Texto de : João Bosco Leal
Diante das notícias sobre o maior desastre natural ocorrido na história do país, com mais de seiscentos brasileiros mortos, me coloco a pensar sobre como, onde, e porque erramos.
Por mais que tente, não consigo escapar da resposta mais óbvia, de que somos nós mesmos os culpados, por havermos eleito os que hoje aí estão, que são os culpados diretos pelas tragédias pelas quais, invariavelmente nos últimos anos, passa o país nessa época do ano.
São os políticos covardes, corruptos, incapazes de legislar em favor do povo, se a proposição de determinada lei puder custar-lhes votos na próxima eleição.
A grande maioria de nossos políticos é assim, e nós somos os verdadeiros culpados, pois de uma maneira ou outra, eles só estão lá por terem sido votados, com votos conscientes ou vendidos, mas com votos.
Olhando sempre para os próprios umbigos, somos incapazes de lutar para derrubar de seus postos, aqueles que historicamente lá estão, roubando, sendo corruptos, corrompendo e sangrando econômica e moralmente esse país, através dos mais diversos meios, iludindo com promessas, e corrompendo com os mais diversos tipos de bolsas e vales, os mais humildes e necessitados.
Essa grande maioria populacional e eleitoral continuará assim, analfabeta, dependente do Estado e por consequencia dessa corja, por muitos anos, sofrendo alagamentos, desabamentos e morrendo soterrada pois, para os legisladores bandidos, não convém propor nada que os tire de lá, e os reassente em local mais digno e protegido das intempéries naturais.
O país possui capacidade financeira para colocar em prática projetos de bilhões de reais, como o do trem-bala entre o Rio de Janeiro e São Paulo, mas não possui igual capacidade para acabar com as áreas residenciais de risco, reassentando seus moradores.
Acabaria assim a possibilidade de, na próxima campanha eleitoral lá comparecer com a promessa de que, na próxima legislatura isso ocorreria. Acabaria também a possibilidade da realização de obras emergenciais, que por esse motivo não necessitam ser licitadas, e assim podem gerar gordas comissões, como também costumam ocorrer em obras de bilhões como a do trem bala, historicamente pagas aos bandidos que, com esses interesses, assim procedem, privilegiando determinadas obras, em desfavor de outras.
Quando ocorreu o deslizamento do Morro do Bumba, soterrando mais de duas centenas de brasileiros a apenas um ano, o que se ouvia era o mesmo de agora, quando no local comparecem desde o Presidente da República, o Governador, deputados, prefeitos e vereadores (os maiores culpados), expressando suas condolências, fazendo promessas, liberando verbas e enviando reforços materiais e humanos.
A única mudança real ocorrida é que o Presidente agora é outro, usa saias, mas é criação e participou do governo anterior, e sua equipe permanece praticamente a mesma que, após a tragédia do ano passado, nada de efetivo realizou para que isso agora não estivesse novamente ocorrendo.
A culpa, certamente é, e continuará sendo dos políticos canalhas, ou dos canalhas políticos, pois, como na matemática, a ordem dos fatores não altera o produto.
João Bosco Leal