Nunca,
como agora, nem nos momentos mais tensos da mensalão, a rede suja
apelou tanto à violência retórica, ao baixo calão, às ameaças. Que
fiquem sozinhos na baixaria. Essa é a linguagem deles. Nós respondemos e
responderemos com a verdade, com a reflexão, com a ponderação. Estão
desesperados. Leiam o que segue abaixo e dividam com os amigos.
*
Não, leitores! Em seis anos de blog, a se completarem no dia 24 do mês
que vem, nunca vi nada parecido. Quando o escândalo do mensalão veio à
luz, em 2005, eu estava ainda no site e na revista Primeira Leitura.
Havia, sim, as tropas de defesa do petismo na Internet, mas os governos
do partido e as estatais ainda não financiavam de modo tão ostensivo e
obsceno o JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista, a caminho de ser
JEL — Jornalismo da Esgotosfera Lulista) ou a BESTA (Blogosfera
Estatal).
Aqui e ali,
havia simpatias compradas, mas não se tratava de um sistema, de uma, não
há outra expressão, quadrilha formada para atender a interesses
partidários. Franklin Martins se encarregou de criar essa rede, que não
tem nenhum receio de avançar Código Penal adentro. Seus próceres apostam
na lentidão da Justiça e no saco sem fundo do dinheiro público par
arcar com eventuais indenizações judiciais. Nunca se viu nada parecido. A
virulência, a agressão gratuita, o deboche rombudo, a ignorância
ignominiosa, a estupidez de aluguel, tudo, em suma, que pode compor as
páginas mais asquerosas da rede está posto hoje a serviço de Luiz Inácio
Lula da Silva e da banda do partido que está sob seu domínio.
Assim como
Lula perdeu a noção do limite ao encaminhar uma conversa com um ministro
do Supremo Tribunal Federal que pode ser caracterizada, sem sombra de
dúvidas, como chantagem, seus bate-paus na rede perderam a noção da
própria violência que andam a estimular. Abrem suas páginas para o
xingamento, para o baixo calão, para as manifestações mais odiosas de
preconceito, para a difamação, para a calúnia, para a injúria. Pior:
tentam elevar o festival de baixaria à categoria de exercício da
liberdade de expressão. Quem não sabe a diferença entre o direito à
opinião e a ofensa não sabe a diferente entre o argumento e o
xingamento.
Mas me ponho
aqui a pensar: o que representa Lula, tomado numa mirada histórica,
senão o triunfo da mentira sobre a verdade, do falso sobre o autêntico,
da mistificação sobre os fatos? Foi assim que ele submeteu a uma nefasta
reescritura a biografia de homens honrados, sujando-a com o seu verbo
fácil, e lavou a reputação de notáveis larápios. Bastava, para tanto,
que estes se ajoelhassem a seus pés e o declarassem “o líder”. Desde que
o fizessem, o Apedeuta permitia que mantivessem intacto o seu reinado,
por mais desonrado e desonroso que fosse. Este senhor mandou intervir no
PT no Maranhão para que o partido fizesse a aliança com Roseana Sarney e
seu pai, José Sarney, presidente do Senado. Poucos anos antes, ele
havia satanizado a dupla em cima de um palanque. Mas eles se ajoelharam e
rezaram.
Eis Lula! A
política, para ele, existe como exercício de guerra. Se o primado de uma
sociedade aberta, democrática, liberal, é a tolerância com a
divergência, é a aceitação tácita de que “o outro” — a oposição — é que
legitima a democracia, já que situação existe também nas ditaduras, o
líder petista entende ser esta uma etapa anterior à chegada do PT ao
poder. Com a vitória nas urnas, o partido teria ganhado também o direito
de solapar as bases que garantiram a sua própria ascensão. Ora, provou
isso ao longo de seus oito anos de mandato. Não lhe bastou, como vimos,
exaltar as próprias glórias, magnificar as próprias conquistas,
glorificar a própria gestão. Seu grande prazer estava em espezinhar,
amesquinhar e satanizar a obra do antecessor, de que herdou, como é
sabido —- e isso não é mera questão de opinião — régua e compasso.
Descumprindo
mais uma de suas promessas, Lula, por óbvio, não “desencarnou” do papel
de presidente, conforme disse que faria. Por mais que Dilma Rousseff
lhe jure fidelidade — e haverá a chance de se ver isso mais uma vez
nesta quarta —,
o fato é, já escrevi aqui, que é ele hoje o único risco de
instabilidade política que ela enfrenta. A presidente que aí está não
chega a representar, vamos dizer, um período termidoriano, depois do
suposto jacobinismo lulista — até porque ele foi tudo, menos um radical, como sabem os bancos —,
mas parece evidente que ela estava disposta a falar, no poder, uma
linguagem mais tolerante do que ele, ainda que, e isto é um
despropósito, ela mantenha inalterada a máquina suja do subjornalismo
financiado. É bem verdade que, hoje, essa gente asquerosa está mais a
serviço de Lula e do PT do que propriamente do governo. Há até alguns
financiados que se aventuram a fazer uma crítica ou outra ao governo
federal — sempre coisa leve, quase periférica.
Mas chegou a
haver, num dado momento, a suspeita de que o país pudesse funcionar
como uma democracia regular, em que a política é o exercício da
divergência informada, não da destruição do outro. Não, senhores! Isso
não serve a Lula! Se é assim, então ele não gosta de brincar. Sua
carreira é toda forjada segundo outra lógica. Das esquerdas
tradicionais, herdou a mística vigarista da luta de classes. Por
intermédio da adesão a essa farsa, entende-se que a disputa pública é um
contínuo acúmulo de forças para derrotar o inimigo. Ocorre que esse
fundamento é, no petismo, a farsa da farsa —
já que ninguém conseguiria operar esse confronto de braços dados com
alguns potentados da economia, não é? Da política à moda
latino-americana, herdou a vocação do caudilho, que não aceita que a
liderança política — vejam os EUA, por exemplo —
tem um tempo de duração, não é propriedade privada do líder. Do
sindicalismo, herdou os métodos e um, como posso dizer?, realismo cru
que é, na prática, brutalidade, vale-tudo, porrada se preciso.
Assim se
formou a têmpera do condutor, que não reconhece limites. Nos oito anos
em que esteve a frente do poder e nos nove e poucos de governo petista,
seu trabalho contínuo, cotidiano, incansável, tem sido tentar
desmoralizar as instituições, rebaixá-las, submetê-las à sua vontade.
Uma leitura rápida de sua trajetória vai encontrá-lo em rota de
confronto com o próprio STF (esta não é a primeira vez), com o TCU, com o
Ministério Público, com a Lei de Licitações e, evidentemente, com a
imprensa —
IMPRENSA ESTA QUE, VAI TUDO EM MAIÚSCULAS, TEVE COM ELE UM
COMPORTAMENTO CORDATO QUE NÃO DISPENSOU A NENHUM OUTRO PRESIDENTE,
INCLUINDO O ÚLTIMO DO CICLO MILITAR, JOÃO FIGUEIREDO, QUE JÁ APANHOU
BASTANTE. Não foram raros os momentos em que foi tratado com mais
mesuras do que aquelas que Mino Carta dispensava aos generais. Nunca foi
o bastante porque nunca ninguém conseguirá ter de Lula uma impressão
tão boa quanto a que ele tem de si mesmo. No mundo de Lula, ninguém
conseguirá puxar o saco de Lula tão bem quanto o próprio Lula.
Os nazistoides
Aquela súcia patrocinada, criada para defender o seu governo e
para atacar as instituições, continua, ainda hoje, a seu serviço e a
serviço do partido. Como o Babalorixá de Banânia, em muitos aspectos,
nunca se viu tão exposto quanto agora, assiste-se, então, a isso que
chamo “explosão de violência”. Mandam-me comentários espantosos
publicados na esgotosfera, que incentivam a agressão física de
adversários. As tropas da SA consideram uma ofensa de caráter quase
religioso as críticas a seu Führer. Então gritam na rede: “Pega, mata,
esfola, aniquila, ataca!” E a tudo isso, a exemplo do que se fazia na
Alemanha da década de 30, chamam exercício da “democracia”.
Desta vez,
Lula encontrou uma parada dura pela frente. Ele sabe muito bem o que
fez. Os ministros que foram alvos de seu assédio — incluindo o corajoso Gilmar Mendes —
também. Notem a barbaridade a que se assistiu nesta terça-feira:
NINGUÉM MENOS DO QUE UM MINISTRO DO SUPREMO TEVE DE VIR A PÚBLICO, COM
RESERVAS AÉREAS NAS MÃOS, PARA PROVAR QUE ERA INOCENTE. Eu
escrevo de novo, agora em negrito: um dos 11 brasileiros que integram o
tribunal constitucional do país, guardião da máxima de que, nas
democracias, é preciso provar culpa, não inocência, viu-se na
contingência, para cessar a rede de maledicências e canalhices, de
provar que não era culpado. E por quê? Porque a ameaça velada
que lhe foi feita pelo próprio Lula prosperou naquela teia financiada
por estatais. Pior: até o jornalismo sério, responsável, se deixou
contaminar.
Lula comanda
uma escória dedicada hoje a tentar livrar a cara de mensaleiros, a
atacar a imprensa independente e a manchar a reputação de pessoas
honradas que não se vergam à vontade do partido. Por quê? Porque o
Apedeuta, curtido na vigarice da luta de classes vivida como farsa, no
caudilhismo cucaracha e no autoritarismo sindical, entende a política
como arte da dominação do outro — ou de sua destruição. E saibam os
senhores: vagabundos para fazer o trabalho sujo na rede não são
exclusividade do Brasil, não! Há congêneres seus hoje na Argentina, na
Venezuela, no Equador, na Bolívia… Todos, invariavelmente, sustentados
com dinheiro público.
Caminhando para a conclusão
Ninguém deve reagir na mesma moeda. Quanto mais eles megulharem
na abjeção e na linguagem de esgoto, mais estarão indo ao encontro da
própria natureza e dizendo quem são e que mundo querem. Isso também é
expressão de desespero. Ao afirmar isso, não estou querendo dizer que o
PT esteja prestes a perder o poder ou algo do gênero. Salvo uma
deterioração grave da economia e numa velocidade que me parece
improvável, Dilma pode realizar um feito que Lula nunca realizou (para
seu ódio infindo): reeleger-se no primeiro turno. O ponto é outro. Essa
sujeira toda, de que Lula desponta como o chefe, é expressão de uma
batalha pelo poder que está hoje no seio do próprio PT. Dirceu precisa
ser inocentado para tentar tomar as rédeas do partido e, assim, buscar
dividir o poder com Dilma, mesmo sem ser eleito por ninguém, e continuar
a assombrar a democracia.
Reitero: não
rebatam a sujeira com a sujeira. As vocações estão se revelando como
nunca. O desespero deles está no fato de que, fazendo o que fazem, terão
os leitores que têm. Dedicam-se a provocações ridículas porque
gostariam de convencer os leitores que jamais terão: vocês!