sábado, 3 de junho de 2017

Amigos de Temer são seus maiores adversários


Josias de Souza
Rodrigo Rocha Loures, o 'homem da mala', no instante de sua prisão, em Brasília
Movido à base de verdades próprias, Michel Temer acredita que a recessão acabou e que seu governo é vítima de um complô de gente impatriota que não quer ver o Brasil de volta aos trilhos. Decidiu se defender atacando. Transformou o Planalto num bunker e, cercado de generais investigados, passou a fabricar crises a partir do nada. A última grande ideia do alto comando governamental foi escalar o doutor Torquato Jardim para assumir o controle da Polícia Federal. Neste sábado, agentes da PF, já sob nova direção, prenderam em Brasília Rodrigo Rocha Loures, símbolo da fase de autocombustão do governo Temer.
Sob influência dos seus malfeitores de estimação, Temer foi convencido de que a transferência de Torquato do Ministério da Transparência para a pasta da Justiça era uma grande ideia. Imaginando-se invulnerável, o presidente humilhou Osmar Serraglio. Desalojou-o da Justiça sem aviso prévio. Estava certo de que o deputado licenciado aceitaria sem titubeios o rebaixamento para a pasta da Transparência. Serraglio limpou as gavetas, escreveu uma carta com ataques aos “estrategistas trôpegos” do Planalto e reassumiu seu mandato de deputado. Deixou o suplente Rocha Loures ao relento. E levou os glúteos de Temer à vitrine.
A essa altura, a infantaria da Procuradoria já havia preparado o bote. A idéia de que seria possível manter solto, sem o escudo das imunidades parlamentares, um sujeito que fora filmado recebendo uma mala com propina de R$ 500 mil só passa pela cabeça dos malucos de palácio —uma gente desconectada da realidade, que tem dificuldade para perceber o que se passa na vida real.
Quando enviou para o Supremo Tribunal Federal a renovação do pedido de prisão do homem da mala, o procurador-geral da República Rodrigo Janot já sabia qual seria a decisão do ministro Edson Fachin. Ao negar o primeiro pedido, o relator da Lava Jato reconhecera que havia razões objetivas para encarcerar Rocha Loures. Mas alegara que um deputado não poderia ser preso senão em flagrante delito. Ao empurrar o ex-assessor para fora da Câmara, Michel Temer fez o favor de remover o único obstáculo que impedia o seu envio para o xilindró: o mandato parlamentar.
Alçado ao trono nas pegadas da deposição de Dilma Rousseff, uma presidente que também se considerava vítima de conspiração, Temer já deveria ter notado que vive um momento inédito da história brasileira. Nesse instante especial, não convém a um governante conversar com empresário corrupto, na calada da noite, no porão do palácio residencial. Na fase atual, a corrupção tornou-se um ofício perigoso. O medo da cadeia transforma corruptores em colaboradores da Justiça. E a colaboração fortalece a investigação.
Impossível saber quais serão os próximos passos de Temer na sua guerra contra a lógica e o bom senso. Mas a simples revelação de que o bunker imaginou que um Torquato teria o condão de transformar pântano em jardim não deixa dúvidas: os grandes amigos do presidente são seus principais adversários.

Brilhante: Planeta está salvo e americanos não pagam a conta!

Tudo resolvido: agora só falta os ursos polares serem menos onívoros.
Em texto sarcástico, Vilma Gryzinsky, da coluna Mundialista (Veja.com), afirma que, ao retirar os EUA do Acordo de Paris, Donal Trump conseguiu dois feitos impressionantes. Danem-se os paspalhos politicamente corretos: "hoje é sábado, dia de rir um pouquinho de nós mesmos, e até dos outros, com todo respeito, depois de mais uma semana no quinto dos infernos". Segue o artigo:
Sim, é claro que existe algo de ironia no título acima. Mas o exagero tem uma função didática. Hipérboles, como os encantadores ursos polares e seus filhotes, servem para transmitir a ideia de uma realidade aumentada.
Pode ser que Donald Trump não tenha maquiavelicamente planejado enganar o mundo inteirinho. Mas não é absurdo concluir que, ao tirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, ele conseguiu dois feitos impressionantes.
O primeira foi persuadir todos os demais países a renovar ardorosamente seus compromissos com um acordo que era mais na base do compromisso moral. Até aqueles que não teriam nada a fazer pelos próximos trinta anos, como a China.
Adicionalmente, estados e cidades governados por democratas, economicamente poderosos, embora minoritários, como Califórnia e Nova York, foram tomados pelo ardor natural a uma causa como o ambientalismo e prometeram aderir por conta própria às metas de diminuição das emissões prejudiciais.
Grandes empresas americanas também vão continuar a se empenhar nos mesmos objetivos. Ou seja, as metas serão atingidas de qualquer maneira. Mas os americanos não terão que fazer as salgadas contribuições para o Fundo Verde – adivinhem quem eram os principais contribuintes.
 
Círculo virtuoso

Além de salvar o planeta, Trump, embora tragicamente isolado, conforme tantas e tão inflamadas descrições, conseguiu assim a segunda proeza: também salvou empregos em áreas da economia a perigo e pequenas empresas que estavam ameaçadas pelas restrições impostas pelo Acordo de Paris.
As consequências desse círculo virtuoso não pararão aí. Todos os cidadãos bacanas do globo aumentarão de 50% para 80% suas contribuições voluntárias ao Fundo Verde e assemelhados.
Em especial, os jornalistas alemães que agora se dedicam a dar capas com insultos de baixo calão contra Trump (Berliner Kurier) e, antes disso, até a abrir espaços para fantasias de decapitação (Spiegel).
Apresentadores da televisão americana que perdem o fôlego e começam a hiperventilar quando falam em Trump também farão a sua parte: cada respiração mais funda aumenta as emissões de gás carbônico. Aliás, qualquer respiração faz isso, mas nesses momentos é melhor não entrar em detalhes.
Todos os gênios da indústria da alta tecnologia ouvirão o apelo de Emmanuel Macron (“Em inglês!”). Decepcionados com o atraso e a ignorância dos americanos, acorrerão em massa para a França, implorando pelo aumento da alíquota de 90% para os salários mais altos.

Rei da Europa

Donos da Apple, Google, Microsoft e afins também abandonarão seus super-iates e trocarão as casas tão enormes que são chamadas, apropriadamente, de giga-mansões, por apartamentozinhos de 40 metros quadrados em Paris, um charme.
Aproveitando o momento de avassaladora paixão mundial (“Ele esmagou a mão de Trump”, “Ele confrontou Trump”, “A mulher dele é mais bonita do que a de Trump”), Emmanuel Macron será coroado rei da Europa, com uma semana de libações no Marais. Angela Merkel ficará de vice-rainha (está tudo invertido, certo?).
Tendo se transformado em musa cool, Merkel será reeleita em setembro e em seguida irá sair da Otan, já que acha que a Europa agora precisa se virar sozinha. Como a Alemanha não tem petróleo e a própria Merkel liderou a desativação das usinas nucleares, pode aproveitar o impulso e abrir mão do gás da Rússia.
Afinal, não fica bem comprar gás de Vladimir Putin e sua turma de autocratas (a palavra agora abrange Trump, num ato de extraordinária coragem jornalística que alguns infelizes mal informados chamariam de idiotice).
Aliás, o novo exército de Angela Merkel podia se entusiasmar e invadir a Rússia. Por que não repetir uma ideia que deu tão certo da primeira vez?
As vantagens de brigar com os americanos e os russos ao mesmo tempo já foram sobejamente demonstradas.

Lição de Moral

Nesse extraordinário mundo em que os oceanos não sobem e os alemães não descem do patamar de superioridade que sempre sonharam ocupar, as façanhas de Trump nem sempre são compreendidas.
O governo brasileiro, por exemplo, manifestou “profunda preocupação e decepção” com a saída americana. Rex Tillerson, o secretário de Estado (apelido: T Rex, como o tiranossauro) deve ter ficado tremendo de medo.
Aliás, o governo brasileiro está com a maior moral para dar lições de moral nos americanos, evidentemente.
Outra original contribuição nacional, a do “ator e ex-usuário”, poderá entrar no debate. Os americanos, coitados, só têm atores que foram ou continuam a ser viciados em drogas.
Robert Downey Jr. é o mais sucedido dessa categoria, mas ainda não teve a ideia de decretar qual deve ser a política de sua cidade ou de seu país em relação a drogas em geral e viciados em crack em particular. Ele próprio é um ex-cracudo que pegou quase um ano de cadeia – esses americanos são mesmo atrasados.

Clã safadão

Como os nossos são mais espertos, podem levar a proposta de diretas já para os Estados Unidos. Fora com esse Trump e os eleitores burros, ignorantes, reacionários e brucutus que não ouviram seus próprios luminares do mundo das artes e votaram num presidente que tem a audácia de cumprir promessas de campanha.
Hillary Clinton será eleita para o cargo que por direito divino era dela. Na companhia de seu secretário de Estado, Barack Obama, irá reassinar o Acordo de Paris e decuplicar a contribuição americana.
A Fundação Clinton administrará os pagamentos. Se precisar de ajuda, tem um pessoal do clã Safadão morando em Nova York que pode dar uma mãozinha.
Só ficará faltando convencer os encantadores ursos polares a não caçar as simpáticas focas. Ou até mesmo os seus filhotes, outra prática que, embora precisemos respeitar, podia evoluir para uma convivência mais harmoniosa.
Ursinhos que exagerarem podem ficar de castigo num pedaço bem grande de gelo ártico que, livre da ameaça de aquecimento, estará em permanente expansão.
Nossa, cuidado com o perigo de uma nova era glacial.
Hoje é sábado, dia de rir um pouquinho de nós mesmos, e até dos outros, com todo respeito, depois de mais uma semana no quinto dos infernos. DO O.TAMBOSI

Valério: “Ronan ia entregar Lula como mentor do assassinato”


Preso, operador do mensalão diz que empresário ia denunciar o ex-presidente no caso Celso Daniel se não recebesse 6 milhões de reais

Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente pelo PT
Em setembro de 2012, o publicitário Marcos Valério prestou depoimento ao Ministério Público Federal e revelou que  foi informado em 2004 pelo secretário-geral do PT, Silvio José Pereira, que o presidente Lula estava sendo chantageado. A conversa entre os dois ocorreu dois anos após o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel. O publicitário disse que o empresário Ronan Maria Pinto exigia 6 milhões de reais para não divulgar informações relacionadas ao caso Santo André, envolvendo o presidente Lula, o ex-ministro José Dirceu e o então assessor particular Gilberto Carvalho.
Marcos Valério diz agora que quer  esclarecer todos detalhes da chantagem. Pelo menos foi o que ele garantiu à deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), que colheu um longo depoimento do publicitário: “O Valério me disse que Ronan ia apontar  o ex-presidente Lula como mentor do assassinato do Celso Daniel”, disse a deputada. Segundo ela, Valério garantiu ter as provas da chantagem. Valério: o publicitário decidiu revelar os segredos do Caso Santo André (Vara Federal de Curitiba/
A primeira conversa de Valério com a deputada foi no dia 11 de outubro. Ela foi ao presídio atender às reivindicações de presos portadores de necessidades especiais e encontrou o publicitário em uma das celas. No ano passado, Mara, que é filha de um empresário que foi extorquido pela quadrilha que atuava na Prefeitura de Santo André,  tinha entregado ao juiz Sérgio Moro um dossiê sobre o assassinato.  No dia 3 de abril, Mara enviou um ofício ao procurador de Justiça de São Paulo, Gianpaolo Smanio, narrando as conversas com o publicitário e pedindo andamento às investigações do crime.
“Ele (Valério) deixou muito claro que o senhor Ronan Maria Pinto ia entregar o senhor Luiz Inácio Lula da Silva para a polícia como mentor do assassinato do prefeito Celso Daniel”, escreveu a deputada. Para ela, o depoimento de Valério pode ajudar a desvendar o crime.
Mara Gabrilli: duas conversas com Valério na cela
Deputada Mara Gabrilli: duas conversas com Valério na cela (Gustavo Lima/Câmara dos Deputados)
Valério já vem negociando sua delação premiada com três promotores de Minas Gerais e dois procuradores da República. O publicitário disse que o ex-prefeito, pouco antes do assassinato, ia entregar um dossiê para a Polícia Federal e para o presidente Lula, envolvendo petistas com o crime organizado. Após o envio do ofício da deputada ao procurador de Justiça de São Paulo, dois promotores foram visitá-lo. O  publicitário quer depor  somente à Polícia Federal.
Perguntado sobre a acusação, Ronan, por intermédio de seu advogado, informou que jamais chantageou quem quer que seja.   A  assessoria do ex-presidente Lula não comentou. POR H.MARQUES - DA VEJA 3 jun 2017, 08h00

Eliane Cantanhêde: Os ex-leões vão rugir

Palocci e Mantega inovaram: operavam para Lula, Dilma e o PT dentro da Fazenda

Publicado no Estadão
Além do tucano Aécio Neves e de Rocha Loures, assessor de Temer, as duas bolas da vez são Antonio Palocci e Guido Mantega, que agregam grande dose de suspeição sobre os governos do PT. Não bastassem os ex-presidentes da República enrolados e os ex-presidentes e ex-tesoureiros do partido condenados e presos, agora são os ex-ministros da Fazenda (da Fazenda!) que têm muito o que explicar – e contar.
Pela delação de Marcelo Odebrecht, Palocci era o único com poderes para definir quando, de quanto e para quem eram os saques na conta “Amigo” que a empreiteira mantinha para Lula. Pela de Joesley Batista, Mantega era o administrador das contas de US$ 150 milhões da JBS para Lula e Dilma Rousseff no exterior. Eram US$ 70 milhões para ele e US$ 80 milhões para ela, ou o contrário? Joesley não lembra. Afinal, o que são “só” US$ 10 milhões?
Os ministros da Fazenda eram ocupadíssimos. Tinham de traçar a política econômica, cuidar dos cofres e contas públicas, definir projetos de lei, emendas constitucionais e medidas provisórias da economia, negociar financiamento de empresas para o PT, achacar os “campeões nacionais” do BNDES e ainda servir de gerentes para as contas dos chefes. Dureza…
Além disso, e de calibrar o fluxo entre o BNDES, empresas aliadas, campanhas e bolsos alheios, cabia aos ministros da Fazenda alimentar o guloso Leão da Receita Federal, que devora nacos importantes da renda de quem produz, vende, compra e trabalha. Mas, tão ocupado com Lula, Dilma, PT e JBS, Mantega se esqueceu de declarar US$ 600 mil.
Se o senhor e a senhora deixarem de declarar uma renda qualquer, ou errarem em R$ 400 o valor de um aluguel, vão ter uma dor de cabeça infernal, mas o domador do Leão pôde se dar ao luxo de esquecer uma bolada dessas. Segundo ele, a origem foi a venda de um imóvel herdado do pai, provavelmente italiano. O dinheiro, porém, não está em bancos da Itália nem do Brasil, mas sim da Suíça, paraíso de recursos duvidosos.
Escândalos com deputados, senadores, prefeitos e governadores já fazem parte do cotidiano no Brasil, mas com ministros da Fazenda?! Soa como se estivessem fazendo negociatas não só com estatais e fundos de pensão, mas com o próprio País, com a economia nacional. Em nome do quê? De uma ideologia, de um projeto de poder? Ou de interesses bem mais comezinhos?
O certo é que Palocci e Mantega sabem das coisas, de muitas coisas do submundo dos governos Lula e Dilma. Sabem, principalmente, como Lula agia e se salvava algum bônus para ele próprio. Daqui e dali, lê-se e ouve-se que Palocci quer entregar o sistema financeiro e duas dezenas de empresas. Tudo bem. E o chefe?
José Dirceu é um quadro político, com uma biografia pujante, e engoliu calado o título de “chefe de quadrilha”, o mensalão, o petrolão e a cadeia. Mas Palocci não é Dirceu, e Mantega não chega a ser nem mesmo um Palocci. Palocci vai falar, Mantega está recobrando a memória e ambos vão rugir. O PT acha que já chegou ao fundo do poço, mas a força-tarefa da Lava Jato tem certeza de que não.
Afogados. É constrangedor Aécio forçar reuniões para dar a impressão de que tudo continua como antes e ele ainda manda no PSDB e nas bancadas depois de ser gravado, aos palavrões, pedindo R$ 2 milhões para a JBS.
E o que dizer de Lula, que comanda o PT, define Gleisi Hoffmann para presidir o partido e se prepara para disputar a Presidência da República mesmo depois de virar réu cinco vezes por pedir, não dois, mas muitos milhões para contas, triplex, apartamento, reformas e terreno do seu instituto, além de ajeitar a vida dos filhos? Ninguém se constrange?

Maioria apoia Doria na ação da cracolândia

Apoiado

Os adversários de João Doria chegaram a comemorar sua ação na cracolândia como uma importante derrota política, algo que poderia até atrapalhar sua candidatura presidencial no ano que vem. Mas faltou combinar isso com a população de São Paulo.
De acordo com um levantamento realizado pelo Instituto Paraná Pesquisas, 77,5% concordam com a iniciativa da prefeitura para a retirada de dependentes químicos da região.
Trata-se de um número significativo porque o índice dos que desaprovam, 20,8%, corresponde hoje ao contingente de eleitores que vota ou se identifica com o PT. Em relação ao desempenho da polícia, o apoio é um pouco menor, mas ainda assim uma maioria esmagadora acha que não houve abuso na ação: 63,8%. Foram ouvidas na pesquisa 1 210 pessoas, entre os dias 29 e 31 de maio. DO R.ONLINE

Rocha Loures preso pela Polícia Federal

Ex-deputado estava em Brasília, segundo informou a PF

Julia Affonso, Fausto Macedo, Fábio Serapião, Beatriz Bulla, Isadora Peron e Breno Pires
03 Junho 2017 | 07h58

Rocha Loures carrega mala com R$ 500 mil em dinheiro. Foto: Reprodução
A Policia Federal informou que o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) foi preso neste sábado, 3, por determinação do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), na Operação Lava Jato. Rocha Loures é ex-assessor especial do presidente Michel Temer (PMDB).

A prisão ocorreu na manhã deste sábado em Brasília. O ex-deputado se encontra na Superintendência Regional da PF na capital. Segundo a Federal, não há previsão, neste momento, de transferência.Rocha Loures e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) foram gravados pelo empresário Joesley Batista, dono da JBS, em negociação de pagamento de propina. Depois, ambos foram alvo de ações controladas pela Procuradoria-Geral da República. Em um dos vídeos gravados pela Policia Federal, Rocha Loures aparece ‘correndo’ com uma mala com R$ 500 mil.
A prisão de Rocha Loures havia sido pedida pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na Operação Patmos, desdobramento da Lava Jato. A captura de Rocha Loures foi negada por Fachin há cerca de duas semanas.
O ministro do STF havia alegado a imunidade parlamentar de Rocha Loures para não autorizar a prisão. O ex-assessor de Temer havia assumido o mandato de deputado federal no lugar de Osmar Serraglio (PMDB-PR) que foi ao Ministério da Justiça. Após ser deposto da Justiça, Serraglio decidiu recusar a oferta de Temer para virar ministro da Transparência e reassumi o seu mandato na Câmara.
Após Rocha Loures perder a prerrogativa do foro privilegiado, já que Osmar Serraglio havia voltado à Câmara, Janot, então, pediu a reconsideração da prisão do aliado de Temer na semana passada. O procurador pediu novamente a prisão tanto relativa a Rocha Loures quanto ao senador afastado Aécio Neves.
Para o procurador-geral da República, a prisão dos dois é “imprescindível” para garantia da ordem pública e instrução criminal, diante de fatos gravíssimos que teriam sido cometidos pelos parlamentares.
Rocha Loures é investigado por supostamente agir em nome de Temer e na condição de “homem de confiança” do presidente para interceder junto à diretoria do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – órgão antitruste do governo federal – em benefício da JBS. Delatores da JBS dizem que foi prometida uma “aposentadoria” de R$ 500 mil semanais durante 20 anos ao peemedebista e ao presidente Temer.
Em áudio gravado pelo delator Joesley Batista, acionista do grupo que controla a JBS, durante visita ao Palácio do Jaburu, na noite de 7 de março, Temer indica Rocha Loures para ser seu interlocutor junto à JBS, segundo a PGR. Na conversa, o presidente sugeriu que o empresário poderia tratar de qualquer assunto com seu então assessor, o então deputado Rocha Loures.
A defesa de Temer havia pedido a separação da investigação do presidente em relação a Rocha Loures, mas Fachin negou. “Há informações quanto à ligação entre Michel Miguel Elias Temer Lulia e Rodrigo Rocha Loures, porque, em tese, este teria agido em nome daquele, o que impede, pela conexão dos fatos, qualquer deliberação acerca de desmembramento no particular, ao menos na presente etapa do procedimento”, disse o ministro, em decisão tomada na terça-feira, 30. - DO ESTADÃO