PAZ AMOR E VIDA NA TERRA
" De tanto ver triunfar as nulidades,
De tanto ver crescer as injustiças,
De tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus, o homem chega
a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".
[Ruy Barbosa]
Ao empurrar os depoimentos dos delatores da Odebrecht para dentro do
processo sobre a cassação da chapa vitoriosa nas eleições presidenciais
de 2014, o relator do caso, ministro Herman Benjamin, ofereceu ao
Tribunal Superior Eleitoral a oportunidade de fazer história. São
eloquentes as evidências de que passaram pela caixa registradora da
campanha de Dilma Rousseff e de Michel Temer verbas sujas saídas do
departamento de propinas da maior empreiteira do país.
Pela lei,
os ministros do TSE teriam duas providências a adotar. Primeiro,
interromper a presidência-tampão de Michel Temer, cassando-lhe o
mandato. Depois, decretar a inelegibilidade de Dilma Rousseff. Mas no
Brasil, Deus às vezes dá toga a quem não tem coragem de julgar. Arma-se
na Corte Eleitoral um conchavo para deixar tudo como está, para ver como
é que fica.
Alguns ministros do TSE sustentam a tese de que é
preciso aplicar às culpas que saltam do processo uma avaliação
atenuatória que leve em conta as consequências danosas de uma eventual
cassação de Temer. Por esse raciocínio, o país não suportaria uma
segunda destituição de presidente em tão pouco tempo. A tese tem dois
problemas: 1) Passa a impressão de que a lei é dura, mas estica. 2)
Subestima a inteligência do brasileiro.
Inédito, o processo do TSE
contra uma chapa presidencial poderia representar um marco saneador.
Mas em vez de promover a limpeza, fixando novos parâmetros de assepsia, a
turma do deixa-disso prefere acomodar o lixo sob o imenso
tapete nacional. O TSE pede aos brasileiros que tapem o nariz em nome da
estabilidade da República. O Brasil virou um país inusitado. Nele,
todos vêem o problema. Mas ninguém quer enfrentá-lo. Apesar de tudo, o
país tem saída. Ainda não roubaram o Aeroporto Internacional de Cumbica. DO J.DESOUZA
Brasil
07:44
Hilberto Silva explicou ao TSE o que era o Programa B, que aparece nas planilhas da Odebrecht.
O Programa B foi batizado dessa maneira para identificar Branislav Kontic, o assessor de Antonio Palocci preso pela Lava Jato.
Ele era o responsável pelos saques em nome do Italiano e do Amigo.
"Dólares, tudo dólares"
Brasil
09:23
O Antagonista já havia publicado o relato de Hilberto Silva sobre
a progressão dos pagamentos do departamento de propinas da Odebrecht.
Agora podemos publicamos o mesmo relato, só que no papel:
O Partido dos Trabalhadores (PT),
que, mais do que nunca, não passa de um apêndice de Luiz Inácio Lula da
Silva, deflagrará uma “guerra” caso seu timoneiro seja condenado pela
Justiça em algum dos diversos processos nos quais é réu. Foi o que
anunciou seu porta-voz mais fiel, o ex-ministro Gilberto Carvalho, em
entrevista ao jornal Valor.
Carvalho não se preocupou, em nenhum
momento, em contestar as acusações que pesam contra o Padrinho, pois
obviamente não é disso que se trata – e se nem os ativos advogados de
Lula da Silva conseguem alinhavar argumentos em sua defesa, por que
Carvalhinho o faria?
Para Carvalho, como para os petistas
em geral, o único crime pelo qual Lula será condenado é o de ter
ajudado os pobres. Por essa razão, ele entende que haverá
uma mobilização tão grande em defesa de Lula que “eles pensarão duas
vezes antes de fazer bobagem”, isto é: os tribunais não terão coragem
de confirmar sua eventual condenação. Não há outra maneira de entender
as inspiradas palavras de Carvalho – leia-se Lula. Ele aposta que a
mística em torno do grande líder será capaz de levar a militância às
ruas para intimidar os magistrados.
O PT sabe que, se os processos
contra Lula forem tratados somente no âmbito jurídico, a derrota do
petista é certa, e não porque a Lava Jato “persegue” Lula, mas sim
porque, ao que tudo indica, sobram provas contra ele. Não é à toa que a
equipe de advogados destacados para defender Lula, em vez de dedicar-se a
refutar as acusações, foi até a ONU para denunciar a suposta
perseguição política que estaria sendo empreendida pelo juiz Sérgio Moro
contra seu cliente. Além disso, usa as audiências com Moro para irritar
o magistrado, tentando fazê-lo sair do sério, o que daria argumentos
para sustentar a tese de que ele age contra Lula por motivações
pessoais.
Para essa gente, a democracia e suas
instituições – especialmente a Justiça e a imprensa livre – são
inimigas, pois trabalham com fatos, e os fatos a respeito do PT e de
Lula são incontestáveis: o partido e seu demiurgo não apenas são os
responsáveis pela pior crise econômica da história brasileira, mas
também são as estrelas do maior escândalo de corrupção que já se viu no
País. Logo, os petistas empenham-se em criar os chamados “fatos
alternativos” – nome que se dá a mentiras e distorções criadas para
embaralhar a realidade.
Assim, Gilberto Carvalho agride a
realidade sem nenhum pudor. Primeiro, quer fazer crer que o PT foi na
verdade vítima de grande injustiça por parte da “elite”, que “enxergava
no PT a raiz e o máximo da corrupção e agora está vendo quem de fato
assaltou o País”. Ao dizer que não foi o PT que “de fato” assaltou o
País, Gilberto Carvalho aposta suas fichas na tese de que os brasileiros
são todos idiotas.Comporta-se como se o PT não fosse o responsável pelo
estado da arte que atingiu a corrupção no Brasil.
Segundo Gilberto Carvalho, a
economia afundou depois que a presidente Dilma Rousseff “começou a mexer
no andar de cima”, isto é, quando “fez a redução de juros, não
privatizou as elétricas e começou a ir para cima da taxa de lucro das
concessões”. Foi então que “o capital começou a perder e acabou a
brincadeira”. Isso “acendeu esse ódio” e “radicalizou-se tanto que
acabaram destruindo a economia do País”. Ou seja, Carvalho realmente
pretende convencer os cidadãos, notadamente os desempregados, de que a
responsabilidade pela crise não é dela, e sim de seus inimigos.
Segundo Carvalho, o governo de
Michel Temer está “destruindo a rede social de proteção que fizemos” e,
por isso, “pode começar a ter sublevação social”.
É aí que entraria Lula, o
Pacificador. O problema é que os “fatos alternativos” dos petistas podem
não ser suficientes para esconder a dura
realidade de que, além de Lula – que
pode não concorrer em razão de seus enroscos com a Justiça –, o PT não
tem outro candidato. “Depois do Lula, quem?”, perguntou Gilberto
Carvalho. Ao admitir que, sem Lula, o PT pode apoiar Ciro Gomes ou
Roberto Requião à Presidência, o ex-ministro deu a exata dimensão do
desespero petista.
*Editorial Jornal O Estado de São Paulo - DO M.FORTES
O ex-diretor da Odebrecht Hilberto Mascarenhas relatou ao Tribunal
Superior Eleitoral que uma das regras para o pagamento de propina a
políticos e intermediários era que o pagamento máximo feito em dinheiro
não poderia ultrapassar R$ 500 mil. Ele explicou que a regra se devia ao
fato de que a quantia era o máximo que cabia em uma mochila.
No início de março, o executivo falou ao TSE como testemunha nas ações
que tramitam no tribunal pedindo a cassação da chapa Dilma
Rousseff-Michel Temer por suposto abuso de poder político e econômico na
eleição presidencial de 2014.
Mascarenhas era o responsável pelo Departamento de Operações
Estruturadas da Odebrecht, setor que ficou conhecido como departamento
de propina.
Ao narrar como se dava o repasse de propina, o ex-executivo afirmou
que, ao tomar conhecimento dos pagamentos a serem feitos, ele e sua
equipe tinham que "criar uma alternativa" para disfarçar o montante.
"Se eu tenho um pagamento de R$ 2 milhões, isso é uma mala. Ninguém
pode estar transitando na rua com uma mala com R$ 2 milhões. Então,
existiam também regras como, por exemplo, o valor máximo a ser pago era
de R$ 500 mil, que cabia dentro de uma mochila", afirmou o ex-dirigente
da Odebrecht.
"Se você tinha R$ 2 milhões a receber, você ia receber quatro vezes 500
[mil]. E aí tinha que ser combinado alguma coisa. Mas nem sempre,
ministro, com o interessado final. Às vezes, tinha muito preposto",
explicou.
Durante o depoimento, Mascarenhas também relatou que os pagamentos em
dinheiro eram feitos em "todos os lugares", desde hotéis a "cabaré".
"Em todos os lugares. Você não tem ideia dos mais lugares absurdos se encontra, no cabaré...", narrou. DO G1
Em decisão unânime, a Comissão de Agricultura da Câmara elegeu Sérgio
Souza (PMDB-PR) como seu novo presidente. Não foi uma escolha banal.
Mencionado em escuta telefônica da Operação Carne Fraca, o deputado é um
dos padrinhos políticos do ex-superintendente do Ministério da
Agricultura no Paraná, Daniel Gonçalves Filho, preso preventivamente e
apontado pela Polícia Federal como “líder da organização criminosa” sob
investigação.
Eleito nesta quinta-feira (23), o parlamentar
anunciou sua decisão inaugural: “O primeiro tema que nós vamos colocar
na pauta é essa questão da Operaçao Carne Fraca.” Sérgio Souza informou
que convidará o ministro Blairo Maggi (Agricultura) e representantes do
setor agropecuário para “dar uma satisfação à Câmara”, numa sessão
pública da comissão.
Junto com o correligionário Osmar Serraglio
(PMDB-PR), Sérgio Souza avalizou a nomeação de Daniel Gonçalves. O
deputado também se envolveu no esforço para tentar evitar o afastamento
do apadrinhado no ano passado. Conforme já noticiado aqui,
Souza e Serraglio defenderam a permanência do investigado no comando da
superintendência paranaense em audiência com a então ministra da
Agricultura Kátia Abreu.
Em notícia veiculada na sua edição desta sexta-feira (24), o jornal Valor
informa que o nome de Sérgio Souza é mencionado numa das escutas
telefônicas da Operação Carne Fraca. O diálogo foi captado em 11 de
abril de 2016. Nele, o deputado é apontado como beneficiário do repasse
de “muito dinheiro”. Repasse supostamente feito pelo afilhado político
Daniel Gonçalves, que foi afastado do posto de chefia no ano passado, a
despeito das pressões em contrário.
Suprema eficiência: o deputado
avaliza a nomeação de um superintendente estadual precário, pega em
lanças contra o afastamento do apadrinhado, aparece como suposto
beneficiário de vantagens indevidas e, no instante em que a coisa vira
um escândalo, o mesmo deputado convoca autoridades para “dar uma
satisfação à Câmara.” Sérgio Souza, nunca é demasiado recordar, é
filiado ao PMDB, partido do presidente Michel Temer.
Ecoando
argumentos já esgrimidos pelo colega Osmar Serraglio, Sérgio Souza
atribui a indicação de Daniel Gonçalves para a chefia da
superintendência paranaense da Agricultura à bancada do PMDB do Paraná.
Avalizou a iniciativa por entender que se tratava de uma escolha
técnica. ''O Daniel, nós tínhamos ele como um cara técnico, fiscal de
carreira do ministério. Foi uma indicação natural. Ninguém imaginou que o
caboclo era chefe de quadrilha.'' Quanto à citação do seu nome numa
escuta da PF, Sérgio Souza diz estar “totalmente tranquilo sobre isso.”
Ele nega o recebimento de dinheiro. DO J.DESOUZA
Ex-executivo
da empreiteira Odebrecht, Alexandrino Alencar disse em depoimento ao
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que Edinho Silva, tesoureiro da
campanha de Dilma Rousseff em 2014 e atual prefeito de Araraquara, pediu
caixa 2 em 2014 para comprar partidos da coligação da chapa Dilma e
Temer.
Ele falou
ao TSE como testemunha nas ações que tramitam no tribunal pedindo a
cassação da chapa Dilma-Temer por suposto abuso de poder político e
econômico na eleição presidencial de 2014.
O ex-diretor da Odebrecht afirmou que o então tesoureiro da campanha de Dilma pediu dinheiro para cinco partidos – R$ 7 milhões para cada legenda.
Alencar disse ter ficado responsável por PROS, PCdoB e PRB. Em troca, os partidos dariam o tempo de TV para a chapa.
Durante
o depoimento, Alexandrino foi instado a detalhar a reunião em que teria
negociado a compra dos partidos a pedido de Edinho Silva. Um dos advogados presentes quis saber o que ele lembrava da conversa. “Olha,
como outra qualquer, onde o Edinho Silva chegou e disse: “Olha, nós
estamos fazendo... estamos conversando com os partidos, e os partidos
vão entrar na coligação por tempo de TV, e o compromisso é pagar 7
(sete) milhões para cada partido”. O ex-diretor da Odebrecht
disse que participou em junho de 2014 de uma reunião com Edinho Silva e
Marcelo Odebrecht. Lá, o então tesoureiro disse que pediu o dinheiro
para os cinco partidos. "Eram inicialmente cinco partidos que
houve essa demanda para a gente contribuir via caixa 2, e eu fiquei
encarregado de três partidos. Então, três partidos foram feitos por mim,
a saber: o PROS, o PCdoB e o PRB." Segundo Alexandrino, Edinho pediu R$ 7 milhões para comprar o tempo de TV. “Disse isso pessoalmente”. Ele disse que tratou do repasse diretamente com interlocutores dos partidos. “Pelo
PROS, o meu interlocutor foi o presidente do PROS, Eurípedes Junior;
pelo PCdoB, foi o senhor chamado Fábio (...), que é de Goiás aqui; e
pelo PRB, o atual Ministro Marcos Pereira, que era presidente do PRB.” Pereira é ministro do Desenvolvimento e Indústria do governo Temer. Alexandrino
contou que o dinheiro era entregue mediante senhas e condinomes, uma
mistura de “percepções no momento”. O PRB, segundo ele, era "Onça". “O
PCdoB, óbvio, “Vermelho”. E o PRB – não me pergunta por que – “Doutor”. DO G1
BRASÍLIA - Em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), o ex-executivo da Odebrecht Hilberto Mascarenhas disse que
"sempre tinha acordo" de pagamento de propina, em "qualquer lugar do
mundo", ao explicar sua função no Setor de Operações Estruturadas da
empreiteira. A área operacionalizava todos os pagamentos não oficiais da
Odebrecht e chegou a movimentar, segundo ele, US$ 3,370 bilhões entre
2006 e 2014.
Foto: Suellen Lima/Frame Photo
Hilberto Mascarenhas chefiava o 'departamento de propinas' da Odebrecht
Ao explicar que o caixa do setor variava de
acordo com a conquista de obras no exterior e da realização de eleições
em diversos países, o delator foi questionado pelo juiz auxiliar do TSE
Bruno Lorencini: "Mas impactava porque havia acordos de pagamento de
propina?".
"Desculpe, qual o nome do senhor?", perguntou o delator.
"Bruno", respondeu o magistrado.
"Juiz Bruno, sempre tinha acordo."
"Sempre tinha acordo?", voltou a questionar o juiz.
"Sempre, em qualquer lugar do mundo", disse Mascarenhas.
O delator se definiu como o "pagão" - aquele que apenas
operacionalizava o pagamento. "Eu, Hilberto Mascarenha Alves da Silva
Filho, nunca corrompi ninguém", disse o ex-executivo.
De acordo com ele, a conta do Setor de Operações
Estruturadas tinha US$ 70 milhões em 2006, ano em que ele assumiu a
área, e cresceu para US$ 730 milhões em 2013. "E 2014, já com o início
da Lava Jato, baixou para US$ 450 (milhões)", disse o delator. Os valores não são cumulativos, são referentes a cada ano.
"Acumulado, deu de 2006 a 2014 US$ 3,370 bilhões. É um
absurdo, mas é verdade. (...) Em função desse aumento, comecei a sentir
que eu precisava ter algum controle", disse Mascarenhas. A partir daí
ele desenvolveu o sistema de informática da empreiteira. O sistema
identificava os valores pagos aos codinomes dados pelos executivos da
empresa para esconder a real identidade dos beneficiários dos
pagamentos.
Ele disse ainda que a entrega do dinheiro no Brasil era
feita em espécie e narrou formas de pagamento. "Se fossem valores
pequenos, encontravam num bar. Em todos os lugares. Você não tem ideia
dos lugares absurdos se encontra, no cabaré...Ele encontrava a pessoa, o
preposto ia lá e pegava", afirmou.
Em repasses mais volumosos, segundo Mascarenhas, era
possível que algum representante da empresa se hospedasse em um mesmo
hotel que um preposto de quem iria receber o dinheiro e, no meio da
noite, a entrega fosse feita no quarto. DO ESTADÃO
BRASÍLIA - Em depoimento prestado ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), o ex-executivo da Odebrecht José de Carvalho Filho disse que o
atual ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), lhe passou
todos os endereços para o pagamento de R$ 4 milhões destinados ao PMDB durante a campanha eleitoral de 2014.
Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo
O atual ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha
Um dos locais indicados por Padilha foi o escritório de José
Yunes, amigo e ex-assessor de Michel Temer (PMDB), informou Carvalho
Filho ao ministro Herman Benjamin. Benjamin é o relator no TSE da ação
que apura se a chapa de Dilma Rousseff (PT) e Temer cometeu abuso de
poder politico e econômico para se reeleger.
Esse pagamento teria sido realizado no dia 4 de setembro de
2014. “Todos os endereços, esses e os outros que eu não me lembro me
foram dados pelo Eliseu Padilha”, disse Carvalho Filho. Segundo o
ex-executivo da Odebrecht, a distribuição dos recursos foi determinada
pelo executivo Marcelo Odebrecht.
“Procurei depois o Eliseu Padilha, no escritório dele, comentei o
fato, ele já sabia, evidente, e solicitei dele os endereços que eles
poderiam receber e quem fez essa operação foi Operações Estruturadas. A
sistemática era: eu chegava expor até ele e ele me fornecia o endereço,
eu transmitia ao sistema de Operações Estruturadas a sra. Maria Lúcia (ex-secretária da Odebrecht),
que uns dias depois, me entregava uma senha. Eu pessoalmente entregava
essa senha, entreguei essa senha ao Sr. Eliseu Padilha”, afirmou José de
Carvalho Filho.
“E a partir dali, eu não tinha como e nem sabia como as coisas eram operacionalizadas. Então, esclarecendo que tive com ele (Padilha)
quatro ou cinco vezes para pegar esse endereço e voltei novamente para
pegar essas senhas”, completou o ex-executivo da Odebrecht. De acordo
com Carvalho Filho, os valores seriam repassados ao PMDB via Eliseu
Padilha.
Discussão. Carvalho Filho também afirmou ter recebido na
época uma “ligação extemporânea” do então deputado federal Eduardo Cunha
(PMDB-RJ), comentando que não havia recebido R$ 500 mil.
“Tivemos uma discussão acalorada ao telefone. Achei estranho e comuniquei ao Cláudio (Cláudio Melo, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht):
'Cláudio, o fato foi esse e vamos esclarecer junto ao Eliseu'. Logo
depois fomos ao Eliseu e esclarecemos. Ele achou muito estranho este
fato e disse: ‘Olha, se o endereço que eu dei e se fosse realmente
entregue, o Sr. Yunes é uma pessoa de mais ou menos setenta anos, é de
minha confiança, dificilmente não teria registrado isso”. Isso causou um
constrangimento a mim. (…) O mal-estar permaneceu e a empresa tomou,
deliberou fazer outro pagamento de 500 (quinhentos) mil reais no valor, aquele que deu origem ao processo em discussão", afirmou o ex-executivo.
Carvalho Filho disse não ter controle da planilha de distribuição
de recursos. “A minha ação é entregar, tomar o endereço do Sr. Padilha e
entregar à sra. Lúcia e a Sra. Lúcia me dava uma senha que eu
repassava”, explicou.
O ex-executivo da Odebrecht também não soube dizer que outros parlamentares do PMDB foram beneficiados com parte dos R$ 4 milhões.
Sobre o lobista Lúcio Funaro, apontado por investigadores da
Operação Lava Jato como operador de Eduardo Cunha, Carvalho Filho
respondeu: "Nunca vi o Lúcio Funaro, nunca estive com o Lúcio Funaro e
não sei quem é o Lúcio Funaro".
Procurada pela reportagem, a assessoria de Padilha comunicou que o
ministro não vai se pronunciar sobre o vazamento do depoimento."
Depoimentos. No dia 14 deste mês, o ministro Herman
Benjamin negou pedido apresentado pela defesa de Dilma Rousseff para que
Padilha e Yunes prestassem depoimentos na Justiça Eleitoral.
"Não houve referência, no conjunto probatório até aqui produzido,
de fatos concernentes à atuação de Eliseu Padilha ou José Yunes que
tenham correlação direta com o objeto desta causa, isto é, o
financiamento da chapa Dilma-Temer em 2014", escreveu Benjamin em sua
decisão. DO ESTADÃO
Movimentos que nos últimos anos foram às ruas pelo impeachment da
então presidente Dilma Rousseff preparam a primeira manifestação do ano,
prevista para este domingo (26), com um novo alvo: o Congresso
Nacional. Líderes do Movimento Vem Pra Rua e do MBL (Movimento Brasil
Livre) planejam mobilizar milhares de manifestantes contra um "combo da
impunidade": anistia ao caixa dois, foro privilegiado e voto em lista
fechada. Apesar do foco comum, porém, os grupos convocam seus seguidores
separadamente e têm, inclusive, pautas laterais.
Projetos articulados por senadores e deputados federais tomaram conta do notíciário nos últimos dias
e viraram o grande foco dos protestos. O novo alvo também ajuda a
encorpar o que era, há até poucos dias, a reivindicação principal
proposta pelos movimentos: o apoio à Operação Lava Jato.
"O
Congresso está tentando jogar na cabeça do povo um combo de coisas que
destroem a renovação política: anistia, foro privilegiado, voto em lista
e aumento de financiamento público [das eleições]", diz Rogério
Chequer, empresário e líder do movimento Vem Pra Rua, que organiza o
evento deste domingo.
Apesar de ambos movimentos mobilizarem as
redes sociais para o protesto, Chequer não confirma uma parceria com o
MBL e trata o ato como fruto de promoção exclusiva do Vem Pra Rua.
O MBL, coordenado por Kim Kataguiri, tem reivindicações além das que
foram apresentadas pelo grupo de Chequer. Em entrevista ao UOL por e-mail, Kim diz que o grupo também protesta neste domingo a favor da aprovação do Estatuto do Desarmamento e de uma sugestão própria de emenda apresentada ao Congresso para a reforma previdenciária.
A manifestação, que em São Paulo vai ocorrer na avenida Paulista, está
prevista para acontecer em 103 cidades no país, de acordo com o Vem Pra
Rua. Em Brasília, o protesto vai se concentrar às 10h em frente ao
Congresso Nacional. No Rio de Janeiro, os manifestantes estarão na praia
de Copacabana, no mesmo horário. No Rio Grande do Sul, o ponto de
encontro é o parque Moinhos de Vento, de Porto Alegre, a partir das 15h.
O movimento chamou atos também em quatro cidades do exterior: Boston e
Nova York, nos Estados Unidos, Lisboa, em Portugal, e Zurique, na Suíça.
O Vem Pra Rua e o MBL devem compartilhar a avenida Paulista neste
domingo, junto de outros grupos menores. O protesto deve repetir o
ritual dos demais, mantendo-se parado na avenida.
Lava Jato: "defesa constante"
As bandeiras levantadas pelo Vem Pra Rua não anulam a "defesa
constante" da Operação Lava Jato, afirma Chequer. Diferentemente dos
eventos anteriores, em que a ex-presidente petista Dilma Rousseff era o
alvo, o empresário diz liderar um movimento crítico aos políticos que se
articulam para "manter a impunidadem não importa de que partido seja.
Seja do governo ou não. Se for do PT ou não."
Para Chequer, o
"combo" de ações propostas pelos congressistas indica que há um
movimento pela impunidade dos possíveis envolvidos em investigações da
Lava Jato. Ele vê como indício desse cenário a reunião de 15 de março
entre o presidente Michel Temer, o presidente do TSE (Tribunal Superior
Eleitoral), Gilmar Mendes, e os presidentes do Senado e Câmara, Eunício
Oliveira (PMDB-CE) e Rodrigo Maia (DEM-RJ). Ao final do encontro, Mendes
defendeu a adoção do sistema de votação por lista fechada, quando o
eleitor vota em um partido que apresenta uma lista pré-ordenada dos
candidatos, não em um nome. Hoje, o eleitor vota diretamente no
candidato.
Nas redes sociais do Vem Pra Rua, os participantes
dessa reunião viraram chamariz para divulgar o evento deste domingo. Uma
foto de Temer, Maia e Eunício vem acompanhada da mensagem: "Eles tramam
o fim da democracia, com voto em lista fechada e mais R$ 3 bilhões para
as eleições. Não vamos permitir. Se você não concorda, no dia 26 de
março, vem pra rua!". A montagem teve 12 mil curtidas. Na página do
evento deste domingo em rede social, há cerca de 29 mil manifestantes
confirmados.
Kim Kataguiri, por sua vez, aponta que a
manifestação é contra anistias a crimes relacionados a caixa dois
consideradas por "figuras" como o presidente da CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça) do Senado, Edison Lobão (PMDB-MA), e o relator da comissão sobre reforma política na Câmara, Vicente Cândido (PT-SP).
Políticos não vão para as ruas
Na manifestação de São Paulo, o único político que deve subir no carro
de som do MBL é o vereador da capital paulista Fernando Holiday (DEM),
integrante do grupo. O Vem Pra Rua afirma que é um movimento
suprapartidário e não dará voz a nenhum político nos protestos por todo o
Brasil.
Diferentemente do que está previsto para este domingo, a
manifestação de março do ano passado contra a corrupção contou com a
presença de vários políticos de expressão nacional. Alguns deles,
citados nas delações da Odebrecht afirmam, reservadamente, que não
pretendem comparecer às manifestações porque a pauta já não é mais a
saída da presidente petista.Daniela Garcia
Os economistas do governo são como ficcionitas que se deram bem na
vida. A gestão de Michel Temer, que prometia adotar o realismo fiscal,
tomou gosto pela ficção. A equipe de Henrique Meirelles dizia no ano
passado que o buraco nas contas públicas de 2017 seria de inacreditáveis
R$ 139 bilhões de reais. O ministro da Fazenda informa que o rombo
cresceu em R$ 58 bilhões. Estamos falando agora de uma cratera de
inaceitáveis R$ 197 bilhões. Para retornar da cratera inaceitável para o
rombo inacreditável, o governo flerta com o aumento de impostos. Como
se hábito, vão meter a mão no seu bolso.
Sempre que precisam dar
lições à plateia ignorante, os economistas de Brasília recorrem à
analogia doméstica. Dizem que o Orçamento da União é como o orçamento da
sua casa, onde ninguém está autorizado a gastar mais do que ganha. O
problema é que os ficcionistas do governo não seguem os próprios
ensinamentos. No final do ano passado, por exemplo, aprovaram-se no
Congresso pacotes milionários de reajustes salariais para servidores.
Dizia-se que estava tudo na conta do déficit de R$ 139 bilhões. Era
lorota. Para ficar na metáfora doméstica, é como se o governo guardasse
café no pote de açúcar, sem se dar conta de que na frente está escrito
sal.
Em troca do aumento de impostos, o brasileiro continuará
recebendo do Estado uma segurança pública inexistente, um serviço de
saúde fictício e uma educação ilusória. Bem ao gosto dos ficcionistas
responsáveis pelo enredo. Tudo isso num momento em que a Lava Jato
despeja diariamente no noticiário evidências de que o assalto aos cofres
públicos tem dimensões amazônicas. Mas o pior de tudo é essa incômoda
sensação de que o mesmo governo que prepara a mordida é integrado e
apoiado por suspeitos de participação no assalto. DO J.DESOUZA
As revelações feitas por Marcelo Odebrecht à força-tarefa da Lava Jato, repetidas em depoimento
à Justiça Eleitoral, retiraram de Dilma Rousseff o último patrimônio
político que ela imaginava ostentar: a presunção de superioridade moral.
Ela já havia perdido a pureza ideológica ao encabeçar coligações
eleitorais que incluíam do arcaico ao medieval. Perdera a aura de
gerentona e a poltrona de presidente da República após reduzir a
economia nacional a escombros. Agora, é submetida a um ritual de
emporcalhamento que aniquila o que lhe restava de individualidade,
integrando-a à baixeza geral. Foi para o beleléu a diferença heroica.
Em síntese, o príncipe das empreiteiras contou: 1) Dilma sabia que João Santana, seu marqueteiro, era remunerado pela Odebrecht no caixa dois. 2)
Madame sabia também que Antonio ‘Italiano’ Palocci e Guido
'Pós-Italiano' Mantega faziam dupla jornada como ministros e coletores
de fundos para suas campanhas presidenciais. 3)
Reeleita, a soberana foi informada pelo próprio empreiteiro de que as
contas abertas no estrangeiro para pagar o marketing do seu comitê
estavam ao alcance dos investigadores da Lava Jato.
Em nota de sua
assessoria, Dilma tachou os segredos de Marcelo Odebrecht de “novas
mentiras”. Ainda não se deu conta de que suas verdades é que estão se
transformando numa espécie de latifúndio improdutivo que os delatores da
Odebrecht invadem. A nota sustenta que Dilma “jamais pediu recursos
para campanha” a Marcelo Odebrecht. Tampouco “solicitou dinheiro para o
Partido dos Trabalhadores”. Ora, mas o delator disse exatamente a mesma
coisa.
Dilma não precisou pedir nada. Tinha quem solicitasse em
seu nome. “[…] Quem pediu os valores específicos era o Guido, eu me
assegurava que ela [Dilma] sabia mais ou menos da dimensão do nosso
apoio”, contou Odebrecht ao TSE, falando num idioma parecido com o
português. “Ela dizia que o Guido ia me procurar, mas eu nunca falei de
valor. A liturgia, a questão de educação, você não fala com o presidente
ou o vice-presidente a questão do valor.”
Em 2010, contou
Odebrecht, Dilma não teve que se preocupar com as arcas da campanha.
Lula, o “amigo” da Odebrecht, se encarregou de tudo, com o luxuoso
auxílio do grão-petista Antonio Palocci. Dilma “praticamente nem olhou
as finanças, acho que todos os pedidos de doação foram feitos por Lula,
Palocci. Ela nem se envolvia em 2010”, esmiuçou o empreiteiro.
Dilma
soube do que se passava na bilheteria porque Lula se encarregou de
informar, contou Marcelo Odebrecht. As verdades de Dilma sobre questões
relacionadas à tesouraria foram, por assim dizer, herdadas de Lula. O
tamanho dessas verdades vem sendo questionado desde o mensalão. Sempre
que a conjuntura exigiu garantias, verificou-se que, além de
improdutivas, as verdades do petismo estavam assentadas sobre um
gigantesco brejo.
De repente, Dilma descobre que não é a dona da
verdade. Bem ao contrário. A colaboração judicial da Odebrecht
transformou-a numa sem-verdade. Parte das informações do empreiteiro já
haviam sido descobertas pelos investigadores. A Lava Jato apalpou os
extratos da conta de João Santana na Suíça antes que o herdeiro da
construtora cogitasse suar o dedo. Não é razoável supor que Dilma,
centralizadora a mais não poder, estivesse alheia ao melado que escorria
nos porões do seu comitê.
Considerando-se que uma ex-guerrilheira
jamais cogitaria a hipótese de se tornar uma delatora, restam a Dilma
duas escassas alternativas: ou aceita sua parcela de culpa ou funda o
MSV (Movimento dos Sem-Verdade), assumindo a liderança da cruzada
nacional por uma reforma semântica que devolva algum sentido a quem já
não tem nenhum.
O ator-fazendeiro se queixou da frouxidão legal no Brasil enquanto atravessava tapete vermelho no Projac
Por
Luisa Bustamante
23 mar 2017, 20h24
- Atualizado em 23 mar 2017, 21h07
O ator Marcos Palmeira (Divulgação/Divulgação)
O tapete vermelho estendido nesta quinta nos
estúdios do Projac, na Barra da Tijuca, Zona Oeste carioca, para o
lançamento de um novo quadro do programa Caldeirão do Huck, virou palanque quando o ator Marcos Palmeira
passou por lá. Produtor de alimentos orgânicos em uma fazenda na região
serrana do Rio de Janeiro, ele fez questão de se pronunciar sobre as
irregularidades flagradas em frigoríficos pela Operação Carne Fraca. “É uma vergonha. Aqui a gente tem o lobo cuidando do galinheiro”, disse.
Além da fazenda, Palmeira é dono de um armazém que
comercializa o que produz. E atira: “Sabemos que há produtores e
produtores. Para piorar, a legislação é muito permissiva mesmo para quem
quer fazer as coisas direito. Você come linguiça e não sabe o que está
comendo. Com os orgânicos, não, tem regra para tudo”. A solução? “Que
continuem apurando.”
A propósito, Palmeira estava ali para uma participação no
novo quadro do programa de Huck, “Inspiração”, previsto para ir ao ar no
dia 1 de abril. DA VEJA.COM
#SanatórioGeral: Ainda em liberdade
“Em qualquer lugar do mundo civilizado, se uma delação vazar,
como no Brasil, ela estará automaticamente desfeita. Foi isso que o
ministro Gilmar Mendes chamou a atenção”. (Renan Calheiros,
líder do PMDB no Senado, esquecendo-se de dizer que, em qualquer lugar
do mundo civilizado, se existisse um Renan Calheiros, como no Brasil,
ele estaria preso faz tempo) DO A.NUNES