Marice Corrêa de Lima, cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari
Neto, é suspeita de auxiliá-lo no esquema de recebimento de propina
Felipe Frazão - Veja.com
Cinco dias antes de ser alvo da 12ª fase da Operação Lava Jato da
Polícia Federal, Marice Corrêa de Lima, cunhada do ex-tesoureiro do PT
João Vaccari Neto, recebeu a escritura de seu terceiro apartamento da
Bancoop (Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo). No dia 10
de abril, Marice obteve a matrícula de um apartamento de 96 metros
quadrados de área total e vaga de garagem no Edifício Solar de Santana,
bairro de classe média da Zona Norte de São Paulo.
De acordo com o registro de compra e venda, de 25 de fevereiro, ela
pagou 61.833, 60 reais pelo apartamento. Marice foi alvo de um mandado
de prisão temporária no dia 15 de abril, mas a ordem do juiz federal
Sérgio Moro só foi cumprida dois dias depois, quando ela se entregou à PF em Curitiba (PR). Ela foi solta pelo juiz na semana seguinte. A cunhada de Vaccari havia viajado ao Panamá, na América Central.
Marice possui um apartamento da Bancoop no Condomínio Mirante do
Tatuapé, Zona Leste, e foi dona outro no Guarujá (SP), de frente para o
mar, mas desfez o negócio. Ela desistiu de um apartamento no Edifício
Solaris, no qual o ex-presidente Lula possui um tríplex, e Vaccari também tem uma unidade.
A transação de compra e devolução do imóvel à OAS, que assumiu a
construção do prédio da Bancoop no litoral paulista, está na mira do
Ministério Público, que suspeita de crime de lavagem de dinheiro,
avaliado em cerca de 200.000 reais. Marice é suspeita de auxiliar
Vaccari a receber propinas e vantagens pessoais. Ela nega.
A Bancoop já foi dirigida por Vaccari e lesou milhares de cooperados que
compraram imóveis e nunca receberam as chaves e a documentação. Acusado
de desvios de dinheiro para o PT na gestão na entidade, Vaccari
responde a ação penal por formação de quadrilha, estelionato, falsidade
ideológica e lavagem de dinheiro. Ele será interrogado pela Justiça em novembro.