domingo, 12 de julho de 2015

"O Papa é pop, o Papa não poupa ninguém"

Uma empresa cuida da sua imagem. Os seus símbolos são a sua identidade para os consumidores, de modo que são protegidos com muita seriedade para que possam ter o seu valor simbólico preservado. A Apple, hoje, é a marca mais valiosa do mundo. Quando olhamos para aquela maçã, somos levados a pensar em qualidade, bom gosto, modernidade, inventividade, liderança. Ou seja, há valores que ela expressa que são relevantíssimos e que fazem com que as pessoas cada vez mais adiram a ela, sejam inspiradas por ela.
Ora, se com os símbolos comerciais essa realidade se impõe, com os religiosos avultam em gravidade e importância. É que os símbolos religiosos tocam o sagrado, o divino, o sobre-humano. Quando o católico olha para a hóstia consagrada, ele está ali vendo um símbolo da sua fé, o corpo místico de Cristo, que é presentação d'Ele na transubstanciação do pão em carne.
O que identifica os cristãos, porém, universalmente é a Cruz. O que seria o símbolo mais eloquente da derrota e da morte passou a ser a marca da redenção e da ressurreição. Ela representa o sentido vicário e salvífico da missão de Cristo, que ao ser imolado, cumpre todas as profecias, sela a nova aliança com Deus, e nos abre as portas para ressurreição e o Reino.
Não se brinca com os símbolos sagrados. Ou não seriam eles... sagrados! A sua sacralidade decorre justamente da sua intocabilidade, da sua dimensão transcendental. O sentimento do sagrado é a vivência do divino, do amálgama entre o dado real e o dado de fé que se expressa por meio dele.
A foto do Papa Francisco recebendo de Evo Morales a imagem de Cristo crucificado em um símbolo comunista é a degradação de um símbolo sagrado e um desrespeito à nossa fé. Pouco importa tenha sido produzida por um porralouca jesuíta da teologia da libertação; torna aquela imagem ainda mais uma grave ofensa, "per fas et nefas".
Francisco demonstra uma permissividade preocupante. Um Papa relativista, com uma formação teológica limitada, sem a estatura intelectual para os desafios da Igreja do Século XXI. E o que deveria fazer ele, diante do presente do presidente cocaleiro? Gentilmente, não recebê-lo e, depois, como líder religioso da Igreja de Deus admoestar os que fizeram a peça. Nada mais anticristão do que o marxismo; nada mais anticristão do que o materialismo dialético. Mas o nosso Papa é pop e com isso não poupa os católicos de assistirem essa degradação relativista dos nossos símbolos religiosos.
Depois de dois gigantes como São João Paulo II e Bento XVI, dá uma dor profunda que o primeiro Papa latinoamericano seja um homem com estreita visão da fé, do mundo e do seu papel para os católicos em uma época tão complexa como a nossa. Quem quer ser aprovado e elogiado pelo mundo, não poderá anunciar com força a palavra de Deus. Porque é ela "loucura para os gregos e escândalo para os gentios".
*Adriano Soares da Costa, via Facebook - https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1626840004257175&set=a.1389855141288997.1073741828.100007935727197&type=1&theater DO MARIOFORTES

DA MÍDIA SEM MORDAÇA

NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
12 DE JULHO DE 2015
Enrolada nas pedaladas fiscais, Dilma Rousseff reclama com aliados que está nas mãos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Ela tem razão em se preocupar. Cunha vive às turras com o PT, que o hostiliza, e será ele quem analisará a admissibilidade de eventual pedido de impeachment. E quem o conhece sabe que se ele colocar o caso em votação, no plenário, dificilmente Dilma escapará. É o que a apavora.
Na admissibilidade, Eduardo Cunha pode levar em conta provas de corrupção ou condições efetivas de Dilma continuar governando o País.
Políticos de proa como o senador Romero Jucá (PMDB-RR) temem que o pretexto para impeachment pode ser a falta de governabilidade.
Há três ameaças contra Dilma: a rejeição das contas no TCU, denúncia por crime financeiro e dinheiro roubado da Petrobras em sua campanha
Como a votação de cassação de mandato é aberta, os deputados da base aliada consideram que seria impossível apoiar Dilma ao vivo, pela TV.
A Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) já recebeu, por meio do Mais Médicos, mais de R$ 4,3 bilhões do governo federal. Alvo de graves denúncias de uso do programa como fachada para financiar a ditadura cubana, a Opas repassava aos médicos apenas 10% dos R$ 11 mil pagos por cada profissional, levando quase cinquenta cubanos a desertarem e fugirem do Brasil para não correrem risco de deportação.
Vídeo da TV Band mostrou negociações entre representantes do Ministério da Saúde e da Opas discutindo como acobertar o esquema.
Depois das denúncias, a Opas começou a pagar R$ 3 mil aos médicos cubanos, quatro vezes menos do que recebem os de outros países.
A Opas já levou mais de R$ 1 bilhão em 2015, demonstrando que o acordo com os irmãos Castro não sofre com o arrocho do governo.
O PMDB se reuniu na noite de sexta (10), no Rio, sob a desculpa de discutir com o prefeito Eduardo Paes “os próximos passos” do partido. Na verdade peemedebistas tentaram convencer o vice Michel Temer a deixar a articulação política do governo, para afundar Dilma de vez.
Deputados aliados ao governo andam tão pessimistas quanto Dilma, em relação ao tempo que lhes resta de governo. No ritmo atual, eles acham que Dilma não vai “emplacar” nenhum candidato em 2016.
Ao descontar a inflação, o PIB de R$ 5,5 trilhões em 2014 equivale a menos que os R$ 4,3 trilhões registrados em 2011, quando Dilma assumiu a Presidência, mesmo com a nova metodologia de cálculo.
Em Paris, certa vez, o ator Omar Sharif, falecido sexta-feira (10), fez parte do grupo de “brazucas” que agitava a boate Regine’s, de Regine Choukrum. Ela, depois, chegou até a abrir filial no Rio de Janeiro.
O Planalto abriu licitação de R$ 86,6 mil para dar cabo a insetos e outros bichos que circulam no palácios oficiais. Mais da metade, R$ 51,1 mil, é para dedetização dos locais de trabalho e moradia de Dilma.
Com a popularidade em um dígito (9% no Ibope mais recente), a presidente Dilma já percebe uma crescente fuga de apoio no Congresso. Poucos ainda topam se associar à imagem dela.
No PMDB, principal aliado do governo Dilma, só há dois “caciques” que ainda defendem a presidente Dilma: o vice-presidente Michel Temer, articulador-geral, e o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE).
Nem os petistas apostam no governo Dilma. Questionada se achava o governo bom, a deputada Érika Kokay (DF) insistiu na cantilena de que faltam reformas política e econômica. Justamente as que o PT não fez.
O Movimento em Defesa do Mercado Legal Brasileiro lança nesta segunda (13) campanha contra o contrabando. Brasília será inundada por faixas, cartazes e outdoors.

NO ANTAGONISTA
Brasil 12.07.15 08:12 
Quando Ricardo Pessoa acusou a campanha de Dilma Rousseff de embolsar propina da Petrobras, a presidente reuniu seus asceclas e disse, segundo a Folha de S. Paulo:
"Não sou eu quem vai pagar por isso. Quem fez que pague".
Ela disse também: "Eu não vou pagar pela merda dos outros"...
Ela faz, você paga 
Brasil 12.07.15 08:37 
A propósito da fazenda de Lula, registrada em nome de seu laranja, Jonas Suassuna, e reformada pelo dono da OAS, Leo Pinheiro, leia o que foi publicado na IstoÉ:
"Apesar do nervosismo com a delação de Ricardo Pessoa, da UTC, Lula teme mesmo a eventual colaboração de Leo Pinheiro, da OAS. Ele cuidava das despesas pessoais do presidente, de seus familiares e de seus amigos. Metódico, Pinheiro tinha o hábito de registrar toda e qualquer ajuda concedida"...

Brasil 12.07.15 07:43 
O Antagonista imaginou que, depois de noticiar o encontro clandestino entre Dilma Rousseff e Ricardo Lewandowski, em Portugal, a imprensa vomitasse no Palácio do Planalto e no STF.
Nada disso aconteceu. Só Josias de Souza ficou tão enojado quanto nós...

Brasil 12.07.15 07:33 
Jonas Suassuna brigou com Lulinha.
Jonas Suassuna é o empresário que hospeda Lulinha num apartamento de 6 milhões de reais e que aceitou ser laranja de Lula na compra de sua fazenda em Atibaia. Quanto a Lulinha, Lulinha é apenas Lulinha...
Lulinha é Lulinha

Brasil 12.07.15 06:11 
Elio Gaspari disse que “um dos mais talentosos criminalistas de São Paulo, advogado de empreiteiras, reconheceu há algumas semanas que até agora o trabalho do juiz Sergio Moro não deixou brechas para a anulação de suas sentenças nas instâncias superiores”...

Brasil 12.07.15 06:04 
Se tiver suas contas rejeitadas pelo TCU, Dilma Rousseff vai recorrer ao STF. Segundo o Estadão, o governo vai alegar que o julgamento no TCU tem de ser anulado porque o ministro Augusto Nardes “constrangeu” seus colegas de tribunal ao antecipar seu voto em entrevistas.
O Brasil realmente apodreceu...
Os poderes separados se juntaram em Portugal
NO BLOG DO CORONEL
Domingo, 12 de julho de 2015
É escandaloso o que revela a Folha de hoje, como Veja já havia denunciado meses atrás. A última vez que o Congresso julgou as contas de um presidente foi em 2002, quando aprovou a gestão de Fernando Henrique Cardoso. Aliás, como o fez nos anos anteriores dos seus mandatos. Depois disso, estamos no ano 13 do PT na presidência e jamais o Congresso julgou uma linha, uma vírgula, um centavo das contas das gestões Lula e Dilma. Isso explica a roubalheira do Mensalão, do Petrolão, do Eletrolão que vem aí e do BNDES cuja CPI está prestes a ser aberta. O mais incrível é que o PT inteiro se mobiliza, pressionando as instituições do Estado como TCU, AGU, CGU, TSE, STF e outras para encontrar ardis e mentiras que justifiquem os crimes cometidos por Dilma Rousseff e que podem levar ao seu impeachment. Até reuniões secretas realizadas em outros países estão sendo feitas, em flagrante desrespeito aos cidadãos deste país. Dilma cometeu crimes contra a Lei de Responsabilidade Fiscal que podem levar ao seu impeachment. Aliás, que a levariam ao impedimento se as instituições brasileiras não estivessem tão corrompidas, a começar por um Congresso Nacional que passa 13 anos sem julgar as contas dos governos. E a terminar por um STF cujo presidente esconde-se num hotel em Portugal para combinar os próximos passos para livrar a cara de uma meliante, de uma criminosa, de uma farsante.
NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 12/07/2015 05:36
Fachada do hotel em que Dilma se reuniu com Lewandowski e Cardozo, na cidade portuguesa do Porto
O que aconteceu na última terça-feira, dia 7 de julho, durante a passagem de Dilma Rousseff pelo Hotel Sheraton, na cidade portuguesa do Porto? Pode-se afirmar com 100% de certeza que lá, na elegante hospedaria, a presidente se encontrou com o comandante do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, e com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Pode-se declarar também, sem margem para dúvidas, que os três tentaram manter a reunião em segredo. Por último, é imperioso constatar que essa conversa, por disparatada, jamais deveria ter ocorrido.
Desde que o primeiro delator da Lava Jato começou a soar, a plateia esperava pelo sinal de que o fim, ou pelo menos a encrenca terminal que empurraria a cena para o caos, estivesse próximo. Aguardava-se o fato que justificasse o uso do ponto de exclamação que se escuta quando as pessoas dizem “não é possível!” Pois bem, o sinal foi dado. Esse episódio do encontro que se pretendia clandestino de Dilma com Lewandowski e Cardozo vai ficar, no enredo da tragicomédia nacional, como um marco da derrocada. De agora em diante, tudo é epílogo.
Depois de Paulo Roberto Costa, o Paulinho, já moveram os lábios outros 17 delatores. O mais recente foi Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC e coordenador do cartel que roubou pelo menos R$ 19 bilhões dos cofres da Petrobras. Antes dessa delação, Dilma silenciava sobre a Lava Jato. Era problema do PT. Por mal dos pecados, os depoimentos de Pessoa empurraram para dentro da caixa registradora da última campanha da presidente R$ 7,5 milhões roubados na Petrobras. E madame teve de dizer algo: “Não respeito delator”.
Dentro de dois dias, a Justiça Eleitoral tomará o depoimento de Ricardo Pessoa. E os R$ 7,5 milhões podem ser enfiados nas páginas de um processo em que o Tribunal Superior Eleitoral perscruta a prestação de contas da campanha de Dilma. O julgamento está previsto para setembro. Em tese, o veredicto pode levar à destituição de Dilma e do vice-presidente Michel Temer. Dessa decisão caberia um recurso para o STF de Lewandowski.
Outro assunto que pode morrer na Suprema Corte é o parecer que o Tribunal de Contas da União emitirá em agosto sobre a contabilidade do governo Dilma referente a 2014. São grandes, muitos grandes, enormes as chances de o TCU rejeitar a escrituração do governo. Algo que, no limite, poderia levar à abertura no Congresso de um processo de afastamento de Dilma pela prática de crime de responsabilidade.
Foi contra esse pano de fundo que Dilma conversou com Lewandowski e Cardozo em Portugal. Descobertos pelo repórter Gerson Camarotti, eles tentam emplacar uma fantasia que não nexo. Nessa versão, difundida pelo ministro da Justiça, sua chefe e o presidente do Supremo conversaram sobre o projeto que concedeu aos servidores do Judiciário reajuste salarial médio de 59,5%.
Veja bem: Dilma e Lewandowski trabalham em prédios vizinhos, um defronte do outro, com a Praça dos Três Poderes de permeio. Poderiam conversar sobre salários de servidores numa audiência oficial, em Brasília. Mas querem convencer a plateia de que, tendo cruzado o Atlântico, alguma razão inadiável levou-os a dialogar sobre a folha do Judiciário num furtivo encontro noturno, no faustoso hotel de Portugal. A esse ponto chegamos: o absurdo adquiriu uma doce, persuasiva, admirável naturalidade.
O brasileiro é um sujeito de poucos espantos. Horroriza-se pouco, é verdade. Mas convém não cutucar a paciência alheia com vara tão curta. Dilma estava a caminho da Rússia. Aterrissou em Portugal a pretexto de reabastecer o jato presidencial. Em vez de Lisboa, preferiu o Porto. Lewandowski e Cardozo estavam na cidade de Coimbra. Participavam de um seminário de nome sugestivo: “O Direito em Tempos de Incertezas.”
Na versão oficial, Lewandowski soube por Cardozo que Dilma faria escala em Portugal. E pediu ao ministro da Justiça que intermediasse o encontro com a presidente. Em Brasília, o mandachuva do STF poderia cruzar a praça a pé para chegar à sala de Dilma. Em Portugal, teve que vencer os cerca de 120 quilômetros que separam Coimbra do Porto. E querem que ninguém faça a concessão de uma surpresa. É certo que o brasileiro baniu dos seus hábitos o ponto de exclamação. Mas há limites para o cinismo.
Em agosto de 2007, quando a denúncia da Procuradoria da República sobre o escândalo do mensalão foi convertida pelo STF em ação penal, Lewandowski foi o ministro que mais divergiu do voto do relator Joaquim Barbosa. Foram 12 divergências. Discordou, por exemplo, do acolhimento da denúncia contra José Dirceu e José Genoino por formação de quadrilha.
A despeito das diferenças, o Supremo mandou ao banco dos réus todos os acusados. Terminada a sessão, Lewandowski foi jantar com amigos numa casa de repastos chamada Expand Wine Store. Em dado momento, soou-lhe o celular. Era o irmão, Marcelo Lewandowski.
O ministro levantou-se da mesa e foi para o jardim externo do restaurante. Para azar de Lewandowski, a repórter Vera Magalhães, acomodada em mesa próxima, ouviu algumas de suas frases. Coisas assim: “A imprensa acuou o Supremo. […] Todo mundo votou com a faca no pescoço.” Ou assim: “A tendência era amaciar para o Dirceu”.
Lewandowski insinuou que, no seu caso, o amaciamento não traria prejuízos à imagem: “Para mim não ficou tão mal, todo mundo sabe que eu sou independente”. Deu a entender que, não fosse pela “faca no pescoço”, poderia ter divergido muito mais: “Não tenha dúvida. Eu estava tinindo nos cascos.”
Convertidas em manchete, as frases de Lewandowski produziram constrangimento no STF. Presidente do tribunal na época, Ellen Gracie, hoje aposentada, divulgou uma nota. Nela, escreveu:
“O Supremo Tribunal Federal – que não permite nem tolera que pressões externas interfiram em suas decisões – vem reafirmar o que testemunham sua longa história e a opinião pública nacional, que são a dignidade da Corte, a honorabilidade de seus ministros e a absoluta independência e transparência dos seus julgamentos. Os fatos, sobretudo os mais recentes, falam por si e dispensam maiores explicações.”
Dos oito ministros indicados por Lula, Lewandowski foi o primeiro cujo nome seguiu para o Diário Oficial depois da explosão do mensalão. O escândalo ganhou o noticiário em maio de 2005, quando Roberto Jefferson jogou o esquema no ventilador numa entrevista à repórter Renata Lo Prete. E Lewandowski chegou ao tribunal em fevereiro de 2006.
Professor com mestrado e doutorado na USP, Lewandowski era desembargador em São Paulo quando Lula o escolheu. Formara-se na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, berço sindical e político de Lula. A família Silva não lhe era estranha. A mãe do ministro fora vizinha de Marisa Letícia, a mulher de Lula. No julgamento do mensalão, mostrou-se solidário sempre que topou com petistas graúdos.
Considerando-se o cargo em que está investido no momento, seria recomendável que Lewandowski narrasse aos colegas de toga e ao país, em sessão pública, transmitida pela TV Jutiça, o que sucedeu entre as quatro paredes do Sheraton, na cidade do Porto, na noite da última terça-feira, dia 7 de julho. Seu silêncio pode levar as almas mais desconfiadas a supor Lewandowski continua “tinindo nos cascos''.
Quanto ao resto dos brasileiros, entre eles os deputados que ouvirão José Eduardo Cardozo na CPI da Petrobras na próxima quarta-feira, ai dos que ousarem encarar os fatos sem horror. Sobretudo depois que ficou entendido que, a partir de agora, tudo é epílogo. Pode ser um epílogo curto ou longo. Só não pode ser medíocre. DO ESTÊNIO

Dilma fora de órbita

A presidente leva o tema do impeachment para dentro do Palácio e dá sinais claros de que o governo está no ar e não sabe o que fazer. Enquanto isso, a oposição vê crescer no Congresso o bloco dos que querem o afastamento de Dilma
Josie Jeronimo -ISTOÉ
Na última semana, em reportagem de capa, ISTOÉ identificou que as condições para um possível afastamento da presidente Dilma Rousseff começavam a se desenhar. Os acontecimentos subseqüentes evidenciaram o clima pró-impeachment. Não se falou em outra coisa no meio político, nos tribunais, nas redes sociais e nas ruas, cada qual com o seu parecer. Mas se houve um retrato mais bem acabado do estado terminal do governo, este foi a entrevista da presidente Dilma Rousseff. Ao responder aos questionamentos de jornalistas da Folha de S. Paulo, na sequência de uma reunião de emergência do governo destinada a discutir justamente a atmosfera de impeachment, Dilma conseguiu cometer o mais crasso erro político para um governante em perigo: levou o tema do próprio afastamento para dentro do Palácio do Planalto. Ao confrontar a constatação dos repórteres de que muitos queriam derrubá-la, a presidente disse: “Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso é moleza. As pessoas caem quando estão dispostas a cair. Não estou”. Político experimentado, o senador Romero Jucá (RR) traçou um paralelo com o comportamento do ex-presidente Fernando Collor, antes de ser apeado do poder: “A presidente Dilma deu uma de Collor, chamou a crise para si”.
Em reportagem de capa, na última semana, ISTOÉ detectou o aprofundamento da crise política, que pode levar ao impeachment
Como já é de praxe, nas mais recentes intervenções de Dilma, os equívocos não cessaram e mostraram uma presidente completamente fora de órbita. Na mesma entrevista, ao afirmar “não tem base para eu cair. Vem tentar”, Dilma fez uma espécie de desafio ameaçador aos órgãos de fiscalização e controle como o TCU e o TSE. Em seguida, depois de classificar de “golpista” o comportamento de opositores, reconheceu as manobras fiscais feitas pelo governo – prática de atrasar de forma proposital o repasse para bancos públicos e privados na tentativa de esconder o rombo na contas públicas. A justificativa apresentada pela presidente, no entanto, foi prosaica, como se um erro justificasse o outro: “O que nós adotamos foi adotado muitas vezes antes de nós”, disse.
AS DECLARAÇÕES DE DILMA NÃO FORAM BEM RECEBIDAS NO TCU E PROVOCARAM MAL ESTAR ENTRE OS ALIADOS DO GOVERNO
As declarações de Dilma, bem como o seu tom, em vez de dissiparem as nuvens pesadas que rondavam o Planalto e reanimar a base aliada, turbinaram ainda mais as conversas sobre o seu afastamento e aprofundaram a crise. Para o professor do Insper, Carlos Melo, Dilma não acertou “nem no momento nem no conteúdo”. “Ela estava muito acuada. Há um clima de desânimo”, acrescentou Paulo Baía, cientista político da UFRJ. Integrantes de partidos aliados, incluindo o PT, criticaram a pegada “autossuficiente” e a “empáfia” de Dilma na entrevista, como se os desdobramentos que levam a um possível afastamento dependessem única e exclusivamente dela. No TCU, as palavras da presidente foram recebidas com indignação. “Aqui não tem carteirada”, afirmou um ministro do tribunal. O relator do processo contra Dilma no tribunal, ministro Augusto Nardes, foi contundente: “Esta é uma questão técnica do tribunal de contas. O governo não precisa de um debate político, mas de um bom advogado”, disse Nardes. Os integrantes do TCU não reagiram apenas às afirmações da presidente. Incomodaram sobremaneira as gestões do Palácio do Planalto no sentido de pressionar a corte a votar pela absolvição de Dilma. O TCU conta com nove ministros. Desses, três estão certo da rejeição das contas da presidente: o relator, Augusto Nardes, Bruno Dantas e José Múcio Monteiro. Apesar de ser amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se Múcio aprovar as conta de Dilma colocará em risco seu próprio trabalho no processo de “pedaladas fiscais”. Em seu voto, o ministro pernambucano apontou que a presidente desrespeitou a lei de responsabilidade fiscal ao usar recursos de bancos públicos para pagar despesas do governo. Três ministros devem votar pela aprovação com ressalvas: Raimundo Carreiro, Benjamin Zymler e Vital do Rego. Assim, a pressão do Planalto recai sobre os indecisos Walton Alencar e Ana Arraes. Em um cenário de divisão, o presidente Aroldo Cedraz pode decidir o futuro de Dilma. Durante a semana, os tucanos alertaram sobre a tentativa de Dilma de intimidar a atuação dos tribunais. “Na verdade, o discurso golpista é o do PT, que não reconhece os instrumentos de fiscalização e de representação de uma sociedade em uma democracia”, afirmou o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG). A possível rejeição das contas do governo, pelo TCU, é um dos caminhos que podem levar à abertura de um processo de impeachment contra a presidente Dilma. Apesar do assédio sobre os ministros do tribunal, o governo avaliava no final da última semana que as chances de condenação de Dilma no tribunal haviam aumentado. Diante desta constatação, o Planalto desencadeou uma operação na Câmara e no Senado para angariar apoios a uma eventual decisão desfavorável à petista. É que se as contas do governo forem reprovadas no TCU o assunto segue para análise no Congresso.
No TSE, outro foro que pode votar pelo afastamento da presidente, a situação de Dilma também não é confortável. Na última semana, chegaram às mãos do ministro João Otávio de Noronha, corregedor que analisa a ação que investiga Dilma por abuso de poder político e econômico, dezenas de emails que descrevem em detalhes a pressão sofrida pela cúpula do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) durante as eleições de 2014. As mensagens trocadas de agosto a outubro envolvem funcionários da Diretoria de Estudos Sociais, o presidente do instituto à época, Sergei Soares, e o então ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri. Os servidores estavam sendo pressionados a adequar números oficiais ao discurso de campanha de Dilma, que mostravam um cenário róseo à população. Projeções sobre redução da extrema pobreza foram usadas como se fossem resultados de pesquisas. Irritado com a utilização de dados forjados em nome do IPEA, o diretor do departamento de Estudos Sociais Herton Ellery Araújo pediu exoneração no dia 13 de outubro. Para evitar sua saída e um escândalo às vésperas do segundo turno das eleições, o ministro Néri, mandou um email sob o título de “cuidado” para o funcionário, no dia 14. “Pensa com carinho na minha proposta. Ao mesmo tempo preservamos a instituição e as pessoas, inclusive você”, escreveu Neri.
ALÉM DO PSDB, PRÓXIMAS MANIFESTAÇÕES CONTRA DILMA DEVERÃO TER O APOIO DO PTB, PSB E SETORES DO PMDB
SEMELHANÇAS COM 1992
Enquanto o PSDB se aproxima dos movimentos de rua, Romero Jucá,do aliado PMDB, diz que Dilma "dá uma de Collor"
Para que a chama do impeachment permaneça acesa até a conclusão dos processos no TCU e no TSE, a oposição aposta na mobilização popular. Conforme apurou ISTOÉ, os senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) ficaram encarregados de fazer a ponte com os movimentos de rua, que marcaram para o dia 16 de agosto – mesmo dia em que os caras pintadas, em 1992, ocuparam as principais avenidas do País – a nova grande manifestação contra a presidente Dilma. Em março, o partido não encampou os protestos para evitar dar conotação partidária à insatisfação popular. Desta vez, a legenda pretende agir de modo diferente. Porém, ao resolver dialogar com os movimentos sociais o PSDB decidiu que a contribuição do partido não será a tarefa de arregimentar militantes e sim a de propor as bandeiras a serem empunhadas pelos líderes dos movimentos. Um dos motes será “Não vamos pagar a conta do PT”, numa referência à crise econômica em que se encontra o País. Articulados com o PSDB, os movimentos também defenderão a renúncia de Dilma e a realização de novas eleições, além do impeachment. O PTB, o Solidariedade e setores do PMDB também ensaiam ir para as ruas. À esquerda, o protesto pode ganhar a adesão, ainda, do PSB. A cúpula do partido é simpática às manifestações. “Não concordamos com a ideia de que impeachment seja golpe. Dependendo do aprofundamento da crise, vamos analisar e tomar uma decisão. A fragilidade de Dilma é semelhante ao período pré-impeachment de Collor”, afirma Carlos Siqueira, presidente do PSB.
Fotos: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO; Jorge William / Agência O Globo, WERTHER SANTANA/ESTADÃO CONTEÚDO; José Cruz/ Agencia Brasil  DO WELBI