segunda-feira, 9 de junho de 2014

"Eu não vou à Copa do Mundo": hashtag de oposição ao Mundial ganha a rede

Brasileiros aproveitaram para responder usando as marcas #IAmNotGoingToBrazilBecause e #NoVoyABrasilPorque na internet

postado em 09/06/2014 09:23 / atualizado em 09/06/2014 16:52 

A três dias da Copa do Mundo, estrangeiros têm publicado nas redes sociais motivos pelos quais decidiram deixar de lado a visita ao Brasil. No Twitter, as hashtags #IAmNotGoingToBrazilBecause e #NoVoyABrasilPorque chegaram ao trending topics. As justificativas são carregadas de críticas ao governo brasileiro e evidenciam a desigualdade no país. 

A polêmica, que começou na Colômbia na última quinta-feira (5/6), levanta uma discussão entre alguns brasileiros, que defendem o país e, principalmente, espanhóis e americanos, que ressaltam as greves, manifestações e a corrupção do país sede.




Lula diz que oferecer metrô na Copa do Mundo é "babaquice"


Enquanto Dilma e o PT promovem a desordem em SP, governo do Estado e PM asseguram os direitos fundamentais dos paulistanos, garantidos pela Constituição

O secretário de Transportes de São Paulo, Jurandir Fernandes, cumpriu a lei e mandou demitir 61 grevistas do metrô por justa causa. Parabéns, secretário! Parabéns, governador Geraldo Alckmin! A população, que está tendo sequestrado seu direito de ir e vir; que está tendo roubado o metrô, que lhe pertence; que vê um serviço que foi construído com o seu dinheiro ser apropriado por meia dúzia de baderneiros, essa gente merece um desagravo e uma resposta. E a resposta tem de ser dada na forma da demissão dos que insistem em desrespeitar a lei. Um grupo de 13 grevistas foi detido, de manhã, na estação Ana Rosa. Devidamente, fichados, foram libertados depois.
A síntese, que muitos se negam a fazer, mas não neste espaço, é a seguinte: enquanto o PT e a presidente Dilma, os principais interessados no sucesso da Copa do Mundo, promovem a baderna, a bagunça e a desordem, o governo de São Paulo e a Polícia Militar garantem o pleno funcionamento das instituições democráticas. Por que falo isso? É muito fácil explicar. É muito fácil provar.
A CUT, que é a central sindical do PT, onde Lula é tratado como Deus, emitiu uma nota de solidariedade à greve dos metroviários. Preferiu, para a surpresa de ninguém, atacar o governador Geraldo Alckmin. Em vez de sair em defesa da população de São Paulo, os petistas da central preferiram se alinhar com os grevistas violadores da lei, que recebem, só de bolsa-alimentação e bolsa-refeição, um valor maior do que o salário de muita gente de quem eles roubaram o metrô.
Na manhã desta segunda, os metroviários extremistas, liderados pelo sr. Altino Prazeres, tentaram promover o caos na cidade, numa manifestação que contou com a presença dos coxinhas radicais do Movimento Passe Livre e de militantes do MTST, comandados por outro coxinha de extrema esquerda, o sr. Guilherme Boulos, aquele que prometeu fazer correr sangue na Copa do Mundo se não tiver atendidas as suas exigências.
Muito bem! O Passe Livre, que não representa ninguém, já foi recebido no Palácio do Planalto. Em São Paulo, Dilma já se encontrou com Guilherme Boulos e agora pensa em dar tratamento especial ao MTST no programa “Minha Casa Minha Vida”. A Prefeitura de São Paulo, comandada pelo petista Fernando Haddad, está prestes a regularizar áreas invadidas pelo grupo. Fortalecidos, esses extremistas promovem ainda mais confusão.
Enquanto Dilma, Haddad e os petistas, como regra, promovem o caos e a desordem, alguém tem de cuidar dos direitos garantidos pela Constituição. Que seja o governo de São Paulo, com o auxílio, quando necessário, da Polícia Militar, que, acionada nos limites do que lhe confere a lei, é a democracia de farda. Quanto os metroviários, que reste uma lição: se a maioria silenciosa não se manifestar, a categoria continuará a ser liderada por gente como esse tal Altino, que usa o sindicato para defender os interesses de um partido político. Em São Paulo, não! 
Por Reinaldo Azevedo

Coordenador de Campos 'vacila' e deixa a campanha



O jornalista Marco Bahé se afastou ontem do posto de coordenador de redes sociais da pré-campanha do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos à Presidência depois de publicar um comentário em seu perfil pessoal no Facebook, no qual vinculou o pré-candidato do PSDB, Aécio Neves, ao uso de drogas.
"Vai ter coca, Aécio Neves", diz o texto que foi apagado do perfil de Bahé pouco depois da publicação. Ainda ontem, o jornalista se justificou no Facebook dizendo que a mensagem de caráter pessoal "deveria ser publicada em um grupo fechado, de amigos, mas aparentemente acabou vazando" e assumiu a culpa com os marcadores #vacilo e #destavezfuieu. Mais tarde, diante da repercussão negativa da publicação, Bahé disse que se afastou da pré-campanha de Campos "há vários dias" para se dedicar a um curso de mestrado.
"Está havendo uma repercussão equivocada sobre um post privado meu no Facebook que, erroneamente, está sendo atribuído ao ‘coordenador de mídias sociais da campanha de Eduardo Campos’. Para quem não sabe ainda, informo que pedi afastamento da equipe da campanha de Eduardo há vários dias. Afastei-me por estar em fase final da conclusão de minha dissertação de mestrado. Toda e qualquer publicação em minhas redes sociais são (isso me parece óbvio) minhas", diz o texto.
No entanto, segundo a assessoria de imprensa de Campos, Bahé só pediu afastamento ontem, depois que o caso veio à tona. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na semana passada, Aécio disse nunca ter usado cocaína.
No início do ano, o texto "A Balada do Eduardo", publicado no perfil do PT no Facebook, chamava Campos de "playboy mimado". A publicação provocou uma crise na direção petista. Na época, Campos reagiu nas redes sociais, ainda sob a coordenação de Bahé, dizendo que "os cães ladram e a caravana passa", e classificando a publicação do PT como "ataque covarde". As informações são do jornal | O Estado de S. Paulo.
Ricardo Galhardo- 09/06/2014

J. R. GUZZO: Desde que Lula topou fazer a Copa no Brasil, ocorreu um massacre de mentiras oficiais, de humilhações na obediência servil a exigências feitas fora do país e de suas leis e de promessas grosseiramente não cumpridas

(Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
O ex-presidente Lula, que construiu toda a sua vida dizendo ser um trabalhador, agora acha transporte público uma idiotice. Como acontece uma mudança dessas? (Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula)
AGORA, SÓ REZANDO
“Como Lula, um cidadão que construiu toda a sua vida dizendo que é um trabalhador, pode tratar assim os trabalhadores – os mais necessitados de transporte coletivo de boa qualidade? Para o ex-presidente, isso é um luxo idiota de que o brasileiro não precisa”
Artigo de J. R. Guzzo publicado em edição impressa de VEJA
J. R. GuzzoMais alguns dias, já na semana que vem, começa finalmente essa Copa do Mundo que fez o governo brasileiro exibir a si próprio e ao resto do planeta alguns dos piores momentos de toda a história do Brasil como país de segunda categoria.
O que dá vontade de dizer, nessa hora, é: “Até que enfim”.
Com a bola rolando, e os melhores jogadores de futebol do mundo em campo, explode, sem controle de nenhuma força conhecida, a emoção incomparável que só os jogos heroicos conseguem criar – com seus momentos sublimes de habilidade sobrenatural, a crueldade dos acasos ou os milagres de último minuto.
No caso da Copa de 2014, junto com o primeiro jogo vem a esperança de que o futebol, a mais potente magia esportiva jamais criada pelas sociedades humanas, possa proporcionar aos brasileiros um momento de alívio numa tirania de sete anos que os governos do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff impuseram à população durante os preparativos para o grande evento.
Que tipo de tirania? Simples: a que forçou o país a testemunhar (e a pagar por) uma exibição inédita de incompetência em engenharia elementar, e de arrogância na negação de sua própria inépcia.
“Já perdemos a Copa fora do campo”, disse o deputado Romário de Souza Faria. “Agora só nos resta rezar para irmos bem lá dentro.” Ninguém poderia resumir melhor a realidade do que Romário. Antes mesmo do primeiro jogo, nada mais sobra daquela Copa de 2014 que Lula, em 2007, festejou como a glória máxima de seu governo.
Prometeu, na ocasião, fazer a “melhor” Copa que o mundo já tinha visto desde a primeira, em 1930, um empreendimento que transformaria a vida das classes populares com quantidades prodigiosas de obras públicas e mais uma tonelada de pura conversa mole.
Desde então o que aconteceu na vida real foi um massacre de mentiras oficiais, de humilhações na obediência servil a exigências feitas fora do Brasil e de suas leis e de promessas grosseiramente não cumpridas – como a de que não seria gasto “um tostão” de dinheiro público na Copa, quando no fim das contas o Erário vai pagar quase 100% dos custos.
Os famosos benefícios para a população, como a “mobilidade” e outras palavras tolas inventadas para fazer propaganda de fantasias, são uma piada – as obras estão atrasadas, são de má ou péssima qualidade ou simplesmente foram abandonadas. “Estou envergonhado de ser brasileiro”, disse Ronaldo Nazário, até há pouco um dos mais entusiasmados promotores oficiais da Copa.
Ronaldo, por sinal, lembra que todas as exigências da Fifa (que a presidente Dilma, agora, exige que lhe tirem “das costas”) foram aceitas em 2007, sem discussão alguma, pelo governo brasileiro.
Não tendo como responder à sua incapacidade, comprovada em sete anos, de organizar a Copa, o PT e admiradores fazem o de sempre: ficam agressivos e falam bobagens desesperadas. O primeiro a sacar o revólver foi o próprio Lula: disse que era uma “babaquice” reivindicar metrôs que chegassem aos portões dos estádios.
Toda a ideia que sustenta o metrô, em qualquer lugar do mundo, é exatamente esta: levar o máximo de pessoas ao ponto mais próximo possível dos lugares aonde queiram ir.
Para o ex-presidente, isso é um luxo idiota de que o brasileiro não precisa. “Vão a pé, vão descalços, vão de jumento”, concluiu.
Como é que um homem que se considera o maior líder popular do mundo fala uma coisa dessas? Como um cidadão que construiu toda a sua vida dizendo que é um trabalhador pode tratar assim os trabalhadores – os mais necessitados de transporte coletivo de boa qualidade?
No mesmo embalo, revelou que não estava preocupado em saber se a Copa ia movimentar “30 ou 40 bilhões de dólares” na economia brasileira – a seu ver, uma mixaria. Por que, então, não disse isso sete anos atrás? Lula, no fim das contas, não terá dificuldades de transporte – já anunciou que não vai comparecer a nenhum jogo da Copa.
Não faz nexo: se era uma obra tão fabulosa, como é possível que bem agora, no que deveria ser seu maior triunfo, ele diga que não vai a “nenhum” jogo? Justo ele, que inaugura até maquete de abrigo de ônibus? Lula disse que prefere ver a Copa pela TV, pois terá muito mais conforto do que em seus estádios, tomando “uma cervejinha”.
Cervejinha coisa nenhuma. Não vai porque tem medo de levar uma vaia que ficará na história. A Copa de 2014 era para ser uma coisa. Saiu outra. Paciência. O único remédio para isso chama-se coragem moral – a hombridade de que cada um precisa para assumir as consequências de seus atos.
É artigo que saiu de linha no governo.

Assessores e ex-deputado revelam como funciona esquema de corrupção

Quanto custa eleger um candidato na base da desonestidade, da troca de favores?
O Fantástico mostra um retrato contundente da corrupção no Brasil, nas palavras de especialistas. Gente que conhece por dentro as tramoias da política.
Guarde bem este nome: Cândido Peçanha. Um deputado eleito democraticamente que faz tudo pelo poder. “A compra do voto no dia da eleição sai a R$50, o voto”, afirma.
Não tem honra. “Político não tem remorso. Político tem conta bancária”, destaca.
Não sabe o que é ter escrúpulos. “Existem várias formas de desviar dinheiro público”, revela.
Você saberá tudo sobre esse político. Só não vai conseguir ver o rosto, porque Cândido Peçanha não existe na figura de uma pessoa só. Cândido Peçanha é um personagem criado pelo juiz de direito Marlon Reis para o livro "O Nobre Deputado".
“É a representação de parlamentares que existem, que ocupam grande parte das cadeiras parlamentares do Brasil e que precisam deixar de existir”, afirma Marlon Reis, juiz de direito.
Para criar o personagem, o juiz Marlon Reis ouviu histórias reais de mais de 100 pessoas que transitam no mundo político. Entre elas, um ex-deputado federal que vai se candidatar novamente nessas eleições.
“Não precisa fazer muita coisa para ter o voto porque a população não tem força nem segurança para contestar nada”, destaca o ex-deputado.
E dois assessores parlamentares, que o Fantástico ouviu com exclusividade.
Assessor: Durante muito tempo fui militante político, desde cabo eleitoral, assessor, faz tudo.
Fantástico: E fazer tudo era também intermediar algumas coisas, a pedido dos políticos, desonestas?
Assessor: Quando necessário.
Eles revelam o ‘bê-a-bá’ da corrupção. Tudo com garantia do anonimato.
Fantástico: O senhor decidiu denunciar por quê?
Assessor: Veja bem, se você for no interior, muitas crianças passando fome, casas de taipa, estradas sem asfalto. Isso indigna a gente. Sempre tive consciência disso. Só não podia denunciar. Quem denuncia, morre. Nego mata aí brincando.
Com base nesses depoimentos, o juiz, que foi um dos principais defensores da “Lei da Ficha Limpa”, conseguiu descobrir como nasce, cresce e se perpetua um corrupto na política brasileira.
Tudo começa na eleição. E para ganhá-la é preciso ter dinheiro. Muito dinheiro.
“Para ser eleito é preciso pagar, comprar apoio político, e que é essa a base dos gastos de campanha”, afirma Marlon Reis.
Uma gastança que faz do Brasil um recordista mundial: proporcionalmente à riqueza do país, aqui são feitas as campanhas mais caras do planeta.
Nas últimas eleições, em 2012, os gastos ultrapassaram R$ 4,5 bilhões. E tem mais: das cinco maiores doadoras de campanha, três são empreiteiras. Mas também há quem levante dinheiro por baixo dos panos.
“Todos os entrevistados mencionavam sempre que é a agiotagem. O uso da agiotagem como fundo de dinheiro para política, que me surpreendeu”, ressalta o juiz.
Isso significa que candidatos - como o “Cândido Peçanha” - recorrem até a empréstimos ilegais. O pior é que tudo terá que ser pago depois da posse.
Assessor: Ele entra no mandato endividado. Ele precisa do dinheiro.
Fantástico: Mas como ele faz para pegar esse dinheiro e jogar na mão do agiota sem ser notada a falta do dinheiro no cofre?
Assessor: Existem várias maneiras de fazer isso.
Segundo o assessor, um dos alvos é o dinheiro para a educação.
Assessor: O cara saca o dinheiro e entrega para ele. Normal.
Fantástico: Mas não teria que sacar e comprovar onde gastou?
Assessor: Para quem?
Fantástico: Para a Câmara dos Vereadores.
Assessor: Como assim, se os vereadores são cúmplices?
Fantástico: Ou, se for o governador, para a Assembleia Legislativa.
Assessor: Que também é cúmplice.
Fantástico: Mas tem o Tribunal de Contas do Estado.
Assessor: Que também é cúmplice.
Fantástico: O senhor quer dizer que todos são envolvidos?
Assessor: Cúmplices. Todos são. É uma máfia.
Para as empreiteiras, são criadas licitações fraudulentas, obras superfaturadas.
"As empresas, elas não doam. Elas antecipam um dinheiro que será depois obtido e multiplicado por muitas vezes através de contratos dirigidos e direcionados", explica Reis.
Um estudo do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) revelou quanto as 10 maiores doadoras de campanha no Brasil em 2010 lucraram nos dois anos seguintes em contratos com o governo eleito: um valor 20 vezes maior do que foi doado.
“Uma relação de causa e efeito entre o ato de doar e o que pode vir depois, contratos com poder público”, diz Carlos Velloso, ex-presidente do TSE.
Com os agiotas o retorno é mais direto e danoso.
"Aparenta uma doação mas, na verdade, é um empréstimo que será pago a duras penas pela sociedade. Incrível o que eles relatam: 10% a 20% ao mês de juros", detalha Reis.
“O agiota recebe o cheque da conta pública. É um sistema perverso, quem paga é a população, não é o prefeito”, afirma o assessor.
Os moradores de São Pedro da Água Branca, no sul do Maranhão, sentem na pele os efeitos da falcatrua.
“No momento, aqui tá faltando um bocado de coisa. Tá faltando a merenda dos meninos que estão cobrando de nós e não temos”, conta Francisca Isaura Araujo, zeladora de uma escola.
Um levantamento feito por cinco escolas do município de São Pedro da Água Branca revelou que em 2008 houve a maior evasão escolar do estado do Maranhão. Naquele ano de eleições municipais, 35% das crianças abandonaram as salas de aula porque não tinham o que comer na hora do recreio. Ou seja: um terço dos alunos simplesmente deixou de estudar. De acordo com a denúncia do Ministério Público, acatada pela Justiça, o dinheiro que era da merenda escolar, que deveria ser gasto nas cantinas das escolas, foi usado para comprar votos.
“As investigações conseguiram demonstrar que foram feitas diversas transferências bancárias com recursos públicos para conta da campanha”, ressalta a promotora Raquel Chaves Duarte.
O Fantástico foi atrás do ex-prefeito Idelzio Oliveira, o Juca, mas não o encontrou. Ele também não foi encontrado pelo oficial de Justiça que há duas semanas tenta informá-lo da condenação: nove anos e seis meses de cadeia.
“Tem vez que passa semana aqui sem merenda”, revela o estudante Emerson Conceição.
“A gente não estuda direito com fome”, afirma o estudante Artur Coelho.
Como a despesa costuma ser grande, depois de eleito o Cândido Peçanha já pensa nos gastos da próxima eleição.
Fantástico: O que custaria uma reeleição de deputado federal?
Assessor: Acima de R$ 5 milhões.
Uma fortuna que ele começa a levantar com antecedência. Segundo o juiz Marlon Reis, a maior parte do dinheiro desviado sai de emendas parlamentares. É como deputados e vereadores destinam parte do orçamento público para obras indicadas por eles.
"Eles vinculam a destinação da emenda à retenção de uma importante parcela do valor daquela emenda. Uma porcentagem que, segundo todas as minhas fontes, é de no mínimo 20%. E que pode chegar a parcelas bem maiores de 30% e até 50%", explica Reis.
Assessor: Os deputados que eu conheço, todos pegam retorno das suas emendas. Se ele põe R$ 1 milhão, na faixa de uns R$ 300 mil fica para a campanha do deputado.
Segundo o autor do livro, mesmo depois de desfalcada pela parte que vai pro bolso do parlamentar, a verba ainda sofre outras perdas.
"O desvio é feito de duas formas. Uma: o superfaturamento da obra que é apresentada um valor maior do que realmente deveria ter. Ou então com a execução da obra em padrão distinto daquele tecnicamente definido. Além de superfaturar, ainda se constrói abaixo dos requisitos técnicos", observa Reis.
“Muitas vezes isso é disfarçado de obras que parecem legítimas, sem que saibamos como a obra foi feita. Possivelmente com irregularidade e falhas técnicas”, ressalta o procurador geral eleitoral de Santa Catarina André Bertuol.
A rua Angelo Vanelli virou o principal endereço do esquema de corrupção descoberto em Blumenau. Um símbolo da troca de obras de ocasião por votos. A rua foi asfaltada às vésperas da última eleição municipal, sem qualquer planejamento. O asfalto foi literalmente jogado. Uma camada tão fininha que dá até para tirar com a mão. Não resistiu às primeiras chuvas. Foi essa rua que abriu caminho para a investigação do Ministério Público, que levou à cassação de cinco vereadores, um quinto da Câmara Municipal.
O único dos cinco vereadores cassados que o Fantástico conseguiu encontrar estava trabalhando. O ex-vereador Celio Dias voltou a ser guarda municipal, ironicamente um “agente da lei”.
“Acordo de manhã cedo, vou dormir com a cabeça muito tranquila porque sei que não fiz nada de errado e que sou um injustiçado nesse processo”, conta Celio Dias, ex-vereador e guarda municipal.
Quem pode julgar o discurso dos políticos e comparar com a realidade é o eleitor.
“Muitas vezes, o sujeito está reclamando de certos políticos aí, seja no Congresso, seja no Executivo, e eu costumo dizer: ‘Mas ele não está lá de graça não. Fomos nós que os colocamos lá’”, revela Carlos Velloso.
O ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral orienta: “Eleitor, examine a vida pregressa do seu candidato. Tem gente honesta, sim, aí. Agora, tem os aproveitadores. Exatamente esses é que precisam ser banidos da vida pública”.
Aproveitadores como Cândido Peçanha, que graças ao voto consciente pode um dia se tornar apenas um personagem de um livro de ficção.
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