Por Ricardo Noblat
Sexta-feira, 24/11/2017 - 03h47
O
ex-ministro Henrique Eduardo Alves, fidelíssimo aliado do presidente
Michel Temer, continua preso em Natal, acusado de corrupção, mas nem por
isso saiu do PMDB ou foi expulso.
O ex-ministro Geddel Vieira Lima
há mais de 30 anos fiel escudeiro de Temer, continua preso em Brasília,
acusado de receber propina. Nem deixou o PMDB nem foi deixado por ele.
O
ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, mola-mestra do impeachment de
Dilma que permitiu a ascensão de Temer, segue preso em Curitiba. E
filiado ao PMDB, onde ninguém fala mal dele.
O partido presidido
pelo senador Romero Jucá (RR) reuniu seu Conselho de Ética e expulsou
dos seus quadros a senadora Kátia Abreu, do Tocantins. Do que ela foi
acusada?
De criticar o governo Temer antes mesmo de ele começar. E
de continuar a criticá-lo em desacordo com o partido. Kátia foi ministra
da Agricultura do governo Dilma. Votou contra o impeachment.
Por
causa disso, já havia sido suspensa do PMDB por um prazo de 60 dias.
Como não aprendeu com o castigo, como teimou em fazer oposição a Temer,
acabou defenestrada.
Roubar ou ser acusado de roubar não é
considerada falha grave dentro do PMDB – não a ponto de justificar uma
expulsão. Divergir pura e simplesmente de posições do partido passou a
ser.
Josias de Souza
Encontra-se em fase decisiva a ação penal em que a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), é acusada de receber R$ 1 milhão em verbas sujas desviadas da Petrobras. Nesta sexta-feira, a procuradora-geral da República Raquel Dodge protocolou no Supremo Tribunal Federal suas alegações finais (íntegra aqui). No documento, pede a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro de Gleisi, do ex-ministro Paulo Bernardo, marido da senadora, e do empresário Ernesto Rodrigues. Pede também que os réus sejam sentenciados a pagar indenização pelos danos materiais e morais que causaram ao Estado. Coisa de R$ 4 milhões, o equivalente a quatro vezes o montante desviado.
A denúncia que envolve Gleise foi protocolada no Supremo quando Rodrigo Janot ainda era o procurador-geral da República. Virou ação penal em fevereiro. Na sua manifestação, endereçada ao relator da Lava Jato no Supremo, Edson Fachin, a sucessora de Janot reitera que a propina de R$ 1 milhão foi borrifada na caixa registradora da campanha de Gleisi ao Senado, em 2010. A verba foi obtida em trambiques realizados na Petrobras. Coisa urdida e confessada por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal. Gleisi e os outros envolvidos negam.
Em delação premiada, Paulo Roberto Costa disse que o dinheiro foi provido por empresas que superfaturaram contratos na Petrobras. Transitou em espécie, longe do sistema bancário. Foi às mãos do doleiro Alberto Yousseff, que o repassou parceladamente ao empresário Ernesto Rodrigues, a quem cabia transportar a verba de São Paulo para Curitiba, cidade de Gleisi.
Segundo Dodge, os réus tinham plena ciência da má origem do dinheiro. “Paulo Roberto Costa afirmou que Paulo Bernardo era um dos poucos ministros que sabiam que Alberto Youssef era seu operador, ou seja, que o dinheiro vinha de ilícitos da Petrobras”, anotou a procuradora-geral. Segundo ela, as investigações comprovaram o recebimento do dinheiro, que não foi registrado na prestação de contas da campanha de Gleisi à Justiça Eleitoral.
Raquel Dodge sustenta no texto enviado a Fachin que as penas a serem impostas a Gleisi e Paulo Bernardo devem ser “agravadas”. Por quê? “Mais do que corrupção de um mero agente público, houve corrupção em série, de titulares de cargos dos mais relevantes da República, cuja responsabilidade faz agravar sua culpa na mesma proporção”, escreveu a procuradora-geral.
Além da condenação pesada e da indenização salgada, Dodge pede ao Supremo que puna os réus com perda dos cargos públicos que eventualmente estejam ocupando quando vier a sentença.