PAZ AMOR E VIDA NA TERRA " De tanto ver triunfar as nulidades, De tanto ver crescer as injustiças, De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". [Ruy Barbosa]
sexta-feira, 18 de março de 2016
Lula nu
Entre palavrões e xingamentos, exigências e deboches, Lula se apresenta em toda a sua nudez, sem qualquer pudor por pessoas ou instituiçõesPor Nelson MottaNelson Rodrigues sempre dizia que “se todo mundo soubesse da vida sexual de todo mundo, ninguém falaria com ninguém”. Os últimos acontecimentos mostram que se todos os eleitores soubessem o que os políticos falam quando pensam que ninguém está ouvindo, ninguém votaria em ninguém.
O Globo
Vaidoso de seu poder e de sua invulnerabilidade, Lula se mostra nos grampos em toda a sua horrenda nudez. Grosso, cínico, autoritário, arrogante, vingativo, esculhamba o Supremo, o STJ, a Câmara e o Senado — porque não o estão defendendo como ele queria, como se todos lhe devessem favores e reverência.
O “Lulinha paz e amor” criado por João Santana, no escurinho do celular se mostra o “Lulão pau e rancor”, como nos velhos tempos, agora revelado pelos grampos da Polícia Federal. Entre palavrões e xingamentos, exigências e deboches, se apresenta em toda a sua nudez, sem qualquer pudor por pessoas ou instituições.
A favor da ideia de Lula nu, que já é uma piada, louve-se que nos piores momentos amadurecendo a decisão (de ir para o Ministério), e ele responde que amadureceu tanto que já está podre. Ou quando diz a Wagner que irá a um encontro com Dilma “se não estiver preso”, e os dois riem juntos.
Um dos grampos mais reveladores é o seu esculacho em um constrangido e atemorizado ministro Nelson Barbosa, reclamando da Receita Federal por estar em cima do Instituto Lula. Ele não diz que o IL está limpo, exige aos berros investigações na Globo, no Instituto Fernando Henrique Cardoso, na Gerdau e em outras grandes empresas.
Mas nunca explicou o que o Instituto Lula fez com os R$ 34,9 milhões que recebeu em doações, legais e declaradas. Que ações contra a fome foram bancadas pelo IL? A quem o IL ajuda com dinheiro, trabalho, comida, bolsas de estudos? Quanto o IL gastou para ajudar os fracos e oprimidos, como a Fundação Bill Clinton?
O que faz o Instituto Lula, além de pagar seus funcionários e servir o próprio Lula
Lula (Foto: Divulgação)
18/03/2016 DO R.DEMOCRATICA
Entidades 'saem do armário' e assumem apoio ao impeachment
Associação Paulista de Supermercados, Fiesp e bancada ruralista na Câmara já oficializaram defesa à saída da presidente Dilma. OAB deve manifestar apoio nesta sexta
Por: Luís Lima - Atualizado em
"Nosso setor já superou diversas crises econômicas, mas nunca vivenciamos um cenário político tão caótico, mediante às denúncias que crescem a cada dia, às tentativas infundadas do governo em mascarar o óbvio e à crescente insatisfação da população", afirmou a associação de supermercados, em nota à imprensa. A entidade acredita que o impeachment da presidente é o "único caminho viável" no curto prazo para que o país retome uma trajetória de crescimento.
Nesta sexta-feira, também é esperado que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) declare apoio formal ao impeachment. Segundo a coluna Radar On-line, desde a semana passada as bases da entidade vêm sendo consultadas e o apoio à saída da presidente é quase uma unanimidade.
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A Fiesp foi, inclusive, um dos pontos de concentração de manifestantes, que se reuniram para protestar desde a última quarta-feira. Eles foram dispersos nesta manhã, após quase 40 horas de protesto, pela Tropa de Choque da Polícia Militar. O motivo são os atos a favor da presidente que já estavam agendados para esta sexta-feira.
Na semana passada, até a rede de lanchonetes Habibi's se engajou na causa, ao lançar a campanha "Fome de Mudança". Entre as ações, estiveram o uso de hashtag nas redes sociais, lojas decoradas de verde e amarelo e cartazes coloridos. O principal motivo da ação publicitária era convocar os consumidores a irem às ruas no último domingo. O grupo empresarial, que também controla também a rede Ragazzo, tem mais de 22 mil funcionários e 430 lojas no país.
Congresso - Na Câmara dos Deputados, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), mais conhecida como "bancada ruralista", também decidiu apoiar o impeachment da presidente. No total, 215 deputados compõem a bancada. A decisão foi tomada logo após a divulgação de que Lula assumiria a Casa Civil.
Com quórum suficiente, o presidente da Casa, Eduardo Cunha, abriu sessão nesta manhã para acelerar o rito do impeachment. A comissão que analisará o processo foi instalada nesta quinta-feira. A partir de agora, a presidente Dilma deve apresentar defesa num prazo de dez sessões. Depois disso, a comissão decide se instaura ou não o processo dentro de um prazo de mais cinco sessões. DA VEJA.COM
Atingida na cabeça, ‘Jararaca’ suaviza o timbre
Josias de Souza
Sérgio Moro enviou o inquérito sobre Lula para Brasília. Mas teve o cuidado de acertar a cabeça da Jararaca antes. Ao divulgar os diálogos vulgares em que Lula, fora de si, mostrou o que tem por dentro, o juiz da Lava Jato borrifou na atmosfera o veneno que a víbora lançara à sombra em direção ao STF, ao STJ, ao Congresso e à Procuradoria-Geral da República. A reação foi dura. Tão dura que amoleceu o timbre da cobra criada do PT.
Em carta aberta divulgada na noite desta quinta-feira, Lula —ou o advogado que redigiu o texto em seu nome— expressou sua “contrariedade” em relação à atuação de Sérgio Moro em linguagem mansa e respeitosa. “Justiça, simplesmente justiça, é o que espero, para mim e para todos, na vigência plena do Estado de direito democrático.”
O Lula da carta tomou distância do linguajar viperino do Lula dos grampos. Ou daquele investigado que, conduzido coercitivamente para prestar depoimento em 4 de março, convocou a imprensa para destilar fanfarrices: “Se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo, porque a jararaca está viva.''
Moro adotou com a Jararaca a mesma tática do garoto que gostava de puxar o rabo do gato até que o gato lhe deu uma mordida, ensinando-lhe uma lição. Na próxima vez, o garoto deu uma cacetada na cabeça do gato antes de puxar o rabo. Lula deve estar perguntando aos seus botões: o que farão o Judiciário e a turma da Lava Jato na próxima vez?
Num dos trechos mais tóxicos da escuta que Moro mandou divulgar a pedido dos procuradores de Curitiba, Lula dissera para Dilma, no mesmo fatídico 4 de março: “Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada, nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado, um Parlamento totalmente acovardado. […] Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido. Não sei quantos parlamentares ameaçados. E fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e vai todo mundo se salvar. Sinceramente, eu tô assustado com a República de Curitiba.”
Se a nomeação de Lula para a Casa Civil ficar em pé, ele será julgado pelo STF. O decano do tribunal, ministro Celso de Mello, cuidou de dar-lhe as boas vindas ao responder à provocação em nome dos colegas, todos incomodados com a qualificação de covardes.
“Esse insulto ao Poder Judiciário, além de absolutamente inaceitável e passível da mais veemente repulsa por parte dessa Corte Suprema, traduz no presente contexto da profunda crise moral que envolve altos escalões da República, uma reação torpe e indigna, típica de mentes autocráticas e arrogantes, que não conseguem esconder, até mesmo em razão do primarismo de seu gesto leviano e irresponsável, o temor pela prevalência do império da lei e receio pela atuação firme, justa, impessoal e isenta de juízes livres e independentes”.
No STJ, a reação coube ao ministro João Otavio de Noronha. “Esta Casa não é uma Casa de covardes. É uma casa de juízes íntegros, que não recebe doação de empreiteiras. É estarrecedor a ironia, o cinismo dos que cometem o delito e querem se esconder atrás de falsa alegada violação de direitos. Não se nega os fatos e porque não tem como negar o que está gravado. A atitude do juiz Moro, gostem ou não, certa ou errada, revelou a podridão que se esconde atrás do poder. Se alguns caciques do judiciário se incomodam ou invejam, lamento.”
Na Câmara, o “fodido” Eduardo Cunha colocou para andar o pedido de impeachment. Posicionou soldados de sua infantaria pessoal na presidência e na relatoria da comissão que cuidará do tema antes que ele chegue ao plenário.
Tido como heroi da resistência governista no Senado, o também “fodido” Renan Calheiros não deu as caras na cerimônia de posse de Lula. Declarou: “Eu acho que qualquer comentário […] que desmereça as instituições ou colabore com o enfraquecimento das instituições não é bom para a democracia.”
Se prevalecer o foro privilegiado que Dilma providenciou para seu criador, quem fará o papel de acusador de Lula no Supremo é o procurador-geral da República Rodrigo Janot. Que Lula considera um ingrato: “…Ele recusou quatro pedidos de investigação ao Aécio e aceitou a primeira de um bandido do Acre contra mim. […] Essa é a gratidão. Essa é a gratidão dele por ele ser procurador…”
“Não sei que ingratidão é essa”, estranhou Janot, em entrevista concedida na Suíça. “O que eu posso dizer é que eu entrei no meu cargo por concurso público, tenho 32 anos de carreira, percorri toda a minha carreira, estou em final de carreira e se eu devo algo a alguém, esse meu cargo, é a minha família.”
Há dois dias, Lula era celebrado por auxiliares de Dilma e dirigentes do PT como o personagem que tiraria o governo do caos. Conseguiu. Com a ajuda de Moro, Lula levou a administração petista para o brejo. Deslizando sobre terreno movediço, a Jararaca está em apuros.
Já empossada, a víbora aguarda o desfecho da batalha judicial que sua nomeação causou para saber se poderá ou não ocupar a Casa Civil da Presidência. Se tudo der certo, será submetido ao crivo de um procurador que não lhe deve nada e de magistrados ávidos por demonstrar sua coragem funcional. Se der errado, volta para os braços de Sérgio Moro, na “República de Curitiba”.
Em qualquer hipótese, cresceram muito as chances de a Jararaca levar novas cacetadas na cabeça.
Sessão golpista do STF sobre impeachment mostrou por que o golpista Lula prefere a Corte ao juiz Sérgio Moro
Por:
Felipe Moura Brasil
O conteúdo explosivo dos diálogos que escancararam os golpes de Lula e Dilma Rousseff para obstruir a Justiça acabou deixando em segundo plano a decisão dos ministros do STF de manter o golpe contra o Poder Legislativo cometido em dezembro de 2015.
Comentei em tempo real no Twitter a sessão que, por 9 votos a 2, decidiu pela votação aberta e pela chapa única para a formação da comissão especial do impeachment e pelo poder do Senado de barrar a instauração do processo mesmo após a aprovação na Câmara.
Luís Roberto “Minha Posição” Barroso, que dá a torcer a Constituição e o regimento interno da Casa, mas em hipótese nenhuma o braço, foi seguido por Teori Zavascki, Rosa Weber, Luiz Fux, Luiz Edson Facchin, Carmem Lúcia, Marco Aurélio Mello, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski.
Apenas Gilmar Mendes e Dias Toffoli defenderam a literalidade das leis.
Como este blog foi o único que, durante meses, analisou em detalhes (em prosa e vídeo) o quão obscuro, contraditório e omisso fora (e sempre terá sido) o voto vencedor, reproduzo abaixo para a posteridade virtual os comentários da cobertura.
O supremo golpe para salvar Dilma pode ter saído pela culatra, pois a adesão ao impeachment na Câmara apenas cresceu nos últimos meses, tamanhos o desgoverno e a criminalidade petistas – mas convém registrar mais este capítulo vergonhoso da história do STF:
Uma Corte que trai a própria premissa de sua decisão para não passar pelo constrangimento de revê-la.
*******
– Barroso está aproveitando a sessão do STF para tentar se defender das malandragens que usou. São só novas malandragens.
– Barroso tenta se defender citando ministros também equivocados.
– Barroso não restabelece a verdade coisa nenhuma. Premissa de seguir caso Collor é dele. E ele trai a premissa para legitimar seus erros.
– A razão é serena, diz Barroso, atribuindo gritos a seus críticos. Serena é a omissão de Barroso
– Não foram julgadas com clareza coisíssima nenhuma, Teori. Não é questão de agradar ou não. É literalidade das leis.
– É nojento: ministros do STF claramente se protegem uns aos outros para a Corte não se humilhar.
– Facchin dá discurso maria-vai-com-as-outras. Traduzo: acho uma coisa mas fico com coleguinhas que acharam outra contra quem está contra nós.
– Ministros, como fazem os petistas, transformam o desmascaramento de suas malandragens em mero desagrado por interesses atingidos.
– Luiz Fux ainda faz STF de vítima dos embargos, de ofendido(!) pela Câmara. É o cúmulo da arrogância autoritária.
– Vai, Toffoli, vai pra cima deles.
– Ironiza o Barroso de novo, Gilmar! Boa!
– Barroso citou “‘o jurista’ Aurélio Buarque de Hollanda”. (Gilmar Mendes)
– Gilmar Mendes: “O que não há nesse julgado é integridade”, “inclusive com o precedente do caso Collor”. Pra cima deles, Gilmar!
– Gilmar Mendes ironiza quem (como Barroso e cia.) “sempre busca uma teoria mais confortável quando quer fugir da realidade”. Grande momento.
– “O acórdão é uma colcha de retalhos.” (Gilmar Mendes)
– Dias Toffoli: “Eu não recebi essa resposta até agora”. Nem receberá de Barroso e cia. É uma decisão política avessa à argumentação racional.
– Toffoli e Mendes podem até ser votos vencidos, mas estão fazendo o que devem: deixando claro que o STF comete um golpe, seguindo Barroso.
– Mendes denuncia distribuição de ministérios para evitar impeachment e critica STF: “Nós estamos chancelando essa corrupção”.
– Globonews corta sessão do STF (no auge do desmascaramento) para transmitir Dilma anunciando Lula. Parece que governo calculou o horário.
– Transmissão da sessão do STF, interrompida por Dilma, continua no canal 9 da NET pela TV Justiça.
– Barroso: “Não vou rebater”. Porque não tem argumento.
– Barroso omite artigo 34 do regimento, que mostra que formação de comissões a que ele se refere NÃO são da comissão especial do impeachment.
– Ricardo Lewandowski cinicamente chama pergunta de Toffoli de “retórica” para salvar Barroso de ter de respondê-la. É asqueroso.
– Carmen Lúcia não tem argumento algum. Ela diz que não há contradição, sem examinar o tema. O mesmo para Fux, Rosa e Teori. Uma vergonha!
– Barroso e cia. não discutem pontos obscuros da decisão do STF. Só posam e afetam superioridade para encobrir fragilidade do voto vencedor.
– Mendes lê falas de Barroso e companhia sobre dever de seguir caso Collor. Isto para desmascará-los mostrando que não o seguem de fato. Boa!
– Mendes lê autos do caso Collor mostrando que votação secreta era prevista em caso de chapa avulsa, como revelou VEJA. Ministros caladinhos.
– Pena que nem Gilmar e Toffoli mostram que art. 33 do regimento usado por Barroso é limitado pelo 34, que não inclui comissão de impeachment
– Repito: Barroso usa art. 58 da CF em detrimento da lei do impeachment 1079/1950. O 58 remete ao 33 do regimento, que NÃO SE APLICA AO CASO.
– Lei 1079/1950 fala em “comissão especial eleita” remetendo ao art. 188 inciso III do regimento da Câmara sobre eleições com votação secreta.
– Mendes citou “e nas demais eleições” do inciso III do art. 188 do regimento, que legitima votação secreta para qualquer eleição na Câmara.
(* Este é o trecho omitido por Barroso no voto oral da sessão de dezembro e reduzido a mera nota de rodapé embusteira no voto por escrito, como este blog mostrou, por exemplo, aqui. Para se defender da omissão oral, Barroso insistiu que tratou do assunto no voto escrito, como se o fato de tê-lo mencionado significasse que o fez de acordo com a literalidade do regimento. Patético.)
– Gilmar Mendes têm de desafiar os demais ministros: como vocês vão manter o voto sabendo que contraria o caso Collor? É a premissa de vocês!
– Imagino que Rosa, Fux, Teori e Carmen nem sabiam de nada do que Mendes leu. A ignorância de ministros do STF também é forma de militância.
– “Devidas vênias” p/ ministros que atropelam literalidade das leis, recusam-se a examinar pontos obscuros e não rebatem argumentos racionais?
– O ÚNICO precedente de formação de comissão especial do impeachment é o caso Collor, cujos autos mostram a admissão de chapa avulsa, Barroso!
– Barroso se faz de sonso dizendo que comissões jamais têm chapa avulsa. São as outras comissões previstas no art. 34! Não a do impeachment!
– Barroso tenta transformar em divergência o que é flagrante atropelo à literalidade da lei e do regimento. É um capítulo vergonhoso do STF.
– Barroso não quer ser criticado. Vitimiza-se como petistas. Quer apenas que você discorde gentilmente dele enquanto ele rasga a Constituição.
– Marco Aurélio Mello quer razão “socialmente aceita” para votação secreta na Câmara. Socialmente aceito é o respeito à lei, ministro!
– A (segunda!) sessão vergonhosa do STF sobre o rito de impeachment exemplifica por que #LulaGolpista prefere a Corte ao juiz Sérgio Moro. A Lava Jato respeita a lei.
– Nem Ricardo Lewandowski conseguiu entender o celsodemellês de Celso de Mello. Intragável.
– Lewandowski, que teve reunião secreta com Dilma em Portugal, fecha a sessão que a favorece atacando “inconformismo” dos embargantes. Podre.
– Lewandowski exalta discussão que, na verdade, não houve. Só Mendes e Toffoli argumentaram. O resto fez pose.
(Logo em seguida a Globonews soltou a bomba dos grampos:)
– OPAAAAA!!!!!
– LAVA JATO GRAVOU CONVERSA DE LULA E DILMA DESTA MANHÃ QUE PODE MOSTRAR OBSTRUÇÃO DE JUSTIÇA!
* O resto é história…
Desconstruindo a carta aberta de Lula. Ou: O falso segue as leis; o de verdade manda tomar no c…
Em sua carta, Lula se diz um fiel observador das leis e homem que respeita o Judiciário. Se é assim, por que ele e seu partido chamam de “golpe” um processo de impeachment que está ancorado na Constituição, nas leis e que teve seu rito definido pelo Supremo? O mesmo Supremo ao qual ele apela agora em busca, diz, de Justiça?
Por:
Reinaldo Azevedo
Ao
redator, dou os parabéns. Quem terá sido? Certamente o exército de
advogados opinou, mas alguém conferiu unidade de estilo. Acho que a
revisão é de Luiz Dulci. É muito malformado, mas é bem informado. Até já
leu bons poetas — o que, como se vê, também não salva ninguém.
Lula diz
que sua intimidade foi violada. Depende do que pretende afirmar com
isso. De fato, isso aconteceu porque o sigilo telefônico estava
quebrado. Mas ilegal, sabem seus advogados, o procedimento não foi
porque havia autorização judicial.
Já escrevi
no blog e reitero: a reserva quanto ao que veio a público está
relacionada àquela parte das gravações feitas depois da suspensão da
quebra de sigilo. O resto, os defensores de Lula sabem bem, está dentro
das normas. De toda sorte, certamente essa parcela não coberta pelo
intervalo da quebra não será usada como prova em juízo.
Sergio
Moro pode suspender o sigilo de uma investigação? Pode. Está na sua
competência? Sim. Tem autoridade para tornar público o que está nos
autos? Tem. Depende da relevância do que lá vai.
Se Lula
conversa com a presidente da República e se esta lhe envia um termo de
posse para que ele use “apenas se necessário”, a questão, lamento, não é
privada, mas pública. Se o ex-presidente diz a um prefeito que só ele
próprio tem condições de pôr a Polícia Federal e o Ministério Público
Federal no seu devido lugar, também essa não é matéria individual, mas
que diz respeito à coletividade. Afinal, ele foi nomeado ministro, não?
Se Lula,
feito o condestável da República, pede a um advogado amigo seu que
pressione Rodrigo Janot, procurador-geral, a investigar Aécio Neves e se
deixa claro que esse procurador lhe deve a eleição — ou teria chegado
em terceiro lugar —, também isso não é matéria privada. Se, num
bate-papo com Jaques Wagner, logo depois de falar com a própria
presidente, sugere que se façam gestões junto a ministros do Supremo
para ver atendidos a seus pleitos, isso nos diz a todos respeito.
Os
leitores sabem que sempre digo tudo o que penso. Há conversas que vieram
a público que, de fato, não têm o menor interesse. O que Eduardo Paes
pensa da forma física de Dilma ou o juízo de valor que faz do trabalho
de Pezão, convenham, são irrelevantes para o Brasil e a Lava Jato. Podem
adensar o anedotário político e pronto. Não vai além disso. A
divulgação de tal trecho era, a meu ver, desnecessária.
O Lula da
carta, redigida por advogados com receio de que seu cliente seja acusado
de obstrução da Justiça — e me parece que tal acusação é procedente —,
pinta um homem absolutamente conformado com os pressupostos do Estado de
Direito.
Infelizmente,
o Lula que conversa com Sigmaringa Seixas diz, com todas as letras, que
está com o saco cheio de formalidades e cobra do amigo uma
interferência informal junto a Janot.
Acho justo
que Lula reclame dos vazamentos. Ocorre que ele o faz hoje; lembro que,
quando estava na Presidência e tal procedimento atingia adversários
seus, ele mandou brasa: quem não quisesse a Polícia Federal na sua
porta, que andasse direitinho…
É evidente
que vazamentos têm de ser coibidos — e não cabe à imprensa ser dona do
sigilo. Mas não é menos evidente que eles não determinam a qualidade ou a
verdade da informação que se divulga. Nota à margem: as gravações não
são vazamentos.
Será mesmo?
Em sua carta, Lula se diz um fiel observador das leis e homem que respeita o Judiciário. Se é assim, por que ele e seu partido chamam de “golpe” um processo de impeachment que está ancorado na Constituição, nas leis e que teve seu rito definido pelo Supremo? O mesmo Supremo ao qual ele apela agora em busca, diz, de Justiça?
Em sua carta, Lula se diz um fiel observador das leis e homem que respeita o Judiciário. Se é assim, por que ele e seu partido chamam de “golpe” um processo de impeachment que está ancorado na Constituição, nas leis e que teve seu rito definido pelo Supremo? O mesmo Supremo ao qual ele apela agora em busca, diz, de Justiça?
Esse Lula
supostamente pacífico e respeitador das instituições estará na Paulista,
nesta sexta, comandando uma súcia que tem a ousadia de chamar de
golpista um processo legal e legítimo. E é ele que vem falar em nome do
respeito às leis?
Esse mesmo
Lula que faz ares de ofendido permitiu que o partido, que segue o seu
comando, e o próprio governo, que agora está sob os seus cuidados, lhe
preparassem uma cerimônia de posse em que a imprensa foi hostilizada de
maneira vergonhosa. Os brucutus que se manifestavam num espaço que
pertence, por excelência, à institucionalidade se opunham, isto sim, é à
liberdade de informação.
Não venha
agora se dizer um extremoso defensor das leis quem expressa a convicção,
em conversa com a própria presidente da República — e com a anuência
desta — de que os tribunais estão acovardados e de que algo precisa ser
feito.
Não venha
agora se dizer um subordinado do Estado de Direito aquele que se declara
em guerra, comparando-se ao general comunista vietnamita Vo Nguyen Giap
e que, apelando a uma linguagem incrivelmente chula, industria o ataque
de mulheres de seu partido a um procurador que o investiga. E o faz
apelando a questões que dizem respeito à vida pessoal do outro.
O Lula
dessa carta aberta não passa de uma tentativa fraudulenta de responder à
fala muito dura de Celso de Mello, decano do Supremo, que se posicionou
em nome do tribunal, lembrando que ninguém, nem o Sumo Pontífice do
Petismo, está acima da lei.
Esse Lula
caroável e servil às leis é uma farsa. O Lula de verdade manda tomar no
c… qualquer um que decida enfrentá-lo, ainda que segundo os mais
estritos limites legais. O Lula de verdade anunciou que comparece nesta
sexta a um ato que vai chamar de “golpe” o cumprimento da lei e da
Constituição.
O falso Lula da carta está com medo que o verdadeiro Lula das gravações vá para a cadeia.
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