Fenômeno não foi precedido por um terremoto, o que normalmente dá às autoridades tempo para transmitir um alerta e preparar a população.
Por G1
Um tsunami atingiu as ilhas de Sumatra e Java na noite de sábado (22) e
deixou 222 mortos e 843 feridos, de acordo com o último balanço
divulgado pela Agência Nacional de Gestão de Desastres (BNPB) da
Indonésia. As operações de buscas continuam e, até o momento, não há
registro de vítimas estrangeiras.
O fenômeno não foi precedido por um terremoto,
o que normalmente dá às autoridades tempo para transmitir um alerta e
preparar a população. As ondas gigantes teriam sido provocadas por
deslizamentos sob a água causados por erupções do vulcão Anak Krakatoa,
que fica em uma ilha.
"O número de vítimas pode aumentar, pois não nos chegaram informações
de todas as áreas afetadas", afirmou em comunicado o porta-voz da BNPB,
Sutopo Purwo Nugroho. O Itamaraty informou ao G1 que está monitorando a situação, mas não tem notícias de brasileiros na região.
Por volta das 21h30 de sábado (12h, no horário de Brasília), ao menos
duas ondas gigantes devastaram boa parte das regiões de Pandeglang,
South Lampung, Serang e Tanggamus, no estreito de Sunda. De acordo com
testemunhas, a segunda onda foi muito maior e mais forte do que a
primeira.
Palco atingido
A região turística de Pandenglang, a cerca de 100 km de Jacarta, foi a
mais afetada e já registra 164 mortes e 624 feridos. Centenas de casas e
hotéis ficaram muitos danificados. A região concentra as praias mais
procuradas pelos visitantes como Tanjung Lesung, Sumur, Teluk Lada,
Penimbang e Carita.
Sem alerta, o tsunami surpreendeu os indonésios. Na praia de Tanjung Lesung, uma onda gigante atingiu o palco onde acontecia um show e arrastou a estrutura contra o público. Alguns integrantes do grupo "Seventeen", que fazia o show, e parte dos espectadores morreram. Veja o vídeo: Em Anyer, cidade litorânea de Java situada a 100 km a oeste de Jacarta,
não houve forma de avisar a população porque não tinham sistema de
alarme de tsunami originado por atividade vulcânica. "O sistema de
alarme que temos serve para atividade tectônica mais do que vulcânica",
disse Rahmat Triyono, especialista da Agência Meteorológica,
Climatológica e Geofísica da Indonésia (BMKG, sigla em indonésio).
Especialistas da Agência de Meteorologia, Climatologia e Geofísica e da
Agência de Geologia da Indonésia estão tentando determinar com exatidão
o que ocorreu já que o tsunami não foi precedido de um terremoto, como
geralmente acontece.
As autoridades indicam que houve um deslizamento de terra provocado
pela erupção do vulcão Krakatoa sob a água no Estreito de Sunda, que
divide as ilhas de Java e Sumatra. Ele entrou em erupção novamente logo
após as 21h de sábado (22) e o tsunami ocorreu cerca de meia hora
depois, de acordo com a Agência de Meteorologia, Climatologia e
Geofísica. O incidente teria provoca a formação das ondas devastadoras.
Anel de Fogo do Pacífico
O tsunami de sábado foi o mais recente de uma série de tragédias que
atingiram o país neste ano. No dia 28 de setembro, um terremoto de
magnitude 7,5 na região central da ilha de Célebes desencadeou um
tsunami que deixou mais de 2 mil mortos e mais de 200 mil desalojados, a maioria na cidade de Palu e arredores.
Entre julho e agosto, uma série de tremores na ilha de Lombok, perto da ilha de Bali, deixou 564 mortos e mais de 400 mil deslocados.
Em 2004, um tremor de magnitude 9,1, perto da costa noroeste da ilha de
Sumatra, gerou um tsunami que matou 230 mil pessoas em 14 países no
Oceano Índico.
A Indonésia, um arquipélago de 17 mil ilhas, está em uma das regiões
mais propensas a tremores e atividade vulcânica do mundo: o Círculo de
Fogo do Pacífico. Cerca de 7 mil tremores atingem essa área por ano, em
sua maioria de magnitude moderada.
A região, de cerca de 40 mil km de extensão, tem formato de ferradura e
circunda a bacia do Pacífico, abrangendo toda a costa do continente
americano, além de Japão, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia e ilhas do
Pacífico Sul.