segunda-feira, 22 de maio de 2017

Aliados dão corda e Temer se enforca sozinho

Michel Temer não precisa mais de acusadores. O presidente se tornou um caso raro de autoincriminação. Ele se complica cada vez que tenta se defender. Espremendo-se tudo o que disse em pronunciamentos e entrevistas, Temer produziu as seguintes evidências contra si mesmo: admitiu o diálogo com Joesley Batista, que ele próprio diz ser um empresário desqualificado. Validou trechos vexatórios da conversa gravada pelo pilantra. Entre eles o pedaço do áudio que trata de Eduardo Cunha e da compra de um procurador e de juízes. Temer confirmou ter indicado como seu interlocutor um deputado que depois seria filmado recebendo mala de propina: R$ 500 mil.
Temer também declarou que recebeu o delator Joesley por “ingenuidade”. Afirmou que “não sabia” que o amigo era investigado. Disse que o ex-assessor pilhado com a mala de R$ 500 mil tem “boa índole, muito boa índole”. Já que não pode mais realizar os seus sonhos, Temer tenta pelo menos impedir a realização do pesadelo do surgimento de um novo delator.
Por tudo isso, Temer tornou-se um presidente precário. Até a semana passada, sua prioridade era salvar o país, aprovando reformas no Congresso. Hoje, seu objetivo estratégico é salvar o próprio pescoço. Enquanto tenta desqualificar no STF a delação do corrupto que recebeu com toda fidalguia, Temer pede aos aliados que retomem as votações no Congresso. Os partidos dão corda ao presidente. E vão esboçando um Plano B à medida em que ele se enforca. DO J.DESOUZA

Janot recorre e pede que STF decrete prisão de Aécio Neves e Rocha Loures

Em recurso - agravo regimental -contra decisão do ministro Edson Fachin, procurador-geral da República sustenta que a prisão do senador e do deputado 'é imprescindível para a garantia da ordem pública e da instrução criminal, diante do fatos gravíssimos imputados aos congressistas e do flagrante por crime inafiançável'

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recorreu da decisão do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, que negou a prisão preventiva do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR). Janot pede que o ministro reconsidere a decisão ou leve com urgência o caso para o plenário, com intuito de que os 11 ministros da Corte analisem a possibilidade de prisão dos parlamentares. Os dois já foram afastados do mandato por Fachin na última quinta-feira, quando foi deflagrada a Operação Patmos, com base nas revelações de empresários do grupo J&F em delação premiada.
Segundo Janot, a prisão preventiva é “imprescindível” para garantia da ordem pública e instrução criminal, diante de fatos gravíssimos que teriam sido cometidos pelos parlamentares. Aécio e Rocha Loures foram gravados por Joesley Batista em negociação de pagamento de propina pelo empresário. Depois, ambos foram alvos de ações controladas pela PGR. Um interlocutor de Aécio e o próprio Rocha Loures aparecem nas filmagens recebendo dinheiro em espécie.
Ao pedir a prisão dos parlamentares a Fachin, Janot apontou que a situação era “excepcional”: “No tocante às situações expostas neste recurso, a solução não há de ser diversa: a excepcionalidade dos fatos impõe medidas também excepcionais”.
Janot argumenta no recurso encaminhado ao STF que as gravações ambientais e interceptações telefônicas demonstram que Aécio e Loures “vêm adotando, constante e reiteradamente, estratégias de obstrução de investigações da Operação Lava Jato”. De acordo com a PGR, a prisão só não foi decretada no momento do flagrante do pagamento de propina para que os investigadores pudessem coletar provas ainda mais robustas contra os congressistas.
“Nesse sentido é importante destacar que a ação controlada requerida no bojo da Ação Cautelar 4315 não objetivou apenas monitorar o pagamento da propina destinada ao senador Aécio Neves, mas também os repasses de valores espúrios ajustados entre Joesley Batista, o presidente da República, Michel Temer, e o deputado Rodrigo Loures”, afirma Janot. Devido à influência e poder dos dois parlamentares, Janot considera que a liberdade dos dois pode gerar “uso espúrio do poder política” e “manter encontros indevidos em lugares inadequados”.
Ao determinar o afastamento de Aécio e Rocha Loures do mandato, sem autorizar a prisão, Fachin já havia indicado que eventual recurso seria encaminhado ao plenário do STF.
O Supremo Tribunal Federal já prendeu um congressista no exercício do mandato em decisão unânime da 2ª Turma do Tribunal, que decretou prisão do senador cassado Delcídio Amaral. DO  ESTADÃO

Em privado, Temer ataca o amigo de ‘boa índole’


Os comentários que Michel Temer faz em privado sobre o deputado Ricardo Rocha Loures (PMDB-PR) são bem diferentes da avaliação que ele faz do amigo publicamente. Em conversa com ministros e aliados, na noite de domingo, Temer chamou de “idiota” e “imbecil” o preposto que indicara ao delator Joesley Batista, no diálogo gravado em 7 de março. Em entrevista à Folha, o mesmo Loures foi definido por Temer como homem de “boa índole, de muito boa índole.”
Depois do encontro de Temer com Joesley, sócio da JBS, Rocha Loures foi pilhado em gravações e filmagens acertando uma venda de favores e recebendo mala contendo propina de R$ 500 mil (no vídeo acima, ele sai correndo de uma pizzaria, em São Paulo, carregando a mala). Temer ataca o personagem a portas fechadas para tentar demonstar aos aliados que não tem nada a ver com o dinheiro da mala. Afaga-o em público para não irritar um potencial delator.
Suplente de deputado, Rocha Loures assessorava Temer no Planalto. Foi guindado à Câmara depois que o presidente nomeou o titular do mandato, Osmar Serraglio (PMDB-PR), para o posto de ministro da Justiça. Só não foi preso pela Polícia Federal na semana passada graças ao escudo do foro privilegiado. Convertido em protagonista do novo escândalo, pode aprofundar o pesadelo de Temer com uma simples articulação do gogó.
Amigos em comum informam a auxiliares de Temer que Rocha Loures está, do ponto de vista psicológico, em frangalhos. Afastado do exercício do mandato pelo ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o preposto que o presidente credenciou junto ao “fanfarrão” Joesley terá de prestar esclarecimentos à Polícia Federal e à Procuradoria. O Planalto trabalha com a hipótese de que o depoente distanciará a mala de dinheiro de Temer. A ver. DO J.DESOUZA

“Será o fim da Lava Jato”, diz membro da força-tarefa após cortes do Governo Temer


Segundo informa o blog de Fausto Macedo, no Estadão, o Governo Federal reduziu a equipe da Lava Jato. Antes com 9 delegados, agora há apenas 4. Também foram cortados 44% do custeio da polícia, o que atinge de forma direta a operação.
Um integrante da força-tarefa da Lava Jato, sem identificar-se, afirmou:
“Será o fim da Lava Jato”
O delegado Carlos Eduardo Sobral, presidente da ADPF (Associação dos Delegados da Polícia Federal), foi além:
“O investimento já é quase zero. O custeio é para movimentar a máquina. Vai paralisar as atividades. Em um orçamento que já é pequeno, cortar 44%, vai parar (…) O contingenciamento é sempre uma espada no nosso pescoço, que o governo pode usar a qualquer tempo, e com isso, paralisar as nossas atividades, em razão da nossa falta de autonomia orçamentária financeira”
Em que pese a necessidade de ajuste orçamentário em todo o governo, a hora é péssima para um corte desse tipo. E a mensagem desa medida é preocupante. DO IMPLICANTE

Como Lula e Dilma, o Temer também ‘não sabia’


Josias de Souza


A exemplo dos antecessores Lula e Dilma, Temer aderiu à frase-lema do Brasil da corrupção: “Eu não sabia”. Inquirido em entrevista sobre o inusitado de receber o multi-investigado Joesley Batista no Jaburu, o inquilino do palácio declarou: “Eu nem sabia que ele estava sendo investigado.” Ai, ai, ai.
Esse tipo de desculpa será lembrado quando, no futuro, quiserem recordar a época em que o Brasil era regido pelo cinismo. Ao se apropriar do bordão da era petista assim, tão desavergonhadamente, Temer se autoinseriu num seleto grupo de governantes. São presidentes capazes de tudo, que pedem ao país que os considere incapazes de todo.
A conversa de Temer com os repórteres da Folha se parece muito com um desastre. Nela, o presidente da República se define como um tolo —“Fui ingênuo ao receber uma pessoa naquele momento”— e trata os brasileiros como imbecis ao afagar o preposto Rocha Loures, pilhado recebendo mala com propina de R$ 500 mil —“Coitado, ele é de boa índole, de muito boa índole.''
Submetido a escândalos em série, o brasileiro precisa confiar na cara dos seus governantes. A percepção de que o semblante da principal autoridade da República tornou-se uma máscara que não consegue dar à mesma porcaria de sempre nem mesmo uma fachada um pouco mais atraente empurra o país para o ceticismo terminal.

Temer recua de pedido para suspender inquérito contra ele no Supremo


Defesa de presidente se diz atendida com decisão do STF para que seja realizada perícia em áudio

O advogado Gustavo Guedes afirmou nesta tarde de segunda-feira, 22, que a defesa do presidente Michel Temer entrou com um novo pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que o inquérito contra o peemedebista não seja mais suspenso. A declaração foi dada após um encontro com o ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato na Corte.
Michel Temer Segundo Guedes, a defesa se sentiu atendida com o deferimento do pedido para que fosse realizada uma perícia no áudio da conversa entre Temer e o empresário Joesley Batista, da JBS. “Eu vim dizer (a Fachin) que, diante desse deferimento, não víamos mais a necessidade de suspender o processo e que o presidente quer que esse assunto seja resolvido o mais rápido possível”, disse.
Segundo ele, Temer quer que o processo siga o curso normal e que fique comprovado a inocência do peemedebista. “O presidente quer dar essa resposta ao País o mais rapidamente possível”, disse.
Guedes afirmou ainda que a equipe que defende Temer no caso encomendou uma perícia particular do áudio e que foram constatados cerca de 70 pontos de “obscuridade” na gravação. O resultado completo dessa nova análise técnica vai ser apresentado às 18h desta segunda-feira, 22. “Na nossa avaliação, já não há dúvida, ha convicção de que este áudio é imprestável”, disse.
Vai e vem. O novo pedido protocolado no STF muda a estratégia de defesa de Temer, que na semana passada pediu para que o inquérito fosse suspenso. Inicialmente, o julgamento dessa questão de ordem estava marcado para a próxima quarta-feira, 24, mas nesta segunda a presidente da Corte, Cármen Lúcia, afirmou que o pedido do peemedebista só seria levado a plenário após a conclusão da perícia no áudio gravado pelo empresário da JBS.
O julgamento de quarta era esperado com ansiedade pela classe política. A base aliada de Temer aguardava o resultado e o posicionamento dos ministros para decidir se permanecia ou não ao lado do peemedebista. DO ESTADÃO

Advogado de Temer quer afastamento de Moro

No jantar organizado pelo advogado de Aécio Neves para homenagear o advogado de Lula, os ataques mais violentos foram feitos pelo advogado de Michel Temer.
De acordo com a Folha de S. Paulo, Antonio Cláudio Mariz de Oliveira disse que o juiz Sergio Moro tem de ser afastado da Lava Jato:
"Questiono suas condições para o nobre mister de julgar. Porque falta-lhe algo que não é condição intelectual, mas imparcialidade. Estou com muito medo do avanço do autoritarismo do judiciário".
Em seguida, ele atacou o ministro Edson Fachin:
"O açodamento do relator para apurar acusações baseadas em gravação por hora contestada e com prova capenga é inexplicável. Nāo se teve nenhum cuidado nem atenção com estabilidade do país, que está se recuperando na área econômica e social". DO O ANTAGONISTA