terça-feira, 6 de maio de 2014

Deutsche Bank alerta investidores para ‘risco’ de reeleição de Dilma

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Com a possibilidade de reeleição da presidente, Deutsche Bank alerta investidores sobre o otimismo exagerado em relação ao Brasil (Foto: Presidência da República)
Texto de Fábio Alves publicado no jornal O Estado de S. Paulo
O banco Deutsche Bank está recomendando os seus clientes a reduzirem sua exposição aos títulos da dívida soberana brasileira denominados em dólar citando como uma das principais razões a perspectiva de reeleição de Dilma Rousseff e o “otimismo” demasiado dos mercados em relação a uma melhora nos fundamentos macroeconômicos do Brasil num eventual segundo mandato da presidente.
O banco alemão espera uma eleição apertada e apenas decidida no segundo turno.
Em nota enviada a clientes ontem, o estrategista para mercados emergentes do Deutsche Bank, Hongtao Jiang, rebaixou o peso dos títulos soberanos do Brasil em dólar de “neutro” para “underweight” (abaixo da média dos títulos que compõem a carteira sugerida para mercados emergentes), o que levaria os investidores a reduzir as suas aplicações nos papéis brasileiros em favor de outros países emergentes.
O Deutsche Bank havia elevado o Brasil para o peso “neutro” em janeiro deste ano, depois de ter deixado os títulos brasileiros por mais de um ano na posição “underweight”. Contudo, diante da recente valorização dos ativos brasileiros e da perspectiva dos fundamentos macroeconômicos, o banco voltou atrás e rebaixou novamente o País.
Jiang também recomenda os investidores favorecerem os títulos com vencimentos mais longos na curva de juros em dólar do País.
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Depois de elevar a avaliação do Brasil, o banco alemão voltou atrás e garantiu que o preço dos títulos brasileiros não compensa (Foto: Deutsche Bank)
“Seguimos esperando que a presidente Rousseff seja reeleita, mas apenas após uma corrida presidencial apertada e com um apelo mais populista”, afirma Jiang em nota a clientes. “Além disso, acreditamos que o mercado está precificando muito otimismo sobre uma melhora potencial de políticas num segundo mandato de Dilma.”
Segundo Jiang, o sub-índice Brasil (na carteira de índices de mercados emergentes globais) registrou uma queda de 25 pontos-base desde o final de março. Uma queda refletiria teoricamente uma melhora na percepção do risco-País.
Agora, segundo Jiang, o sub-índice Brasil está sendo negociado a 15 pontos-base abaixo da média dos títulos de países emergentes com rating soberano de grau de investimento, enquanto que no final de janeiro os papéis brasileiros eram negociados a 30 pontos-base acima da média dos países emergentes com nota de risco semelhante.
Esse nível atual de preços dos títulos brasileiros, ressaltou Jiang aos clientes do Deutsche Bank, “não compensa o risco de contínua deterioração dos fundamentos caracterizados por estagflação, piora no balanço de pagamentos, deterioração da qualidade fiscal, e um horizonte desafiador de política econômica antes e depois das eleições”.
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DO RICARDO SETTI...

Marco Antonio Villa dá adeus ao PT e eu digo: Amém!

Adeus!
Excelente a coluna do historiador Marco Antonio Villa no GLOBO hoje. Faz um breve resumo da trajetória petista no avanço sobre a máquina estatal, mostrando as diferentes etapas em que o PT comprou tudo e todos (ou quase todos), inclusive “atriz mais conhecida como garota-propaganda de banco público do que pelo seu trabalho artístico”, e depois lança seu prognóstico: os ventos mudaram de direção. Diz ele:
Mas tudo tem um começo e um fim, como poderia dizer o Marquês de Maricá. E o fim está próximo. O cenário não tem nenhum paralelo com 2006 ou 2010. O desenho da eleição tende à polarização. E isto, infelizmente, poderá levar à ocorrência de choques e até de atos de violência. O Tribunal Superior Eleitoral deverá ser muito acionado pelos partidos. E aí mora mais um problema: quem vai presidir as eleições é o ministro Dias Toffoli – como é sabido, de origem petista, foi advogado do partido e assessor do sentenciado José Dirceu.
Assumindo que a oposição consiga passar por todos esses obstáculos, que não são poucos, resta a pergunta: será possível governar com a máquina estatal toda tomada pelos cupins petistas? O PT antigo já era uma oposição ferrenha e muitas vezes irresponsável, ignorando os interesses públicos em prol do c0mbate político. Imagina com tantos representantes pendurados em cargos públicos agora. Villa diz:
Se a oposição conseguir enfrentar e vencer todas estas barreiras, não vai ter tarefa fácil quando assumir o governo e encontrar uma máquina estatal sob controle do partido derrotado nas urnas. As dezenas de milhares de militantes vão — se necessário — criar todo tipo de dificuldades para a implementação do programa escolhido por milhões de brasileiros. Aí — e como o Brasil é um país dos paradoxos — será indispensável ao novo governo a utilização dos DAS (cargos em comissão). Sem eles, não conseguirá governar e frustrará os eleitores.
Será algo interessante de se ver. Como lembra Villa, o PT goza de um centralismo absurdo, sendo uma espécie de “leninismo tropical”. Vão esses petistas aceitar sair do estado além do governo? Haverá a ordem de cima para “sabotar” o novo governo, sob os falsos slogans de “preservar as conquistas sociais” e “impedir o retorno ao neoliberalismo”? Não sabemos ainda, e antes é preciso derrotar o PT nas urnas, a despeito de todo o abuso da máquina estatal nas eleições. Mas Villa tem uma visão otimista:
A derrota na eleição presidencial não só vai implodir o bloco político criado no início de 2006, como poderá também levar a um racha no PT. Afinal, o papel de Lula como guia genial sempre esteve ligado às vitórias eleitorais e ao controle do aparelho de Estado. Não tendo nem um, nem outro, sua liderança vai ser questionada. As imposições de “postes”, sempre aceitas obedientemente, serão criticadas. Muitos dos preteridos irão se manifestar, assim como serão recordadas as desastrosas alianças regionais impostas contra a vontade das lideranças locais. E o adeus ao PT também poderá ser o adeus a Lula.
Apesar de historiador ser melhor em analisar o passado do que fazer previsões do futuro, só me resta dizer: Amém!
Rodrigo Constantino-Rev Veja

Lula sobre CPI: ontem e hoje. Ou: Por que o PT teme tanto a CPI da Petrobras?


A reportagem de capa do jornal O GLOBO de hoje mostra como o senador Renan Calheiros, aliado do governo Dilma, decidiu recorrer ao Supremo contra CPI só da Petrobras. Os soldados do governo têm feito de tudo para impedir a CPI, temendo o que mais pode vazar das investigações:
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira para tentar reverter a decisão tomada pela ministra Rosa Weber de mandar o Congresso Nacional instaurar uma CPI para investigar apenas suspeitas de fraude na Petrobras. A ação, escrita por três advogados do Senado, pede que a liminar seja revogada e o processo arquivado. A defesa argumenta que o assunto é de competência exclusiva dos parlamentares, não podendo ser tratado pela Corte. O recurso será julgado no plenário do STF, em data ainda indefinida.
A “ordem” partiu de cima. O ex-presidente Lula, falando aos “blogueiros camaradas”, lembrou que a CPI dos Correios começou para investigar R$ 3 mil e acabou no PT. Disse, com todas as letras, que seu partido devia aprender a lição. Qual mesmo? A de que investigar estatais pode ser algo muito perigoso para seu projeto de poder.
Mas nem sempre Lula e o PT foram contra as CPIs. Quando eram oposição, lutavam pela instalação delas, e Lula acusava de forma um tanto direta, como fez no programa de Serginho Groisman:
Eu sou favorável à CPI por que ela é um instrumento institucional, portanto legal, para apurar falcatruas. A CPI é uma coisa importante pro Brasil. Acho que ao invés de criar as dificuldades que o presidente está criando, era melhor criar as facilidades para que ela se instalasse e se está com medo da CPI é por que, quem sabe, tenha o rabo preso.
Quem te viu, quem te vê! Mas é isso mesmo, Lula: se está com medo da CPI é por que deve ter o rabo preso. Quem não deve, não teme. Mas o PT deve muito, não é mesmo? Dizem por aí que Pasadena é peixe miúdo perto do que poderia sair de uma investigação mais profunda. Há que se investigar o Japão, refinaria em Pernambuco, tanta coisa…
Mas como fica claro, o governo vem fazendo de tudo para impedir a CPI e mais investigações. Ainda temos que ouvir a presidente da Petrobras, Graça Foster, petista de carteirinha cujo amor pela estrela vermelha está entranhado em sua pele, afirmar que tudo será apurado com rigor de dentro. Não! A investigação deve vir de fora, presidente!
Somos obrigados, ainda, a escutar a presidente Dilma usar a cadeia nacional de televisão e rádio em feriado do Dia do Trabalho, prerrogativa de estado, não de governo, para fazer campanha eleitoral e acusar os “outros” de desejarem destruir a maior empresa nacional. Como assim?
Eu poderia jurar que quem quer a Petrobras destruída é o governo Dilma, cuja gestão temerária já fez ela perder metade do valor, envolveu-a em vários escândalos e agora ainda quer impedir investigações. Por que o PT teme tanto a CPI da Petrobras?
Rodrigo Constantino

José Serra, vice de Aécio Neves: será que isso é possível?

José Serra e Aécio Neves numa mesma chapa: será que pode ser desta vez?
José Serra e Aécio Neves numa mesma chapa: será que pode ser desta vez?
José Serra, afinal de contas, pode ser o vice de Aécio Neves na disputa presidencial? Pode. Vai ser? Bem, aí fica difícil dizer. O fato é que o assunto está ganhando corpo. E, até onde se pode perceber, sem a participação ativa nem de um nem de outro. Aécio é o único dos três principais candidatos que não tem ainda um vice definido, e é natural que o partido faça esse debate. O que eu penso? Acho que formariam uma chapa extremamente competitiva e que se estaria diante de um fato novo na disputa — este, sim, capaz de mexer também com o eleitorado, não apenas com o noticiário, como aconteceu com a união entre Marina Silva e Eduardo Campos. Até agora, convenham, parece que uma parcela mínima, se é que aconteceu, do eleitorado da líder da Rede migrou para o candidato do PSB.
Em política, o elemento subjetivo conta, claro!, mas eu acredito muito na força das condições objetivas. Não é segredo para ninguém que a relação entre ambos em disputas anteriores não foi exatamente tranquila. Mas me parece que cabe ao PSDB constatar, como diria o poeta, que um “valor mais alto se alevanta”. Se a eleição fosse hoje — e ainda bem que não é —, Dilma seria reeleita, embora, e parece que ninguém duvida disso, nem ela mesma saiba muito bem por quê. Na verdade, nem o PT. Uma espécie de cartilha lançada pelo partido em seu Encontro Nacional se ocupa mais em dizer por que seus adversários não podem ser eleitos do que em explicar por que ela deve ser reeleita. Em política, a necessidade é um excelente remédio e uma ótima conselheira. E o país precisa dos tucanos unidos — com ou sem a formação da chapa com os dois nomes, diga-se.
Quem acompanhou os artigos escritos por José Serra nos últimos três anos, que estão em sua página pessoal, sabe que ele anteviu com precisão quase milimétrica os descaminhos da economia brasileira, ainda que este ou aquele divirjam de eventuais soluções que propõe. Que fez prognósticos e diagnósticos impecáveis, nem os adversários podem negar. E está, também há poucas dúvidas a respeito, entre os melhores gestores públicos que há no país.
Aécio Neves tem conseguido dar corpo e musculatura à sua candidatura. É, inequivocamente, um homem de oposição — uma tarefa que tem se mostrado ingrata e difícil no país, dada a presença do estado na economia e do governo na vida das pessoas. O oficialismo é onipresente na imprensa até por força inercial, e a mensagem dos que divergem chega com muita dificuldade ao público. Serra é mais conhecido nacionalmente, por enquanto ao menos, do que o senador mineiro e tem, é óbvio, mais presença em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país.
Solução não pode ser problema
Incluo-me entre aqueles que, como analista mesmo, não como torcedor — embora todos saibam que eu jamais votaria em Dilma —, avaliam que o momento é bom para as oposições, em especial para a candidatura do PSDB. É fato, no entanto, que é preciso avançar, mudar de estágio, e um Serra vice me parece que seria uma solução inteligente. Aécio evidenciaria ainda que foi capaz de unir o partido, acabando com uma quase fratura histórica.
Mas solução não pode ser problema. Em lugar de Serra, eu não moveria uma palha para que isso acontecesse. Em lugar de Aécio, eu faria o convite na hora adequada. Essa solução só é possível se for, de fato, consensual — ou se eventuais arestas forem aparadas no mais absoluto silêncio. Se for preciso quebrar uma única lança, mínima que seja, então não vale a pena. Porque aí o ativo vira matéria de rixa política e de questões menores. O PSDB precisa querer.
“Ah, mas se Aécio tivesse topado ser vice de Serra em 2010…” Em política e em história, não existe “se”. Existe o fato. O fato é que as circunstâncias, hoje, conspiram a favor de uma candidatura de oposição — realmente de oposição — e que a união entre Aécio e Serra é uma resposta com a qual muita gente conta e há muito tempo. Mas reitero: tem de ser uma operação suave, que torne tudo mais fácil e mais agradável, como quando se harmoniza uma música. Se for para produzir dissonâncias, convenham: ninguém, muito menos o país, precisa disso. E, claro, encerro com o óbvio: para que ocorra, Aécio precisa querer Serra como vice, e Serra precisa querer ser vice de Aécio. O bom é que ambos são livres para escolher e que ninguém está obrigado a nada, nem pelas circunstâncias.
Mas que seria um golaço da oposição, isso seria.
Por Reinaldo Azevedo