco ministros — o sexto está indo… — não pode servir mesmo de referência para essa gente. Ou bem se está com a moralidade pública ou bem se está contra a VEJA! Se essa moça estivesse com a moralidade pública, não estaria defendendo a invasão de um patrimônio do povo paulista por meia-dúzia de extremistas.
Ela usa como referência um único texto meu — e escrevi dezenas, talvez centenas — em que ironizo o estilo dos “revolucionários do sucrilho e do toddynho”. Parecem todos caídos do caminhão de mudança de Woodstock… Não exalassem outros odores, cheirariam a naftalina ideológica. A remelenta dá a entender que a minha única restrição a eles é essa. Não é, não!
- Repudio também sua ignorância;
- repudio também seu autoritarismo;
- repudio também seu ódio à democracia;
- repudio também seu atraso mental.
A roupa, ô remelenta, é o de menos! Ela só entra, assim, como um elemento a compor um perfil. A dita-cuja seria estudante de Letras. Imagino a sua sensibilidade para a literatura, para ler Proust, por exemplo, e seu apego à descrição…
O jornaleco também resolveu fazer o que deve considerar uma grave denúncia. Publicou esta foto.
usp-jose-oswaldo-e-reinaldo-azevedoEste senhor de chapéu aí sou eu. O rapaz que está ao lado é José Oswaldo Neto, que integra a chapa “Reação”. Estamos numa livraria, no lançamento de um dos meus livros, “O País dos Petralhas”. Essa foto, junto com outras centenas, está no site da Editora Record. Eu nem sabia que José Oswaldo tinha ido. Simpatizei mais com ele agora, hehe…
Atenção, alunos da USP! José Oswaldo, da chapa Reação, não freqüenta boca de fumo. Prefere freqüentar livrarias. Isso é realmente muito grave para um estudante! Passem adiante essa denúncia.
Atenção, alunos da USP! José Oswaldo, da chapa Reação, não consome maconha. Prefere consumir livros. Isso é realmente muito grave para um estudante! Passem adiante essa denúncia.
Atenção, alunos da USP! José Oswaldo, da chapa Reação, não depreda a universidade. Prefere preservá-la. Isso realmente é muito grave para um estudante! Passem adiante essa denúncia.
Uma pena a remelenta não ter uma foto minha mais recente. À época, eu andava de chapéu para proteger o cocuruto porque as cirurgias que fiz na cabeça eram ainda recentes. Agora estou quase cabeludo (nem tanto!) e, deixem-me ver, uns 30 quilos a menos. O resto não mudou. Eu também continuo a freqüentar livrarias, não bocas de fumo. Eu também continuo a consumir livros, não maconha. Eu também continuo a defender a preservação da USP, não a sua depredação.
A moça dá mostras de reprovar a nossa, digamos assim, estética. Entendo. O mesmo jornaleco traz uma foto do que eles chamam por lá “presos políticos” em frente à delegacia. Com efeito, há uma diferença de estilos!
usp-estudantes-de-porta-de-delegaciaTexto originalmente publicado às 20h23 desta sexta 
Por Reinaldo Azevedo

Na Venezuela, Dilma mete a sua assinatura num papelão que falsifica a democracia

Ai, ai, que pregui…
Em 2010, decidiu-se criar uma estrovenga chamada Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez lutaram muito por ela. O ditador venezuelano, por exemplo, afirma que a nova entidade vai tornar caduca a OEA (Organização dos Estados Americanos). A tal Celac tem de assinar uma declaração sobre democracia. Mas como fazê-lo sem ferir os, digamos, sentimentos dos governos de Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia ou Nicarágua, países governados pelas esquerdas em que ou há ditadura escancarada ou mecanismos típicos de regimes ditatoriais, como censura à imprensa?
Dilma está na Venezuela tratando do assunto. O governo brasileiro, que acaba de aprovar a “Comissão da Verdade” porque, vocês sabem, repugna-o a ditadura, foi lá dar piscadelas para tiranetes. Leiam o que informa Lisandra Paraguassu, no Estadão. Volto em seguida com algumas indagações de cunho puramente lógicos.
*
A declaração sobre democracia que será assinada pelos 33 países da recém-criada Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) teve de ficar no genérico. Para não ferir sensibilidades e ser aprovada por todos, a declaração, apoiada pelo Brasil, se concentra na condenação a tentativas de golpe e de “subverter o Estado de Direito”, mas deixa de lado questões como eleições diretas livres ou liberdade de expressão, pilares da democracia.
A cláusula democrática prevê que o país onde haja um golpe de Estado seja excluído da Celac e só possa voltar quando a situação tenha retornado à normalidade política.
No entanto, a não realização de eleições, o controle do Estado sobre a mídia e uma divisão nebulosa entre os poderes - características de países vistos como “democracias duvidosas” - não vão ser consideradas, pois poderiam causar constrangimento para países como Cuba e a própria Venezuela, anfitriã do encontro de cúpula.
Suspensão. “A declaração é calcada na cláusula da Ibero-Americana (cúpula que reúne América Latina, Portugal e Espanha) e prevê que, se houver violação da democracia, o país pode ser suspenso da organização”, explicou o subsecretário-geral da América do Sul, embaixador Antonio Simões. Uma versão muito mais fraca, por exemplo, do que a cláusula democrática da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
A declaração constitutiva do grupo de países trata claramente da necessidade de respeito “as liberdade fundamentais, incluindo a liberdade de opinião e expressão” e o “exercício pleno das instituições democráticas e o respeito irrestrito dos direitos humanos”. “Com mais países, a tendência é que o mecanismo não fique tão forte”, reconheceu o embaixador. “Mas, dentro da expectativa que temos, é absolutamente adequada. Não se pode prever cada coisa. Situações específicas tem de ser enquadradas nas situações genéricas”, ponderou Simões.
Voltei
Antônio Simões é diplomata e coisa e tal. Entre as suas funções, está tentar dar nó em pingo d’água e usar as palavras mais para esconder do que para revelar. Como é? Se houver violação à democracia, o país pode ser suspenso, é? E quem já entra nela com a democracia violada, como Cuba e Venezuela? O que se entende por democracia está em prática no Equador, na Bolívia ou na Nicarágua, em que a imprensa vive sob constante assédio do estado? Que diabo de “declaração democrática” é essa que não pode fazer referência a eleições para não deixar zangados os irmãos carniceiros que governam Cuba, onde o Granma, jornal oficial, é usado como papel (anti)higiênico — e isso não é metáfora? Há a possibilidade, para, poucos, de consultar a versão virtual em www.granma.cubaweb.cu/; na edição internacional, basta www.granma.cu
Golpe não pode, mas ditadura pode! Venham cá: e se for um “golpe democrático” numa ditadura? Pode ou não? É claro que estou fazendo uma ironia. É preciso tomar cuidado quando gente como Chávez, Raúl Castro, Evo Morales, Rafael Correa e o orelhudo Daniel Ortega falam em “estado de direito”. A China, à sua maneira, é um estado de direito, né? Tem leis. Seus tribunais a aplicam. O Brasil escravocrata era um “estado de direito”. Romper a ordem de direito de uma ditadura é coisa desejável, não?
Diz o embaixador que “não se pode prever cada coisa”. É verdade! Esse negócio de tentar misturar democracia com eleições, dados esses parceiros, parece um excesso de rigor… A Celac nasce para ser uma vitrine de democratas exóticos. Dilma está pondo a sua assinatura num papelão.
PS - “Ah, mas ela não tinha o que fazer, né? Tinha de assinar. Não é pessoal!” Eu sei. Claro que não é pessoal! A Celac nasce de uma visão de mundo da qual ela faz parte.
Por Reinaldo Azevedo
REV VEJA

Se há pessoas no Brasil que estão acima da lei, então o estado de direito está morto.


(Um dos mais importantes artigos escrito

por Reinaldo Azevedo)
Atenção, brasileiros para esta afirmação:
“Não é verdade que ninguém está acima da lei!” 
Ela traz a assinatura de um grupo de… juízes!
 
Se vocês tiverem alguma demanda na Justiça, verifiquem se o juiz que vai cuidar do caso pertence à “Associação Juízes para a Democracia”. Se pertencer, verifiquem, em seguida, se a “outra parte” integra um desses grupos que são considerados, sobretudo por si mesmos e pelas esquerdas de modo geral, os donos da democracia. Se isso acontecer, só lhes resta pedir que seja declarada a suspeição do magistrado. E eu vou explicar por quê.
Essa associação divulgou um documento como, creio, nunca houve na história do Brasil, nem nos tempos mais radicais do chamado “Direito Achado na Rua”, quando o gramscismo declarado de Roberto Lyra Filho (1926-1986) chamava os catedráticos da área de “catedráulicos”, para indicar a sua “subserviência ao sistema”. Para quem não acompanhou esse debate, já escrevi muito a respeito. Há aqui um texto de 2007 com os princípios da turma.
Há um truísmo nas democracias de direito: “Ninguém está acima da lei”. É um princípio consagrado em todo o mundo livre. Uma frase que é universalmente citada, ao menos nos países civilizados, como síntese desse valor: “Ainda há juízes em Berlim”. Remete à pendenga judicial de um simples moleiro contra ninguém menos do que o rei Frederico 2º.
Pois bem, a dita associação resolveu jogar fora todo esse estoque de saber jurídico. Emitiu uma nota sobre a USP — espero que não haja, na direção da entidade, parentes de pessoas processadas por dano ao patrimônio público e constrangimento ilegal — em que afirma, como se lê lá no alto, que “há, sim, pessoas que estão acima da lei”.
Sendo assim, então se entende que há pessoas no Brasil que exercem um poder que a nenhum dos Três Poderes da República é conferido: A SOBERANIA! Segue o manifesto dos valentes em vermelho. Comento em negro.
“A ASSOCIAÇÃO JUIZES PARA A DEMOCRACIA – AJD, entidade não governamental e sem fins corporativos, que tem por finalidade trabalhar pelo império dos valores próprios do Estado Democrático de Direito e pela promoção e defesa dos princípios da democracia pluralista, bem como pela emancipação dos movimentos sociais, sente-se na obrigação de desvelar a sua preocupação com os eventos ocorridos recentemente na USP, especialmente em face da constatação de que é cada vez mais frequente no país do abuso da judicialização de questões eminentemente políticas, o que está acarretando um indevido controle reacionário e repressivo dos movimentos sociais reivindicatórios”.
Já há absurdo o bastante nesse primeiro parágrafo. Quando um direito é agravado, há três saídas possíveis:
a) a pessoa que teve seu direito aviltado se conforma e se torna refém do aviltante;
b) quem foi desrespeitado resolve a questão no braço, num apelo à volta ao estado da natureza;
c) quem teve seu direito agravado recorre à Justiça.
Uma associação de juízes — notem bem: de juízes! — está afirmando que a pior saída é recorrer à Justiça. Eles estão se referindo à USP. Como já está claro a todo mundo, soldados da PM coibiram, cumprindo seu papel legal, o consumo de droga ilícita. Grupelhos de extrema esquerda, que representam a extrema minoria da universidade, decidiram transformar a questão num casus belli. Não há “movimento social reivindicatório” nenhum! Ademais, juízes existem para aplicar a lei, não para punir reacionários e proteger progressistas. Ou eles se fizeram juízes para ser procuradores do “progressismo”? Se a associação diz defender o “estado de direito”, como pode atacar quem recorre à Justiça?
“Com efeito, quando movimentos sociais escolhem métodos de ‘visibilização’ de sua luta reivindicatória – como a ocupação de espaços simbólicos de poder – visam estabelecer uma situação concreta que lhes permita participar do diálogo político, com o evidente objetivo de buscar o aprimoramento da ordem jurídica e não a sua negação, até porque, se assim fosse, não fariam reivindicações, mas, sim, revoluções”.
Trata-se de uma coleção formidável de bobagens, a começar da palavra “visibilização”, que vem a ser a “estrovengalização” da Inculta & Bela, que encontra o seu momento de sepultura sem esplendor.
Que zorra quer dizer “visibilização”?
A Reitoria da USP não é um espaço “simbólico” de poder, mas real, local da administração de uma estrutura que reúne 89 mil alunos, 5.200 professores, 15 mil funcionários.
Os extremistas da LER-QI, do PCO, do MNN e de outras obscuridades não formam um “movimento social”. Nem mesmo invadiram a reitoria, inicialmente, com a concordância da direção do DCE. Sigamos.
Os auto-intitulados “juízes para a democracia” estão afirmando que depredar patrimônio público, usar capuzes à moda dos partidários de ações terroristas, estocar coquetéis Molotov num prédio público em que se abrigam algumas dezenas de pessoas, obstar o direito de ir e vir, impor-se a estudantes e professores por meio da intimidação e da violência, estes juízes estão dizendo que tudo isso tem “o objetivo de buscar o aprimoramento da ordem jurídica e não a sua negação”.
E o texto se sai com um sofisma de uma tolice suprema, assustadora. “Se assim não fosse”, diz o texto, os invasores “não fariam reivindicações, mas, sim, revoluções”.
Heeeinnn? Revolução? Os 72 da Reitoria? Seria de dar inveja aos 300 de Esparta!
Ah, sim: eles reivindicam, claro! Recorrendo aos métodos acima descritos, pedem a saída do reitor, que exerce o cargo legal e legitimamente; pedem a saída da PM da USP, quando a maioria esmagadora (mas não profissional e quieta) dos uspianos quer o contrário; exigem, no berro, o fim de processos judiciais contra notórios agressores do patrimônio público, como se juízes fossem.
De resto, os canais da representação estudantil na USP estão abertos e são devidamente ocupados pelos alunos.
“Entretanto, segmentos da sociedade, que ostentam parcela do poder institucional ou econômico, com fundamento em uma pretensa defesa da legalidade, estão fazendo uso, indevidamente, de mecanismos judiciais, desviando-os de sua função, simplesmente para fazer calar os seus interlocutores e, assim, frustrar o diálogo democrático”.
Por que os senhores juízes dessa tal associação não tentam dizer qual é o “poder econômico” que está perseguindo aqueles “pobres meninos”, como os chamou um repórter?
Por que a defesa da legalidade seria “pretensa”?
Que lei – e estes senhores estão obrigados a dizê-lo – autoriza aquele tipo de comportamento, toda aquela agressão e vandalismo?
Qual é a função da Justiça que não a garantia dos direitos? Aliás, a percepção desse desvio já chegou ao Judiciário trabalhista no que se refere aos “interditos proibitórios” em caso de “piquetes” e “greves”, bem como no Judiciário Civil, como ocorreu, recentemente, em ação possessória promovida pela UNICAMP, em Campinas, contra a ocupação da reitoria por estudantes, quando um juiz, demonstrando perfeita percepção da indevida tentativa de ‘judicialização da política’, afirmou que “a ocupação de prédios públicos é, tradicionalmente, uma forma de protesto político, especialmente para o movimento estudantil, caracterizando-se, pois, como decorrência do direito à livre manifestação do pensamento (artigo 5º, IV, da Constituição Federal) e do direito à reunião e associação (incisos XVI e XVII do artigo 5º)”, que “não se trata propriamente da figura do esbulho do Código Civil, pois não visa à futura aquisição da propriedade, ou à obtenção de qualquer outro proveito econômico” e que não se podem considerar os eventuais “transtornos” causados ao serviço público nesses casos, pois “se assim não fosse, pouca utilidade teria como forma de pressão”.
Ignorava essa peça magnífica do direito. Bom saber! Ele também pertence à associação. Se bem entendi, estamos diante do raciocínio da perfeita circularidade do valor da ilegalidade:
1) ocupa-se um prédio público para, por meio da imposição do transtorno a terceiros, obter um determinado resultado;
2) o que levaria à conquista do objetivo seria justamente o transtorno;
3) logo, a imposição de um movimento por meio da violência se justifica por sua eficácia... Entenderam? Mais ainda: como a ocupação seria já uma “tradição”, então se insere entre as práticas aceitáveis. E há algo ainda mais ‘encantador’: se o objetivo não for a alienação, para sempre, do imóvel, os invasores podem continuar enquanto houver história…
“Ora, se é a política que constrói o direito, este, uma vez construído, não pode transformar-se em obstáculo à evolução da racionalidade humana proporcionada pela ação política”. Gostei do “ora”, porque faz supor que haverá uma dedução ditada pela pura lógica.
A afirmação de que a “política constrói o direito” é uma falácia, é palavrório. Querem ver: eu posso dizer que “a política constrói as vacinas” ou que “a política constrói as prerrogativas dos juízes”. No fim das contas e, em certa medida, a política constrói qualquer coisa porque tudo tem um fundamento também político, em algum momento. Mas não é aceitável, certamente, que maiorias políticas de ocasião, ou minorias influentes, mudem o valor científico de uma vacina ou cassem as prerrogativas de juízes, não? Ou as leis asseguram a permanência das regras nas democracias de direito, ou tudo se torna, então, relativo.
Calma, leitor! As coisas ficarão muito piores!
“É por isso que a AJD sente-se na obrigação de externar a sua indignação diante da opção reacionária de autoridades acadêmicas pela indevida judicialização de questões eminentemente políticas, que deveriam ser enfrentadas, sobretudo no âmbito universitário, sob a égide de princípios democráticos e sob o arnês da tolerância e da disposição para o diálogo, não pela adoção nada democrática de posturas determinadas por uma ‘lógica irracional’, fundada na intolerância de modelos punitivos moralizadores, no uso da força, e de expedientes “disciplinadores” para subjugar os movimentos estudantis reivindicatórios e no predomínio das razões de autoridade sobre as razões de direito, causando inevitáveis sequelas para o aprendizado democrático”.
Trata-se apenas de uma soma de clichês de ultra-esquerda, de fazer inveja ao PCO, com exceção talvez da palavra “arnês”, que vem a compensar a “visibilização”.
Invadir um prédio público no berro, na marra, depredando instalações, é “democrático”?
Por que a associação não explica o que quer dizer com “modelos punitivos moralizadores”?
É favorável, por acaso, aos “imoralizadores”? Agora vem o grande momento.
“Não é verdade que ninguém está acima da lei, como afirmam os legalistas e pseudodemocratas: estão, sim, acima da lei, todas as pessoas que vivem no cimo preponderante das normas e princípios constitucionais e que, por isso, rompendo com o estereótipo da alienação, e alimentados de esperança, insistem em colocar o seu ousio e a sua juventude a serviço da alteridade, da democracia e do império dos direitos fundamentais. Decididamente, é preciso mesmo solidarizar-se com as ovelhas rebeldes, pois, como ensina o educador Paulo Freire, em sua pedagogia do oprimido, a educação não pode atuar como instrumento de opressão, o ensino e a aprendizagem são dialógicos por natureza e não há caminhos para a transformação: a transformação é o caminho”.
Eis aí! Os juízes dessa associação estão declarando que há pessoas que estão acima da lei.
Quem?
Em seu condoreirismo cafona, explicam: “todas as pessoas que vivem no cimo preponderante das normas e princípios constitucionais e que, por isso, rompendo com o estereótipo da alienação, e alimentados de esperança, insistem em colocar o seu ousio e a sua juventude a serviço da alteridade, da democracia e do império dos direitos fundamentais.”
Trocando em miúdos: referem-se àqueles que dizem querer revolução, cuja ideologia se afina, parece, com a dos juízes da tal associação.
Cabe, então, uma pergunta fundamental: se esses movimento invadirem tribunais, inclusive aqueles em que esses senhores atuam, o que farão? Juntar-se-ão aos invasores, que se farão, então, os donos momentâneos da Justiça, privatizando-a, expropriando os demais brasileiros de um dos Poderes da República, para submetê-lo, então, à sua pauta, à sua vontade? E serão intocáveis! Afinal, estão, como dizem esses juízes, acima da lei!
Paulo Freire citado como mestre do direito? Ai, ai… Este senhor está na raiz do mal fundamental da educação no Brasil. O estrago que fez, como se nota, vai além até de sua área de atuação. Foi Freire quem convenceu os idiotas brasileiros — e cretinos semelhantes mundo afora, mas, aqui, com efeitos devastadores — que a função de um professor é “conscientizar”, não ensinar. Os alunos brasileiros costumam se ferrar em exames internacionais de matemática, leitura e domínio da língua — não é, senhores da “visibilização”? —, mas conhecem todos os clichês da “cidadania socialista”…
Numa democracia, nenhum dos Poderes é soberano; por isso, têm de ser independentes e harmônicos; não há aquele que possa se impor sobre os demais. Sabemos, no entanto, que a Justiça, em caso de conflito de direitos, detém a palavra final. Os homens que assinam essa estrovenga estão entre aqueles que podem decidir a sorte de pessoas, o seu destino. Qualquer um que esteja prestes a ter sua vida definida por um desses togados está certo de que entra no tribunal para encontrar um magistrado isento, que tenha a lei como parâmetro, que se oriente pela letra escrita tanto quanto possível ou por uma interpretação o mais abonadora possível do que vai se consolidado na Constituição e nos códigos.
Cuidado! Pode ser um engano!
Você pode ser apenas um pobre coitado a enfrentar uma demanda contra “as pessoas que vivem no cimo preponderante das normas e princípios constitucionais”. Se tiver essa má sorte, esqueça! Vai perder a causa ainda que tenha razão. Não só não terá um juiz “justamente” a seu favor como o terá na condição de mero subordinado da outra parte.
Afinal, se há quem esteja acima das leis, é evidente que há quem esteja acima também dos juízes — ou, pior, em cima deles!
Você tem o direito de saber quem aparece no “Expediente” da página da Associação Juízes para a Democracia. Você tem o direito de saber quais são as pessoas que, num tribunal, também se consideram abaixo dos que rompem “com o estereótipo da alienação, e alimentados de esperança, insistem em colocar o seu ousio e a sua juventude a serviço da alteridade, da democracia e do império dos direitos fundamentais”.

Volto para encerrar.

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
José Henrique Rodrigues Torres - presidente do Conselho Executivo;
Fernanda Menna Pinto Peres - secretária do Conselho Executivo;
Alberto Afonso Muñoz - tesoureiro do Conselho Executivo
Edvaldo Marcos Palmeiras, João Marcos Buch, Geraldo Luiz Mascarenhas Prado, Reno Viana Soares
SUPLENTES - Angelica de Maria Mello de Almeida, Luís Fernando Camargo de Barros, Vidal Urbano Ruiz
REPRESENTANTES REGIONAIS
Bahia: Ruy Eduardo Almeida Britto, Reno Vianna Soares, Gerivaldo Alves Neiva
Maranhão: Oriana Gomes, Douglas de Melo Martins, José Edilson Caridade Ribeiro
Pernambuco: Airton Mozart Valadares Vieira Pires, Carlos Magno Cysneiros Sampaio, José Viana Ulisses Filho
Rio de Janeiro: André Felipe Alves da Costa Tredinnick, Rubens Casara, João Batista Damasceno
Santa Catarina: Angela Maria Konrath, Alessandro da Silva, João Marcos Buch
Tocantins: Marco Antonio Silva Castro
COORDENAÇÃO EDITORIAL
Alberto Alonso Muñoz Célia Regina Ody Bernardes Fernanda Menna Pinto Peres Gerivald Neiva Kenarik Boujikian Felippe Luiza Barros Rozas Reginaldo Melhado

Encerro:
Se há pessoas no Brasil que estão acima da lei, então o estado de direito está morto.

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