O
Partido dos Trabalhadores sempre foi uma ilusão. Prometeu ser o partido
mais ético do mundo, aquele que vinha para mudar o que havia de sujo na
política, mas aperfeiçoou e levou a extremos nunca vistos a corrupção.
PT criou uma figura populista, boa de lábia, adestrada em lides
sindicais. A criatura foi endeusada, chamada de estadista e,
simultaneamente, de pobre operário. Entretanto, Lula da Silva sempre foi
uma farsa. Simulou ser de esquerda, mas deixou de lado a ideologia e
enveredou pelo pragmatismo optando pelo lado de cima. Deu migalhas aos
pobres chamando isso de inclusão, enquanto convivia muito bem com
empreiteiros, banqueiros, grandes empresários. Pretendeu ser o líder da
esquerda latino-americana e, para isso, cumulou os ‘hermanos’
esquerdistas com recursos do BNDES, ou seja, do povo brasileiro, mas o
líder da esquerda nessa parte atrasada do mundo que se destacou depois
do então doente e decrépito Fidel Casto foi Hugo Chávez. Dois déspotas
que, em nome da esquerda conduziram seus países à desgraça, como, aliás,
Lula e o PT nos conduziram.
Lula, os companheiros petistas, os amigos do lado de cima, os
políticos, que se não primavam pela virtude entraram também de modo
exacerbado no roubo da coisa pública, foram longe demais. Contudo, não
contavam com o fato de que as circunstâncias mudam. Sobretudo, não
imaginavam o surgimento de uma novidade muito importante observado pelo
jornalista Azevedo do Correio Brasiliense. Disse este, que enquanto a
cúpula política não mudou e segue envelhecida mantendo os mesmos hábitos
e comportamentos, uma nova elite (elite no sentido verdadeiro do termo
que quer dizer produto de qualidade) surgiu no Judiciário composta por
juízes, promotores, desembargadores, ministros. Acrescente-se que essa
elite, nova também na idade, segue as escolas de Direito americana e
inglesa, muito mais objetivas e técnicas.
Naturalmente, não se pode esquecer que permanecem no cenário jurídico
os magistrados seguidores do Direito Romano, cultivadores dos discursos
cheios de floreios. Eles são lentos nos julgamentos ou os protelam
indefinidamente, descobrem ou criam brechas nas leis por onde a Justiça
escoa.
Expoente da nova elite do Judiciário é o Juiz Sérgio Moro, que já pôs
na cadeia mais de uma centena de larápios de colarinho branco e
mandachuvas petistas. Com relação a esses casos nenhuma queixa do PT.
Nenhum gesto de solidariedade de Lula em favor de seus fiéis
companheiros ou dos amigos poderosos que interagiram com ele em
falcatruas e o sustentaram nababescamente. Mas, por ter sido condenado
por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do Tríplex do
Guarujá e condenando a 9 anos e seis meses de prisão pelo o juiz Sérgio
Moro, tem desqualificado, insultado, ameaçado o magistrado juntamente
com os companheiros.
Para piorar a situação petista, os três desembargadores do TRF4, João
Pedro Gebran Neto, Leandro Paulsen e Victor Laus, representantes da
nova elite do Judiciário, de modo eficiente, técnico, objetivo justo e
legal, levaram Lula à lona ao confirmar unanimemente a sentença do Juiz
Moro, com diferença do aumento da pena: 12 anos e um mês em regime
fechado. Com isso, Lula e o PT ficaram mais alucinados.
A partir daí Lula fica ou deveria ficar inelegível e ser preso. Mas
no Brasil existem muitos tribunais, muitos recursos, muitos jeitos de
burlar a lei e, certamente, o caso chegará ao Supremo Tribunal Federal,
onde se tem assistido a decisões que mudam ao sabor das circunstâncias,
gambiarras judiciais para acertar certas situações, julgamentos de teor
político e não legal, além da ingerência em atos que pertencem ao
Executivo e ao Legislativo.
Portanto, é nessa instância mais alta do Judiciário que Lula poderá
se livrar de todos seus crimes, conforme afirmou a ré senadora e
presidente do PT, Gleisi Hoffmann (Folha de S. Paulo, 29/01/2018) em que
pese o ex-presidente ter chamado os ministros do STF de acovardados.
Apesar do resto de esperança, os petistas estão cada vez mais
alucinados. A senadora ré fala em mortes se Lula for preso. O senador
Lindbergh quer mais da “esquerda frouxa”, sonha com um milhão de pessoas
nas ruas para defender seu guru, aposta na violência. E o PT afirma que
levará a candidatura do Lula até ás últimas consequências. Também se
espalha o boato de que haverá convulsão social se o ex-presidente for
preso. No fundo os petistas temem mesmo é não se eleger ou reeleger dada
a desmoralização da sigla. Resta esbravejar e achincalhar a Justiça,
especialmente a nova elite do Judiciário. Nada além de alucinações,
bravatas, farsas.
(*)
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga,
professora e autora de, entre outros livros, “Voto da Pobreza e a
Pobreza do Voto – a ética da malandragem” e “América Latina – em busca
do paraíso perdido”. DO U.INFO