NA COLUNA DO CLÁUDIO HUMBERTO
12 DE JULHO DE 2015
Enrolada nas pedaladas fiscais, Dilma
Rousseff reclama com aliados que está nas mãos do presidente da Câmara,
Eduardo Cunha. Ela tem razão em se preocupar. Cunha vive às turras com o
PT, que o hostiliza, e será ele quem analisará a admissibilidade de
eventual pedido de impeachment. E quem o conhece sabe que se ele colocar
o caso em votação, no plenário, dificilmente Dilma escapará. É o que a
apavora.
Na admissibilidade, Eduardo Cunha pode
levar em conta provas de corrupção ou condições efetivas de Dilma
continuar governando o País.
Políticos de proa como o senador Romero
Jucá (PMDB-RR) temem que o pretexto para impeachment pode ser a falta de
governabilidade.
Há três ameaças contra Dilma: a rejeição
das contas no TCU, denúncia por crime financeiro e dinheiro roubado da
Petrobras em sua campanha
Como a votação de cassação de mandato é
aberta, os deputados da base aliada consideram que seria impossível
apoiar Dilma ao vivo, pela TV.
A Organização Pan-Americana de Saúde
(Opas) já recebeu, por meio do Mais Médicos, mais de R$ 4,3 bilhões do
governo federal. Alvo de graves denúncias de uso do programa como
fachada para financiar a ditadura cubana, a Opas repassava aos médicos
apenas 10% dos R$ 11 mil pagos por cada profissional, levando quase
cinquenta cubanos a desertarem e fugirem do Brasil para não correrem
risco de deportação.
Vídeo da TV Band mostrou negociações entre representantes do Ministério da Saúde e da Opas discutindo como acobertar o esquema.
Depois das denúncias, a Opas começou a
pagar R$ 3 mil aos médicos cubanos, quatro vezes menos do que recebem os
de outros países.
A Opas já levou mais de R$ 1 bilhão em 2015, demonstrando que o acordo com os irmãos Castro não sofre com o arrocho do governo.
O PMDB se reuniu na noite de sexta (10),
no Rio, sob a desculpa de discutir com o prefeito Eduardo Paes “os
próximos passos” do partido. Na verdade peemedebistas tentaram convencer
o vice Michel Temer a deixar a articulação política do governo, para
afundar Dilma de vez.
Deputados aliados ao governo andam tão
pessimistas quanto Dilma, em relação ao tempo que lhes resta de governo.
No ritmo atual, eles acham que Dilma não vai “emplacar” nenhum
candidato em 2016.
Ao descontar a inflação, o PIB de R$ 5,5
trilhões em 2014 equivale a menos que os R$ 4,3 trilhões registrados em
2011, quando Dilma assumiu a Presidência, mesmo com a nova metodologia
de cálculo.
Em Paris, certa vez, o ator Omar Sharif,
falecido sexta-feira (10), fez parte do grupo de “brazucas” que agitava
a boate Regine’s, de Regine Choukrum. Ela, depois, chegou até a abrir
filial no Rio de Janeiro.
O Planalto abriu licitação de R$ 86,6
mil para dar cabo a insetos e outros bichos que circulam no palácios
oficiais. Mais da metade, R$ 51,1 mil, é para dedetização dos locais de
trabalho e moradia de Dilma.
Com a popularidade em um dígito (9% no
Ibope mais recente), a presidente Dilma já percebe uma crescente fuga de
apoio no Congresso. Poucos ainda topam se associar à imagem dela.
No PMDB, principal aliado do governo
Dilma, só há dois “caciques” que ainda defendem a presidente Dilma: o
vice-presidente Michel Temer, articulador-geral, e o líder do PMDB no
Senado, Eunício Oliveira (CE).
Nem os petistas apostam no governo
Dilma. Questionada se achava o governo bom, a deputada Érika Kokay (DF)
insistiu na cantilena de que faltam reformas política e econômica.
Justamente as que o PT não fez.
O Movimento em Defesa do Mercado Legal
Brasileiro lança nesta segunda (13) campanha contra o contrabando.
Brasília será inundada por faixas, cartazes e outdoors.
NO ANTAGONISTA
Quando Ricardo Pessoa acusou a campanha
de Dilma Rousseff de embolsar propina da Petrobras, a presidente reuniu
seus asceclas e disse, segundo a Folha de S. Paulo:
"Não sou eu quem vai pagar por isso. Quem fez que pague".
Ela disse também: "Eu não vou pagar pela merda dos outros"...
Ela faz, você paga
A propósito da fazenda de Lula,
registrada em nome de seu laranja, Jonas Suassuna, e reformada pelo dono
da OAS, Leo Pinheiro, leia o que foi publicado na IstoÉ:
"Apesar do nervosismo com a delação de
Ricardo Pessoa, da UTC, Lula teme mesmo a eventual colaboração de Leo
Pinheiro, da OAS. Ele cuidava das despesas pessoais do presidente, de
seus familiares e de seus amigos. Metódico, Pinheiro tinha o hábito de
registrar toda e qualquer ajuda concedida"...
O Antagonista imaginou que, depois de
noticiar o encontro clandestino entre Dilma Rousseff e Ricardo
Lewandowski, em Portugal, a imprensa vomitasse no Palácio do Planalto e
no STF.
Nada disso aconteceu. Só Josias de Souza ficou tão enojado quanto nós...
Jonas Suassuna brigou com Lulinha.
Jonas Suassuna é o empresário que
hospeda Lulinha num apartamento de 6 milhões de reais e que aceitou ser
laranja de Lula na compra de sua fazenda em Atibaia. Quanto a Lulinha,
Lulinha é apenas Lulinha...
Lulinha é Lulinha
Elio Gaspari disse que “um dos mais
talentosos criminalistas de São Paulo, advogado de empreiteiras,
reconheceu há algumas semanas que até agora o trabalho do juiz Sergio
Moro não deixou brechas para a anulação de suas sentenças nas instâncias
superiores”...
Se tiver suas contas rejeitadas pelo
TCU, Dilma Rousseff vai recorrer ao STF. Segundo o Estadão, o governo
vai alegar que o julgamento no TCU tem de ser anulado porque o ministro
Augusto Nardes “constrangeu” seus colegas de tribunal ao antecipar seu
voto em entrevistas.
O Brasil realmente apodreceu...
Os poderes separados se juntaram em Portugal
NO BLOG DO CORONEL
Domingo, 12 de julho de 2015
É escandaloso o que revela a Folha de hoje, como Veja já havia denunciado
meses atrás. A última vez que o Congresso julgou as contas de um
presidente foi em 2002, quando aprovou a gestão de Fernando Henrique
Cardoso. Aliás, como o fez nos anos anteriores dos seus mandatos. Depois
disso, estamos no ano 13 do PT na presidência e jamais o Congresso
julgou uma linha, uma vírgula, um centavo das contas das gestões Lula e
Dilma. Isso explica a roubalheira do Mensalão, do Petrolão, do Eletrolão
que vem aí e do BNDES cuja CPI está prestes a ser aberta. O mais
incrível é que o PT inteiro se mobiliza, pressionando as instituições do
Estado como TCU, AGU, CGU, TSE, STF e outras para encontrar ardis e
mentiras que justifiquem os crimes cometidos por Dilma Rousseff e que
podem levar ao seu impeachment. Até reuniões secretas realizadas em
outros países estão sendo feitas, em flagrante desrespeito aos cidadãos
deste país. Dilma cometeu crimes contra a Lei de Responsabilidade Fiscal
que podem levar ao seu impeachment. Aliás, que a levariam ao
impedimento se as instituições brasileiras não estivessem tão
corrompidas, a começar por um Congresso Nacional que passa 13 anos sem
julgar as contas dos governos. E a terminar por um STF cujo presidente
esconde-se num hotel em Portugal para combinar os próximos passos para
livrar a cara de uma meliante, de uma criminosa, de uma farsante.
NO BLOG DO JOSIAS
Josias de Souza - 12/07/2015 05:36
Fachada do hotel em que Dilma se reuniu com Lewandowski e Cardozo, na cidade portuguesa do Porto
O que aconteceu na última terça-feira,
dia 7 de julho, durante a passagem de Dilma Rousseff pelo Hotel
Sheraton, na cidade portuguesa do Porto? Pode-se afirmar com 100% de
certeza que lá, na elegante hospedaria, a presidente se encontrou com o
comandante do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, e com o
ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Pode-se declarar também, sem
margem para dúvidas, que os três tentaram manter a reunião em segredo.
Por último, é imperioso constatar que essa conversa, por disparatada,
jamais deveria ter ocorrido.
Desde que o primeiro delator da Lava
Jato começou a soar, a plateia esperava pelo sinal de que o fim, ou pelo
menos a encrenca terminal que empurraria a cena para o caos, estivesse
próximo. Aguardava-se o fato que justificasse o uso do ponto de
exclamação que se escuta quando as pessoas dizem “não é possível!” Pois
bem, o sinal foi dado. Esse episódio do encontro que se pretendia
clandestino de Dilma com Lewandowski e Cardozo vai ficar, no enredo da
tragicomédia nacional, como um marco da derrocada. De agora em diante,
tudo é epílogo.
Depois de Paulo Roberto Costa, o
Paulinho, já moveram os lábios outros 17 delatores. O mais recente foi
Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC e coordenador do cartel que
roubou pelo menos R$ 19 bilhões dos cofres da Petrobras. Antes dessa
delação, Dilma silenciava sobre a Lava Jato. Era problema do PT. Por mal
dos pecados, os depoimentos de Pessoa empurraram para dentro da caixa
registradora da última campanha da presidente R$ 7,5 milhões roubados na
Petrobras. E madame teve de dizer algo: “Não respeito delator”.
Dentro de dois dias, a Justiça Eleitoral
tomará o depoimento de Ricardo Pessoa. E os R$ 7,5 milhões podem ser
enfiados nas páginas de um processo em que o Tribunal Superior Eleitoral
perscruta a prestação de contas da campanha de Dilma. O julgamento está
previsto para setembro. Em tese, o veredicto pode levar à destituição
de Dilma e do vice-presidente Michel Temer. Dessa decisão caberia um
recurso para o STF de Lewandowski.
Outro assunto que pode morrer na Suprema
Corte é o parecer que o Tribunal de Contas da União emitirá em agosto
sobre a contabilidade do governo Dilma referente a 2014. São grandes,
muitos grandes, enormes as chances de o TCU rejeitar a escrituração do
governo. Algo que, no limite, poderia levar à abertura no Congresso de
um processo de afastamento de Dilma pela prática de crime de
responsabilidade.
Foi contra esse pano de fundo que Dilma
conversou com Lewandowski e Cardozo em Portugal. Descobertos pelo
repórter Gerson Camarotti, eles tentam emplacar uma fantasia que não
nexo. Nessa versão, difundida pelo ministro da Justiça, sua chefe e o
presidente do Supremo conversaram sobre o projeto que concedeu aos
servidores do Judiciário reajuste salarial médio de 59,5%.
Veja bem: Dilma e Lewandowski trabalham
em prédios vizinhos, um defronte do outro, com a Praça dos Três Poderes
de permeio. Poderiam conversar sobre salários de servidores numa
audiência oficial, em Brasília. Mas querem convencer a plateia de que,
tendo cruzado o Atlântico, alguma razão inadiável levou-os a dialogar
sobre a folha do Judiciário num furtivo encontro noturno, no faustoso
hotel de Portugal. A esse ponto chegamos: o absurdo adquiriu uma doce,
persuasiva, admirável naturalidade.
O brasileiro é um sujeito de poucos
espantos. Horroriza-se pouco, é verdade. Mas convém não cutucar a
paciência alheia com vara tão curta. Dilma estava a caminho da Rússia.
Aterrissou em Portugal a pretexto de reabastecer o jato presidencial. Em
vez de Lisboa, preferiu o Porto. Lewandowski e Cardozo estavam na
cidade de Coimbra. Participavam de um seminário de nome sugestivo: “O
Direito em Tempos de Incertezas.”
Na versão oficial, Lewandowski soube por
Cardozo que Dilma faria escala em Portugal. E pediu ao ministro da
Justiça que intermediasse o encontro com a presidente. Em Brasília, o
mandachuva do STF poderia cruzar a praça a pé para chegar à sala de
Dilma. Em Portugal, teve que vencer os cerca de 120 quilômetros que
separam Coimbra do Porto. E querem que ninguém faça a concessão de uma
surpresa. É certo que o brasileiro baniu dos seus hábitos o ponto de
exclamação. Mas há limites para o cinismo.
Em agosto de 2007, quando a denúncia da
Procuradoria da República sobre o escândalo do mensalão foi convertida
pelo STF em ação penal, Lewandowski foi o ministro que mais divergiu do
voto do relator Joaquim Barbosa. Foram 12 divergências. Discordou, por
exemplo, do acolhimento da denúncia contra José Dirceu e José Genoino
por formação de quadrilha.
A despeito das diferenças, o Supremo
mandou ao banco dos réus todos os acusados. Terminada a sessão,
Lewandowski foi jantar com amigos numa casa de repastos chamada Expand
Wine Store. Em dado momento, soou-lhe o celular. Era o irmão, Marcelo
Lewandowski.
O ministro levantou-se da mesa e foi
para o jardim externo do restaurante. Para azar de Lewandowski, a
repórter Vera Magalhães, acomodada em mesa próxima, ouviu
algumas de suas frases. Coisas assim: “A imprensa acuou o Supremo. […]
Todo mundo votou com a faca no pescoço.” Ou assim: “A tendência era
amaciar para o Dirceu”.
Lewandowski insinuou que, no seu caso, o
amaciamento não traria prejuízos à imagem: “Para mim não ficou tão mal,
todo mundo sabe que eu sou independente”. Deu a entender que, não fosse
pela “faca no pescoço”, poderia ter divergido muito mais: “Não tenha
dúvida. Eu estava tinindo nos cascos.”
Convertidas em manchete, as frases de
Lewandowski produziram constrangimento no STF. Presidente do tribunal na
época, Ellen Gracie, hoje aposentada, divulgou uma nota. Nela, escreveu:
“O Supremo Tribunal Federal – que não
permite nem tolera que pressões externas interfiram em suas decisões –
vem reafirmar o que testemunham sua longa história e a opinião pública
nacional, que são a dignidade da Corte, a honorabilidade de seus
ministros e a absoluta independência e transparência dos seus
julgamentos. Os fatos, sobretudo os mais recentes, falam por si e
dispensam maiores explicações.”
Dos oito ministros indicados por Lula,
Lewandowski foi o primeiro cujo nome seguiu para o Diário Oficial depois
da explosão do mensalão. O escândalo ganhou o noticiário em maio de
2005, quando Roberto Jefferson jogou o esquema no ventilador numa
entrevista à repórter Renata Lo Prete. E Lewandowski chegou ao tribunal
em fevereiro de 2006.
Professor com mestrado e doutorado na
USP, Lewandowski era desembargador em São Paulo quando Lula o escolheu.
Formara-se na Faculdade de Direito de São Bernardo do Campo, berço
sindical e político de Lula. A família Silva não lhe era estranha. A mãe
do ministro fora vizinha de Marisa Letícia, a mulher de Lula. No
julgamento do mensalão, mostrou-se solidário sempre que topou com
petistas graúdos.
Considerando-se o cargo em que está
investido no momento, seria recomendável que Lewandowski narrasse aos
colegas de toga e ao país, em sessão pública, transmitida pela TV
Jutiça, o que sucedeu entre as quatro paredes do Sheraton, na cidade do
Porto, na noite da última terça-feira, dia 7 de julho. Seu silêncio pode
levar as almas mais desconfiadas a supor Lewandowski continua “tinindo
nos cascos''.
Quanto ao resto dos brasileiros, entre
eles os deputados que ouvirão José Eduardo Cardozo na CPI da Petrobras
na próxima quarta-feira, ai dos que ousarem encarar os fatos sem horror.
Sobretudo depois que ficou entendido que, a partir de agora, tudo é
epílogo. Pode ser um epílogo curto ou longo. Só não pode ser medíocre. DO ESTÊNIO