quinta-feira, 11 de maio de 2017

É difícil para Dilma manter a pose de flor do lodo


Entre todas as revelações contidas na delação premiada de João Santana e Monica Moura, uma das mais assustadoras envolve o vazamento de informações sigilosas da Polícia Federal. Acomodada na poltrona de presidente da República, Dilma Rousseff abastecia o casal do marketing petista de informações sobre o andamento da Lava Jato, contou Monica aos investigadores.
Nesta versão, a presidente repassava aos investigados dados recebidos do então ministro da Justiça, o petista José Eduardo Cardozo. Dilma chegou mesmo a antecipar aos amigos a notícia de que ambos teriam a prisão decretada. Esse tipo de procedimento tem nome: é crime.
Diante de tudo o que já foi descoberto pela Lava Jato, não está fácil para Dilma ostentar a pose de flor do lodo. A essa altura, arma-se sobre o penteado da sucessora de Lula uma tempestade semelhante à que dispara trovões e raios que o partam sobre a cabeça do seu mentor e padrinho político. Sem mandato, Dilma será triturada na primeira instância do Judiciário.
Os delatores Santana e Moura informaram também que Lula e Dilma tinham plena ciência do dinheiro sujo que escorria pelos porões das respectivas campanhas presidenciais. Dinheiro vindo das negociatas trançadas na Petrobras. Liberada pelo Supremo Tribunal Federal, a investigação segue o seu curso. Por ora, apenas a sociedade brasileira sente o amargor de uma pena. É como se o Brasil estivesse condenado a uma Lava Jato perpétua. Impossível saber até onde vai escorrer o melado. DO J.DESOUZA

Josias de Souza
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, abespinhou-se com o gesto de um colega. Em ofício à presidência da Corte, Marco Aurélio Mello declarou-se impedido de atuar em processos que envolvam o escritório do advogado Sergio Bermudes, onde trabalha sua sobrinha, Paula Mello. Fez isso num instante em o procurador-geral da República Rodrigo Janot tenta impedir Gilmar de julgar casos sobre Eike Batista, pois sua mulher, Guiomar Mendes, também integra os quadros da banca de Bermudes, que defende o empresário.
Gilmar transbordou numa declaração feita ao repórter Jorge Bastos Moreno, de O Globo. Referiu-se a Marco Aurélio em termos radioativos: “Os antropólogos, quando forem estudar algumas personalidades da vida pública, terão uma grande surpresa: descobrirão que elas nunca foram grande coisa do ponto de vista ético, moral e intelectual e que essas pessoas ao envelhecerem passaram de velhos a velhacos. Ou seja, envelheceram e envileceram.”

DE MADURO PARA FEIRA, DE FEIRA PARA FRANKLIN


Como O Antagonista previu, a Lava Jato chegou a Franklin Martins e sua mulher Mônica Monteiro.
Em sua delação, Mônica Moura (Dona Xepa) fez questão de frisar que o dinheiro que recebia de Nicolas Maduro, em espécie, "era repassado para Mônica Monteiro", pois ela e Franklin eram responsáveis pela parte da internet da campanha de Hugo Chávez.
Maduro era muito desconfiado e não queria entregar dinheiro em espécie para mais de uma pessoa, pelo risco da negociação, por isso entregava todo o valor a Mônica Moura que repassava para a mulher de Franklin Martins.
"Importante frisar que Franklin e sua equipe foram contratados pelo partido venezuelano, também sem contrato formal, igualmente sem vínculo com a Pólis."

DO O ANTAGONISTA

Delatora diz que pagou R$ 200 mil à 'Dilma Bolada' a pedido da petista


LETÍCIA CASADO
CAMILA MATTOSO
BELA MEGALE
RUBENS VALENTE
DE BRASÍLIA

11/05/2017 16h42 - Atualizado às 17h34





Reprodução-27.set.2013/Instagram/Palaciodoplanalto
Dilma com Dilma Bolada ----http://instagram.com/p/exNGaWR3mR/#
Jefferson Monteiro, criador do perfil Dilma Bolada, ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff
Delatora da Operação Lava Jato, Mônica Moura disse que pagou R$ 200 mil com dinheiro de caixa 2 ao publicitário Jefferson Monteiro, criador da personagem "Dilma Bolada", a pedido da ex-presidente Dilma Rousseff.
Moura afirmou que durante a campanha de 2014 recebeu a orientação para que pagasse Monteiro para ele reativar a página no Facebook e fazer postagens favoráveis ao governo federal.
De acordo com Moura, mais de 1,4 milhão de pessoas seguiam a "Dilma Bolada", o que era uma vitrine na campanha. Porém, no dia 23 de julho, no meio da campanha à reeleição, Monteiro retirou a página do ar, relatou. Isso deixou Dilma "furiosa", segundo a colaboradora. DA FOLHA

Agência de Santana pagou R$ 200 mil ao blog 'Dilma Bolada'

PUBLICADO EM 11/05/17 - 17h44
O casal de publicitários João Santana e Mônica Moura afirmaram aos procuradores da força-tarefa da Lava Jato que a ex-presidenta Dilma Rousseff deu sua garantia pessoal de que os pagamentos pelos serviços de marketing na campanha à reeleição de 2014, incluindo recursos “por fora”, seriam realizados em dia.
Marqueteiros informaram ainda que o publicitário Jefferson Monteiro recebeu R$ 200 mil reais em espécie, oriundos de caixa 2, para que mantivesse sua página satírica “Dilma Bolada” no ar durante a reeleição da petista em 2014. O perfil nas redes sociais ficou conhecido por promover a imagem da ex-presidente de forma bem-humorada.


Ambos firmaram acordo de delação premiada com a Justiça, cujo teor teve o sigilo retirado nesta quinta-feira (11) pelo ministro Edson Fachin, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). O casal contou ter combinado diretamente com Dilma, em 2014, o pagamento de R$ 35 milhões não declarados à Justiça Eleitoral.
“Foi numa conversa em junho de 2014, no Palácio da Alvorada. Dilma Rousseff empenhou sua palavra a João Santana de que já tinha equacionado tudo; que os valores que seriam pagos por fora já estavam garantidos e que dessa vez os pagamentos sairiam mais rápido”, diz o anexo 9 da delação premiada de João Santana.
O empenho pessoal da presidenta foi necessário após o casal de publicitários reclamar de atraso e inadimplência no pagamento de recursos via caixa 2 durante a campanha de 2010, quando receberam R$ 15 milhões não declarados, segundo contaram.
De acordo com a delação, foi tratado pelo então ministro da Fazenda, Guido Mantega, que João Santana e Mônica Moura receberiam R$ 70 milhões de modo declarado e outros R$ 35 milhões por meio de caixa 2. Dos recursos ilícitos, somente R$ 10 milhões teriam sido depositados em contas na Suíça, por meio da empreiteira Odebrecht. Restaram, portanto, R$ 25 milhões a título de dívida.
“Finda a campanha, e como os atrasos permaneciam por mais de dois anos, Mônica Moura aproveitou algumas circunstâncias para tratar diretamente do assunto com a presidente Dilma Rousseff. Isso se deu em conversas particulares entre as duas, nos intervalos de gravações de pronunciamentos oficiais que João Santana dirigia, no Palácio da Alvorada”, diz o texto da delação.
“A presidente sempre se dizia disposta a ajudar e, desde o início, tinha pleno conhecimento de que a Odebrecht ficara responsável pelo pagamento, não oficial, de R$ 35 milhões”, acrescenta o texto.
Defesa
A assessoria de imprensa de Dilma criticou a demora na retirada do sigilo das delações. Em nota à imprensa, a ex-presidenta disse que o casal prestou "falso testemunho e faltou com a verdade em seus depoimentos, provavelmente pressionados pelas ameaças dos investigadores". Segundo o texto, o atraso prejudicou a defesa de Dilma na ação no Tribunal Superior Eleitoral que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, já que as alegações finais da petista já foram encaminhadas ao relator do caso, ministro Herman Benjamin.
"A defesa foi prejudicada pela negativa do relator. Não foi possível cotejar os depoimentos prestados pelo casal à Justiça Eleitoral e na Lava Jato. Agora mesmo, os depoimentos são entregues à imprensa, mas não repassados oficialmente à defesa da presidente eleita", disse a assessoria, complementando que Dilma "acredita" na Justiça e que a verdade "virá à tona e será restabelecida".
Despesas pessoais
Na delação, o casal também afirmou que Dilma teve despesas pessoais, como cabeleireiro e camareira, pagas pelo casal de publicitários, quando já ocupava o Palácio do Planalto em 2010. De acordo com os marqueteiros, após ter vencido a sua primeira eleição, um assessor da então presidente pediu a Mônica que pagasse R$ 4 mil por mês, durante um ano, para sua camareira pessoal, que a acompanhava a todo momento para cuidar de seu cabelo e maquiagem.
“Esses favores eram prestados por se tratar de uma cortesia a uma cliente importante para João Santana e Mônica. Dilma Rousseff, além de presidente, já havia feito com eles a campanha de 2010 e existia a possibilidade de virem a fazer a campanha de 2014”, diz o texto do anexo 9 do acordo de colaboração premiada de Mônica Moura.
Em depoimento, Mônica relatou também ter pago, em 2010 e em 2014, os serviços do cabeleireiro Celso Kamura. Os pagamentos foram feitos em dinheiro. Cada diária do profissional custava R$ 1,5 mil. Foram pagos, no total, R$ 50 mil.
Dilma Bolada
O documento diz ainda que, segundo o casal, o publicitário Jefferson Monteiro recebeu de Mônica Moura, em meio à campanha pela reeleição de Dilma em 2014, R$ 200 mil reais em espécie, provenientes de recursos de caixa 2, para que mantivesse sua página satírica “Dilma Bolada” no ar. O perfil nas redes sociais ficou conhecido por promover a imagem da ex-presidente de forma bem-humorada.
O pagamento teria sido feito a pedido do ex-ministro Edinho Silva, à época tesoureiro da campanha. O publicitário Jefferson Monteiro, por meio de seu perfil no Facebook, negou que tenha recebido a quantia de Mônica Moura. Ironizando as acusações sobre supostos recebimentos que teriam sido direcionados a ele, o publicitário afirmou: "Alguém, por gentileza, me avisa onde que tenho que retirar a quantia porque estou com o aluguel atrasado e o telefone cortado", escreveu.
Segundo a delação, foram pagos também com recursos provenientes de caixa 2 as despesas de viagens dos operadores de teleprompter que atuaram na campanha de reeleição, em 2014. Para comprovar as alegações, João Santana e Mônica Moura apresentaram comprovantes de pagamentos de hotéis e de passagens aéreas. DO O TEMPO

Bandido que se preza morre jurando inocência

Ao tentar esconder a ossada de um crime, Lula tirou do armário o cadáver de outro

 

Um trecho particularmente relevante do depoimento de Lula parece ter escapado aos redatores de manchete da imprensa brasileira: AO MENTIR SOBRE O PEQUENO APARTAMENTO DE TRÊS ANDARES NO GUARUJÁ, LULA CONFESSOU QUE É O DONO DO SÍTIO EM ATIBAIA. Vamos à prova oral.
A derrapagem começa aos 13 minutos do vídeo sete do depoimento. Lula admite que Léo Pinheiro e Paulo Gordilho, dois bucaneiros da OAS, estiveram no seu apartamento em São Bernardo do Campo, mas nega que tenham conversado sobre o tríplex. “E o que eles discutiram com o senhor nessa oportunidade?”, quis saber o representante do Ministério Público. Resposta de Lula: “Eu acho que eles tinham ido discutir a questão da cozinha, que também não é assunto para discutir agora, lá de Atibaia”. Tarde demais. Ao tentar esconder a ossada de um crime, Lula tirou do armário o cadáver de outro.
Para resumir o que foi a maior sequência de mentiras desfiadas por um réu desde a criação do primeiro tribunal, recorro a três frases ditas pelo chefão do bando de corruptos do petrolão a Sérgio Moro: “Você acha que quando seu filho tira nota baixa na escola ele chega pulando de alegria para contar? Se puder, ele vai esconder até o senhor saber. Você acha que alguém que começou a roubar vai contar para alguém que ele está roubando?”
Alguém aí achava que Lula chegaria à sala de Sérgio Moro feliz e ansioso por revelar tudo que fez? Um criminoso que se preze morre jurando que é a alma viva mais pura do mundo. Mesmo que morra na cadeia.

"Dilma ligou para João Santana para avisar sobre prisão". Cardozo vazava as informações da Lava-Jato.

Não há mais como negar: uma quadrilha tomou o poder na era petista. O comportamento de altas figuras do governo, a começar por Dilma e seu ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi ultrajante:
A ex-presidente Dilma Rousseff é acusada de ter ligado para o marqueteiro João Santana para avisá-lo que seria preso na Operação Lava-Jato, segundo delação premiada da empresária Mônica Moura, mulher do publicitário. A chamada telefônica teria ocorrido no dia 21 de fevereiro de 2016, um dia antes do juiz Sergio Moro decretar a prisão do casal, que estava na República Dominicana, trabalhando na campanha presidencial de Danilo Medina.
Conforme VEJA revelou em janeiro deste ano, Mônica Moura e João Santana contaram aos procuradores da Lava-Jato que foi criado um e-mail fictício no Palácio da Alvorada, residência presidencial, para que Dilma pudesse avisar o marqueteiro sobre o andamento das investigações do esquema do petrolão. Segundo a empresária, as informações sigilosas eram repassadas pelo ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo.
Procurada, a assessoria de imprensa de Dilma negou as acusações. (Veja.com). DO O.TAMBOSI

Defesa de Lula prestou informação falsa à sociedade, afirma força-tarefa da Lava-Jato

MPF do Paraná rebateu declarações sobre a ata de uma reunião da diretoria da Petrobras e disse que a defesa teve acesso ao documento

Defesa de Lula prestou informação falsa à sociedade, afirma força-tarefa da Lava-Jato Reprodução,divulgação/Divulgação
A força-tarefa da Operação Lava-Jato divulgou nesta quinta-feira (11) uma nota em que afirma que a defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "prestou informação falsa à sociedade" em coletiva nesta quarta-feira (10) após o depoimento do petista ao juiz Sergio Moro, em Curitiba (PR).O Ministério Público Federal (MPF) do Paraná, que montou a denúncia originária do processo contra Lula, rebateu as declarações dos advogados sobre a ata de uma reunião da diretoria da Petrobras e disse que a defesa teve acesso ao documento, diferentemente do que foi afirmado pelos defensores.
A informação é falsa, uma vez que o documento está no processo desde 14/09/2016, data da acusação criminal. Isso pode ser verificado por qualquer pessoa, mediante acesso ao evento 3, 'COMP25', dos autos eletrônicos n.º 5046512-94.2016.4.04.7000", pontua o comunicado.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
Os procuradores ainda apontam que ocorreram "muitas contradições" no testemunho do ex-presidente e que se manifestarão oportunamente no processo. "Quanto às muitas contradições verificadas no interrogatório do ex-presidente Lula, à imputação de atos a sua falecida esposa, à confissão de sua relação com pessoas condenadas pela corrupção na Petrobras e à ausência de explicação sobre documentos encontrados em sua residência, o Ministério Público Federal se manifestará oportunamente, no processo, especialmente nas alegações finais".
Em entrevista na quarta-feira (11), o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse que o MPF pretende pedir novas diligências na ação antes das alegações finais. Lima também criticou os advogados pelas informações feitas na declaração quando falaram que eram usados papéis que não estavam nos autos.
— Talvez, a defesa devesse olhar os autos com mais cuidado. Todos os documentos que embasam a acusação, inclusive mostrados na audiência, constam nos autos e foram mencionados inclusive aonde constam", afirmou o procurador.
Para Lima, as afirmações da defesa de Lula foram feitas "talvez, para confundir" e são "inadmissíveis". DO ZH

‘Um tanto triste’, diz procurador da Lava Jato sobre Lula responsabilizar Marisa


Carlos Fernando Lima, veterano da força-tarefa do Ministério Público Federal, lembra que ex-primeira dama 'não está aí para se defender'

Daniel Weterman,
enviado especial a Curitiba
Estadão
Carlos Fernando dos Santos Lima.
FOTO RODOLFO BUHRER/ESTADÃO
O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais nomes da força-tarefa da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal (MPF), afirmou que o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao juiz Sérgio Moro, ontem em Curitiba (PR), não teve nenhuma consistência e é positivo para a acusação.
Em entrevista ao Broadcast Político no dia seguinte ao encontro com Lula no prédio da Justiça Federal, o procurador, que estava na sala do interrogatório na tarde de ontem, lamentou o fato de o petista ter imputado à ex-primeira-dama Marisa Letícia, morta em fevereiro, a intenção de adquirir o triplex no Guarujá, objeto da ação penal, como investimento.
“No geral, eu não vi nenhuma consistência nas alegações (de Lula). Infelizmente, as afirmações em relação à Dona Marisa a responsabilizando por tudo é um tanto triste de se ver feitas nesse momento até porque, como o ex-presidente disse, ela não está aí para se defender”, disse.
O procurador avaliou que o depoimento “transcorreu como tinha que transcorrer” e criticou os advogados do petista por ter criticado o MPF e acusado os procuradores e o juiz Sérgio Moro de terem feito perguntas que não constam na denúncia. “Talvez a defesa devesse olhar os autos com mais cuidado”, disse.
Para Lima, a afirmação dada pelos advogados de Lula em coletiva de imprensa após a audiência sobre a atuação de Moro e do MPF no interrogatório “talvez sirva para confundir” e é “inadmissível”. “Para nós, ela é absolutamente sem sentido e capciosa”, completou.
Comentando o embate travado entre Lula e Moro quando o juiz questionou o réu sobre afirmações feitas na semana passada, quando o petista disse que prenderia quem hoje “inventa mentiras contra ele”, o procurador minimizou os efeitos das declarações de Lula. “Presidente não manda prender. Então isso era uma coisa que só podia ser uma forma de se expressar um pouco mais eloquente”, disse.
O procurador afirmou que, obrigatoriamente, o MPF vai pedir mais diligências antes das alegações finais no processo. Lima disse que os procuradores estão definindo neste momento o conteúdo dos próximos pedidos à Justiça.11 de maio de 2015

Charge

Sponholz DO R.DEMOCRATICA

Palocci intermediou caixa dois para campanha de Lula


Informação consta da delação premiada do casal de marqueteiros petistas, cujo sigilo foi levantado hoje pelo STF
Por Renato Onofre
e Eduardo Gonçalves
Veja.com
O marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, deixam a sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba
(Paulo Lisboa/Folhapress)

No acordo de colaboração premiada, cujo sigilo foi levantado nesta quinta-feira pelo Supremo Tribunal Federal, o casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura relata que o ex-ministro Fazenda Antônio Palocci intermediou os pagamentos por fora para a campanha à reeleição do ex-presidente Lula, em 2006, logo após vir à tona o escândalo do mensalão. De acordo com o relato do marqueteiro petista, Lula teria incumbido a Palocci que intermediasse a contratação dele para a campanha de reeleição.
À Procuradoria-geral da República, Mônica Moura afirmou que a primeira negociação com Palocci ocorreu em seu escritório particular em São Paulo quando ele já não era mais ministro — ele foi titular da Fazenda de 2003 a 2006. Na ocasião, ele teria dito a ela que parte do dinheiro teria que ser pago de maneira não oficial em espécie e a outra parte pela Odebrecht. Para isso, orientou-a a procurar o executivo Pedro Novis, que à época comandava a empreiteira.
Para Mônica, Lula sabia do montante não contabilizado destinado à sua campanha, porque Palocci falou por diversas vezes que teria que consultá-lo e ter a sua autorização devido ao valor alto. A campanha, segundo a delatora, custou 24 milhões de reais — 13,7 milhões de reais entrou via caixa 1 e cerca de 10 milhões via caixa dois.
O casal prosseguiu, contando que o combinado era que metade dos 10 milhões seriam pagos por Palocci em dinheiro vivo com o objetivo de criar empecilhos para o rastreamento dos valores. E a outra metade seria quitada pela Odebrecht em transferência para contas no exterior.
Mônica Moura detalha que, entre 2006 e 2007, viajou constantemente a São Paulo para recolher o dinheiro em espécie, que geralmente era entregue dentro de caixas de roupas e sapatos por Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete de Palocci. O ponto de encontro usual era a loja de chá Tee Gschwendner do shopping Iguatemi, na Zona de Sul de São Paulo.
Os outros 5 milhões de reais foram transferidos pela Odebrecht para a conta Shellbill, sediada na Suíça, entre 2006 e 2007.
Para ter o acordo de delação premiada fechado, o casal entregou três documentos à procuradoria — os contratos dos repasses oficiais, o extrato da conta na Suíça e uma agenda de Mônica na qual constava as reuniões com o ex-assessor de Palocci, as viagens para São Paulo e jantares com Palocci DO R.DEMOCRATICA

Lula: ‘Eu não tenho nenhuma influência no PT’

Em depoimento a Sergio Moro, Lula disse que ninguém mais do que ele está interessado em “esclarecer a verdade”. O réu soou vago e contraditório em vários momentos. Noutras passagens, a conselho dos advogados, silenciou. Mas em nenhum trecho do interrogatório o compromisso de Lula com a verdade revelou-se tão maleável quanto no instante em que ele disse ao juiz da Lava Jato: “Eu não tenho nenhuma influência no PT.” Ficou entendido que Lula depondo também é uma pose.
A frase escorregou dos lábios de Lula num instante em que Moro o espremia sobre a inusitada versão de que ele jamais soube da bandalheira que ocorria sob suas barbas presidenciais na Petrobras. Seguiu-se o seguinte diálogo:
— O senhor, tendo indicado ou, pelo menos, dado a palavra final para a indicação ao Conselho de Administração da Petrobras de Paulo Roberto Costa, Renato Duque, Nestor Cerveró e Jorge Zelada, não tinha conhecimento de nenhum dos crimes por ele praticados?
Lula respondeu atacando:
— Não. Nem eu, nem o senhor, nem o Ministério Público, nem a Petrobras, nem a imprensa, nem a Polícia Federal. Todos nós só ficamos sabendo quando foi pego no grampo a conversa do Yousseff com o Paulo Roberto.
Moro insistiu:
— Eu indago ao senhor porque foi o senhor que indicou o nome deles ao Conselho de Adminitração da Petrobras. É uma situação diferente da minha, eu não tenho nada a ver com isso. Nunca participei dessas negociações.
— O senhor soltou o Yousseff. E mandou grampear. O senhor podia saber mais do que eu.
— Não, eu decretei a prisão do Alberto Yousseff, é um pouco diferente. Mas, enfim, o senhor, tendo indicado essas pessoas, não teve conhecimento de nada disso?
Lula, como de hábito, esquivou-se:
— Nada. Eu indiquei tanta gente!
— O senhor, tendo nomeado toda essa gente, entende que não tem nenhuma responsabilidade pelos fatos que eles praticaram na Petrobras?
— Nenhuma responsabilidade.
Moro ampliou o quadro, tornando o interrogatório ainda mais constrangedor:
— Alguns dirigentes de algumas empreiteiras do Brasil —Ricardo Pessoa, da UTC; Marcelo Odebrecht, da Odebrecht; Léo Pinheiro, da OAS; Rogério de sá, Andrade Gutierrez— admitiram que havia um esquema criminoso na Petrobras de pagamento de percentual de propina nos grandes contratos. Parte dela sendo destinada a executivos da Petrobras, outra parte destinada a agentes políticos e partidos polítcos, inclusive ao PT. O senhor não tinha qualquer conhecimento disso?
— Não, porque quem monta cartel para roubar não conta para ninguém. O presidente da República não participa do processo de licitação da Petrobras, de tomada de preços da Petrobras. É um problema interno da Petrobras.
[…]
— Alguns desses dirigentes citaram como responsável no partido dos trabalhadores pela arrecadação desses valores o senhor João Vaccari Neto. O senhor não tinha conhecimento disso?
— Não. Veja que o Vaccari é tesoureiro do PT há pouco tempo. Nós tivemos vários tesoureiros na história do PT.
— Alguns afirmam que ele fazia isso desde 2007. O senhor não tem conhecimento?
— Ele não era tesoureiro do PT em 2007.
— Depois que vieram à tona as informações acerca desse esquema criminoso na Petrobras, inclusive de valores sendo direcionados a agentes políticos e a partidos políticos, inclusive ao Partido dos Trabalhadores, o senhor, ex-presidente, tomou alguma providência a esse respeito?
Lula pede ao juiz para repetir a pergunta. Moro, pacientemente, repete cada palavras. E o pajé do PT:
— Eu já estava fora da Presidência há quatro anos. E o senhor sabe que um ex-presidente vale tanto quanto um vaso chinês. Um vaso chinês é um vaso bonito que você ganha quando é presidente. Quando você deixa a Presidência, você não tem onde colocar ele. Você não sabe como cuidar de um ex-presidente. Você não sabe como cuidar do tal vaso chinês. Eu era ex-presidente em 2014, quando saíram as denúncias da Lava Jato.
Moro foi ao ponto
— Senhor ex-presidente, com sua influência no Partido dos Trabalhadores, solicitou eventualmente para que fosse realizada uma apuração interna para verificar se os fatos afirmados pelos executivos ou pelos agentes da Petrobras eram verdadeiros?
Lula saiu-se, então, com uma verdade vista com os olhos da pose:
— Sabe que essa influência dentro do Partido dos Trabalhadores é porque o Ministério Público não conhece o PT.
Moro espantou-se:
— O senhor não tem influênciua dentro do partido?
— Não. Se eles conhecessem o PT não falariam isso. Eu não participo de nenhuma reunião do PT desde que fui eleito Presidente da República, em 2002. Em 2014, quando eu deixei a Presidência (Lula deixou o Planalto em 2010) é que eu voltei a participar. Então, eu não tenho nenhuma influência no PT. Eu tenho influência na sociedade. Quando eu falo, as pesosas me ouvem. Alguns ouvem, nem todos.
Moro insistiu:
— O senhor não solicitou nenhuma providência para que o PT fizesse algum exame…
— Não, porque eu não era dirigente do PT.
O ex-tesoureiro Vaccari está preso. Já sondou a força-tarefa da Lava Jato sobre a hipótese de tornar-se um delator. Mas ainda não abriu o bico. Nos encontros partidários, ainda é aclamado como “herói do povo brasileiro.” Outro petista preso, Renato Duque, já moveu os lábios mesmo sem ter assinado um acordo de colaboração. Contou a Moro que Lula o chamou para conversar, em 2014. Foi levado à presença do “nine”, como o “chefe” era chamado, por Vaccari. Falaram sobre corrupção e contas secretas na Suíça. Lula orientou-o a apagar os rastros.
Indagado por Moro, Lula viu-se compelido a admitir o encontro. ''Tive uma vez no aeroporto de Congonhas, se não me falha a memória, porque tinha vários boatos no jornal de corrupção e de contas no exterior. Eu pedi para o Vaccari, que eu não tinha amizade com o Duque, trazer o Duque para converconversar.''
O mesmo Lula que dissera ter lavado as mãos diante da Lava Jato por estar fora da Presidência revelou-se um zeloso ex-presidente: ''A pergunta que eu fiz para o Duque foi simples: tem matéria nos jornais, tem denúncias de que você tem dinheiro no exterior, está pegando da Petrobras. Eu falei: 'você tem conta no exterior?' Ele falou: 'Não tenho'. Eu falei: 'Acabou'. Se não tem, não mentiu para mim. Mentiu para ele mesmo.''
Moro emendou uma pergunta óbvia: por que não chamou para conversar os outros ex-diretores da Petrobras que frequentavam o noticiário como salteadores dos cofres da estatal? E Lula, agora um petista bastante preocupado com a imagem do PT: ''O Duque tinha sido indicado pela bancada do PT. O PT indicou o Duque com outros partidos… Eu fiquei muito puto. E ele disse que não [tinha contas no exterior].''
Considerando-se que os réus têm o direito de mentir para não se auto-incriminar, a versão de Lula para a lama que engolfa sua biografia não deveria despertar tanto interesse. Mas o líder máximo do PT soou tão surreal diante de Moro que seu depoimento bale quase como uma autodelação. Para dar crédito a tudo o que disse Lula, é preciso acreditar em tantas coisas improváveis que o desafio passa a ser ao bom senso. DO J.DESOUZA

Judiciário está tão estranho, que Marco Aurélio dá lição de moral em Gilmar Mendes.

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), muitas vezes criticado por tomar decisões nem sempre muito logicas, agiu de modo totalmente inverso ao de seu colega de tribunal Gilmar Mendes. É que ele se declarou impedido para julgar qualquer processo em que atua o escritório do advogado Sérgio Bermudes, porque a sobrinha dele, Paula Mello, atua no escritório. O tema veio à tona na última segunda-feira, quando o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, entrou com ação pedindo para o STF declarar Gilmar Mendes impedido para atuar no habeas corpus de Eike Batista. O empresário é defendido por Bermudes e a mulher do ministro, Guiomar Mendes, atua no escritório. No ofício que Marco Aurélio entregou à presidente do STF, ministra Cármen Lúcia, o ministro afirmou:“Para efeito de distribuição e tomada de voto, informo estar impedido de atuar em processos – subjetivos e objetivos – patrocinados pelo escritório Sérgio Bermudes Advogados e naqueles que, embora atue advogado que não o integre, envolvam cliente do referido escritório de advocacia, nas áreas civil e criminal”;
Marco Aurélio também informou que está impedido de julgar processos em que tenham atuado previamente a mulher dele, a desembargadora Sandra De Santis Mendes de Farias Mello, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF); a filha dele Letícia De Santis Mendes de Farias Mello, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região; e a filha Cristiana De Santis Mendes de Farias Mello, que é procuradora do Distrito Federal e advogada. Também pelo Código de Processo Civil (CPC), um juiz não pode atuar quando outro integrante da família já tiver julgado o caso. O Código de Processo Civil proíbe um juiz de atuar em um processo quando o advogado da causa for cônjuge ou parente até terceiro grau. A regra também proíbe o juiz de atuar quando, no processo, uma das partes é defendida pelo escritório de advocacia onde trabalha o cônjuge ou parente até terceiro grau. Marco Aurélio concluiu afirmando:“Eu fui o juiz que mais se deu por impedido. Por quê? Porque eu tenho uma mulher atuando aqui no TJ. Então em todos os processos dela eu me declaro impedido. Não que eu tenha suscetibilidades extras”. O ministro considerou constrangedor o desentendimento entre Gilmar Mendes e Janot. “É algo indesejável. Estou há 38 anos no Judiciário e nunca enfrentei uma exceção de suspeição, de impedimento de colega. É constrangedor e ruim para o Judiciário como um todo”.
DO A D.B.EM AÇÃO

VIDEOS DO DEPOIMENTO DE LULA AO JUIZ SERGIO MORO-10-05-2017










ESTADÃO

Lula se contradiz sobre relação de Vaccari com Duque

O ex-presidente iniciou o depoimento ao juiz federal Sérgio Moro afirmando que não sabia da amizade entre o ex-tesoureiro do PT e do ex-diretor de Serviços da Petrobrás, mas relatou, em seguida, ter pedido a Vaccari para intermediar reunião com Duque por saber da 'relação' entre ambos

Luiz Vassallo, Julia Affonso, Bruno Ribeiro e Ricardo Brandt
10 Maio 2017 | 23h32 ESTADÃO





O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou atrás em sua própria versão sobre se tinha conhecimento a respeito das relações entre o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto e o ex-diretor da Petrobrás, Renato Duque, ambos condenados na Lava Jato. Inicialmente questionado a respeito por Moro, em interrogatório, nesta quarta-feira, 10, o petista disse ter descoberto a relação de ambos ‘pela denúncia do Ministério Público Federal’. Em seguida, no desenrolar do depoimento, Lula alegou ter pedido a Vaccari, antes desse período, para marcar reunião com o ex-diretor da petrolífera, na qual o teria advertido sobre contas na Suíça. O ex-presidente falou a Moro no âmbito de ação penal em que é réu acusado de receber R$ 3,7 milhões de propinas da OAS.
Durante o interrogatório, ao tratar sobre a parte da denúncia em que o MPF narra o suposto ‘comando’ dos esquemas na Petrobrás por parte de Lula, o juiz federal Sérgio Moro fez uma série de perguntas sobre o conhecimento que o petista tinha sobre as indicações de diretores à Petrobrás e a respeito dos crimes cometidos contra a estatal. O ex-presidente negou ter conhecimento dos ilícitos e de ter relação próxima com as indicações políticas na petrolífera. Ele atribuiu aos partidos políticos, bancadas partidárias, e aos ministros a função de indicar nomes, mas admitiu que tinha a palavra ‘palavra final’, já que, se fosse o contrário ‘não precisaria ter presidente’.
No contexto desta suspeita levantada pelo MPF, Moro questionou Lula sobre um encontro com o ex-diretor da Petrobrás, Renato Duque, no Aeroporto Internacional de Congonhas. O ex-agente público admitiu, em depoimento, ter sido questionado por Lula, nesta ocasião, sobre se teria contas na Suíça. Segundo o ex-agente público, ao ouvir uma negativa sobre a propriedade do dinheiro no exterior, Lula teria dito que ‘tranquilizaria a ex-presidente Dilma’. A reunião, de acordo com o depoente, teria acontecido em 2014, quando o petista não estava mais no cargo.
“Tive uma vez no aeroporto de Congonhas, se não me falha a memória, porque tinha vários boatos de corrupção e de conta no exterior. Eu pedi para que o Vaccari porque eu não tinha amizade com o duque trazer o duque para conversar. Foi numa gala em Congonhas. E eu fiz a pergunta simples: tem matérias nos jornais e denuncias que você tem dinheiro no exterior. Que tá pegando da Petrobrás e colocando no exterior. Você tem conta no exterior? Ele disse: ‘eu não tenho’. Eu falei: ‘acabou, se não tem, não mentiu pra mim, mentiu para ele mesmo’”, afirmou Lula.
“O Vaccari tinha mais amizade com ele do que eu. Eu não tenho nenhuma. Eu não sei se tem amizade. Liguei para o Vaccari e falei: Vaccari, você tem como pedir para o Duque ir numa reunião aqui? Ele falou tenho e ele levou duque lá”, complementou.
Inicialmente, antes da declaração sobre o encontro, Lula havia dito ao juiz Sérgio Moro que só tomou conhecimento da relação de Vaccari com Duque quando foi denunciado pelo Ministério Público Federal. “Não sei. Eu sei que tinha porque, na denúncia, aparece que eles tinham relação”.
Mais tarde, no mesmo depoimento, após relatar a reunião em que admitiu ter pedido a Vaccari para intermediar o contato com o ex-diretor da estatal, o ex-presidente foi questionado pelo juiz Sérgio Moro: “Salvo equivoco, eu perguntei há pouco se o senhor sabia que ele tinha uma relação e o senhor disse: ‘não’. Então o senhor tinha conhecimento de que tinha essa relação”.
“Eu pedi para o Vaccari e perguntei se ele tinha como trazer o Duque numa reunião e ele falou que tinha. Isso não implica que ele tenha relação. Implica que ele podia conhecer”.
Ao ser questionado novamente se sabia ou não da relação entre ambos, Lula voltou a negar. “Eu quero lembrar o seguinte. Relação de amizade é uma coisa e relação é outra. Eu posso sair daqui dizendo: ‘olha, eu conheci dr. Moro, eu tenho relação com ele’. E, na verdade não tenho”.
O juiz Sérgio Moro voltou a perguntar sobre o tipo de relação que o ex-tesoureiro do PT tinha com o diretor da Petrobrás.
“Não sei. O Vaccari está preso, você pode perguntar para o Vaccari. O Duque está preso, você pode perguntar ao Duque”, rebateu.
No âmbito dos esquemas da Petrobrás, João Vaccari Neto foi condenado sob acusação de que intermediava propinas ao PT dentro da estatal. De acordo com depoimento de Renato Duque, o ex-tesoureiro era o arrecadador de vantagens ilícitas para o partido no âmbito de contratos na petrolífera.

A denúncia do Ministério Público Federal sustenta que Lula recebeu R$ 3,7 milhões em benefício próprio – de um valor de R$ 87 milhões de corrupção – da empreiteira OAS, entre 2006 e 2012. As acusações contra Lula são relativas ao recebimento de vantagens ilícitas da empreiteira por meio do triplex 164-A no Edifício Solaris, no Guarujá (SP), e ao armazenamento de bens do acervo presidencial, mantido pela Granero de 2011 a 2016. O petista é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção.
Triplex. O Edifício Solaris era da Cooperativa Habitacional dos Bancários (Bancoop), a cooperativa fundada nos anos 1990 por um núcleo do PT. Em dificuldade financeira, a Bancoop repassou para a OAS empreendimentos inacabados, o que provocou a revolta de milhares de cooperados. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto foi presidente da Bancoop.
A ex-primeira-dama Marisa Letícia (morta em 2017) assinou Termo de Adesão e Compromisso de Participação com a Bancoop e adquiriu ‘uma cota-parte para a implantação do empreendimento então denominado Mar Cantábrico’, atual Solaris, em abril de 2005.
Em 2009, a Bancoop repassou o empreendimento à OAS e deu duas opções aos cooperados: solicitar a devolução dos recursos financeiros integralizados no empreendimento ou adquirir uma unidade da OAS, por um valor pré-estabelecido, utilizando, como parte do pagamento, o valor já pago à Cooperativa.
Segundo a defesa de Lula, a ex-primeira-dama não exerceu a opção de compra após a OAS assumir o imóvel. Em 2015, Marisa Letícia pediu a restituição dos valores colocados no empreendimento.
Bens. A Lava Jato afirma que a OAS pagou durante cinco anos pelo aluguel de dez guarda-móveis usados para armazenar parte da mudança do ex-presidente Lula quando o petista deixou o Palácio do Planalto no segundo mandato. A empreiteira desembolsou entre janeiro de 2011 a janeiro de 2016, R$ 1,3 milhão pelos contêineres, ao custo mensal de R$ 22.536,84 cada.
Toda negociação com a transportadora Granero teria sido intermediada pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, que indicou a OAS como pagante com o argumento de que a empreiteira é uma “apoiadora do Instituto Lula.” Para investigadores da Lava Jato, os fatos demonstram “fortes indícios de pagamentos dissimulados” pela OAS em favor de Lula. Isso porque o contrato se destinava a “armazenagem de materiais de escritório e mobiliário corporativo de propriedade da construtora OAS Ltda”, mas na verdade os guarda-móveis atendiam a Lula.