Caso pensado – A reação do senador
Fernando Collor de Mello
(PTB-AL) à Operação Politeia, da Polícia Federal, é mais um clichê de
alguém que tem no currículo escândalo de corrupção que culminou com o
próprio impeachment. Investigado na Operação Lava-Jato, que desmontou o
maior escândalo de corrupção da história nacional, Collor ocupou a
tribuna do Senado Federal, na terça-feira (14), para externar seu
constrangimento diante da ação dos policiais federais, que foi
classificada de ilegal e abusiva.
No momento em que o País clama por mudanças e aposta na ação policial
para varrer a escória política, Fernando Collor mostrou inabilidade ao
criticar a instituição que transformou-se na esperança dos brasileiros
de bem. Ou seja, criticar duramente a Polícia Federal foi um ato de
irresponsabilidade política, mas o senador alagoano preferiu adotar a
tese de que a melhor defesa é o ataque. Repetindo a postura que marcou
sua passagem pela Presidência da República e a consequente derrocada,
Collor manteve-se altivo e calado, como se nada tivesse com o Petrolão.
A estratégia de usar o Senado Federal como escudo foi um grande
equívoco, mas a decisão pode ter resultado de eventual pressão exercida
por Collor sobre o presidente da Casa, senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), também investigado no âmbito da Lava-Jato. Calheiros
propriamente não atacou a operação policial, classificando-a apenas como
“invasão e causou perplexidade”. Sugerir a ilegalidade da Operação
Politeia é outro ato irresponsável dos investigados, pois a ação
policial foi autorizada de forma clara por três ministros do Supremo
Tribunal Federal, entre eles o legalista Celso de Mello, decano da
Corte.
Sabem os leitores que política no Brasil só se faz com muito
dinheiro, por isso alguns parlamentares foram alcançados pela Operação
Lava-Jato. Isso permite acreditar que a conversa entre os dois senadores
(Collor e Calheiros), no começo da tarde de terça-feira, no gabinete da
presidência do Senado, pode ter sido um ultimato de Fernando Collor
para que os envolvidos no esquema criminoso que ainda não foram
alcançados pela Justiça não sejam arrastados ao olho do furacão.
Essa hipótese não deve ser descartada, pois as manifestações da
Polícia Legislativa e do corpo jurídico do Senado foi mal recebida pela
opinião pública, já que a Constituição Federal é cristalina ao
estabelecer que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza”.DO UCHO.INFO