Do O Antagonista
Ricardo Ferraço acaba de apresentar no Senado um projeto de lei para obrigar presos a indenizar vítimas.
No mês passado, o STF decidiu que o Estado deve indenizar preso em situação degradante.
PAZ AMOR E VIDA NA TERRA " De tanto ver triunfar as nulidades, De tanto ver crescer as injustiças, De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". [Ruy Barbosa]
quarta-feira, 8 de março de 2017
Dirceu desponta como delação que não ocorreu
José Dirceu desponta na Lava Jato como uma delação que preferiu não acontecer. Condenado novamente
pelo juiz Sérgio Moro nesta quarta-feira, o grão-petista já acumula no
petrolão sentenças que somam 32 anos e 1 mês de cadeia. Por muito menos,
outros encrencados no escândalo suaram o dedo em acordos de delação.
Trocaram o risco da permanência longeva numa penitenciária pelo
benefício de arrastar uma tornozeleira eletrônica no caminho que separa a
sauna da pérgula da piscina de uma casa em Angra dos Reis ou na Barra
da Tijuca.
Pela lógica da delação, Dirceu teria que dedurar para cima. Sua colaboração não seria aceita se não mencionasse um nome: Lula. Responsável pela costura dos acordos interpartidários que azeitaram a chegada de Lula ao Planalto, Dirceu é co-autor do projeto de poder que guindou o PT à condição de máquina coletora de pixulecos. Se Dirceu tivesse contado o que sabe, Lula já não estaria fazendo pose de alternativa presidencial para 2018.
O silêncio do ex-guerrilheiro é cultuado pelo petismo. Mas pessoas que visitaram Dirceu dizem que ele se queixa de abandono. Um amigo petista do preso afirmou ao repórter que, a despeito da mágoa que nutre pelo partido e por seus líderes, Dirceu jamais consideraria a hipótese de se converter em delator. Trancado em seus rancores, o ex-chefão da Casa Civil repara que o petismo derrete e Lula coleciona ações penais sem que ele tenha movido os lábios.
A única traição que Dirceu cometeu foi contra o seu próprio mito. Até o mensalão, conseguiu manter as aparências. Punho esguerdo erguido, foi preso e recolhido à Papuda imaginando-se beneficiário da atenuante de não ter agido em proveito próprio ou alcançado fins que não justificassem os meios. No petrolão, restou demostrado que evoluiu definitivamente do socialismo de resultados para a apropriação pessoal. Hoje, não resta dúvida de que Dirceu deixou a ideologia para cair na vida. Transformou sua casa em Vinhedo (SP) num pedaço de Éden. Mas sem a delação e com 70 anos de idade, completados atrás das grades, terá de rezar para que a propriedade não vá a leilão.
De resto, Dirceu será compelido a conviver com um verbete na enciclopédia em que seus ideais estudantis se misturarão a trechos das sentenças de Sergio Moro. Trechos como esse, extraído da condenação desta quarta-feira:
“O mais perturbador em relação a José Dirceu de Oliveira e Silva consiste no fato de que praticou o crime inclusive enquanto estava sendo processado e julgado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal na Ação Penal 470 [mensalão], havendo registro de recebimento de propina, no presente caso, até pelo menos 23/07/2012. Nem o processo e o julgamento pela mais Alta Corte do País representou fator inibidor da reiteração criminosa, embora em outro esquema ilícito. Agiu, portanto, com culpabilidade extremada…”DO J.DESOUZA
Pela lógica da delação, Dirceu teria que dedurar para cima. Sua colaboração não seria aceita se não mencionasse um nome: Lula. Responsável pela costura dos acordos interpartidários que azeitaram a chegada de Lula ao Planalto, Dirceu é co-autor do projeto de poder que guindou o PT à condição de máquina coletora de pixulecos. Se Dirceu tivesse contado o que sabe, Lula já não estaria fazendo pose de alternativa presidencial para 2018.
O silêncio do ex-guerrilheiro é cultuado pelo petismo. Mas pessoas que visitaram Dirceu dizem que ele se queixa de abandono. Um amigo petista do preso afirmou ao repórter que, a despeito da mágoa que nutre pelo partido e por seus líderes, Dirceu jamais consideraria a hipótese de se converter em delator. Trancado em seus rancores, o ex-chefão da Casa Civil repara que o petismo derrete e Lula coleciona ações penais sem que ele tenha movido os lábios.
A única traição que Dirceu cometeu foi contra o seu próprio mito. Até o mensalão, conseguiu manter as aparências. Punho esguerdo erguido, foi preso e recolhido à Papuda imaginando-se beneficiário da atenuante de não ter agido em proveito próprio ou alcançado fins que não justificassem os meios. No petrolão, restou demostrado que evoluiu definitivamente do socialismo de resultados para a apropriação pessoal. Hoje, não resta dúvida de que Dirceu deixou a ideologia para cair na vida. Transformou sua casa em Vinhedo (SP) num pedaço de Éden. Mas sem a delação e com 70 anos de idade, completados atrás das grades, terá de rezar para que a propriedade não vá a leilão.
De resto, Dirceu será compelido a conviver com um verbete na enciclopédia em que seus ideais estudantis se misturarão a trechos das sentenças de Sergio Moro. Trechos como esse, extraído da condenação desta quarta-feira:
“O mais perturbador em relação a José Dirceu de Oliveira e Silva consiste no fato de que praticou o crime inclusive enquanto estava sendo processado e julgado pelo Plenário do Supremo Tribunal Federal na Ação Penal 470 [mensalão], havendo registro de recebimento de propina, no presente caso, até pelo menos 23/07/2012. Nem o processo e o julgamento pela mais Alta Corte do País representou fator inibidor da reiteração criminosa, embora em outro esquema ilícito. Agiu, portanto, com culpabilidade extremada…”DO J.DESOUZA
Recessão, cagaço político e chantagem de Meirelles
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Hoje é Dia Internacional das
Mulheres. Na véspera, aqui no Brasil, despontaram algumas palavras femininas
que não merecem qualquer homenagem: Recessão, Chantagem, Corrupção e
Politicagem. Enquanto o noticiário era monopolizado pela constatação oficial da
mais brutal retração econômica da História, os políticos ficaram apavorados com
uma decisão do Supremo Tribunal Federal que complica a vida dos enrolados com a
Lava Jato. A reação do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) foi sintomática:
“Eu estou perplexo. A partir de hoje, tem que perguntar para uma
cartomante se o que é legal hoje continuará sendo legal daqui a cinco ou dez
anos. Porque está na lei hoje, mas se daqui a cinco ou dez anos disserem que
não é mais legal, o que eu faço? Eu estudei direito, mas estou com muitas dúvidas.
Prefiro só consultar a cartomante, senão, corro risco de ser punido porque
observei a lei”.
O amedrontado sarcasmo de Barbalho foi a reação quase histérica
à decisão do STF que transformou em réu o senador Valdir Raupp (PMDB-RO). O
parlamentar é acusado de receber propina por meio de doações oficiais
registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um outro deputado, que
covardemente pediu ao jornal O Globo para não ser identificado, também reagiu
alopradamente: “Isto não é bom. Nas denúncias do Rodrigo Janot
(procurador-geral da República), ele usou três pesos e dez medidas. O que vale
para um, não vale para outros. Isso preocupa muito, não é uma coisa normal.
Agora, tudo no Brasil é propina”.
Tão ruime inaceitável quanto à
propina da corrupção é a chantagem em meio à recessão. O presidente do “dream
team”, Henrique Mairelles, proclamou um falso impasse: “Ou o País faz a reforma
da Previdência ou quebra”... Meirelles vive em qual planeta? O Brasil já está
quebrado pela recessão e pela roubalheira sistêmica geradas por uma estrutura
estatal rentista, improdutiva, que só suga recursos da sociedade sem a devida
contrapartida.
O governo Michel Temer quer aprovar a
reforma da previdência na Câmara e no Senado até 15 de julho. Meirelles ainda
sinalizou que, se a reforma falhar, pode até criar mais um imposto para
compensar... Ele não está de sacanagem... O problema é que a vida dele é muito
fácil... Banqueiro se acostumou a lucrar em cima dos juros estratosféricos que
roubam as pessoas e empresas, enquanto ajuda a financiar e rolar a gastança sem
fim de uma máquina pública corrupta, perdulária e sem transparência. Novamente,
a Previdência é apontada como a vilã-mor de uma estrutura estatal capimunista.
A visão que Meirelles apresentou
sobre a Previdência é o supra-sumo do rentismo. Meirelles defendeu, com a
sensibilidade de um banqueiro, que o Brasil precisa de mais juros, para ter
menos dinheiro disponível na sociedade: “A Previdência do Brasil é uma das mais
generosas. O problema é quem paga. E a tributação do Brasil é uma das maiores
do mundo. Já temos hoje que isso (carga tributária) está caminhando para o
limite, inclusive para a economia poder crescer”.
O discurso oficial afrontando a
realidade de vida das pessoas comuns só reforça a obviedade ululante de que o
Brasil tem passar por Mudanças Estruturais – e não por “reforminhas” de mentira
que só escondem os privilégios mantidos por uma máquina pública e por quem
lucra ou mama na teta em simbiose com ela (como é o caso dos rentistas e dos
políticos profissionais). A discussão sobre o modelo, tamanho e redesenho do
setor estatal tem de acontecer antes de outras mudanças.
Infelizmente, a “zelite” no poder
estatal não quer debater mudanças estruturais. Os segmentos esclarecidos da
sociedade – uma minoria ainda longe de se tornar hegemônica – precisa aumentar
a pressão sobre os corruptos, ao mesmo tempo em que tem de intensificar um
amplo debate sobre um Plano Estratégico para o Brasil.
Os Estados Unidos da América
investiram 13 anos em acalorados debates entre representantes das 13 colônias
inglesas, até que chegaram a um modelo de Nação. O Brasil, que teve uma falsa
independência e uma república de mentirinha, que nunca implantou, de fato, o
Federalismo, precisa se reinventar, ou vai parecer mais quebrado do que está.
Não tem outro jeito: Temos de partir
para uma inédita Intervenção Institucional, que redefinirá uma base legal
enxuta e possível de ser cumprida rigorosamente, sem a necessidade da caríssima
e demorada judicialização. Resumindo: os segmentos menos idiotizados do povo
precisam tomar vergonha na cara e agir antes que o Brasil mergulhe na explosão
de violência e pobreza que nos levará à desintegração nacional.
Em linguagem metafórica: Se a onça
não quiser beber água vai acabar extinta ou fragmentada pela fúria dos bárbaros
criminosos que vão dividir o Brasil em pedaços colonizáveis.
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