terça-feira, 22 de março de 2016

Decisão de Teori Zavascki que blinda Lula mostra ao País a parcela acovardada do STF

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Quando Lula, o ainda quase ministro, esculhambou o Judiciário ao dizer que o “STF está acovardado”, não o fez de forma generalizada, mas foi um recado para quem a carapuça parecia ser sob medida. Nesta terça-feira (22), ao decidir que as investigações sobre o ex-metalúrgico ano podem mais ficar sob a responsabilidade do juiz Sérgio Moro e devem voltar imediatamente ao Supremo Tribunal Federal, Zavascki provou que as críticas chicaneiras, que levaram Celso de Mello a reagir de forma dura e contundente, tinham endereço certo.
Blindar o responsável pelo período mais corrupto da história brasileira sem qualquer justificativa é o golpe que os petistas tanto sonhavam. Lula, que não tem direito a foro privilegiado, agora está protegido pelo STF, instância máxima da Justiça nacional cujos magistrados atuais, em sua maioria, foram indicados pelo governo bandoleiro do PT.
A Constituição Federal, cujo guardião deveria ser o STF, ao longo dos anos vem sendo interpretada de acordo com a necessidade do “cliente”, dependendo do ministro que está incumbido de relatar determinado processo. O que não significa que os outros juízes da Suprema Corte concordem com a bizarrice interpretativa de alguns.
Essa flexibilização na interpretação da legislação começou a ganhar força por ocasião da Operação Satiagraha, quando o STF decidiu que presos que não oferecem riscos não pode ser algemados. Isso porque, à época, um conhecido banqueiro oportunista, câncer maior da nação, acreditou estar acima da lei e de todos. E não aceitou o fato de ter sido algemado no momento da prisão. Desde então, os delinquentes do colarinho branco são tratados como excelências, como se devessem gozar de algum tipo de regalia.
A decisão de blindar Lula é um atentado não apenas à democracia, mas à isonomia que deve imperar no tratamento dispensado aos cidadãos comuns. E o lobista-palestrante Luiz Inácio da Silva é um cidadão comum, sem direito a qualquer privilégio.
Ao conceder a Lula essa deferência, o ministro Teori Zavascki reinventa a Constituição Federal, pois desde já está criada uma via que permitirá aos acusados requererem o mesmo tratamento. O ex-presidente é um malandro profissional que cultua a impunidade desde os tempos do regime militar, quando se valia da proximidade com os protagonistas de então para ter regalias na carceragem do antigo e extinto DOPS.
Nesta terça-feira, o Brasil assistiu a mais um capítulo do golpe, mas nem tudo está perdido, pois o plenário do STF poderá reverter essa decisão, caso algum recurso aterrisse na Corte nas próximas horas.
Considerando que a posse de Lula continua suspensa, essa benevolência de Teori Zavascki é mais uma aberração do Direito que o Judiciário nacional atira sobre a parcela de bem da sociedade, apenas porque é preciso atender aos anseios de um cidadão que estaria preso de o Brasil fosse um país minimamente sério.

Marcelo Odebrecht começa a depor em delação premiada

Por: Vera Magalhães
Odebrecht: enfim, a delação
Odebrecht: enfim, a delação
Marcelo Odebrecht cedeu. O herdeiro da maior construtora do país fechou um acordo para fazer delação premiada e começou a depor para a força-tarefa da Lava-Jato ainda antes da Xepa, a 26ª fase da operação, deflagrada nesta terça-feira.
A seguir a nota da empresa:
As avaliações e reflexões levadas a efeito por nossos acionistas e executivos levaram a Odebrecht a decidir por uma colaboração definitiva com as investigações da Operação Lava Jato.
A empresa, que identificou a necessidade de implantar melhorias em suas práticas, vem mantendo contato com as autoridades com o objetivo de colaborar com as investigações, além da iniciativa de leniência já adotada em dezembro junto à Controladoria Geral da União.
Esperamos que os esclarecimentos da colaboração contribuam significativamente com a Justiça brasileira e com a construção de um Brasil melhor.
Na mesma direção, seguimos aperfeiçoando nosso sistema de conformidade e nosso modelo de governança; estamos em processo avançado de adesão ao Pacto Global, da ONU, que visa mobilizar a comunidade empresarial internacional para a adoção, em suas práticas de negócios, de valores reconhecidos nas áreas de direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção; estabelecemos metas de conformidade para que nossos negócios se enquadrarem como Empresa Pró-Ética (da CGU), iniciativa que incentiva as empresas a implantarem medidas de prevenção e combate à corrupção e outros tipos de fraudes. Vamos, também, adotar novas práticas de relacionamento com a esfera pública.
Apesar de todas as dificuldades e da consciência de não termos responsabilidade dominante sobre os fatos apurados na Operação Lava Jato – que revela na verdade a existência de um sistema ilegal e ilegítimo de financiamento do sistema partidário-eleitoral do país – seguimos acreditando no Brasil.
Ao contribuir com o aprimoramento do contexto institucional, a Odebrecht olha para si e procura evoluir, mirando o futuro. Entendemos nossa responsabilidade social e econômica, e iremos cumprir nossos contratos e manter seus investimentos. Assim, poderemos preservar os empregos diretos e indiretos que geramos e prosseguir no papel de agente econômico relevante, de forma responsável e sustentável.
Em respeito aos nossos mais de 130 mil integrantes, alguns deles tantas vezes injustamente retratados, às suas famílias, aos nossos clientes, às comunidades em que atuamos, aos nossos parceiros e à sociedade em geral, manifestamos nosso compromisso com o país. São 72 anos de história e sabemos que temos que avançar por meio de ações práticas, do diálogo e da transparência.
Nosso compromisso é o de evoluir com o Brasil e para o Brasil.

Lula, a bala de prata de Dilma, saiu pela culatra

Josias de Souza

Cinco dias depois de Dilma disparar sua bala prateada contra o impeachment, os próprios petistas reconhecem: a nomeação de Lula como ministro-chefe da Casa Civil saiu pela culatra. O governo radicalmente outro que o disparo pretendia criar não veio. Dissemina-se no Planalto e nos partidos supostamente governistas a impressão de que o momento para uma virada radical de expectativas já passou.
Dilma e seus devotos já não podem contar com a retórica do vamos lá, companheiros, para contrapor à realidade do mesmo governo descoordenado de sempre. Tudo ficou muito escancarado. Faltou algo que é essencial para o êxito de qualquer articulação política: o recato.
Lula virou ministro para asilar-se no STF. A plateia percebeu a manobra instantaneamente. Segundo o Datafolha, 68% dos brasileiros concluíram que o investigado só aceitou o cargo para fugir de Sérgio Moro. E 73% avaliaram que Dilma agiu mal ao oferecer refúgio no Planalto para o antecessor enroscado.
Sem outra alternativa, Sérgio Moro remeteu os autos sobre Lula para Brasília. Antes de abrir mão do caso, porém, o juiz levantou o sigilo do processo, disparando uma rajada de grampos que fez de Lula um cadáver político. O ministro Gilmar Mendes, do STF, suspendeu os efeitos da posse. E devolveu o corpo ao juiz-legista da ‘República de Curitiba’.
Na noite desta segunda-feira, o cadáver político de Lula jantou no Alvorada com Dilma e auxiliares. Mastigaram dados amargos. Pelas contas do Planalto, será renhida a disputa na comissão que processa o impeachment na Câmara. Há chances reais de derrota. O governo já se equipa para tentar reverter no plenário.
A liminar de Gilmar Mendes pode sobreviver à Páscoa, esticando e aprofundando o desgaste. Tomado pelo que diz em privado, nem Lula se apega mais ao mito de Lula. Ele também está, pragmaticamente, escolhendo o discurso do possível: ou o governo segura o PMDB ou será difícil deter a derrocada. E o PMDB, que fareja a perspectiva de poder que exala de Temer, parece não querer nem conversa.

Renan é alvo de 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 inquéritos

Josias de Souza

A Operação Lava Jato vai acabar empurrando o senador Renan Calheiros para dentro do livro dos recordes. Presidente do Senado e do Congresso, visto pelo Planalto como derradeiro aliado de Dilma no PMDB, Renan já responde a um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove inquéritos relacionados à Operação Lava Jato. Eram seis. Mas o ministro do Teori Zavascki, relator dos processos sobre desvios na Petrobras no STF, instaurou mais três. Fez isso a pedido da Procuradoria-Geral da República.
A exemplo do que já ocorre com Eduardo Cunha, presidente da Câmara, Renan prepara-se para atuar no processo de impeachment aberto contra Dilma como se nada tivesse sido descoberto sobre ele. Antigamente, costumava-se dizer: Onde vamos parar? Hoje, seria mais adequado indagar: onde vão detê-los?