quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

A Constituição-vilã joga a favor do atraso

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Membro do Comitê Executivo do
Movimento Avança Brasil
Mais um ato de judicialização da politicagem beneficia as forças do atraso que desejam e trabalham pelo fracasso do Governo Bolsonaro. É um tsunami contra a democracia a decisão do presidente do Supremo Tribunal Federal, José Dias Toffoli, permitindo o nada transparente voto secreto para a mesa diretora do Senado. A legitimação dos ocultos conchavos beneficia, claramente, a candidatura do companheiro Renan Calheiros, prontinho para presidir o Congresso Nacional.
É um retrocesso gravíssimo manter a eleição secreta para comando do Senado. É democraticamente inaceitável qualquer outra forma de escrutínio que não seja aberta, transparente. Toffoli também negou um outro pedido para que a eleição da mesa da Câmara também fosse transparente, sem segredos. Toffoli apenas alegou que a escolha da cúpula senatorial é uma questão interna que deve ser definida pelos parlamentares. O comando do Senado quer o esquema secreto.
Assim, não será possível saber em quem cada um dos 81 senadores votará, no começo de fevereiro, quando assume a nova legislatura. Toffoli ressalvou que este entendimento valerá até uma apreciação final pelo plenário do STF. Infelizmente, ele agendou para 7 de fevereiro a sessão que irá decidir a polêmica. Ou seja, depois da escolha consumada. Toffoli alegou que, como a eleição da Mesa Diretora visa a administração da Casa, “inexiste necessidade de controle externo sobre a forma de votação adotada para sua formação".

A omissão da Constituição de 1988 é a responsável pela polêmica. Toffoli ponderou que, Embora a Constituição tenha sido silente sobre a publicidade da votação para formação da Mesa Diretora, o regimento interno do Senado Federal dispôs no sentido da eleição sob voto fechado". Em síntese, o Senado argumentou – e Toffoli aceitou - que derrubar a decisão liminar anterior do Marco Aurélio a favor do voto aberto era "essencial para preservar a independência do Poder Legislativo e sua autonomia para editar e alterar seu Regimento Interno, e os princípios da segurança jurídica e da colegialidade".

Resumindo o problema: É a Constituição vilã e omissa de 1988 que legitima a falta de transparência na eleição para escolha das mesas diretoras da Câmara e do Senado. Assim, fica o espaço aberto para as manobras indecentes, nos bastidores, que podem permitir a eleição, sem transparência, de Rodrigo Maia e Renan Calheiros.

Seguimos na "Idade média" da Política. Pode soltar aquela vinheta na voz do imortal Edmo Zarife: “Brasil-zil-zil-zil”...