segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

A confissão feita em Berlim confirma que Lula é mais que cúmplice, mais que comparsa. É o chefe que sabe de tudo


Em Berlim, um jornalista quis saber se a Operação Porto Seguro surpreendera o ex-presidente Lula. O autor da pergunta já se preparava para anotar a repetição da lengalenga sobre a facada nas costas quando foi surpreendido pela resposta:   “Não, não fiquei surpreso”. Grávido de irritação, Lula encerrou a conversa e foi cuidar dos problemas do mundo. Não tinha tempo a perder com um caso Rose.
Nem precisou: já dissera o suficiente. Quem não fica surpreso com um traiçoeiro ataque pela retaguarda não pode surpreender-se com nada. Não se espantou com o que fizeram a antiga parceira e os quadrilheiros que apadrinhou por conhecer  intimamente a vigarista indiciada por corrupção, tráfico de influência, falsidade ideológica e formação de quadrilha.
Lula é o homem que está por trás, ao lado ou à frente das quadrilhas federais que desde 2003 desferem sucessivos tapas na cara do Brasil decente. A roubalheira da turma de Rose é a mais recente. Com uma frase de quatro palavras, o embusteiro sem cura desta vez confessou que sabia de tudo. Sempre soube de tudo e de todos. É mais que cúmplice, é mais que comparsa. É o chefe.

O trovador Alamir Longo escracha em versos o portador do vírus ‘não sei de nada’

Nosso Alamir Longo pediu licença para pegar uma carona no post sobre a confissão em quatro palavras e solidarizar-se com o portador de um vírus terrível batizado de ‘não sei de nada’”. Confisco o verso de Manuel Bandeira para responder ao grande trovador (gaúcho, naturalmente). Entra, Alamir. Você não precisa pedir licença. (AN)

“NÃO SEI DE NADA”
Alamir Longo
I
Que vírus impertinente
esse tal “não sei de nada”,
pois ataca Presidentes,
faz estrago na Esplanada…
e vive lá no Congresso
só comendo marmelada.
II
E é muito perigoso
porque sofre mutação,
depois do “não sei de nada”
ele vira em corrupção
e por fim ataca a imprensa
na hora da explicação.
III
Não livrou nem o “estadista”
que só leva punhalada,
se faz de bobo da corte
e finge não saber nada…
mas é um baita espertalhão
chefiando toda a cambada!
IV
Mas quando a polícia bate
e desnuda corrupção,
tem sempre alguém de vigília
cantando a mesma canção:
“A culpa é do Policarpo
que inventou o Mensalão!”
V
Mas eu fico preocupado
com a inércia dessa Nação
que parece acostumada
com toda essa podridão,
assistindo passivamente
sua autodestruição.
POR AUGUSTO NUNES-REV VEJA

A cassação do mandato dos mensaleiros – Pouco importa quem decida e como decida, uma coisa é certa: os três condenados não podem voltar à Câmara, e Genoino não pode assumir uma vaga. E é fácil entender por quê

Os ministros do Supremo Tribunal Federal voltam a debater hoje a cassação dos mandatos dos deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP), que foram condenados pelo tribunal. A Constituição é ambígua a respeito? É, sim! Mas ela traz também um encadeamento que explicita por que a decisão, nesse caso, cabe ao Supremo e não à Câmara. Numa coisa os nove ministros que votam nessa matéria (Teori Zavascki, que substitui Cezar Peluso, já anunciou que não participa, e ainda não há indicação para a vaga aberta com a saída de Ayres Britto) concordam: os direitos políticos dos três parlamentares estão suspensos pelo tempo que durar a condenação. Atenção! Pouco importa o resultado, ainda que o STF decida por maioria que a cassação cabe à Câmara, esses três parlamentares não poderão mais exercer seus respectivos mandatos, e não há hipótese de o suplente José Genoino assumir uma vaga de titular. Vamos por partes.
Pergunta-se: é possível haver três representantes do povo com direitos políticos suspensos? Não! É verdade que o plenário da Câmara poderia, sim, cassar os mandatos, mas também poderia não fazê-lo. ATENÇÃO! AINDA QUE NÃO O FAÇA CASO SEJA ELA A DECIDIR, João Paulo, Pedro Henry e Valdemar Costa Neto não poderão voltar à Câmara. Por quê? Por causa da do Artigo 15 da Constituição, Inciso III, a saber:
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
(…)
III – condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos.
João Paulo foi condenado a nove anos e quatro meses de cadeia; Valdemar Costa Neto, a sete anos e dez meses;  Pedro Henry, a sete anos; José Genoino, a seis anos e onze meses. Esse é o tempo em que cada um deles ficará privado de seus direitos políticos. Como essa legislatura tem apenas mais dois anos, os três primeiros não poderão retomar seus respectivos mandatos, e Genoino, que é suplente, estaria impedido de assumir uma vaga caso um deputado petista seja nomeado para algum cargo. Mais ainda: não poderão se candidatar nem em 2014 nem em 2018.
Atenção! A representação popular é um dos direitos políticos do cidadão. Se ele os perde, está impedido de exercer o mandato. Como diria Gregório de Matos, “O todo sem a parte não é todo;/ A parte sem o todo não é parte (…)”… Ora, como há de exercer a parte – o mandato – quem já perdeu o todo: os direitos políticos?
ASSIM, QUALQUER QUE SEJA A DECISÃO DO SUPREMO E QUALQUER QUE FOSSE A DECISÃO DA CÂMARA, NÃO PODERÁ EXERCER MANDATO QUEM NÃO TEM A POSSE DE SEUS DIREITOS POLÍTICOS. E não há feitiçaria interpretativa possível que nos diga que os direitos só estarão suspensos a partir do fim do mandato.
De todo modo, cabe ao Supremo
Assim, no que concerne à questão puramente prática, o debate tem algo de ocioso – no caso ao menos, já que as respectivas penas são bem maiores do que os dois anos restantes de mandato. Mas é preciso, sim, tomar uma decisão. Entendo, reitero, que cabe à Mesa da Câmara, nesse caso, apenas fazer a declaração, indicando a cassação do mandato. Por quê? Estabelece o Artigo 55:
Perderá o mandato o Deputado ou Senador:
I – que infringir qualquer das proibições estabelecidas no artigo anterior;
II – cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;
III – que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada;
IV – que perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
V – quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos casos previstos nesta Constituição;
VI – que sofrer condenação criminal em sentença transitada em julgado.
(…)
§ 2º – Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será decidida pela Câmara dos Deputados ou pelo Senado Federal, por voto secreto e maioria absoluta, mediante provocação da respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
§ 3º – Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será declarada pela Mesa da Casa respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
Há uma evidente aporia, aí, com uma coisa excluindo a outra. Sim, o Parágrafo 2º diz que, em caso de condenação criminal (Inciso VI), decide o plenário da Câmara. Mas o Parágrafo 3º afirma que, em caso de perda o suspensão de direitos políticos, cabe à Mesa um ato declaratório.
Encerrando
Vamos ver: entusiastas da Lei da Ficha Limpa, como Ricardo Lewandowski e Carmen Lúcia, por exemplo, sabem que basta um colegiado de juízes condenar alguém para que o sujeito se torne inelegível, ainda que a sentença não tenha transitado em julgado. Aliás, um simples conselho profissional pode fazê-lo. Se alguém, nessa condição, não pode nem mesmo se candidatar a representante do povo, como flertar com a hipótese de haver um representante já condenado em última instância – e sem direitos políticos por força da Constituição? Hora de harmonizar esse troço.
Mas isso, reitero, no caso das quatro personagens – já que Genoino está de olho numa vanguinha na Câmara – é irrelevante. Sem direitos políticos, pouco importa quem decida e como vote, eles não podem mais assumir seus respectivos mandatos. Estão suspensos pelo tempo que durar a pena. E a pena dura bem mais  do que os dois anos que lhes restam.
Por Reinaldo Azevedo

Conviva de praia de José Dirceu era braço político da quadrilha, sustenta inquérito da PF

Em seu depoimento no Congresso, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou que não havia quadrilha nenhuma instalada no governo federal e usou como evidência o fato de que a Polícia Federal não iria indiciar Rosemary Noronha, a dita “amiga íntima de Lula”, por formação de quadrilha. Pois é… Indiciou por esse e mais três crimes: corrupção ativa, tráfico de influência e falsidade ideológica. Em seu relatório, a PF considera que ela era o braço político da quadrilha. Reportagem da revista VEJA deste fim de semana, de Adriano Ceolin e Laura Diniz, evidencia que a mulher é bem menos, como direi?, parva do que alguns tentam dar a entender, buscando caracterizá-la apenas como uma coitada, que se deixou enredar pelas tramas do coração.
E ela é, sim, pessoa da intimidade e da confiança de José Dirceu. O ex-ministro, todo mundo sabe, é o condenado pela Justiça mais buliçoso que se conhece. Nunca antes alguém sentenciado, em última instância, por corrupção ativa e formação de quadrilha vituperou tanto contra a Justiça e emitiu tantas opiniões. No feriado do dia 15 de novembro, uma quinta-feira, ele viajou para a casa de um empresário, em Camaçari, na Bahia. Fotos feitas por Edson Ruiz, do Estadão Conteúdo, foram publicadas pela imprensa. Uma delas foi esta aqui.
 
Nada de especial na imagem. Indica apenas tratar-se de um senhor de posses. A bermuda é da marca francesa Vilebrequin. No Brasil informa a VEJA, custa R$ 600. Certamente sem saber o que tinha à sua frente, Ruiz resolveu deslocar a lente um pouco para a sua esquerda e fez esta outro foto:

Esta senhora à esquerda, de óculos e chapéu de praia, é Rosemary, a amigona do Zé, em companhia da namorada do poderoso chefão petista, Evanise Santos, com óculos Prada. Vale para o Zé o que vale para todos nós: no mais das vezes, chamamos para compartilhar um feriado na praia pessoas com as quais temos intimidade, proximidade, amizade mesmo. Dirceu, vocês sabem e ele mesmo já disse, está a cada dia mais convencido da sua inocência; ele só tem a má sorte de os escândalos estourarem na sua vizinhança e envolverem pessoas de seu círculo de relações. Não que Rose não pudesse alcançar patamar ainda mais alto no petismo. Ocorre que o Zé certamente tem um senso se organização e disciplina que deve faltar a Lula. O Zé é o sistema operacional da máquina.
Rose deixou Camaçari em companhia do seu amigo da bermuda Vilebrequin no dia 18; na sexta, dia 23, a Polícia empreendeu a operação de busca e apreensão no gabinete da Presidência da República em São Paulo. Íntima, ela ainda tentou o socorro do companheiro com quem havia dividido o sol baiano. Foi inútil. E começamos a conhecer os detalhes do mais recente escândalo da República. Leiam um trecho da reportagem de VEJA:
“VEJA teve acesso a novos detalhes do inquérito da Operação Porto Seguro. Os papéis detalham o funcionamento do esquema de  corrupção e mostram o espraiamento da quadrilha por órgãos do governo federal, até chegar a gabinetes do primeiro escalão. Na  última sexta-feira, a Polícia Federal entregou à Justiça uma nova leva de documentos. São mais quarenta volumes, com uma descrição detalhada do conteúdo de arquivos de computadores, contratos, recibos e dinheiro apreendidos no escritório da Presidência em São  Paulo e nas casas dos suspeitos. É essa munição que mantém Lula e o PT calados. Além da intimidade com o ex-presidente, Rose usava como trunfo para suas ações a proximidade com o mensaleiro José Dirceu. Em conversas interceptadas pela PF com autorização  judicial, Rose revela a intimidade que tinha com o chefe da quadrilha. “Eu fui almoçar com o Zé na casa dele (…). Ele acha que tem  grandes chances de ser condenado a quatro anos e cumprir um terço da pena”, diz Rose. Paulo Vieira, seu interlocutor, procura tranquilizar a amiga, que se dizia “superpreocupada” com a possibilidade de Dirceu ir para a cadeia. “Preso ele não vai, não, Rose (…).  Sem chance”, afirma o chefe da quadrilha dos pareceres sobre o chefe da quadrilha do mensalão.”
Pois é…
Foi, no entanto, ao estabelecer uma parceria com Paulo Vieira, que a PF considera o chefe da quadrilha, que Rose foi ganhando vulto como braço político do grupo. Leiam outro trecho da reportagem, que traz à luz ninguém menos do que Rui Falcão, presidente do PT, outro que esforça para dizer que não tem nada com isso:
Em 2004, Paulo, filiado ao partido, ganhou uma senhora boquinha na administração: a nomeação para presidente do Conselho Fiscal  da Companhia Docas do Estado de São Paulo, a Codesp. Ele foi indicado pelo PT de São Paulo. Efetivado no cargo, Paulo Vieira atendeu a um pedido feito por telefone pelo deputado estadual Rui Falcão, atual presidente do partido, para que recebesse o empresário e ex- senador Gilberto Miranda (PMDB -AM ). Não era propriamente um pedido, mas uma “missão partidária”, conforme expressão usada  por Falcão. Ele nega: “Nunca pedi nada disso. Nunca tive qualquer relação com os citados”. O resto da história está contada no inquérito. Para a Polícia Federal, Vieira ajudou Miranda a conseguir pareceres favoráveis à ocupação de duas ilhas no litoral paulista.  As investigações dão a dimensão exata de como se misturam interesses públicos e privados no Brasil.
Retomo
Eis aí. Cumpre perguntar, a esta altura: será que o PT sabe como fazer as coisas de outro modo, à luz da lei, da Constituição e das regras republicanas? Uma coisa é certa: há uma cultura anti-institucional no partido. Em suas conversas singelas com Paulo Vieira, Rose se mostra inconformada com o STF. Vejam que mimo. Volto para encerrar.
Rose queria um protesto por transparência na Justiça! Rose queria parar o Brasil! O Zé bem que tentou. Mas até os petistas já começam a fugir da rodinha quando ele chega…
Por Reinaldo Azevedo

PF atrás dos 25 milhões de euros da Rose.

Após representação feita pelo deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), a Polícia Federal abriu investigação sobre suposta remessa de uma fortuna em euros que Rosemary Noronha teria feito para a cidade do Porto, em Portugal. O deputado alega que Rose, em uma viagem oficial, levou 25 milhões de euros e chegou a solicitar um carro forte para transportar o valor. A PF considera "inverossímil" a informação. O criminalista Celso Vilardi, que defende Rose, classifica a denúncia de "bobagem, leviandade".
DO ESTADÃO

Ministro Fernando Pimentel envolvido em mais um escândalo

Ação popular que tramita na Justiça municipal acusa o Banco Safra de ter recebido indevidamente R$ 15 milhões da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). O contrato de empréstimo supostamente ilegal foi assinado em 1997 pelo então secretário da Fazenda e agora ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT).
As irregularidades contidas na operação financeira e denunciadas pela ação teriam levado a prefeitura da capital a pagar muito mais do que devia ao banco. “O tipo de cobrança aplicada elevou a dívida a patamares inimagináveis, levando a prefeitura a pagar mais e enriquecer o banco réu”, registrou a ação.
A ação levou a 1ª Promotoria de Justiça a apresentar denúncia, na qual pede a condenação do Banco Safra com ressarcimento dos R$15 milhões corrigidos e a citação do ministro petista Fernando Pimentel.
DO JORGE RORIZ