sábado, 30 de abril de 2016

Lula sempre ganhou mensalinho da OAS, diz Zuleido Veras, preso em 2007.

Zuleido Veras: O Apedeuta molusco recebia dinheiro desde a década de 80. O dinheiro era para garantir “a sobrevivência” de Lula. Em troca, o PT ajudava a empresa, e que o Cartel de empreiteiras foi montado para eleger Dilma.
O engenheiro Zuleido Veras conhece bem o ambiente de promiscuidade que existe entre o mundo político e as empreiteiras de obras públicas. Em 2007, Veras foi preso em uma operação da Polícia Federal, acusado de pagar propina em troca de contratos milionários no governo - um roteiro de corrupção muito similar ao do hoje famoso petrolão. Dono da construtora Gautama, o empreiteiro ficou doze dias na cadeia, respondeu ao processo em liberdade e, neste ano, o Supremo Tribunal Federal considerou nulas as provas contra ele. Na década de 80, antes de abrir o próprio negócio, Veras ocupou durante dez anos um cargo importante na OAS, uma das empreiteiras envolvidas no escândalo de pagamentos de suborno da Petrobras. Trabalhou ao lado de Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS e hoje um dos condenados no esquema de fraudes na estatal. Nesse período, Veras testemunhou o início de um relacionamento que pode explicar muito sobre alguns eventos ainda em apuração na Operação Lava-Jato.
Além dos golpes contra a Petrobras, Léo Pinheiro está sendo investigado por ter pago propina a políticos importantes, entre eles o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, suspeito de ter recebido de presente da empreiteira um tríplex numa praia do Guarujá e a reforma de um sítio em Atibaia, ambos no Estado de São Paulo. Em entrevista a VEJA, Zuleido Veras conta que as relações financeiras entre Lula e a OAS reveladas pela Lava-Jato não o surpreenderam: elas existiam desde que o ex-presidente ainda era apenas um político promissor. O empresário afirma que Léo Pinheiro sempre deu dinheiro a Lula para "sua sobrevivência", valores que hoje ficariam entre "30.000, 20.000, 10.000 reais", e também ajudava "por fora" nas campanhas políticas do ex-­presidente. Em troca, os petistas estendiam a mão aos interesses da OAS. Veras também diz que o petrolão foi criado no governo Lula com a missão de garantir recursos para eleger Dilma.

Eles querem sabotar o Brasil

Orientados pela presidente Dilma Rousseff e por Lula, movimentos sustentados pelo governo infernizam o País, enquanto o Planalto faz o diabo para tentar inviabilizar a futura gestão de Michel Temer
Por Marcelo Rocha
IstoÉ
A tática é velha, surrada e remete a Roma antiga. Tal como o imperador Nero fez com a capital ocidental do Império, para depois atribuir a culpa aos cristãos, o PT pôs em marcha, nos últimos dias, o que internamente chamou de “política de terra arrasada”.
Orientados pelo ex-presidente Lula, com o beneplácito da presidente Dilma Rousseff, e inflamado por movimentos bancados pelo governo, o partido resolveu tocar fogo no País – no sentido figurado e literal.
A estratégia é tentar inviabilizar qualquer alternativa de poder que venha a emergir na sequência do, cada vez mais próximo, adeus a Dilma. A ordem é sabotar de todas as maneiras o sucessor da petista, o vice Michel Temer, apostando no quanto pior melhor.
Mais uma vez, o PT joga contra os interesses do País. Não importa o colapso da economia, os 11 milhões de desempregados nem se a Saúde, a Educação e serviços essenciais à população, que paga impostos escorchantes, seguem deficientes. A luta que continua, companheiros, é do poder pelo poder.
Como Nero fez com os cristãos, a intenção dos petistas é de que a culpa, em caso de eventual fracasso futuro, recaia sobre a gestão do atual ocupante do Palácio do Jaburu. Só assim, acreditam eles, haveria alguma chance de vitória quando o Senado julgar, em cerca de 180 dias, o afastamento definitivo de Dilma.
Coerente com essa tática de guerrilha, a determinação expressa no Planalto é a de deletar arquivos e sonegar informações sobre a administração e programas para, nas palavras de Lula, deixar Temer “à míngua” durante o processo de transição.
“Salvem arquivos fora do computador e a apaguem o que tiver na máquina. Em breve, a pasta será ocupada por um inimigo”, disse um auxiliar palaciano à ministra da Agricultura, Kátia Abreu, fiel aliada de Dilma, na semana passada.
Nada mais antidemocrático para um partido que, nos últimos dias, posou como o mais democrata dos democráticos, a bradar contra fantasmas golpistas, que só existem mesmo na narrativa petista. “Vamos infernizar o Temer. Agora é guerra”, conclamou Lula em reunião com Dilma na segunda-feira 25.
No PT, tarefa dada é tarefa cumprida, principalmente quando o objetivo é o de promover arruaças e incendiar as ruas. Na quinta-feira 28, coube aos soldados de Lula a tarefa de começar a colocar o plano em prática. Em pelo menos nove estados, movimentos como o MST e o MTST que, ultimamente, só têm fôlego e alguma capilaridade pelo fato de serem aquinhoados pelas benesses oficiais, puseram fogo em pneus e paralisaram estradas e avenidas, causando transtornos à população.
Além do bloqueio de rodovias, os manifestantes planejam invasões de terras e propriedades privadas, onde o apogeu será o 1º de maio.
Sempre que acuado, o PT recorre a esse lamentável expediente. É a exacerbação do “nós contra eles” que, embora seja frágil para tirar o lulopetismo das cordas, é eficiente para mobilizar sua militância. Não seria justo afirmar que o partido esteve sempre na contramão dos anseios e clamores da sociedade. Mas a retrospectiva mostra que em alguns momentos cruciais da história – sobretudo quando estiveram em baixa – os petistas não hesitaram em tomar posições polêmicas para alcançar os seus objetivos muitas vezes nada republicanos.
Em setembro de 1992, ao defender o impeachment do presidente Fernando Collor, o então deputado federal José Dirceu falou do alto da tribuna que o PT apresentaria uma agenda de reformas políticas e econômicas para o Brasil. Foram palavras ao vento.
O PT não só não embarcou na coalizão proposta por Itamar Franco, que assumira o lugar de Collor, como trabalhou incansavelmente, como faz agora, para inviabilizar o novo governo, desde pedidos de impeachment à ferrenha oposição feita contra o Plano Real, o pacote econômico de 1994 que proporcionou a estabilidade econômica do País e que, mais tarde, viria a beneficiar o próprio PT, ao criar o ambiente propício aos avanços sociais.
Em 1982, ano das primeiras eleições estaduais após o golpe de 1964, o partido atacou mais o candidato do PMDB, Franco Montoro, um dos expoentes do movimento das Diretas Já, do que o candidato apoiado por Paulo Maluf e pela ditadura militar.
Em 1985, o PT se posicionou contra a eleição do mineiro Tancredo Neves para a Presidência, em eleição indireta na Câmara, orientando seus deputados a votar nulo. Quem descumpriu a determinação, foi expulso da legenda.
O texto da Constituição de 1988 também foi rechaçado pelo PT por Lula, com bem lembrou a advogada Janaína Paschoal, uma das autoras do pedido de impeachment contra Dilma, em sessão no Senado semana passada.
“Os brasileirinhos devem acreditar nesse livro sagrado”, disse ela visivelmente emocionada e com a Constituição erguida. “Esse é um documento que o PT não assinou”, rememorou ela.
Como se vê, são fartos os episódios na história do partido que denunciam a postura do quanto pior melhor.
Mais recentemente, a legenda se opôs à criação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), norma aprovada em 2000 que obrigou governantes a gastarem só o que arrecadam. É uma legislação muito elogiada, que representou uma mudança de paradigma na administração pública. Não à toa, quinze anos depois de aprovada a LRF sem o endosso petista, a presidente Dilma foi condenada no TCU por contrariar a lei, ao incorrer nas pedaladas fiscais – ironicamente o principal mote do pedido de impeachment.

As ações do PT na tentativa de sabotar o País extrapolam as nossas fronteiras. Nas últimas semanas, o partido usou a máquina pública para tentar disseminar informações falsas a Países e organismos estrangeiros a respeito do processo de impeachment, com o objetivo de deslegitimar o futuro governo.
O ponto alto, e mais inacreditável, foi quando Dilma, depois de mencionar a “grave situação”, e contraditoriamente, afirmar ser o Brasil uma democracia vigorosa, em evento na ONU, pediu a expulsão do País do Mercosul, caso seja confirmado o seu afastamento.
Em grave atentado contra a soberania nacional, o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, formalizaram o pedido em encontro com o secretário-geral da Unasul. Nunca antes na história, um chefe de Estado ou de governo solicitou graves sanções contra o seu próprio País. Mas, no governo do PT, tudo virou possível.
As tentativas de desacreditar o futuro governo Temer começaram antes mesmo da votação do processo de impeachment no plenário da Câmara dos Deputados, no domingo 17 de abril.
Em um discurso duro gravado em vídeo, a presidente Dilma chamou de “traidores da democracia” os defensores do seu afastamento e disse que ficará “gravada na testa” de seus adversários a tentativa de “golpe”.
A fala da presidente seria exibida em cadeia nacional na sexta-feira 15, mas o ministro José Eduardo Cardozo, da Advocacia-Geral da União (AGU), recomendou que a peça não fosse veiculada porque poderia caracterizar crime a utilização de recursos federais para que ela fizesse a defesa de seu mandato. O material, no entanto, acabou vazando e repercutiu amplamente nas redes sociais.
A permanecer nessa toada, Dilma poderá ser questionada no Supremo por suas investidas. A presidente atenta contra os outros poderes quando diz que o processo é ilegal. E isso, segundo o artigo 4º da Lei 1079, é crime de responsabilidade. É impossível sustentar a tese do golpe como quer o PT. A opinião pública está participando do processo - a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), por exemplo, manifestou-se pró-impeachment -, os meios de comunicação dão a devida publicidade ao passo a passo do processo, a comissão especial da Câmara que analisou o pedido se reuniu em sessões públicas, o relatório foi ao plenário em sessão aberta.
O mesmo ocorre agora no Senado. Deputados já articulam entrar com recursos na Justiça para que a presidente seja impedida de acusar a Câmara de golpista, depois de a Casa votar, ancorada na Constituição, pelo seu afastamento.
Não bastassem as tentativas de obstrução de Justiça, atestada em gravações feitas a pedido do juiz Sérgio Moro, impedir ou sabotar a atuação do Legislativo também configura crime de responsabilidade.
Numa outra trincheira política, parlamentares ameaçam provocar o STF caso Dilma confirme a intenção de montar uma espécie de bunker, no Palácio da Alvorada, depois de afastada pelo Senado. Como se trata de uma situação inédita no País, a discussão sobre os direitos e deveres de um presidente afastado vai esquentar nos próximos dias.
A questão é: poderá, Dilma, abrigada em móveis do governo, e utilizando aviões oficiais para suas viagens políticas, continuar a investir contra poderes constituídos?
Enquanto isso, o ex-presidente Lula critica sem corar a face quem, até pouco tempo, esteve na sua base de sustentação, sendo alguns deles parceiros no escândalo do mensalão.
Em recente encontro da Aliança Progressista, Lula disse que “Dilma é vítima de uma aliança oportunista entre a grande imprensa, os partidos de oposição e a tal quadrilha legislativa, responsáveis, segundo ele, por uma agenda do caos”.
O ex-presidente só se esqueceu de dizer que “a quadrilha legislativa” a qual ele se referiu tinha assento preferencial no hotel de onde ele despacha quando os petistas ainda sonhavam em reverter votos contra o impeachment. Ademais, desqualificar um Congresso que lhe foi tão útil e benevolente nos últimos tempos e que, independentemente de sua qualidade, foi eleito pela via democrática, soa como choro de perdedor.
Como o de Nero.
30.Abr.16 - DO R.DEMOCRATICA

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Os sete segredos da 13ª vara federal de Curitiba, a responsável pela Lava Jato

O jurista Joaquim Falcão os apontou em artigo da revista da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro
NONATO VIEGAS
O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato
(Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
O constitucionalista Joaquim Falcão, da FGV do Rio de Janeiro, escreveu artigo para a Fórum, revista da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj), em que observa sete fatores para o sucesso da 13ª vara da Justiça Federal de Curitiba, responsável pela Lava Jato.
São eles:

1 – Juízes, procuradores e delegados são jovens, bem remunerados, ocupam seus cargos por mérito e à luz do Estado Democrático de Direito;
2 – Usam bastante a tecnologia e sabem lidar com a “inteligência de números”;
3 – Sabem trabalhar em conjunto, sem que um “invada a competência do outro”;

4 – Lançam mão de parcerias internacionais em busca de informações. Perceberam que a corrupção não se restringe ao Brasil;

5 – Recorrem às delações premiadas e aos acordos de leniência. Com isso, conseguiram um “fluxo de informações que impulsiona o processo e ao mesmo tempo o expande”;

6 – Focam nos fatos e não em abstrações jurídicas, dificultando o trabalho dos advogados de defesa; e

7 – Contam com a imparcialidade do juiz Sérgio Moro, que tem como agenda o “combate à corrupção”.
DO R.DEMOCRATICA
29/04/2016

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Nobel da Paz fala besteira no Senado e agride a democracia brasileira

Militante argentino revela que a história pode fazer de um lobo um cordeiro, mas não muda sua essência

Por: Reinaldo Azevedo
Alma golpista têm os petistas. Não são capazes de respeitar nem a instituição que lhes garante a legitimidade para falar e atuar, no Parlamento, como representantes do povo. Os petistas, eles sim, jamais aceitaram o resultado de eleições. A menos que as urnas se lhes mostrem favoráveis. Assim é em todas as esferas: municipal, estadual ou federal. Ou estão no comando ou optam pela sabotagem. E não foi diferente desta vez.
O arquiteto e escultor argentino Adolfo Pérez Esquivel, que se notabilizou por defender os direitos dos humanos de esquerda — inclusive o direito que estes teriam de matar inocentes —, está no Brasil. Veio se encontrar com Dilma Rousseff e foi convidado pelos petistas a falar no Senado Federal.
Disparou uma indignidade, que ofende também a Casa que o abrigou e agride a democracia brasileira. Disse:
“Venho aqui ao Brasil trazendo a solidariedade e o apoio de muita gente da América Latina e a minha pessoal [para] que se respeite a continuidade da Constituição e do direito do povo de viver em democracia (…). Creio que, neste momento, há grande dificuldades [advindas] de um possível golpe de estado. E já se utilizou esse mecanismo de funcionamento em outros países do continente, como Honduras e Paraguai”.
Esquivel está com 85 anos. Isso significa que um homem de 85 anos disse uma asneira consolidada, amadurecida pelo tempo.
Vamos ver como um esquerdista carnívoro entrou para a história como um vegetariano, embora não passe de um herbívoro.
Uma breve memória: Esquivel ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1980. Sempre foi um notório militante de esquerda, mas se escondeu sob a proteção vigarista de “militante da paz”. Aliás, essa costuma ser a pele de cordeiro a que os lobos recorrem com mais frequência.
O povo argentino viveu, entre 1976 e 1983, a mais sangrenta ditadura militar de sua história. Entre mortos nas masmorras e desaparecidos, contam-se 30 mil pessoas. Para se ter uma ideia da violência: os mortos e desaparecidos do regime militar brasileiro somam 424, embora a população do país vizinho seja praticamente um quinto da nossa.
Ou por outra: a brutalidade e a insanidade do regime militar argentino conferiu a Esquivel uma santidade ideológica que ele nunca teve. Diante daquele regime gorila, qualquer um que a ele se opusesse poderia reivindicar sua cota de heroísmo e santidade, tanto mais Esquivel, associado a uma grande rede de solidariedade de entidades esquerdistas. Já volto ao dito-cujo.
Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM, reagiu: “Não podemos ser surpreendidos com essas montagens, não foi por acaso que esse senhor veio aqui fazer esse pronunciamento. Isso é uma estratégia que esse plenário não admite. Essa situação é inaceitável. Nunca vi, com 22 anos de Congresso Nacional, as autoridades que nos visitam, sem ter o consentimento de todos os líderes, usarem o microfone para fazer pronunciamento”.
Até o petista Paulo Paim (RS), que presidia a sessão, concordou com a retirada da palavra “golpe”. “Em nenhum instante, o regimento autoriza que a sessão do Senado possa ser interrompida para conceder a palavra a um não senador”, lembrou Cássio Cunha Lima (PB), líder do PSDB.
Em suma, tratava-se de um golpe no Regimento e na própria instituição: “Entendo que isso cause urticária naqueles que são oposição”, afirmou cinicamente Humberto Costa (PE), líder do governo no Senado. Disse, por sua vez, o tucano Aloysio Nunes Ferreira (PSDB): “Esquivel entrou aqui iludido, não sabia das regras do regimento interno, expressou sua opinião. E eu lamento que ele tenha sido levado a isto por colegas nossos: foi uma esparrela que lhe montaram e submeteram o Pérez Esquivel a esse constrangimento”.
Será mesmo?
Não acredito na inocência de Esquivel. Este senhor é um defensor ferrenho da ditadura bolivariana da Venezuela. Quando o regime estava matando pessoas nas ruas, preferiu atacar os EUA. Quando Mauricio Macri foi eleito e aventou a hipótese de usar a “cláusula democrática” do Tratado do Mercosul para punir a Venezuela por suas agressões aos direitos humanos, o que fez o falso “bom velhinho”? Escreveu um carta esculhambando Macri e defendendo Nicolás Maduro.
Esquivel tem se calado sistematicamente sobre as óbvias violências praticadas pelos regimes bolivarianos da América Latina, mas não se constrangeu em enviar a Obama uma carta, pouco antes de sua viagem à Argentina, acusando os EUA de violar sistematicamente os direitos humanos.
Ganhou o Prêmio Nobel da Paz por defender os direitos humanos. A realidade demonstra que tal prêmio tem de ser cassado. Esquivel é um defensor dos direitos que teriam os humanos de esquerda de transgredir as leis, inclusive as democráticas.

Lava Jato denuncia João Santana e ‘núcleo da propina’ da Odebrecht

O procurador da República Deltan Dallagnol.
Foto: Mateus Coutinho/Estadão
Por Mateus Coutinho,
enviado especial a Curitiba
Estadão
Além do marqueteiro das campanhas de Lula e Dilma, força-tarefa acusa mais 16 investigados, entre eles o empreiteiro Marcelo Odebrecht, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari e a mulher de João Santana, Mônica Moura, que está fazendo delação premiada
A força-tarefa da Lava Jato apresentou nesta quinta-feira, 28, duas denúncias contra o casal de marqueteiros que atuou nas campanhas de Dilma Rousseff (2010 e 2014) e Lula (2006), João Santana e Mônica Moura. Uma das denúncias tem como alvo, além do casal, os funcionários do chamado “departamento da propina” da Odebrecht, revelado pelas operações Acarajé e Xepa e o empreiteiro Marcelo Odebrecht. Ao todo, são 17 denunciados nesta quinta, ainda não há detalhes sobre as acusações.
O empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso desde 19 de junho de 2015, também é alvo de uma das denúncias, a terceira contra ele que já foi condenado em uma delas a 19 anos e quatro meses de prisão. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, condenado a 15 anos de prisão na operação é outro alvo das duas denúncias. Também é alvo de uma das denúncias Maria Lúcia Tavares, secretária que atuava no “departamento da propina” da Odebrecht e fez delação premiada revelando como funcionava os repasses de propinas da maior empreiteira do País por meio de apelidos com referências a alimentos e até um software específico. é alvo de uma das denúncias.
VEJA A LISTA DOS DENUNCIADOS:
denunciados
Os procuradores da República em Curitiba, responsáveis pela investigação na primeira instância, concluíram nesta manhã as acusações que devem ser protocoladas à tarde na 13ª Vara Federal de Curitiba, do juiz Sérgio Moro. Uma das denúncias chegou a ser oferecida em março, mas como o juiz Sérgio Moro teve de remeter as investigações para o Supremo, a acusação não chegou a ser analisada. Agora, por decisão do STF, o caso voltou para a primeira instância e será avaliado por Moro.
Até o momento ainda não há informações sobre as denúncias. São as primeiras acusações formais desde que a Lava Jato avançou sobre o “departamento de propinas” da Odebrecht e sobre o ex-senador Gim Argello (PTB), preso preventivamente sob suspeita de receber R$ 5,3 milhões para evitar a convocação de empreiteiros nas CPIs que investigaram a Petrobrás no Senado e no Congresso em 2014.
Com as denúncias de hoje, chegam a 39 as acusações da Lava Jato contra investigados acusados de crimes como corrupção, lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa, tráfico de drogas, crimes contra o sistema financeiro, dentre outros. Das 39 acusações, o juiz Sérgio Moro já proferiu sentença em 18 ações penais, contabilizando 93 condenações cujas penas somadas chegam a 990 anos e sete meses de prisão.
Os investigadores apontaram o pagamento de R$ 6,4 bilhões em propinas, dos quais ao menos R$ 2,9 bilhões já foram recuperados por meio de acordos de colaboração premiada. Ao todo, segundo o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, já são 65 acordos de colaboração firmados no âmbito da operação, a maior do País.28 de abril de 2016

Força-tarefa apresenta nesta quinta duas denúncias contra o casal de marqueteiros das campanhas de Lula e Dilma, sendo uma envolvendo os funcionários da Odebrecht que operavam os pagamentos de propinas
Por Mateus Coutinho,
enviado especial a Curitiba
Procuradoria da República em Curitiba.
Foto: Mateus Coutinho/Estadão
A força-tarefa da Lava Jato vai apresentar nesta quinta-feira, 28, duas denúncias contra o casal de marqueteiros que atuou nas campanhas de Dilma Rousseff e Lula, João Santana e Mônica Moura. Uma das denúncias tem como alvo, além do casal, os funcionários do chamado “departamento da propina” da Odebrecht, revelado pelas operações Acarajé e Xepa e o empreiteiro Marcelo Odebrecht. Ao todo, são 17 denunciados nesta quinta.
O empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso desde 19 de junho de 2015, também é alvo de uma das denúncias, a terceira contra ele que já foi condenado em uma delas a 19 anos e quatro meses de prisão. O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, condenado a 15 anos de prisão na operação é outro alvo das duas denúncias. Também é alvo de uma das denúncias Maria Lúcia Tavares, secretária que atuava no “departamento da propina” da Odebrecht e fez delação premiada revelando como funcionava os repasses de propinas da maior empreiteira do País por meio de apelidos com referências a alimentos e até um software específico. é alvo de uma das denúncias.
Os procuradores da República em Curitiba, responsáveis pela investigação na primeira instância, concluíram nesta manhã as acusações que devem ser protocoladas à tarde na 13ª Vara Federal de Curitiba, do juiz Sérgio Moro. Uma das denúncias chegou a ser oferecida em março, mas como o juiz Sérgio Moro teve de remeter as investigações para o Supremo, a acusação não chegou a ser analisada.
Até o momento ainda não há informações sobre as denúncias. São as primeiras acusações formais desde que a Lava Jato avançou sobre o “departamento de propinas” da Odebrecht e sobre o ex-senador Gim Argello (PTB), preso preventivamente sob suspeita de receber R$ 5,3 milhões para evitar a convocação de empreiteiros nas CPIs que investigaram a Petrobrás no Senado e no Congresso em 2014.

Com as denúncias de hoje, chegam a 39 as acusações da Lava Jato contra investigados acusados de crimes como corrupção, lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa, tráfico de drogas, crimes contra o sistema financeiro, dentre outros. Das 39 acusações, o juiz Sérgio Moro já proferiu sentença em 18 ações penais, contabilizando 93 condenações cujas penas somadas chegam a 990 anos e sete meses de prisão.
Os investigadores apontaram o pagamento de R$ 6,4 bilhões em propinas, dos quais ao menos R$ 2,9 bilhões já foram recuperados por meio de acordos de colaboração premiada. Ao todo, segundo o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, já são 65 acordos de colaboração firmados no âmbito da operação, a maior do País.28/04/2016 -- DO R.DEMOCRATICA

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Editorial do Estadão: Só restou a truculência

Sem argumentos legais ou políticos para derrubar o impeachment, já que o afastamento de Dilma é consenso entre os brasileiros e segue estritamente a previsão constitucional, Lula deixou de lado o pouco que lhe restava de responsabilidade e partiu para o ataque frontal às instituições

Por: Augusto Nunes
A presidente Dilma Rousseff sofreu mais uma significativa derrota na tramitação do processo de impeachment no Congresso. A comissão do Senado que avalia o caso escolheu como relator o tucano Antonio Anastasia (MG), ligado ao presidente do PSDB, Aécio Neves. Os governistas tentaram de todas as formas impedir que Anastasia fosse eleito, mas o colegiado foi implacável: seu nome foi avalizado com apenas 5 votos contrários entre os 21 membros titulares, placar que reitera a galopante desvantagem de Dilma na luta contra o impeachment.
Essa desvantagem tende a crescer, porque o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), em quem o Palácio do Planalto depositava a esperança de manipular o processo em seu favor, demonstrou indisposição para interferir nas escolhas da comissão e no prazo para a conclusão dos trabalhos, que a maioria oposicionista pretende encurtar.
Os seguidos reveses de Dilma e do PT no campo institucional – na Câmara, no Senado e no Supremo Tribunal Federal, que avalizou todo o processo de impeachment até aqui – certamente explicam o destempero do chefão petista Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou sua tropa para ir às ruas e desestabilizar um eventual governo de Michel Temer.
Sem argumentos legais ou políticos para derrubar o impeachment, já que o afastamento de Dilma é consenso entre os brasileiros e segue estritamente a previsão constitucional, Lula deixou de lado o pouco que lhe restava de responsabilidade e partiu para o ataque frontal às instituições.
Em encontro da Aliança Progressista, que reúne partidos de esquerda de várias partes do mundo, Lula disse que Dilma é vítima de “uma aliança oportunista entre a grande imprensa, os partidos de oposição e uma verdadeira quadrilha legislativa, que implantou a agenda do caos”. Essa frase – que estava num discurso escrito, ou seja, não foi dita de forma impensada – resume o atentado que Lula da Silva e seus comparsas estão dispostos a cometer contra a democracia no Brasil.
Incapaz de reunir os votos necessários para impedir o impeachment, nem mesmo depois de tentar comprar deputados num quarto de hotel em Brasília, Lula agora desqualifica o mesmo Congresso que lhe foi tão útil nesses anos todos – e que, acima de qualquer consideração sobre sua qualidade, foi eleito pelo voto direto e, portanto, é legítima representação popular.
No discurso, Lula disse também que o impeachment é uma “farsa” que “envergonha o Brasil aos olhos do mundo”, como se a grande vergonha brasileira não fosse a devastadora corrupção capitaneada pelo PT e seus acólitos, que gangrenou as estruturas do Estado, arruinou a Petrobrás e rebaixou a política nacional a um ordinário balcão de negócios.
O que se vê é Lula fazendo o possível para ampliar essa vergonha, lançando no exterior sua campanha para desacreditar as instituições democráticas. Àqueles dirigentes partidários estrangeiros, o chefão petista disse que “em todo o mundo há vozes responsáveis alertando para os riscos de um golpe de Estado no Brasil” e pediu aos colegas que “levem a seus países a mensagem de que a sociedade brasileira vai resistir ao golpe do impeachment”.
O problema, para Lula, é que sua voz já não tem o vigor dos tempos em que se julgava um grande líder mundial. A campanha movida por ele e por Dilma para sensibilizar governos e entidades mundo afora contra o tal “golpe” tem sido um completo fracasso.
Nem mesmo a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), bloco de inspiração bolivariana, conseguiu aprovar alguma moção de repúdio ao impeachment.
Mas Lula não parece se importar com o vexame. “As ameaças à democracia no Brasil e na América Latina dizem respeito a toda a comunidade mundial. Dizem respeito à luta entre civilização e barbárie”, disse o líder da tigrada. Ele tem razão: hoje, mais do que nunca, é preciso defender a civilização, calçada no respeito às leis, contra a barbárie, representada pela truculência daqueles que, por não terem mais um pingo de dignidade, não sabem perder.

Janot pediu abertura de inquérito contra Lindbergh Farias na Lava Jato

Senador do PT do Rio está na lista de investigados que o procurador-geral da República encaminhou ao Supremo Tribunal Federal nesta semana
Beatriz Bulla, Talita Fernandes
e Andreza Matais

O Estado de S. Paulo
O senador petista Lindbergh Farias
Brasília - O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) está na lista dos políticos que serão investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no esquema de corrupção da Petrobrás. O nome do senador está entre os 28 pedidos de abertura de inquérito enviados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao ministro Teori Zavascki, na última quarta-feira.
Em depoimento de delação premiada, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa disse que trabalhou para o petista na eleição ao governo do Rio de Janeiro no ano passado como arrecadador de recursos de empreiteiras para financiar a campanha. Costa contou aos investigadores da Operação Lava Jato que empreiteiras pagavam propina em troca de contratos com a petroleira. Partidos políticos teriam recebido sua parte no esquema em forma de doações oficiais.
O Estado confirmou que a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), ex-ministra da Casa Civil do governo Dilma Rousseff, também está na lista da PGR com pedido de abertura de inquérito. A procuradoria-geral da República também pediu investigações contra os senadores Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro das Minas e Energia, e Fernando Collor (PTB-AL). Segundo fontes do Judiciário, Collor teria o maior número de indícios contra si, inclusive com dinheiro do esquema depositado em sua conta corrente. O senador tem influência política na BR Distribuidora, uma subsidiária da Petrobrás investigada no esquema. O Estado revelou nesta quinta-feira que o senador Romero Jucá (PMDB-RR), segundo vice-presidente do Senado, também esta na lista dos que poderão ser investigados. A relação inclui ainda os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (RJ) e do Senado, Renan Calheiros (AL), ambos do PMDB.
Palocci. Conforme investigadores, o nome do ex-ministro Antonio Palocci não consta dos pedidos de abertura de inquérito e arquivamento enviados ao STF na última quarta. Ele foi citado por delatores do esquema como um dos que arrecadava o dinheiro da propina para o PT. O MPF trabalha no levantamento de mais indícios para apurar o suposto envolvimento dele com as denúncias. 05 Março 2015

Dando a derrota como certa, PT se prepara para a sabotagem e para 2018

Lula, Dilma e os companheiros sabem que nada mais pode ser feito. Ações desesperadas já miram a próxima disputa

Por: Reinaldo Azevedo
Dilma, Lula, o PT e a turma toda sabem que nada mais pode ser feito para salvar o mandato. Em meados do mês que vem, a presidente será afastada do cargo para não voltar. Ela sai, um novo governo se instala, e a política passa a ter um novo centro gravitacional. Dilma será, como ela mesma diz, carta fora do baralho.
Os companheiros, agora, cuidam de reunir os escombros do PT para “continuar na luta”. Para tanto, vale tudo, inclusive voltar à clandestinidade, mas desta vez no palácio presidencial. Foi o que fez Dilma na segunda à noite: fora da agenda oficial, recebeu no Planalto, além de Lula, os chefões da CUT, MST e MTST — respectivamente, Vagner Freitas, João Pedro Stedile e Guilherme Boulos —, entre outros.
E o que os capas-pretas — ou capas-vermelhas — foram fazer, de modo sorrateiro, na sede do governo federal? Várias coisas. Pediram, por exemplo, que Dilma preencha os cargos vagos no ministério, dada a fuga da base aliada, com quadros dos ditos “movimentos sociais”. A mulher vai ficar lá só mais uns 15 dias, mas eles não resistem a uma boquinha, nem que seja de duas semanas. Também cobraram que ela retire projetos que consideram contrários aos tais interesses populares. Então tá.
De tal sorte a batalha está perdida que Dilma está pensando em comparecer, no dia 1º de Maio, a um ato promovido por esses grupos contra o golpe — aquele que não existe. Vocês entenderam direito: aquela que ainda responde pela Presidência cogita ir a uma manifestação que tem como alvos, na prática, o Congresso, o STF e o vice-presidente da República. Se não comparecer, a presidente prometeu fazer um gesto que demonstre a sua adesão ao protesto. É um despropósito.
Em outras frentes, José Eduardo Cardozo, o advogado-geral da União, na sua luta incansável para se mostrar a cada dia mais patético, protocolou uma petição na Câmara pedindo a anulação da sessão da que autorizou o Senado a abrir processo contra Dilma. Ele sabe que não vai acontecer. Também foi ao encontro de senadores para ver se consegue evitar que, por maioria simples, o processo tenha continuidade, o que obrigará Dilma a se afastar.
Nesta terça, o MST, o mesmo que Dilma paparicou na segunda, organizou protestos em sete Estados contra o impeachment e invadiu uma fazenda no Rio Grande do Sul. Lula, não se sabe com que autoridade, reuniu-se com Renan Calheiros, o presidente do Senado, para discutir a possibilidade de antecipar eleições, o que é inconstitucional.
Aí você tem o direito de perguntar: “Por que tanto esforço, meu Deus? Isso vai dar em alguma coisa?” A resposta: em nada. Dilma vai ser afastada por pelo menos 180 dias e será julgada pelo Senado. Então qual a razão de tanta gritaria, inclusive da própria presidente, que disse na Bahia, nesta terça, que estão tentando sentar na sua cadeira?
É simples! O PT se prepara para dar início à campanha presidencial de 2018. Vai se manter em mobilização permanente até lá. Todo mundo sabe que não é preciso reunir muita gente para gerar transtornos.
Com Dilma fora do Palácio, o PT se sentirá à vontade para pôr a sua tropa na rua, inclusive contra a herança maldita deixada pela petista: desemprego, recessão e serviços públicos em colapso, como é o caso da Saúde.
É claro que há sempre a possibilidade de uma nova revelação da Lava Jato transformar supostos líderes da resistência em presidiários. Mas, enquanto isso não acontece, o PT já começa a juntar os cacos para construir uma nova pauta de reivindicação e de suposta libertação dos… oprimidos.
Ainda não está claro que papel desempenharão nessa fase os companheiros empreiteiros.
As ações do petismo e das esquerdas evidenciam que já dão a derrota como certa. Agora se trata de reunir os fiéis para dar início a uma nova saga. Acho que, desta feita, no entanto, vão quebrar a cara.

terça-feira, 26 de abril de 2016

Lula vai a Renan tentar golpe da nova eleição. Nova falácia golpista: plebiscito. É tudo inconstitucional


Lula se reúne com o presidente do Senado, Renan Calheiros – Pedro Ladeira/Folhapress

Este texto faz picadinho da mais nova aberração criada pelos golpistas do PT; bobagem foi tema da conversa do Apedeuta com presidente do Senado
Por Reinaldo Azevedo 
Fogo morro acima, água morro abaixo e petistas com vontade de dar golpe, ah, meus amigos, é duro de segurar. A água e o fogo continuam quase incontroláveis. Mas, dos petistas, fiquem calmos!, os defensores do Estado de Direito se encarregam.
Luiz Inácio Apedeuta da Silva, aquele que afirmou que há uma quadrilha no comando da Câmara e que tentou administrar o país de um quarto de hotel, como se fosse um prostíbulo, esteve com Renan Calheiros (PMDB-AL) nesta terça. É aquele presidente do Senado de sorte: é investigado em nove inquéritos na Lava-Jato, mas, até agora, nenhuma denúncia do Ministério Público Federal contra ele. Um fenômeno. Mas sigamos.
O Apedeuta foi debater antecipação de eleições, matéria para a qual Renan já fez acenos, na sua incontrolável disposição de fazer embaixadinhas para a esquerda. Bem, até a imprensa engajada na tese está descobrindo que, ainda que a matéria não ferisse cláusula pétrea, e fere, seria preciso apresentar uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) com esse conteúdo.
PECs só são aprovadas com 60% dos votos dos deputados (308) e senadores (49) em duas votações. Como Dilma só conseguiu o apoio de 137 deputados no embate sobre o impeachment, a gente imagina o destino do texto…
Mas ressalto: a tentativa fere o Inciso II do Parágrafo 4º do Artigo 60 da Constituição, que é uma cláusula pétrea. Mesmo que houvesse apoio do Congresso, não poderia ser feito.
Na conversa com Renan — que depois se encontrou com MST, MTST e coisas do gênero —, Lula, que sabe que Dilma já era, foi lá buscar uma maneira de antecipar eleições. E consta que Renan teria falado na possibilidade de um plebiscito…
É mesmo? Então vamos pensar nessa feitiçaria. Plebiscito não se tira da cartola. Está previsto no Artigo 14 da Constituição e é regulamentado pela Lei 9.709, que diz o seguinte no seu Artigo 3º:
“Art. 3o Nas questões de relevância nacional, de competência do Poder Legislativo ou do Poder Executivo, e no caso do § 3o do art. 18 da Constituição Federal, o plebiscito e o referendo são convocados mediante decreto legislativo, por proposta de um terço, no mínimo, dos membros que compõem qualquer das Casas do Congresso Nacional, de conformidade com esta Lei.”
Só pra lembrar: o parágrafo 3º do Artigo 18 diz respeito a fusão e incorporação de unidades da federação. Por Decreto Legislativo, o plebiscito não poderia ser convocado porque antecipar eleições não está entre as “Tarefas do Legislativo”, definidas no Artigo 49 da Constituição e no Parágrafo 3º do Artigo 62. Logo, não pode ser. Se pudesse, o Decreto Legislativo teria de ser aprovado por maioria absoluta dos votos na Câmara e no Senado. Não seria. O governo não conta hoje com 42 senadores e 257 deputados.
O outro caminho, diria alguém, seria o projeto de iniciativa popular, prevista no Artigo 13 da Lei 9.709. Pois é: ocorre que, por esse caminho, pode-se apresentar apenas projeto de lei, e seria necessária uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para mudar a data da eleição — se isso fosse possível.
Mas,queridas e queridos, assim seria se assim pudesse ser. Todas essas artimanhas, além de inviáveis em si mesmas, agridem cláusula pétrea da Constituição.
Não haverá antecipação de eleição. Ponto final. Como bem lembrou o vice-presidente Michel Temer no encontro com sindicalistas, isso, sim, é uma tentativa de golpe.
E, que eu saiba, ainda existem juízes em Brasília. 26/04/2016

"Uma linha de investigação aponta Lula no comando"

terça-feira, 26 de abril de 2016

Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos procuradores da Lava Jato, diz que o ex-presidente esteve no centro do petrolão e dá uma má notícia aos acusados: há pouco espaço para novos delatores
DANIEL HAIDAR
ÉPOCA

Um dos condutores da Operação Lava Jato, o procurador regional da República Carlos Fernando dos Santos Lima evita fazer juízos definitivos, mas não esconde a convicção a que chegou a força-tarefa que investiga o esquema de corrupção que corroeu a Petrobras. “Há uma linha de investigação que aponta Lula na cadeia de comando”, afirma nesta entrevista a ÉPOCA. Negociador-chefe dos acordos de delação premiada, Carlos Fernando não tem boas notícias para quem ainda busca esse entendimento: como já se sabe quase tudo sobre o caso, há cada vez menos espaço para novos delatores; quem quiser reduzir sua pena terá de contar algo muito valioso aos investigadores. “Precisamos punir as pessoas, não é possível fazer acordo com todo mundo”, diz Carlos Fernando. “Vai ter de trazer uma coisa muito extraordinária.”
ÉPOCA – Qual a distância que a Lava Jato tem a percorrer para alcançar o chefe da quadrilha do petrolão?
Carlos Fernando dos Santos Lima – Temos claro hoje que a pessoa do ex-presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) tem uma responsabilidade muito grande nos fatos. Há uma linha de investigação que aponta ele na cadeia de comando. Temos indicativos claros de que havia conhecimento dele a respeito dos fatos e o governo dele era o principal beneficiado do financiamento da compra de base de apoio parlamentar. Infelizmente não estamos com esse processo aqui. O tempo será dado pelas circunstâncias da decisão do Supremo de mandar para Curitiba as investigações ou não

O procurador regional da república Carlos Fernando dos Santos Lima: "Temos claro hoje que a pessoa do ex-presidente tem uma responsabilidade muito grande nos fatos"
(Foto: Ernesto Rodrigues/Folhapress)
ÉPOCA – No caso de Lula, há convicção de que houve crime na reforma do sítio de Atibaia e no caso do apartamento tríplex em Guarujá? Lula é, de fato, dono do sítio?
Carlos Fernando
– Infelizmente o material está fora daqui e não podemos fazer essa afirmação hoje. Existem diligências que não pudemos fazer. Há diligências que deveriam ser feitas, e não foram feitas. Não temos dúvida de que ele era a pessoa que tinha usufruto daquele sítio. Mas ainda precisamos fazer uma série de diligências. No tríplex é a mesma situação. Não temos nenhuma dúvida.

ÉPOCA – A repercussão da condução coercitiva de Lula atrapalhou a operação?
Carlos Fernando
– Toda decisão envolvendo o ex-presidente teria repercussões. Insistimos que nós conduzimos 116 pessoas antes do ex-presidente – mas somente a do Lula gerou esse tipo de discussão. Qualquer coisa que fosse feita seria usada politicamente, porque a única defesa possível nesse caso é a defesa política. A condução foi baseada na verificação da interceptação telefônica, de que havia a montagem de um esquema de resistência a qualquer ato de nossa parte. Nossa preocupação foi tirá-lo do local para evitar o risco a ele, aos nossos agentes, e também impedir essa movimentação. Chegaram a dizer que algumas pessoas iriam acampar na frente do prédio para evitar qualquer tipo de atitude nossa. A condução se baseou em fatos concretos que indicavam a dificuldade de cumprir medidas.

ÉPOCA – Vários acusados estão presos, mas os políticos estão sendo processados em velocidade mais lenta. Não há risco de a população se frustrar?

Carlos Fernando
– O foro privilegiado é o principal fator que causa essa disparidade de velocidade. É natural que o Supremo Tribunal Federal não esteja preparado para um número tão grande de pessoas. Não creio que o STF, por maior que seja a boa vontade, tenha condições de chegar à velocidade de um juiz de primeiro grau. Gostaríamos que houvesse uma discussão em nível constitucional sobre a reforma dessa questão do foro. O Brasil é um dos países com a maior quantidade de pessoas com foro privilegiado. Eu, por exemplo, tenho foro no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e não creio que isso seja republicano. Esses empecilhos só são superáveis se houver reforma constitucional.

ÉPOCA – O novo ministro da Justiça criou alguma dificuldade para a Lava Jato?

Carlos Fernando
– Salvo a primeira manifestação dele, que pode ter sido mal compreendida ou não foi exatamente muito feliz, não tenho nada de concreto a falar.

ÉPOCA – Há risco para as investigações em um eventual governo Michel Temer?
Carlos Fernando
– Nós não temos nenhuma opinião formada sobre essa ou aquela posição política. O doutor Temer é professor de Direito Constitucional e entende os limites republicanos no país. Cremos que não haverá nenhum perigo ou tentativa de limitar o alcance das investigações.

ÉPOCA – Vocês estão preocupados com o cerceamento da Polícia Federal?
Carlos Fernando
– Temos essa preocupação porque é uma equipe muito produtiva e eficiente. A Lava Jato surgiu por uma investigação deles e depois se transformou no que é. E eles (os policiais) têm uma estrutura mais hierarquizada e com menos garantias que a nossa (procuradores). Temos também preocupação com tentativas de assassinato de reputação do juiz Sergio Moro, porque, seja qual for a decisão que ele tomou, tomou dentro de seu poder como juiz. Então tentativas de desqualificá-lo são inaceitáveis. Há ainda um risco de segurança e ele deve se proteger. É bom deixar claro que as investigações não são conduzidas pelo juiz: juiz tem apenas a função de tomar determinadas decisões. Investigações são feitas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal.

ÉPOCA – Pelo menos cinco empreiteiras negociam acordos de leniência e de delação premiada. Esses acordos podem não sair?
Carlos Fernando
– Nós temos a função primordial de fazer acordos de leniência. (Mas) Nós entendemos que não é possível um acordo (de delação) com mais do que uma grande empreiteira. Estamos dispostos a conversar com aquela empreiteira que trouxer o melhor para o interesse público: mais provas, mais fatos novos e o maior valor de ressarcimento possível. Só há lugar para mais uma empreiteira. Precisamos punir as pessoas, não é possível fazer acordo com todo mundo.

ÉPOCA – Só cabe mais um sócio ou executivo de empreiteira nas delações?
Carlos Fernando
– Sobre sócio ou executivo, isso vai ser analisado em conjunto com a Procuradoria-Geral da República. Não vou dizer que só há lugar para mais um, porque a questão é analisar o que cada um pode ajudar. Chegamos a uma fase em que nós estamos com tantas provas que realmente pouca novidade pode aparecer. Aquele que atender ao interesse público pode ganhar um acordo. Vai ter de trazer uma coisa muito extraordinária.

ÉPOCA – Quase um terço dos réus da Lava Jato são delatores. Existe uma quantidade máxima?

Carlos Fernando
– Não existe número mágico. O número hoje de delatores corresponde a um terço, mas também temos um represamento de denúncias, porque não podemos inundar a 13a Vara Federal do Paraná com todas as denúncias ao mesmo tempo. Posso deixar bem tranquilo que essa proporção vai aumentar bastante com o tempo. Vai chegar um momento em que não vamos ter delatores e vamos ter oferecimento de denúncias na sequência. Não está fácil fazer acordo. Tanto é que acordos recentes são pequenos ou pontuais, com pessoas fora do radar, ou são tão grandes a ponto de gerar mudança de patamar nas investigações.

ÉPOCA – Há uma tentativa de deslegitimar a Lava Jato?
Carlos Fernando
– Há medidas no Congresso que são incentivo à corrupção, como a lei do repatriamento, a medida provisória do acordo de leniência, tentativas de mudar o entendimento de que é possível executar pena com decisão só de segundo grau. Vamos denunciar isso. Estamos vacinados.

ÉPOCA – Até quando vai a Operação Lava Jato?
Carlos Fernando
– Eu creio que, do mais importante, talvez até dezembro já tenhamos um panorama bem completo. Mas vamos ter anos e anos de acusações criminais com o material que temos. Temos uma série de filhotes da Lava Jato que vão se espalhar pelo Brasil.

ÉPOCA – Como vocês lidam com as críticas de que poupam a oposição das investigações?
Carlos Fernando
– Enchem tanto a gente por conta disso... Para investigar, qualquer procurador tem de partir de um fato concreto – não posso abrir investigação para pegar fulano etc. e tal. Temos os limites da lei, não podemos sair e falar: “Agora quero pegar o governo do FHC”. Se aparecer crime do governo FHC, vou analisar se está prescrito ou não, daí podemos investigar. Boa parte dos crimes já está prescrita. E o mais importante: a maior parte do que aconteceu nos últimos 13 anos está na responsabilidade de um grupo de partidos. São 13 anos de um mesmo grupo político no poder, não temos como escapar disso.
26/04/2016- DO R.DEMOCRATICA

Que destino daremos a Lula, segundo sua retórica? Vamos crucificá-lo ou enforcá-lo? Ou o convidaremos a um tiro no peito?

É evidente que o fanfarrão não conta com nenhum dos destinos trágicos aos quais procura associar a sua figura

O senhor Luiz Inácio Lula da Silva adora se comparar a heróis trágicos. Ao longo da sua carreira política, já associou a própria figura à de Jesus Cristo, que foi crucificado; à de Tiradentes, que foi enforcado e esquartejado, e à de Getúlio Vargas, que se matou com um tiro no peito.
Às vezes, esse heterodoxo professor de história se confunde um pouco, como no vídeo abaixo, em que mistura a pena imposta a Cristo com aquela impingida a Tiradentes: o Apedeuta houve por bem crucificar o chamado “Mártir da Independência”.
Essas operações mentais não deixam de ser curiosas. Sempre que alguém toma como inspiração e como exemplo de sua trajetória um herói trágico, busca ressaltar aspectos da própria personalidade que evoquem o sacrifício, o sofrimento, a renúncia, a ascese, a resiliência não conformista, a retidão  dos santos, a convicção dos visionários, o discurso parabólico dos sábios, os amanhãs sorridentes dos profetas, a terrível e solitária certeza de quem já viu o futuro.
E parece que é isso que Lula tenta ensinar a seus companheiros, num tom compungido, quase de velório, convidando-os a se conformar em perder as tetas do estado — e das estatais — e caminhar um tempo no deserto, agora que não lhes restou nem mesmo uma mitologia e uma história do futuro. Sim, senhores!, sem uma narrativa sobre o futuro, contada desde o fim, não se constrói uma utopia.
Liberais e conservadores, por exemplo, são péssimos nesse quesito. Deixam-se intimidar pelo senso de ridículo antes que suas prefigurações juntem dez pessoas. Tendem a dar respostas para problemas objetivos e se esquecem de apontar um caminho para a humanidade, como habitualmente fazem os esquerdistas. Seus acólitos podem não saber, se indagados a quente, quanto é nove vezes sete. Mas eles julgam conhecer toda a matemática das aspirações humanas.
Voltemos a este patético Lula. Na história republicana, nenhuma outra agremiação política coesa e hierarquizada, como é o PT, ficou tantos anos consecutivos no poder. Máquinas partidárias do passado a exemplo da UDN, do PSD e do PTB, não obedeciam à imposições de um centro gravitacional. O PT não se organizou para administrar o estado e, como seria de se esperar de um partido, para modernizar as suas estruturas, tendo a política como instrumento.
Fiel à tradição da esquerda, o PT se constituiu para, primeiro, cercar o estado e depois absorvê-lo, numa espécie de fagocitose política, daí que não se distingam hoje os interesses do país daqueles que são os interesses do partido.
Daí que Lula e sua legenda nunca tenham aceitado que, uma vez conquistado o poder, pudessem perder eleições. Daí que a possibilidade de vitória do adversário nos pleitos de 2006, 2010 e 2014 não tenha sido tratada como apanágio da democracia, que prevê a alternância, mas como retrocesso.
Voltemos ao “Tiradentes crucificado” do Apedeuta. Se verdadeira, a retórica de Lula já seria ruim porque alimentada por misticismo, messianismo e vertigem visionária típicos dos malucos. Se toda política carrega um viés religioso porque, em alguma medida, é preciso apelar a um horizonte edênico, não há retórica salvacionista na história que tenha resultado em coisa que preste.
Ocorre que o discurso de Lula é tão falso quanto a crucificação de Tiradentes. O Apedeuta e seus apóstolos estão mais para os porcos de George Orwell do que para os santos. O “cara” não é do tipo que resiste no deserto às tentações do demônio. Ao contrário! Ele o chama para negociar na certeza de que pode dar um truque no rabudo. Em vez do estoicismo dos puros, que suportam a dor, Lula prefere o gozo dos fanfarrões.
O PT não mudou as estruturas do estado brasileiro que são multiplicadoras de injustiças. Ao contrário: ele as adaptou, à medida que as absorveu, à pauta partidária. Não por acaso, os ditos programas sociais, que são uma versão degenerada das conhecidas políticas compensatórias, ficaram submetidas à injunções do PT. Não custa lembrar que os companheiros resistiram às tentativas de institucionalizar o Bolsa Família, por exemplo. Eles querem o programa como instrumento de chantagem dos pobres.
O reino do “Crucificado” — o Cristo, não o Tiradentes — não era deste mundo. O de Lula, de seus Lulinhas folgazões e do PT é, sim. E é por isso que demonstram tamanho desespero. E é por isso que, longe de se entregar a qualquer rito sacrificial, eles prometem é se vingar de seus adversários. Eles não querem que o futuro lhes dê razão, como os profetas. Querem que o presente os recompense, como os chantagistas.
Lula é o maior farsante que a história brasileira produziu. E só alcançou essa condição porque foi também o mais convincente. DO R.AZEVEDO

Lula agora chama seus ex-aliados de ‘quadrilha’

Josias de Souza


Mal comparando, Lula vive situação análoga à do sujeito que, desabituado de olhar-se no espelho, leva uma eternidade para perceber que a mulher casara-se com ele por dinheiro. Em sua primeira manifestação depois do Waterloo da Câmara, o sábio da tribo do PT declarou que “uma verdadeira quadrilha legislativa”, unida à imprensa e à oposição, “implantou a agenda do caos” no país. O pajé acrescentou que a quadrilha “foi comandada pelo presidente da Câmara dos Deputados, réu em dois processos por corrupção, investigado em quatro inquéritos e apanhado em flagrante ao mentir sobre suas contas escondidas no exterior.”
Lula demorou quase 14 anos para notar que os companheiros do PP, PR, PTB, PMDB e assemelhados coligaram-se com os governos do PT não por amor, mas pelos mensalões e petrolões. Só agora, depois de arrombadas todas as arcas, Lula se deu conta de que seus aliados eram traidores que ainda não tinham reparado na sensualidade do Michel Temer. Mais um pouco e o morubixaba do petismo vai acabar percebendo que o dinheiro da Petrobras só saiu pelo ladrão porque o governo permitiu que o ladrão entrasse no cofre. Sem isso, não haveria Lava Jato nem dinheiro do Eduardo Cunha na Suíça.
Pobre Lula! Sem perceber, tornou-se um típico político brasileiro. Grosso modo falando. Demorou quase 14 anos para reconhecer que “base aliada” era apenas um eufemismo para “quadrilha”. Antes, Lula dizia: “Falem-me de infidelidade que eu puxo logo o talão de cheques.” Agora, com a Lava Jato a aquecer-lhes a nuca, os quadrilheiros exclamam: “Falem-nos de lealdade que puxamos logo o coro do impeachment: 'por minha família…', 'pelos meus filhos…', 'pelo papagaio…'.'' Noutros tempos, Lula exclamava: “falem-me em rebelião que eu puxo logo um bom discurso''. Agora, os aliados exclamam: “Falem-nos em lero-lero que nós puxamos logo um ronco.”

Abreu e Willys reforçam o exército do Stédile com o pelotão dos lançadores de cuspe

Se o canastrão de novela topar o desafio de Alexandre Frota, saberá com quantas palmadas se seca a boca de um poltrão

Por: Augusto Nunes
Jose-de-Abreu-Faustao
A cusparada como instrumento de combate a normas constitucionais foi inaugurada pelo deputado Jean Wyllys na sessão da Câmara que aprovou o impeachment. Depois de acusar de “canalhas” os parlamentares favoráveis ao despejo de Dilma Rousseff, o belicoso BBB recorreu ao disparo de saliva para revidar um comentário ofensivo do desafeto Jair Bolsonaro.
Na sexta-feira, a cuspida em Brasília foi reprisada em São Paulo pelo ator José de Abreu. Devoto do PT e coadjuvante de novelas da Globo, o canastrão que mais gargalhadas provoca quanto mais capricha em cenas dramáticas vive buscando no noticiário político-policial o espaço que jamais terá nas páginas reservadas a artistas talentosos. Ele resumiu no Twitter o que fizera.
“Acabei de ser ofendido num restaurante paulista. Cuspi na cara do coxinha e da mulher dele! Não reagiu! Covarde”. O vídeo que registra o incidente desmonta a bazófia. Depois da cusparada, Zé de Abreu usou um escudo de garçons e restaurantes para escapar do contra-ataque do agredido. No recesso do lar, voltou a gabar-se do gesto beligerante, que considerou  uma homenagem ao pioneiro Jean Willys.
“Bravo, Zé!”, saudou a deputada federal Jandira Feghali. O entusiasmo da turma avisa que pode estar aí o embrião de uma unidade de elite do exército do Stédile: o pelotão dos lançadores de cuspe. (Pelo conjunto da obra e pela fachada, Jandira deveria alistar-se na tropa para ensinar aos recrutas a arte do puxão de cabelo. Combina com cusparadas).
A inovação, louvada por Abreu também no Domingão do Faustão, pode ser testada na prática caso o falastrão aceite a proposta formulada pelo também ator Alexandre Frota no vídeo abaixo. Coxinha assumido, Frota convidou o colega a encontrá-lo pessoalmente e cuspir-lhe no rosto, sem detalhar o que viria em seguida. Ele duvida que Abreu se arrisque a tanto, Mas reza para que o cuspidor tope o desafio.
O Brasil decente também. Farta de bravatas, a plateia nacional gostaria de saber com quantas palmadas se seca a boca de um poltrão fantasiado de valente.

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Delegação brasileira fala em retaliação por impeachment e abandona reunião do Mercosul

Parlamentares brasileiros foram posicionados nas últimas cadeiras no evento, o que foi visto como uma retaliação por causa do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff

Por: Reinaldo Azevedo
Por Marcela Mattos, na VEJA.com:
A cerimônia de comemoração aos 25 anos do Mercosul começou nesta segunda-feira com um mal-estar entre a delegação brasileira e o presidente do Parlasul, o argentino Jorge Taiana. Com catorze representantes no evento, realizado no Uruguai, os parlamentares brasileiros foram posicionados nas últimas cadeiras, atrás mesmo dos assessores técnicos das demais delegações. O isolamento provocou desconforto no grupo, acostumado a figurar entre as primeiras fileiras, e gerou uma imediata reação: a saída em debandada da cerimônia, ficando apenas os deputados petistas Ságuas Moraes (MT) e Benedita da Silva (RJ) e Jean Wyllys (PSOL-RJ).
O lugar reservado à delegação foi visto como uma retaliação por parte do presidente do Parlasul, que nos últimos dias classificou o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff como um “golpe parlamentar”, comparando-o à destituição de Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai, e ainda afirmou que a ação é um esforço da direita para desestabilizar o governo e evitar o retorno de Lula à presidência em 2018. Taiana foi ministro de Relações Exteriores no governo Kirchner entre 2005 e 2010.
“Não cabe a ele fazer esse tipo de julgamento, a não ser que tivesse sido produto de algum debate”, afirmou ao site de VEJA o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), um dos que deixaram a cerimônia. “O presidente do Parlasul se rebaixou a um militante do PT. Ele deveria honrar o cargo e não se intrometer nas decisões das nossas instituições”, disse o deputado Marcelo Aro (PHS-MG). “A localização da nossa delegação tem uma simbologia muito grande. Ele quis dar um recado muito claro de retaliação ao processo de impeachment, e ele não tem o direito de nos retaliar”, continuou o congressista.
Conforme os relatos, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), presidente da delegação, concordou com a retirada do grupo. O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, ainda tentou contornar o mal-estar diplomático e pediu o retorno do grupo à cerimônia, mas não foi atendido.
Os parlamentares estudam a elaboração de uma nota de repúdio ao presidente do Parlasul Jorge Taiana. O evento no Uruguai termina nesta terça-feira após a reunião de sessões plenárias. “Nós vamos reagir”, promete o presidente do PTB, Benito Gama (BA).

Processo dá a largada para o julgamento que deve determinar o afastamento da presidente

Por Laryssa Borges, de Brasília
Veja.com
Senado faz leitura da denúncia contra a presidente da República, Dilma Rousseff, por crime de responsabilidade  19/04/2016(Evaristo Sa/AFP)
A comissão especial do impeachment foi eleita nesta segunda-feira pelo plenário do Senado Federal, dando largada à contagem regressiva para o julgamento que deve determinar, na segunda semana de maio, o afastamento da presidente Dilma Rousseff por até 180 dias. Dos 21 senadores titulares da comissão, apenas cinco são contrários ao impeachment: os petistas Lindbergh Farias (RJ), Gleisi Hoffmann (PR) e José Pimentel (CE) e os aliados Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Telmário Mota (PDT-RR).
A comissão será responsável, na primeira etapa da tramitação do processo de impeachment no Senado, por elaborar e votar, em até dez dias úteis, um parecer sobre a admissibilidade da ação de impedimento. Na sequência, o documento é encaminhado ao Plenário do Senado, a quem cabe, se ratificar o relatório da comissão, determinar o afastamento temporário de Dilma no Palácio do Planalto. Neste caso, é necessária apenas maioria simples de votos - metade mais um dos presentes no dia da votação.
Com a provável confirmação do afastamento da presidente Dilma, é nesta fase que o vice-presidente Michel Temer assume temporariamente o controle do país, embora o procedimento de impeachment continue em tramitação no Senado, tanto para a coleta de novas provas quanto para o julgamento do libelo acusatório contra a petista, em meados de setembro.
De perfil moderado, o senador Raimundo Lira (PMDB-PB) será o presidente da comissão especial do impeachment e já começa a articular para que o advogado-geral da União José Eduardo Cardozo e o jurista Miguel Reale Jr, responsáveis pela defesa e pela acusação contra Dilma por crime de responsabilidade, sejam ouvidos ainda nesta semana. O calendário de tramitação do impeachment na comissão ainda precisa ser alinhavado com o relator do caso no Senado, provavelmente o tucano Antonio Anastasia (PSDB-MG), já indicado pelo partido para o posto. Na sessão plenária desta segunda-feira, o PT apresentou questão de ordem alegando suspeição de Anastasia porque o tucano teria "vidente interesse no desfecho da votação", mas Renan Calheiros informou que apenas a comissão deve se debruçar sobre este impasse, e não o plenário da Casa. A primeira reunião da comissão, para oficializar a escolha do presidente e do relator, está agendada para as 10 horas desta terça-feira.
Além do presidente, compõem a comissão como titulares os senadores Rose de Freitas (PMDB-ES), Simone Tebet (PMDB-MS), Dário Berger (PMDB-SC) e Waldemir Moka (PMDB-MS). Pelo bloco parlamentar da oposição, são titulares os tucanos Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Antonio Anastasia (PSDB-MG) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), além do democrata Ronaldo Caiado (DEM-GO).
No bloco de apoio ao governo, os indicados foram Lindbergh Farias (PT-RJ), Gleisi Hoffmann (PT-PR), José Pimentel (PT-CE) e Telmário Mota (PDT-RR). Completam a composição da comissão do impeachment como senadores titulares os seguintes congressistas: Romário (PSB-RJ), Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Ana Amélia Lemos (PP-RS), José Medeiros (PSD-MT), Gladson Cameli (PP-AC), Wellington Fagundes (PR-MT) e Zezé Perrella (PTB-MG).
A comissão ainda conta com 21 senadores suplentes: Hélio José (PMDB-DF), Marta Suplicy (PMDB-SP), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), João Alberto Souza (PMDB-MA), Paulo Bauer (PSDB-SC), Ricardo Ferraço (PSDB-ES), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Humberto Costa (PT-PE), Fátima Bezerra (PT-RN), Acir Gurgacz (PDT-RO), João Capiberibe (PSB-AP), Roberto Rocha (PSB-MA), Cristovam Buarque (PPS-DF), Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Sérgio Petecão (PSD-AC), Wilder Morais (PSD-AC), Otto Alencar (PSD-BA), Eduardo Amorim (PSC-SE) e Magno Malta (PR-ES). Entre os suplentes, cinco senadores - Capiberibe, Randolfe, Humberto Costa, Fátima Bezerra e João Alberto - são contrários ao impeachment. Não declararam voto outros três: Roberto Rocha, Otto Alencar e Acir Gurgacz. Uma vaga de suplente a ser indicado pelo PMDB ainda está em aberto.
Michel Temer - Na sessão que elegeu a comissão do impeachment, um grupo de senadores ditos independentes apresentou questionamento para que o processo de impedimento de Dilma tramitasse em conjunto com um pedido já apresentado contra o vice-presidente Michel Temer, mas que ainda precisa ser analisado em uma comissão especial na Câmara. Renan Calheiros, porém, negou o pedido.
25/04/2016DO R.DEMOCRATICA