A ideia de que é preciso firmar um pacto para “estancar a sangria” da
Lava Jato, exposta por Romero Jucá numa gravação, virou um fantasma
que, de vez em quando, sacode seu lençol sobre Brasília. Nesta
quarta-feira, indicou-se para presidente da mais importante comissão do
Senado, a Comissão de Constituição e Justiça, o senador Edison Lobão,
encrencado na Lava Jato. Acomodado nessa cadeira, Lobão comandará a
sabatina de candidatos a ministro do Supremo Tribunal Federal e a
procurador-geral da República.
Tomada assim, como um fato isolado,
a escolha de alguém como Lobão para presidir a principal comissão do
Senado seria apenas um absurdo. Mas o inaceitável assume ares de
inacreditável quando se considera tudo o aconteceu em Brasília num
intervalo de menos de dez dias.
Antes da ascensão de Lobão, Michel
Temer havia fornecido a Moreira Franco, amigo delatado pela Odebrecht, o
escudo do foro privilegiado. O presidente também indicou para o Supremo
o ministro tucano Alexandre de Morais. E levou ao balcão a pasta da
Justiça. O PMDB, que sangra na Lava Jato, está no primeiro lugar da
fila, pronto para abocanhar o ministério que controla a Polícia Federal.
Nas
presidências da Câmara e do Senado já haviam sido acomodados dois
delatados da Odebrecht, Rodrigo Maia e Eunício Oliveira. Agora, Edison
Lobão. Ele chega ao topo da CCJ empurrado por Renan Calherios e José
Sarney, que dispensam apresentação. Tudo isso aconteceu em menos de dez
dias. Em Brasília, a união faz a farsa. À procura de um torniquete, a
oligarquia política decidiu ligar o botão de dane-se! DO J.DESOUZA
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