O governador de São Paulo,
Geraldo Alckmin, deu ontem várias entrevistas amestradas, nas quais repetiu que
quer ser candidato à Presidência da República ano que vem, por se considerar “preparado
para o cargo”. Evidentemente, nenhum pretendente a sentar no trono do Palácio
do Planalto dirá o contrário. O problema é que os tucanos nunca estiveram com o
filme tão queimado, como agora, perante o eleitorado, por suspeitas de corrupção
em seus governos. Um grande responsável pela destruição de imagem foi Aécio
Neves – um tucano que está mais para avestruz: não sabe onde enfia a cara...
Geraldo Alckmin tem outros
problemas a enfrentar na corrida maluca à Presidência em 2018. Primeiro, e
antes de tudo, terá de encarar o desgaste de assumir a presidência do PSDB, em
meio ao dilema: jura que apóia o desgastado governo Michel Temer, mas finge que
não quer fazer parte dele. Segundo, terá de enfrentar uma desgastante disputa
interna no “politiburro” para ser indicado candidato. Terceiro, seus 20 anos de
poder no Palácio dos Bandeirantes serão alvos de ataques nunca antes ocorridos,
questionando falhas impecáveis de gestão e suspeitas de corrupção nas áreas de
infraestrutura e transportes. Quarto: seu estilo “picolé de chuchu” não
convence em uma disputa com Lula, Ciro Gomes e Jair Bolsonaro (a cada instante
um nome mais favorito).
O jogo de cena prejudica
Geraldo. Ele tem encontro marcado com o Presidente Michel Temer, no interior
paulista, 0para inaugurações do Minha Casa Minha Vida (programa federal) e Casa
Paulista (programa estadual). Só falta jurar que nada falará com Temer sobre o
tema mais espinhoso do momento: Reforma da Previdência. Até assumir o trono
tucano, Geraldo encena que não quer conversa com ninguém: "Se assumirmos
será só no dia 9. Antes disso não tem conversa, como presidente do partido, com
o Presidente Temer”. A pergunta é: para que tanto fingimento e perda de tempo?
Ontem, ainda no estilo
tucano-em-cima-do-muro, Geraldo repetiu e trepetiu que a reforma da Previdência
proposta pelo governo de Michel Temer terá o apoio de seu partido. Alckmin até defendeu
o projeto com um argumento técnico, em entrevista à Rádio Capital, de São Paulo:
"A Previdência precisa ser
reformada porque há dois sistemas e os dois têm déficit. Só que o do INSS
(Instituto Nacional do Serviço Social), que tem déficit de R$ 160 bilhões a R$
170 bilhões para 32 milhões de aposentados, tem distribuição de renda. Ninguém
ganha mais de R$ 5 mil e a média é 1 salário mínimo e meio. Mas o déficit do
setor público é preocupante. Tem déficit de mais de R$ 80 milhões para menos de
1 milhão de aposentados e pensionistas, com salários muito elevados. É o Robin
Hood às avessas e, por isso, tem que ser corrigido".
Geraldo Alckmin citou os valores
médios pagos ano passado em aposentadorias: R$ 1.191 para o aposentado do INSS,
R$ 8 mil para o servidor do Poder Executivo público, R$ 16 mil para
representantes do Judiciário e R$ 24 mil para o Legislativo. "Não pode ter
um sistema desses. Sempre defendi um regime geral de Previdência e vou lutar
por isso, como já foi feito em São Paulo. Aqui, tanto o Legislativo, o
Judiciário, o Executivo recebe teto do INSS e tem a opção de aderir à
previdência complementar".
Geraldo só ressalvou o óbvio
ululante: que a PEC da Previdência não será facilmente aprovada pelo Congresso,
já que, por ser emenda constitucional, precisa de 308 votos. Geraldo também não
revelou quantos dos 46 deputados tucanos vão votar a favor da reforma temerária
da previdência. O apoio de Geraldo não convence. Ainda mais porque até o
Michelzinho sabe que o Geraldo terá de meter o pau no governo do pai dele
durante o fla-flu da campanha... O ataque no sabor de picolé de chuchu tem
grande risco de não convencer, já que o PSDB fez parte – e agora finge que está
saindo do governo que jura apoiar...
A tucanagem e a falta de estilo
ofensivo torna Geraldo Alckmin um candidato inviável para a vitória em outubro/novembro
de 2018. Geraldo só promete “reformas estruturantes”. Até o Michelzinho e a
maioria do eleitorado já sabem que reforminhas não resolvem. O Brasil precisa
ser passado a limpo e reinventado pela via da Intervenção Institucional para
neutralizar a ação do crime nos três poderes. A única saída é uma mudança
estrutural. Tucanos não querem mudar nada. Por isso, tomarão o maior pau nunca
antes visto na História, em 2018...
O Alerta Total insiste:
novamente, corremos o risco de não termos um debate sério e necessário para a
formulação de um Projeto Estratégico para o Brasil. O fla-flu ideológico é,
tragicamente, a tendência do pleito de 2018. Teremos bate-bocas apaixonados e
histéricos contra e a favor dos candidatos. As discussões sobre mudanças
estruturais não sairão da boca dos políticos profissionais. Esta é a nossa
maior desgraça...
Enquanto isso, a economia
mundial tem previsão de crescer, em média, 3,5%. Outros países ditos “em
desenvolvimento” podem crescer em percentuais até maiores. Nós, os otários
tupiniquins, seguiremos patinando e prometendo novos vôos da galinha, assim que
elegermos o nosso suposto salvador da pátria”... Até quando ficaremos nesta
sacanagem?