segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Presidente da UNE conclama Conselhão contra impeachment; resposta é silêncio

Por: Vera Magalhães
Dilma e Carina, da UNE: discurso não teve adesões
Dilma e Carina, da UNE: discurso não teve adesões
Um dos empresários presentes à primeira reunião do Conselhão de Dilma Rousseff estranhou o formato amplo da reunião. “No final, nós é que fomos lá para sermos aconselhados”, brincou.
Ainda em tom entre brincalhão e irônico, o “conselheiro” diz que um dos momentos mais constrangedores da reunião ocorreu durante o discurso da presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Carina Vitral.
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Depois de sua fala, em tom crescente, a líder estudantil conclamou, em tom de palanque, os presentes a se unirem para “acabar de vez com essa coisa de impeachment”.
Diz o empresário: “Ali claramente era o momento em que ela esperava palmas calorosas, mas nenhuma pessoa se mexeu. Foi tão constrangedor que comecei a mexer no celular”.
Com um conselho tão heterogêneo, resta saber o que de prático sairá. DO RADAR ONLINE

Exclusivo: Documentos revelam que Lula e família viajaram 111 vezes a sítio de Atibaia

Seguranças receberam quase mil diárias do Planalto para ficar 283 dias em imóvel que ex-presidente afirma ser de "amigos" - embora a Odebrecht, empreiteira do petrolão próxima do petista, tenha custeado R$ 700 mil em reformas no local
FILIPE COUTINHO
Revista Época

Relatórios de viagem produzidos pelo Palácio do Planalto revelam que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contou com sua segurança pessoal por 111 vezes em Atibaia, entre 2012 e 11 de janeiro deste ano.
É nas matas de Atibaia, no interior de São Paulo, que fica o sítio Santa Bárbara, no qual a Odebrecht gastou R$ 700 mil em reformas. No papel, o sítio está em nome de um amigo de Lula e do sócio de um dos filhos dele - Fábio Luís, aquele que enriqueceu graças à parceria empresarial com a telefônica Oi.
Lula nega ser dono do sítio e disse, por meio de assessoria, frequentar o local somente em “dias de descanso”. As evidências obtidas por ÉPOCA, porém, confrontam fortemente a versão do ex-presidente.
A cada cinco dias, um segurança de Lula era deslocado para Atibaia. Quem visita sítio de amigos com tamanha frequência?
ÉPOCA mapeou os dados a partir das diárias dos sete servidores que fizeram parte da equipe de segurança do ex-presidente. No total, eles receberam 968 diárias da presidência, custando R$ 189 mil. Os dados mostram que, em muitos casos, os seguranças tiveram de alternar turnos em Atibaia, como forma de garantir que assim sempre estivesse alguém na cidade num determinado período. Se, por exemplo, um segurança ficou de segunda-feira a quinta-feira, e outro chegou na quarta-feira e ficou até sábado, ÉPOCA contabilizou apenas uma viagem, de segunda a sábado. O itinerário é quase sempre o mesmo: São Bernardo do Campo (onde Lula mora), Atibaia e retorno para a mesma cidade.
A versão de Lula para o caso do sítio é clara. Segundo a assessoria de imprensa de Lula, "o ex-presidente Lula e também Dona Marisa, frequentam em dias de descanso um sítio de propriedade de amigos da família na cidade de Atibaia". ÉPOCA questionou o Instituto Lula sobre as viagens dos seguranças a Atibaia, mas a assessoria não fez comentários. Disse que "tentativa de associá-lo a supostos atos ilícitos tem o objetivo mal disfarçado de macular a imagem do ex-presidente".
Para fazer essas 111 viagens, os seguranças de Lula pernoitaram um total de 283 vezes em Atibaia. O período total dos documentos é de cerca de 1400 dias _ as datas na cidade representam cerca de 20%. Em junho e julho de 2014, por exemplo, os seguranças de Lula passaram seis finais de semanas seguidos na cidade do sítio. há casos em que as idas a Atibaia representam quase a metade de todas as viagens feitas por um segurança de Lula.
Fora do país

Como todo ex-presidente, Lula tem por direito contar com segurança e assessores. A lei, contudo, não estende esse benefício a familiares. ÉPOCA cruzou as viagens dos segurança a Atibaia com dados produzidos pela Polícia Federal sobre entradas e saídas do país por Lula, material que integra a investigação do Ministério Público Federal sobre tráfico de influência internacional.
Em seis datas, os seguranças de Lula estão em Atibaia enquanto o ex-presidente ou estava retornado ou deixando o país. Às 7h57 do dia 13 de março de 2013, a PF registrou a saída de Lula do país. Ele começava ali um tour pela África. Naquele mesmo dia 13, o militar Elias dos Reis deixava São Bernardo, rumo a Atibaia. Recebeu de diária R$ 265, voltando a São Bernardo no dia seguinte. Enquanto Lula estava na África, o Planalto assim registrou a viagem a Atibaia: “Compor a equipe de segurança do Sr Ex-Presidente da República”. O que um segurança do ex-presidente fazia em Atibaia enquanto Lula estava na África?
As diárias estão disponíveis a partir de 2012. A primeira ida registrada é em 30 de março de 2012. Naquele ano, as viagens eram curtas. Em 14 ocasiões, foi apenas um bate volta, sem pernoite. A frequência começa a se intensificar ao longo dos meses, chegando ao auge em julho de 2014 _ era a Copa do Mundo. Lá, os seguranças de Lula estiveram presentes nas partidas contra Chile e Colômbia, na fase final do torneio. Depois, ficaram o maior período no sítio. A partir do dia 17 de julho, por onze dias seguidos algum segurança presidencial esteve presente em Atibaia.
As visitas mais recentes foram no começo do ano. Os seguranças de Lula passaram o réveillon de 2016 em Atibaia e, depois, ficaram por lá de quinta-feira, dia 7, a segunda-feira, dia 11. Nos documentos do Planalto, há casos em que os seguranças tiveram que registrar as viagens depois do ocorrido. Isso porque, segundo os assessores, a viagem foi feita em cima da hora. “O servidor viajou para atender a demanda da agenda do ex-presidente Lula. E devido a urgência no atendimento não foi possível enviar o SCDP [registro] antes da ocorrência da respectiva viagem”, diz um dos registro.
Os dados denotam que a frequência de Lula em Atibaia pode ser maior do que a visita a amigos donos do sítio, como ele já admitiu em nota à imprensa. Os donos do sítio são dois sócios do filho de Lula, Fábio Luís. Segundo a Folha de S. Paulo, fornecedores da obra disseram que o sítio foi reformado pela Odebrecht.

O segurança Rogério Carlos (de jaqueta preta) recebeu 120 diárias para acompanhar Lula a Atibaia
(Foto: reprodução
01/02/2016

Marisa pediu atenção especial à adega de Lula durante mudança

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- Atualizado: 06 Janeiro 2011 | 14h 09

Por exigência do Planalto, transportadora providenciou caminhão climatizado para levar garrafas de vinho, uísque e outras bebidas recebidas por como presente

SÃO PAULO - A ex-primeira-dama Marisa Letícia fez um pedido especial à transportadora Granero, responsável pela mudança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: um cuidado redobrado com as roupas e a adega de Lula. "Ela pediu uma atenção especial para as bebidas e as roupas", contou um assessor envolvido diretamente com a mudança. Nesta manhã, o primeiro dos 11 caminhões vindos de Brasília chegou em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, com 200 caixas com roupas do casal.
Por exigência do Planalto, a transportadora providenciou um caminhão climatizado para levar a adega do ex-presidente, que inclui garrafas de vinho, uísque e outras bebidas recebidas por como presente, ao longo dos oito anos de governo Lula. A adega ficará num armazém climatizado até que a assessoria do ex-presidente defina o destino de cada peça de seu acervo geral. Os 1.403.417 itens, formados de fotos, cartas, vídeos, presentes, livros e condecorações, devem seguir futuramente para o Instituto Lula, que ainda será criado.
O caminhão que chegou de Brasília nesta manhã levou de volta ao Palácio do Alvorada duas bicicletas e duas esteiras ergométricas que estavam no apartamento do ex-presidente em São Bernardo e pertencem a Presidência. A mudança de Lula vem sendo acompanhada pela ex-assessora especial do Planalto Clara Ant, que continuará assessorando o ex-presidente.
O restante da mudança do ex-presidente seguirá para seu sítio em Atibaia, no interior de São Paulo, e para um guarda-móveis da Granero, de acordo com a empresa. A mudança deve ser concluída até o final da próxima semana. Segundo a empresa, o serviço de mudança está avaliado em R$ 500 mil.

O patético fim de Lula

Houve, sim, um tempo em que Lula posava de vítima, e milhões de pessoas se compadeciam. Esse tempo acabou. A realidade é outra. Hoje, os pessimistas dizem: “Esse negócio do Lula não vai dar em nada outra vez, né?”. E os otimistas: “Acho que desta vez ele não escapa, né?”

Por: Reinaldo Azevedo

Onde quer que eu esteja, na rua ou à porta de um bar ou restaurante, quando saio pra fumar, as pessoas se aproximam e quase sempre fazem a mesma observação, em tom de desalento: “Esse negócio do Lula não vai dar em nada outra vez, né?”. Os mais otimistas arriscam: “Acho que desta vez ele não escapa, né?”. Nesse caso, não é necessário dizer o nome. Todo mundo sabe quem é “ele”.
Pois é… Ainda que Lula e seus advogados consigam encontrar uma explicação que possa ser abrigada pela lei para o imbróglio do tríplex no Guarujá, sobrou como a hipótese mais benigna para o “homem mais honesto do mundo” a versão de um político no qual ninguém mais confia.
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E não deixa de ser irônico, já observei aqui, que o Lula que transitou e transita ainda em tão altas esferas tenha encontrado sua Waterloo num apartamento relativamente modesto, dada a fortuna que ele já amealhou. Só em palestras, como se sabe, faturou R$ 27 milhões.
A desconfiança dos brasileiros é justificada. Incrivelmente, Lula passou incólume pelo mensalão. Na sequência, veio o escândalo dos aloprados, com pessoas de sua inteira confiança metidas na lama. E nada! Agora, o petrolão. Delações premiadas o colocam no centro do escândalo envolvendo o grupo Schahin, o empréstimo de um dinheiro para o PT e um contrato bilionário para a operação de um navio-sonda da Petrobras. E nada de o Ministério Público pedir ao menos a abertura de inquérito.
No caso do apartamento, Lula só é formalmente investigado pelo Ministério Público Estadual. Na fase Triplo X da Lava Jato, a cobertura que seria sua está entre os alvos, mas, para todos os efeitos, não se está apurando nada sobre o petista. A esta altura, a situação é de tal sorte ridícula que pouco importa saber se Janot prevarica ou está sendo tático. A lei e as evidências não podem abrigar comportamentos ambíguos. Não há nenhuma razão inteligível para Lula não ser um alvo de investigação da Lava-Jato.
De todo modo, o fim!
Nem os adversários mais ferozes de Lula imaginavam que seu fim seria tão patético. Quando eu era menino, para citar o apóstolo Paulo, e trotskista, pensava como menino e via no sindicalista um contrarrevolucionário com um pé da demagogia.
No meu delírio infanto-juvenil, eu o enxergava como um elemento que atrasava a revolução. Quando deixei de ser menino, identifiquei no ex-sindicalista a peça de propaganda de um partido político com vocação totalitária, que instrumentalizava a imagem do operário para impor goela abaixo da sociedade um projeto de poder que não podia ser devidamente compreendido pelo povo.
Vejo a situação de Lula hoje, perseguido por imóveis mal explicados; flagrado em proximidade incômoda, para dizer pouco, com empreiteiras investigadas; a bater no peito e a brandir uma honestidade que, atendendo a suas tendências megalômanas, tem de ser a “maior do mundo”… Não deixa de ser melancólico.
Ou por outra: as duas leituras que tive de Lula, em tempos distintos, não deixavam de ser generosas, não é mesmo? Uma e outra, ainda que negativas para ele, emprestavam-lhe o papel de um agente político. Ainda que não fosse do agrado do garoto de extrema esquerda ou do adulto liberal, eu o inscrevia como personagem da história.
A justa indagação que hoje está nas ruas o coloca num lugar rebaixado, bem aquém da minha hostilidade generosa: as pessoas querem saber se Lula vai pagar por aquilo que consideram seus crimes de político comum, vulgar, que se organiza para se locupletar e se dar bem. É a Justiça que vai dar a palavra final a respeito. O que a gente pode dizer com certeza é que as narrativas a que o petista tem de recorrer para explicar o inexplicável já viraram motivo de chacota nacional.
A defesa de Lula já vai adaptando as versões às circunstâncias. Agora admite que a família visitou o tríplex acompanhado do presidente da OAS, Léo Pinheiro, convertido, então, em corretor de imóveis. Mas não mais do que isso. Também o sítio de Atibaia, reformado pela Odebrecht e pela OAS segundo os gostos do companheiro, não lhe pertence.
Marisa, no entanto, pagou com dinheiro do próprio bolso por um barco de alumínio para ser usado no lago da propriedade. Ora, convenham, o que é que tem? É muito comum a gente comprar equipamentos para propriedades alheias, certo? Por si, isso não prova nada. Prova apenas que Marisa é generosa.
O PT diz que vai se dedicar agora à defesa de Lula. Parece que a campanha eleitoral deste ano terá como alvo a tentativa de recompor a imagem daquele que segue sendo o poderoso chefão do partido, o mandatário inconteste, o senhor absoluto da legenda. Por incrível que pareça, ele só não conhece as falcatruas da organização. Quando se trata de explicar a bandalheira, ele se torna um estranho no petismo.
Houve, sim, um tempo em que Lula posava de vítima, e milhões de pessoas se compadeciam. Esse tempo acabou. A realidade é outra. Hoje, os pessimistas dizem: “Esse negócio do Lula não vai dar em nada outra vez, né?”. E os otimistas: “Acho que desta vez ele não escapa, né?”.
Notem que são avaliações distintas que, no entanto, têm um diagnóstico comum.
Lula está acabado.