quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Padilha sobre Moreira: ‘nenhum constrangimento’


Nada mais constrange as autoridades da República. A própria palavra constrangimento tornou-se antiga, irreal, fora de moda. Chefe da Casa Civil de Michel Temer, o ministro Eliseu Padilha declarou que a situação do colega Moreira Franco não constrange o Planalto.
“De parte do governo não há nenhum constrangimento”, disse Padilha, sobre a liminar de um juiz de primeira instância que suspendeu a nomeação de Moreira para o cargo de ministro-chefe da Secretaria-geral da Presidência da República.
Recordou-se a Padilha que há centenas de ações ao redor do país contra a concessão do escudo do foro privilegiado a Moreira, alvejado pelas delações da construtora Odebrecht. E ele: “Vamos derrubando as liminares.”
Quando Padilha falou, ainda estava de pé uma liminar que havia sido expedida por juiz de Brasília. Foi cassada na manhã desta quinta-feira, graças a um recurso da Advocacia-Geral da União. Sobreveio nova liminar, dessa vez concedida por magistrado do Rio de Janeiro. Os advogados do governo já recorreram.
Antes do final de semana, o ministro Celso de Mello, decano do Supremo Tribunal Federal, deve julgar duas ações com o mesmo objeto: a anulação do ato de nomeação de Moreira Franco. Mas a guerra judicial não constrange o Planalto. Conforme já comentado aqui, depois de cometer o erro, Temer faz questão de lutar pela manutenção do equívoco. DO J.DESOUZA

Oligarquia política apertou o botão de ‘dane-se’

A ideia de que é preciso firmar um pacto para “estancar a sangria” da Lava Jato, exposta por Romero Jucá numa gravação, virou um fantasma que, de vez em quando, sacode seu lençol sobre Brasília. Nesta quarta-feira, indicou-se para presidente da mais importante comissão do Senado, a Comissão de Constituição e Justiça, o senador Edison Lobão, encrencado na Lava Jato. Acomodado nessa cadeira, Lobão comandará a sabatina de candidatos a ministro do Supremo Tribunal Federal e a procurador-geral da República.
Tomada assim, como um fato isolado, a escolha de alguém como Lobão para presidir a principal comissão do Senado seria apenas um absurdo. Mas o inaceitável assume ares de inacreditável quando se considera tudo o aconteceu em Brasília num intervalo de menos de dez dias.
Antes da ascensão de Lobão, Michel Temer havia fornecido a Moreira Franco, amigo delatado pela Odebrecht, o escudo do foro privilegiado. O presidente também indicou para o Supremo o ministro tucano Alexandre de Morais. E levou ao balcão a pasta da Justiça. O PMDB, que sangra na Lava Jato, está no primeiro lugar da fila, pronto para abocanhar o ministério que controla a Polícia Federal.
Nas presidências da Câmara e do Senado já haviam sido acomodados dois delatados da Odebrecht, Rodrigo Maia e Eunício Oliveira. Agora, Edison Lobão. Ele chega ao topo da CCJ empurrado por Renan Calherios e José Sarney, que dispensam apresentação. Tudo isso aconteceu em menos de dez dias. Em Brasília, a união faz a farsa. À procura de um torniquete, a oligarquia política decidiu ligar o botão de dane-se! DO J.DESOUZA