Pois é…
Até esta quarta, pensava-se que Dilma, que era ministra da Casa Civil e
presidente do Conselho de Administração da Petrobras, não soubesse de
nada à época. Prosperou a versão de que a negociação havia sido feita
sem a sua anuência. Errado! Ela não só sabia como votou a favor da
compra. Agora diz que ignorava a obrigação da Petrobras de ficar com a
outra metade da empresa. Com a devida vênia, trata-se de uma cascata. E
QUE SE NOTE: QUANDO A PETROBRAS COMPROU POR R$ 360 MILHÕES METADE DE UMA
EMPRESA PELA QUAL OS BELGAS HAVIAM PAGADO R$ 45 MILHÕES — E DILMA
CONCORDOU! —, JÁ SE TRATAVA DE UM ESCÂNDALO. AFINAL, SÓ NESSA OPERAÇÃO,
SEM QUE SE REFINASSE UM BARRIL DE PETRÓLEO, OS BELGAS OBTIVERAM UM LUCRO
DE 1.500% EM MENOS DE UM ANO.
Mais: o
homem que negociou com a Petrobras em nome dos belgas é Alberto
Feilhaber, um brasileiro que já havia trabalhado na… Petrobras por 20
anos e que se transferira para o escritório da Astra, no EUA. Quem
preparou o papelório para o negócio foi Nestor Cerveró, à frente da área
internacional da empresa brasileira.
Essa
compra escandalosa é hoje investigada pela Polícia Federal, pelo
Ministério Público Federal, pelo Tribunal de Contas da União e, em
breve, por uma comissão do Congresso.
Imaginava-se,
até esta quarta, que tudo era mesmo culpa de José Sérgio Gabrielli,
ex-presidente da empresa, de quem Dilma nunca gostou muito. Agora, a
gente descobre que a soberana sempre soube de tudo, não é mesmo? Parece
que Gabrielli cansou de levar a culpa sozinho. Abaixo, uma síntese do
escândalo, que tem, sim, as digitais de Dilma. Pois é… Lembro do
candidato Lula, em 2002 e em 2006 e da candidata Dilma, em 2010,
acusando os tucanos de querer privatizar a Petrobras, o que nunca
aconteceu. Eles não privatizaram. Prefeririam quebrar a empresa. A
Soberana assumiu o mandato com a ação da empresa valendo R$ 29. Está
sendo negociada agora a R$ 12,60.
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1: Em janeiro de 2005, a empresa belga Astra Oil comprou uma refinaria americana chamada Pasadena Refining System Inc. por irrisórios US$ 42,5 milhões. Por que tão barata? Porque era considerada ultrapassada e pequena para os padrões americanos.
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1: Em janeiro de 2005, a empresa belga Astra Oil comprou uma refinaria americana chamada Pasadena Refining System Inc. por irrisórios US$ 42,5 milhões. Por que tão barata? Porque era considerada ultrapassada e pequena para os padrões americanos.
2: ATENÇÃO
PARA A MÁGICA – No ano seguinte, com aquele mico na mão, os belgas
encontraram pela frente a generosidade brasileira e venderam 50% das
ações para a Petrobras. Sabem por quanto? Por US$ 360 milhões! Vocês
entenderam direitinho: aquilo que os belgas haviam comprado por US$ 22,5
milhões (a metade da refinaria velha) foi repassado aos “brasileiros
bonzinhos” por US$ 360 milhões: 1.500% de valorização em um aninho. A
Astra sabia que não é todo dia que se encontram brasileiros tão
generosos pela frente e comemorou: “Foi um triunfo financeiro acima de
qualquer expectativa razoável.”
3: Um dado
importante: o homem dos belgas que negociou com a Petrobras é Alberto
Feilhaber, um brasileiro. Que bom! Mais do que isso: ele havia sido
funcionário da Petrobras por 20 anos e se transferiu para o escritório
da Astra nos EUA. Quem preparou o papelório para o negócio foi Nestor
Cerveró, à frente da área internacional da Petrobras. Veja viu a
documentação. Fica evidente o objetivo de privilegiar os belgas em
detrimento dos interesses brasileiros. Cerveró é agora diretor
financeiro da BR Distribuidora.
4: A
Pasadena Refining System Inc., cuja metade a Petrobras comprou dos
belgas a preço de ouro, vejam vocês!, não tinha capacidade para refinar o
petróleo brasileiro, considerado pesado. Para tanto, seria preciso um
investimento de mais US$ 1,5 bilhão! Belgas e brasileiros dividiriam a
conta, a menos que…
5: A menos
que se desentendessem! Nesse caso, a Petrobras se comprometia a comprar
a metade dos belgas — aos quais havia prometido uma remuneração de 6,9%
ao ano, mesmo em um cenário de prejuízo!!!
6: E não é
que o desentendimento aconteceu??? Sem acordo, os belgas decidiram
executar o contrato e pediram pela sua parte, prestem atenção, outros
US$ 700 milhões. Ulalá! Isso foi em 2008. Lembrem-se de que a estrovenga
inteira lhes havia custado apenas US$ 45 milhões! Já haviam passado
metade do mico adiante por US$ 360 milhões e pediam mais US$ 700 milhões
pela outra. Não é todo dia que aparecem ou otários ou malandros, certo?
7: É aí
que entra a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, então
presidente do Conselho de Administração da Petrobras. Ela acusou o
absurdo da operação e deu uma esculhambada em Gabrielli numa reunião.
DEPOIS NUNCA MAIS TOCOU NO ASSUNTO.
8: A
Petrobras se negou a pagar, e os belgas foram à Justiça americana, que
leva a sério a máxima do “pacta sunt servanda”. Execute-se o contrato. A
Petrobras teve de pagar, sim, em junho deste ano, não mais US$ 700
milhões, mas US$ 839 milhões!!!
9: Depois
de tomar na cabeça, a Petrobras decidiu se livrar de uma refinaria
velha, que, ademais, não serve para processar o petróleo brasileiro. Foi
ao mercado. Recebeu uma única proposta, da multinacional americana
Valero. O grupo topa pagar pela sucata toda US$ 180 milhões.
10: Isto
mesmo: a Petrobras comprou metade da Pasadena em 2006 por US$ 365
milhões; foi obrigada pela Justiça a ficar com a outra metade por US$
839 milhões e, agora, se quiser se livrar do prejuízo operacional
continuado, terá de se contentar com US$ 180 milhões. Trata-se de um dos
milagres da gestão Gabrielli: como transformar US$ 1,204 bilhão em US$
180 milhões; como reduzir um investimento à sua (quase) sétima parte.
11: Graça
Foster, a atual presidente, não sabe o que fazer. Se realizar o negócio,
e só tem uma proposta, terá de incorporar um espeto de mais de US$ 1
bilhão.
12: Diz o
procurador do TCU Marinus Marsico: “Tudo indica que a Petrobras fez
concessões atípicas à Astra. Isso aconteceu em pleno ano eleitoral”.
Por Reinaldo Azevedo
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