Antonio Carlos Garcia e Heliana Frazão - Especiais para o Estado
SALVADOR - Em Feira de Santana, a maior cidade do
interior da Bahia, a Polícia Militar está aquartelada. O transporte
coletivo foi suspenso e só retorna neste sábado, às 6 horas. À noite, os
atos religiosos da Sexta-Feira da Paixão foram apressados para que os
fiéis pudessem retornar para suas casas em segurança. Tudo seria
consequência da prisão do vereador e ex-policial Marco Prisco (PSDB). O
coronel Adelmário Xavier, comandante do policiamento regional leste,
disse que não se pronunciaria.
O comandante da PM da Bahia, coronel Alfredo Castro, disse estar surpreso com a prisão de Prisco e negou que o governo do Estado tenha tido qualquer participação no fato. "Esse é um processo federal, e Prisco tem consciência de que no acordo nós não anistiamos os crimes de greve porque não são da competência do governo estadual, mas federal. O que ele está vivendo é um reflexo da greve de 2012 e esse processo já vinha em curso" declarou. O comandante disse que a greve não será retomada. A Secretaria de Segurança Pública informou ontem que todos os itens acordados com a PM estão mantidos.
Assim que soube da prisão de Prisco, o deputado estadual e capitão da PM Tadeu Fernandes (PSB) passou a convocar os policiais para uma nova mobilização. Ele afirmou estar deixando a condição de moderador do movimento, para liderar uma nova paralisação no Estado. Por meio de nota, disse: "Conclamo toda a tropa para suspender as atividades imediatamente, até que o governo providencie a soltura de Prisco".
Para Tadeu Fernandes, a permanência da Guarda Nacional e do Exército nas ruas, após a deflagração de fim da greve, foi proposital. "Tudo nos leva a crer que o governador Jaques Wagner (PT) sabia que poderia haver uma nova greve, pois ele pediu a prisão de Prisco no dia anterior ao início do movimento. A corporação está indignada, porque confiou no governador, e Wagner os traiu", disse.
Sequestro. O advogado e vice-presidente da Associação dos Policiais Militares, Bombeiros e seus Familiares (Aspra), que é presidida por Prisco, Fábio Brito, foi ainda mais duro. Para ele, houve um sequestro do vereador, e a prisão é arbitrária. "Como podem mandar um vereador eleito, em plena atuação do seu mandato, para um presídio de segurança máxima, enquanto os mensaleiros estão aí, alguns em prisão domiciliar?". Brito afirmou que entraria com pedido de habeas corpus em favor de Prisco. O advogado lembra que a não punição de grevistas foi um dos acordos para o fim da greve.
Ainda segundo o advogado, os policiais não estavam totalmente satisfeitos, e agora, "com essa bomba, será difícil segurá-los". As lideranças das associações representativas da PM decidiram se reunir para discutir a nova situação. De acordo com Brito, Prisco seguia para o litoral norte, onde descansaria com a família, quando foi surpreendido e preso pela Polícia Federal.
DO ESTADÃO