O então presidente da República, Dom Luiz Inácio (PT-SP), montou verdadeira quadrilha no governo de dois mandatos (2003-11), legando à sucessora, Dilma Roussef, maldição sobre a qual ainda se irá falar muito e muito nos anos por vir. Dilma não tinha como evitar, até porque a sua fonte de alimentação repousa no mesmo cocho petista.
Mas quadrilha bem estruturada é a que o governador Sérgio Cabral (PMDB) tem nutrido com a quase totalidade dos recursos públicos no Rio de Janeiro. As denúncias efetuadas pelo ex-governador Garotinho, ele próprio emaranhado em processos e rolos, baniria da vida pública qualquer figura com tal prontuário, em país considerado sério.
O presidente “de honra” do PR, Valdemar Costa Neto, que deveria estar em algum presídio de segurança máxima, acertava todas as contas, comissões, roubos e cotas numa sala dentro do Ministério dos Transportes. Costa Neto teve de renunciar no episódio do mensalão petista, mas voltou são e forte para continuar nos desvios
É bom que se deixe bem claro que Costa Neto só conseguiu voltar à Câmara, nesta legislatura, em função da votação alcançada por Tiririca. O atual sistema eleitoral jamais será reformado por esses que aí se encontram. Os arranjos são tão díspares que o eleitor, ao votar num candidato da chamada “esquerda”, elege um da ultradireita.
Ainda nos Transportes, o ex-chefe de gabinete do ex-ministro está construindo mansão em Brasília num de seus bairros mais chiques, avaliada em quatro milhões de reais! O salário do servidor Mauro Barbosa nem de longe permitiria essa aventura nababesca. É para isso que o brasileiro paga quase seis meses de impostos?
Para não se perder o ritmo, despertando vontade de rir em quem se espanta com o lamaçal, os meios de comunicação garantem que Luiz Antônio Pagot pode contar tudo com relação aos esquemas da campanha presidencial. A verdade é que nenhum até hoje abriu a boca para denunciar nada. Com exceção de Roberto Jefferson (PTB).
Jefferson começou a contar tudo a respeito de ladroeira praticada na Casa Civil e mandou Zé Dirceu (PT-SP) cair fora de lá: “-Sai daí, Zé, sai porque você vai se dar mal!” E Zé saiu e teve o mandato de deputado cassado pelo plenário da Câmara, mas agora ganha rios de dinheiro com a administração pública federal.
Roberto Jefferson ensaiou meia-volta, acomodou-se nos escombros de parte dos estragos e se acalmou, pois iria terminar se expondo à toa. Quando se substitui um assaltante dos cofres públicos no Brasil, o que assume chega sempre carregado de vícios. É só lembrar Erenice Guerra, amiga íntima de Dilma.
Que teria Pagot para dizer? Que parte dos aditivos das obras foi utilizada na campanha presidencial de Dilma Roussef. Que recebia ordens diretas do atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, cujo maior sonho é presidir o Banco do Brasil.
Funcionário de carreira do órgão financeiro, sua excelência não tem como realizar tal desejo por não possuir diploma universitário exigido pelo regulamento interno da instituição. Casado com a atual ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT), os dois formam o casal mais poderoso da Esplanada dos Ministérios.
Mas a própria Gleisi Hoffmann é acusada de desviar milhões da Itaipu Binacional, onde dirigiu o setor financeiro, para a campanha presidencial de Dom Luiz Inácio. A denúncia emergiu na CPI do mensalão. Ela também foi secretária do governo (MS), de Zeca do PT, considerado um dos mais corruptos da história daquele estado.
O suplente de Gleisi Hoffmann no Senado, Sérgio de Souza (PMDB), foi investigado pela Operação Gafanhoto da PF (2008), quando se descobriu que a mãe recebia salário na Assembléia Legislativa do Paraná, depositado na conta bancária dele. Mas aí já é corrupção demais e é preciso que se respire um pouco para que se assimile.
Márcio Accioly é Jornalista.
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