Josias de Souza
O
depoimento de Eduardo Cunha à Justiça Federal de Brasília inaugurou um
espetáculo novo, estrelado por um personagem desconhecido. Ao tentar se
defender das acusações do delator Lúcio Funaro, o detento apresentou-se
como um pobre-diabo que jamais teve influência política.
O depoente admitiu ter marcado uma audiência de Funaro com Moreira Franco, então vice-presidente da Caixa Econômica Federal. Mas ignora os negócios que resultaram do encontro. ''Se Moreira Franco recebeu [propina] —em se tratando do Moreira Franco até não duvido—, não foi através das minhas mãos'', desconversou.
Eduardo Cunha também admitiu ter apresentado Funaro, doleiro manjado e operador de propinas requisitado, a outro peemedebista que passou pela vice-presidência da Caixa: Geddel Vieira Lima, o homem do cafofo que servia de esconderijo para R$ 51 milhões. Mas o ex-deputado fez pose de intermediário desinteressado.
Esse novo Eduardo Cunha, espécie de relações públicas inocente, coadjuvante nato, não faz justiça ao personagem que frequentava as manchetes como político voraz. Um sujeito que atropelou o PT na disputa pela presidência da Câmara. Cercou-se de uma milícia parlamentar suprapartidária. Capitaneou a deposição de Dilma Rousseff.
Nas pegadas da abertura do processo de impeachment, Dilma colocou no olho da rua Fábio Cleto, homem que Eduardo Cunha acomodou na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, pra fazer negócios com verbas do FGTS. Agora, o padrinho renega apadrinhado, atribuindo a nomeação exclusivamente a Guido Mantega, então ministro da Fazenda.
Recorrendo a todos os estratagemas para atingir seus subterfúgios, o ex-mandachuva da Câmara exagera na humildade. Antes, jactava-se dos seus superpoderes. Agora, auto-convertido num antilíder, alega que querem transformá-lo num ''Posto Ipiranga.'' É como se Eduardo se empenhasse para provar que nunca foi o Cunha que todos imaginavam.
A nova biografia que não deve colar. Mas Eduardo, o ex-Cunha, agora vivendo na penúria, já pode estruturar uma nova carreira para quando deixar a cadeia. Talvez não tenha o mesmo êxito como político. Mas fará muito sucesso como comediante.
O depoente admitiu ter marcado uma audiência de Funaro com Moreira Franco, então vice-presidente da Caixa Econômica Federal. Mas ignora os negócios que resultaram do encontro. ''Se Moreira Franco recebeu [propina] —em se tratando do Moreira Franco até não duvido—, não foi através das minhas mãos'', desconversou.
Eduardo Cunha também admitiu ter apresentado Funaro, doleiro manjado e operador de propinas requisitado, a outro peemedebista que passou pela vice-presidência da Caixa: Geddel Vieira Lima, o homem do cafofo que servia de esconderijo para R$ 51 milhões. Mas o ex-deputado fez pose de intermediário desinteressado.
Esse novo Eduardo Cunha, espécie de relações públicas inocente, coadjuvante nato, não faz justiça ao personagem que frequentava as manchetes como político voraz. Um sujeito que atropelou o PT na disputa pela presidência da Câmara. Cercou-se de uma milícia parlamentar suprapartidária. Capitaneou a deposição de Dilma Rousseff.
Nas pegadas da abertura do processo de impeachment, Dilma colocou no olho da rua Fábio Cleto, homem que Eduardo Cunha acomodou na vice-presidência de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, pra fazer negócios com verbas do FGTS. Agora, o padrinho renega apadrinhado, atribuindo a nomeação exclusivamente a Guido Mantega, então ministro da Fazenda.
Recorrendo a todos os estratagemas para atingir seus subterfúgios, o ex-mandachuva da Câmara exagera na humildade. Antes, jactava-se dos seus superpoderes. Agora, auto-convertido num antilíder, alega que querem transformá-lo num ''Posto Ipiranga.'' É como se Eduardo se empenhasse para provar que nunca foi o Cunha que todos imaginavam.
A nova biografia que não deve colar. Mas Eduardo, o ex-Cunha, agora vivendo na penúria, já pode estruturar uma nova carreira para quando deixar a cadeia. Talvez não tenha o mesmo êxito como político. Mas fará muito sucesso como comediante.