quarta-feira, 14 de novembro de 2018
Diplomata fez campanha em favor do candidato do PSL em seu blog e
escreveu artigo sobre a relação do Brasil com o governo de Donald Trump,
além de criticar, com razão, o partido totalitário, que chama de
"partido terrorista":
O presidente eleito, Jair Bolsonaro, anunciou nesta quarta-feira (14)
o embaixador Ernesto Henrique Fraga Araújo, de 51 anos, como seu
ministro das Relações Exteriores. O diplomata atua neste momento como
diretor do Departamento de Estados Unidos, Canadá e Assuntos
Interamericanos do Itamaraty e, apesar de ter alcançado a posição de
embaixador (ministro de primeira classe) na hierarquia do ministério,
jamais conduziu uma embaixada brasileira.
Durante a campanha eleitoral, Araújo defendeu abertamente a
candidatura de Bolsonaro por meio de um blog na internet, no qual chamou
o PT de “partido terrorista”. No artigo “Trump e o Ocidente”, publicado
pela revista do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (Ipri)
no segundo semestre de 2017, ele defendeu que o Brasil reflita e defina
se fará parte da visão de Ocidente do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“O presidente Donald Trump propõe uma visão do Ocidente não baseada
no capitalismo e na democracia liberal, mas na recuperação do passado
simbólico, da história e da cultura das nações ocidentais”, afirma no
resumo do texto. “Em seu centro, está não uma doutrina econômica e
política, mas o anseio por Deus, o Deus que age na história. Não se
trata tampouco de uma proposta de expansionismo ocidental, mas de um
pan-nacionalismo”, completou.
O artigo causou impressão em Bolsonaro ainda durante a campanha
eleitoral. Araújo será um dos mais jovens chanceleres da história do
país. Entrou na carreira diplomática há 29 anos e serviu, no início da
década, como ministro-conselheiro na Embaixada do Brasil em Washington. Nesse posto, atuou como braço direito do embaixador Mauro Vieira, ex-chanceler do governo de Dilma Rousseff.
Em sua carreira, Araújo assumiu várias posições de responsabilidade
nas negociações internas e externas do Mercosul, o que o torna um
especialista em questões sobre o bloco sul-americano. É autor de dois
livros sobre o tema: “Mercosul Hoje”, escrito em parceria com o
embaixador Sérgio Florêncio, e “Mercosul: Negociações Extrarregionais”.
Bolsonaro fez o anúncio pelo Twitter, depois de ter conversado com
outros candidatos para o posto nos últimos dias. Entre eles, o
embaixador do Brasil em Seul, Luís Fernando Serra, apontado como um dos
favoritos. Pelo menos 14 nomes foram apontados na imprensa, desde a
eleição de 28 de outubro, para a posição de chanceler.
Depois de informar pelas redes sociais, Bolsonaro deu uma entrevista à
imprensa, em Brasília, ao lado de Araújo. O novo chanceler afirmou que
pretende elevar o nível das relações do Brasil com todos os seus
parceiros e “em benefício de todos, do povo brasileiro”.
Ao ser questionado sobre a futura relação do Brasil com a Venezuela, a
retirada de Cuba de seus profissionais do programa Mais Médicos e
outros temas críticos da Política Externa, porém, Araújo passou a
palavra a Bolsonaro.
Nascido em Porto Alegre em 1967, Araújo formou-se em Letras na
Universidade de Brasília e ingressou no Instituto Rio Branco, academia
de formação e aperfeiçoamento de diplomatas, em 1991. No exterior,
serviu na missão do Brasil junto à União Europeia, em Bruxelas, e nas
embaixadas do Brasil em Berlim, em Ottawa e em Washington. É casado com a
diplomata Maria Eduarda de Seixas Corrêa Araújo, filha do embaixador
Luiz Felipe de Seixas Corrêa. (Veja.com). DO O.TAMBOSI