Mandato de procurador-geral termina neste domingo. 'Enquanto houver bambu, lá vai flecha': frase marcou fim da gestão. Ele foi chamado por Collor de 'figura tosca' e por Temer de 'irresponsável'.
Por Filipe Matoso, G1, Brasília
Rodrigo Janot deixará o cargo de procurador-geral da República nesta segunda-feira
(18). Aos 61 anos, ele passou os últimos quatro à frente do Ministério
Público e colecionou polêmicas com políticos investigados pela PGR e
denunciados ao Supremo Tribunal Federal.
O G1
relembra abaixo algumas dessas polêmicas, entre as quais com o
presidente Michel Temer, com os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e
Fernando Collor (PTC-AL), além do deputado cassado Eduardo Cunha
(PMDB-RJ).
- Chega ao fim mandato de 4 anos de Janot à frente da Procuradoria Geral da República
- Janot teve seis antecessores na PGR desde 1988; saiba quem são e o que fizeram
- PGR alcançou no Brasil poder sem paralelo no mundo, dizem especialistas
Há cerca de dois meses, Janot disse "Eu brinco assim: enquanto houver bambu, lá vai flecha".
Essa frase repercutiu a ponto de a defesa de Temer usar como argumento
para o procurador-geral ser afastado dos processos de investigação
relacionados ao presidente. O STF rejeitou.
Os políticos mencionados abaixo foram denunciados por Janot e todos eles negam as acusações imputadas pelo Ministério Público.
A partir desta segunda, a Procuradoria Geral da República será comandada por Raquel Dodge, indicada pelo presidente Michel Temer e aprovada para o cargo pelo Senado.
MICHEL TEMER
Em junho deste ano, Janot denunciou Temer ao STF pelo crime de
corrupção passiva. A acusação foi apresentada com base nas delações de
executivos da JBS. Ao comentar o assunto, Temer disse:
FERNANDO COLLOR
Investigado por Janot, o senador Fernando Collor (PTC-AL) usou vários
discursos na tribuna para criticar a atuação do procurador-geral à
frente do Ministério Público.
Em um desses discursos, Collor o chamou de "figura tosca". O senador também o acusou de "sucessivos vazamentos" de informações sigilosas.
RENAN CALHEIROS
Também investigado por Janot, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL),
ex-presidente do Congresso Nacional, faz discursos frequentes contra o
procurador-geral e contra o Ministério Público Federal. Ele disse, por
exemplo, que a PGR tenta "desmoralizar homens públicos de bem", acrescentando:
Mais recentemente, Renan afirmou, em recado a Janot, que "o brilho dos holofotes ofusca os olhos e cega a razão".
Sempre que procurada após as declarações de Renan, a PGR informava que Janot não comentaria as acusações do senador.
EDUARDO CUNHA
Outro político denunciado por Janot que também fez críticas ao
procurador foi o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O peemedebista foi
preso no ano passado, no âmbito da Operação Lava Jato.
Em 2015, ainda como presidente da Câmara, Cunha afirmou que estava em
uma "guerra política" porque Janot o havia "escolhido" para investigar.
Em julho deste ano, Janot enviou um parecer ao Supremo no qual pediu para a Corte manter Eduardo Cunha preso.
A argumentação do procurador-geral foi que, como o peemedebista não é
mais parlamentar, o "poder delitivo" dele está concentrado na capacidade
que Cunha tem em "influenciar seus asseclas" no Congresso Nacional.