segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Temer repassou ‘cheque sem fundos’ a aliados

Josias de Souza
Um dos aliados de Michel Temer no Congresso, expoente do aglomerado partidário batizado de centrão, esclarece: “Não somos precisamente contra os cortes de gastos públicos. Somos apenas contra ser cortados. Não dá para mexer, por exemplo, na programação do pagamento das emendas parlamentares. A não ser que o governo quisesse antecipar as liberações.”
O comentário ouvido pelo blog ajuda a entender o paradoxo em que se meteu a gestão de Temer: para salvar o mandato do presidente, o Planalto colocou sua infantaria na porta do cofre. Prometeu mundos e, sobretudo, fundos. Súbito, o governo informa à banda fisiológica do Legislativo que o cofre continua oco. E seus aliados respondem que agora a coisa vai ou racha. E acham que dá para ir. Mesmo rachada.
Diante do reconhecimento de que não conseguirá entregar em 2017 a meta fiscal deficitária de R$ 139 bilhões, o governo tenta conter o estouro no patamar de R$ 159 bilhões. Para conseguir, precisa fazer novos cortes e elevar suas receitas. Os aliados não se animam a ajudar. Ninguém abre mão do butim de emendas. E a maioria resiste à ideia de corrigir a proposta do Refis, convertida em mamata para sonegador. Descarta-se, de resto, a hipótese de aprovar 100% da reforma da Previdência.
Na conversa com o blog, o aliado de Temer no centrão soou explícito: “Na hora de pedir o nosso voto contra a denúncia do procurador-geral, ninguém no governo falava em meta fiscal. Agora, não dá para dizer simplesmente que o cheque pré-datado não tinha fundos.”

rocurador diz que força-tarefa da Lava Jato recusou convite para ir ao Jaburu às vésperas do impeachment


Carlos Fernando dos Santos Lima falou sobre o convite ao ser questionado sobre a visita de Dodge ao Jaburu.

O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato, afirmou nesta segunda-feira, 14, em São Paulo, que o grupo foi convidado a comparecer no Palácio do Jaburu à noite às vésperas da votação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff em 2016. O G1 procurou o Palácio do Planalto para se posicionar sobre o convite e aguarda retorno.
Carlos falou sobre o convite ao ser questionado sobre a visita da nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, ao presidente Michel Temer no Palácio do Jaburu, fora da agenda oficial, no último dia 8. No dia seguinte, Dodge afirmou que foi à residência oficial da Presidência para tratar de sua posse na chefia do Ministério Público. Raquel Dodge sucederá o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, cujo mandato à frente da PGR se encerra em 17 de setembro.
Depois de concordar com a ideia do presidente Michel Temer de ser empossada em cerimônia no Palácio do Planalto, Dodge voltou atrás e anunciou que sua posse será no auditório da PGR, no dia 18 de setembro.
"Eu tenho para mim que encontros fora da agenda não são ideais para nenhuma situação de um funcionário público. Nós mesmos [força-tarefa da Lava Jato] às vésperas do dia da votação do impeachment fomos convidados a comparecer ao Palácio do Jaburu, à noite, e nos recusamos, porque nós entendíamos que não tínhamos nada que falar com o eventual presidente do Brasil naquele momento. É claro que ela [Raquel Dodge] tem que se explicar. Ela deu uma explicação e ela que deve, então, ser cobrada das consequências desse ato", disse.
"Eu não sou corregedor do MP. Eu posso dizer por nós. Tivemos uma situação semelhante e nos recusamos a comparecer. Nós temos agora que avaliar as consequências dentro da política que o MP vai ter a partir da gestão dela", completou.
Questionado se foi apresentada alguma justificativa para o convite, ele disse que não. "Só houve um convite e nós recusamos".
O procurador da Lava Jato participa do Fórum de Compliance da Amcham (American Chamber of Commerce for Brazil), na sede da entidade, em São Paulo. Carlos participa do painel "as investigações anticorrupção do Ministério Público Federal (MPF)".
Por G1 SP, São Paulo
O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima falou aos jornalistas em evento em SP (Foto: Adriana Perroni/GloboNews)
O procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima falou aos jornalistas em evento em SP (Foto: Adriana Perroni/GloboNews)