A
crise humanitária provocada pelo êxodo venezuelano levou o governo
federal a fazer por pressão o que deixou de realizar por precaução. A
visita de Michel Temer a Boa Vista, nesta segunda-feira, ocorre num
instante em que já há cerca de 40 mil venezuelanos na capital de
Roraima. O Estado pediu socorro. E a ficha de Brasília, finalmente,
caiu. Na expressão do ministro da Defesa, Raul Jungmann, o governo
decidiu “abraçar o problema.”
Durante mais de uma década, o governo brasileiro bateu palmas para a insensatez bolivariana de Caracas. A economia da Venezuela derreteu. E os venezuelanos escorrem para os lados como se fossem detritos. Conversei com Raul Jungmann, que acompanhou Temer. O ministro já havia visitado Boa Vista na semana passada. Ele foi às ruas, onde ''mora'' boa parte dos refugiados. Perguntou a uma jovem venezuelana: Por que veio? E ela: “Vim por que não conseguia na Venezuela comida, remédios e emprego.” Simples assim.
A engrenagem do governo foi mobilizada para atingir três objetivos: o primeiro é fortalecer a presença federal na fronteira. Não para fechar as portas, mas para colocar ordem na chegada. O segundo objetivo é fazer um censo dos venezuelanos. Estima-se que 30% deles têm formação superior. A terceira meta é distribuir os refugiados entre os Estados, tentando aproximá-los de oportunidades de trabalho. Não se trata de uma opção, mas de um imperativo humanitário. E o pesadelo tende a aumentar, pois a insensatez continua dando as cartas no governo autocrático da Venezuela. Por pra, a única coisa que diminuiu foi o som dos aplausos que vinham do Brasil.
Durante mais de uma década, o governo brasileiro bateu palmas para a insensatez bolivariana de Caracas. A economia da Venezuela derreteu. E os venezuelanos escorrem para os lados como se fossem detritos. Conversei com Raul Jungmann, que acompanhou Temer. O ministro já havia visitado Boa Vista na semana passada. Ele foi às ruas, onde ''mora'' boa parte dos refugiados. Perguntou a uma jovem venezuelana: Por que veio? E ela: “Vim por que não conseguia na Venezuela comida, remédios e emprego.” Simples assim.
A engrenagem do governo foi mobilizada para atingir três objetivos: o primeiro é fortalecer a presença federal na fronteira. Não para fechar as portas, mas para colocar ordem na chegada. O segundo objetivo é fazer um censo dos venezuelanos. Estima-se que 30% deles têm formação superior. A terceira meta é distribuir os refugiados entre os Estados, tentando aproximá-los de oportunidades de trabalho. Não se trata de uma opção, mas de um imperativo humanitário. E o pesadelo tende a aumentar, pois a insensatez continua dando as cartas no governo autocrático da Venezuela. Por pra, a única coisa que diminuiu foi o som dos aplausos que vinham do Brasil.
Silêncio de Michel Temer sobre a PF fala por si
Josias de Souza
De passagem por Boa Vista, Michel Temer falou pelos cotovelos. Foi à capital de Roraima atraído pelo drama dos refugiados venezuelanos. Mas enganchou em sua prosa os autoelogios usuais, realçando o caráter reformista de sua administração.
De repente, em meio a uma entrevista, Temer foi abalroado por uma pergunta sobre o diretor-geral da Polícia Federal: Fernando Segovia ainda tem condições de permanecer no cargo? O presidente deu a conversa por encerrada. Os repórteres insistiram. Temer apenas sorriu, acenou e se foi.
Segovia não virou uma interrogação de graça. O personagem voltou às manchetes depois de insinuar à Reuters que o inquérito sobre portos, estrelado por Temer, se encaminha para o arquivo. Tornou-se uma pauta obrigatória dos jornalistas ao deixar no ar a impressão de que o delegado responsável pela investigação, Cleyber Lopes, pode ser repreendido e até suspenso de suas funções.
Temer não tem nada a dizer. O diabo é que, em casos assim, nada significa tudo. O silêncio do presidente, por eloquente, fala por si. Mas não precisava sorrir. Sobretudo agora que a corrupção, já diagnosticada pela Lava Jato como uma cleptomania, atingiu o seu ápice. Desapareceu até o faro do detetive que comanda a Polícia Federal.
Numa hora dessas, o ideal do brasileiro é que até a hiena pense dez vezes antes de soltar um sorriso na cara dos outros.
De repente, em meio a uma entrevista, Temer foi abalroado por uma pergunta sobre o diretor-geral da Polícia Federal: Fernando Segovia ainda tem condições de permanecer no cargo? O presidente deu a conversa por encerrada. Os repórteres insistiram. Temer apenas sorriu, acenou e se foi.
Segovia não virou uma interrogação de graça. O personagem voltou às manchetes depois de insinuar à Reuters que o inquérito sobre portos, estrelado por Temer, se encaminha para o arquivo. Tornou-se uma pauta obrigatória dos jornalistas ao deixar no ar a impressão de que o delegado responsável pela investigação, Cleyber Lopes, pode ser repreendido e até suspenso de suas funções.
Temer não tem nada a dizer. O diabo é que, em casos assim, nada significa tudo. O silêncio do presidente, por eloquente, fala por si. Mas não precisava sorrir. Sobretudo agora que a corrupção, já diagnosticada pela Lava Jato como uma cleptomania, atingiu o seu ápice. Desapareceu até o faro do detetive que comanda a Polícia Federal.
Numa hora dessas, o ideal do brasileiro é que até a hiena pense dez vezes antes de soltar um sorriso na cara dos outros.