Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Hoje é Dia Internacional das
Mulheres. Na véspera, aqui no Brasil, despontaram algumas palavras femininas
que não merecem qualquer homenagem: Recessão, Chantagem, Corrupção e
Politicagem. Enquanto o noticiário era monopolizado pela constatação oficial da
mais brutal retração econômica da História, os políticos ficaram apavorados com
uma decisão do Supremo Tribunal Federal que complica a vida dos enrolados com a
Lava Jato. A reação do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) foi sintomática:
“Eu estou perplexo. A partir de hoje, tem que perguntar para uma
cartomante se o que é legal hoje continuará sendo legal daqui a cinco ou dez
anos. Porque está na lei hoje, mas se daqui a cinco ou dez anos disserem que
não é mais legal, o que eu faço? Eu estudei direito, mas estou com muitas dúvidas.
Prefiro só consultar a cartomante, senão, corro risco de ser punido porque
observei a lei”.
O amedrontado sarcasmo de Barbalho foi a reação quase histérica
à decisão do STF que transformou em réu o senador Valdir Raupp (PMDB-RO). O
parlamentar é acusado de receber propina por meio de doações oficiais
registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um outro deputado, que
covardemente pediu ao jornal O Globo para não ser identificado, também reagiu
alopradamente: “Isto não é bom. Nas denúncias do Rodrigo Janot
(procurador-geral da República), ele usou três pesos e dez medidas. O que vale
para um, não vale para outros. Isso preocupa muito, não é uma coisa normal.
Agora, tudo no Brasil é propina”.
Tão ruime inaceitável quanto à
propina da corrupção é a chantagem em meio à recessão. O presidente do “dream
team”, Henrique Mairelles, proclamou um falso impasse: “Ou o País faz a reforma
da Previdência ou quebra”... Meirelles vive em qual planeta? O Brasil já está
quebrado pela recessão e pela roubalheira sistêmica geradas por uma estrutura
estatal rentista, improdutiva, que só suga recursos da sociedade sem a devida
contrapartida.
O governo Michel Temer quer aprovar a
reforma da previdência na Câmara e no Senado até 15 de julho. Meirelles ainda
sinalizou que, se a reforma falhar, pode até criar mais um imposto para
compensar... Ele não está de sacanagem... O problema é que a vida dele é muito
fácil... Banqueiro se acostumou a lucrar em cima dos juros estratosféricos que
roubam as pessoas e empresas, enquanto ajuda a financiar e rolar a gastança sem
fim de uma máquina pública corrupta, perdulária e sem transparência. Novamente,
a Previdência é apontada como a vilã-mor de uma estrutura estatal capimunista.
A visão que Meirelles apresentou
sobre a Previdência é o supra-sumo do rentismo. Meirelles defendeu, com a
sensibilidade de um banqueiro, que o Brasil precisa de mais juros, para ter
menos dinheiro disponível na sociedade: “A Previdência do Brasil é uma das mais
generosas. O problema é quem paga. E a tributação do Brasil é uma das maiores
do mundo. Já temos hoje que isso (carga tributária) está caminhando para o
limite, inclusive para a economia poder crescer”.
O discurso oficial afrontando a
realidade de vida das pessoas comuns só reforça a obviedade ululante de que o
Brasil tem passar por Mudanças Estruturais – e não por “reforminhas” de mentira
que só escondem os privilégios mantidos por uma máquina pública e por quem
lucra ou mama na teta em simbiose com ela (como é o caso dos rentistas e dos
políticos profissionais). A discussão sobre o modelo, tamanho e redesenho do
setor estatal tem de acontecer antes de outras mudanças.
Infelizmente, a “zelite” no poder
estatal não quer debater mudanças estruturais. Os segmentos esclarecidos da
sociedade – uma minoria ainda longe de se tornar hegemônica – precisa aumentar
a pressão sobre os corruptos, ao mesmo tempo em que tem de intensificar um
amplo debate sobre um Plano Estratégico para o Brasil.
Os Estados Unidos da América
investiram 13 anos em acalorados debates entre representantes das 13 colônias
inglesas, até que chegaram a um modelo de Nação. O Brasil, que teve uma falsa
independência e uma república de mentirinha, que nunca implantou, de fato, o
Federalismo, precisa se reinventar, ou vai parecer mais quebrado do que está.
Não tem outro jeito: Temos de partir
para uma inédita Intervenção Institucional, que redefinirá uma base legal
enxuta e possível de ser cumprida rigorosamente, sem a necessidade da caríssima
e demorada judicialização. Resumindo: os segmentos menos idiotizados do povo
precisam tomar vergonha na cara e agir antes que o Brasil mergulhe na explosão
de violência e pobreza que nos levará à desintegração nacional.
Em linguagem metafórica: Se a onça
não quiser beber água vai acabar extinta ou fragmentada pela fúria dos bárbaros
criminosos que vão dividir o Brasil em pedaços colonizáveis.
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