domingo, 18 de dezembro de 2016

Parte do dinheiro solicitado por Temer à Odebrecht pagou Duda no caixa dois


Todo mundo já ouviu meia dúzia de histórias de gênios que saem de garrafas. Duda Mendonça, mago da marquetagem política, parecia ser um caso raro de gênio que volta voluntariamente para dentro da garrafa. Pilhado no escândalo do mensalão recebendo uma valeriana de R$ 10,5 milhões numa conta secreta nas Bahamas, Duda confessou o mau passo numa CPI, pagou os impostos sonegados, safou-se no julgamento do mensalão, tomou distância do petismo, virou fumaça e sumiu.
Quando se imaginava que Duda estivesse abaixo do nível do gargalho, ele ressurge em cena na pele de um gênio reincidente. Em delação premiada, executivos da Odebrecht contaram à força tarefa da Lava Jato que parte dos R$ 6 milhões que Michel Temer mandou borrifar nas arcas eleitorais de Paulo Skaf, candidato derrotado do PMDB ao governo de São Paulo em 2014, foi destinada a Duda numa conta no exterior. A novidade foi relatada em notícia veiculada nas página de Veja.
No mensalão, Duda safara-se dos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas porque conseguiu convencer o Supremo Tribunal Federal de que não sabia que o dinheiro que recebia de Marcos Valério era sujo. No petrolão, a lorota perdeu o prazo de validade. Depois de assistir à estadia de seis meses do ex-pupilo João Santana na hospedaria da PF’s Inn de Curitiba, Duda apressou-se em oferecer ao Ministério Público Federal o suor do seu dedo-duro. Por ora, não colou. A delação da Odebrecht chegou antes. E o gênio talvez tenha de passar uma temporada em local menos confortável do que a garrafa.DO J.DESOUZA

Mãe de Todas as Delações está pronta para exame do STF

Emílio e o filho Marcelo, sentados, delataram Lula, Dilma e Temer.


Os procuradores da Lava Jato terminaram de ouvir todos os executivos e ex-executivos da Odebrecht que assinaram acordo de delação premiada. O material vai ser encaminhado ao Supremo na segunda-feira, um dia antes do recesso dos ministros.
Só o ministro Teori Zavaski, relator da Lava Jato no Supremo, assessores e juízes da equipe dele terão acesso.
Os procuradores colheram mais de 800 depoimentos dos executivos e ex-executivos. O trabalho foi concluído na madrugada deste sábado.
Tudo foi gravado em vídeo.  Teori vai analisar tudo na volta do recesso, em fevereiro. Teori, dada a exiguidade de tempo, vai tentar que juízes auxiliares, durante o mês de janeiro, analisem e cataloguem tudo e, principalmente, ouçam os 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht, na presença dos advogados, e sem a participação dos procuradores, para que os eles confirmem se falaram por livre e espontânea vontade. 
Há muita expectativa no meio político, porque essas delações envolvem no esquema a maior quantidade de parlamentares desdo o iníco da Lava Jato, além de envolverem diretamente Lula, Dilma e o próprio Temer, DO P.BRAGA

Por 2018, Alckmin se afasta de Temer e da cúpula do PSDB

Enquanto em Brasília o senador Aécio Neves e o chanceler José Serra atuam para ampliar o espaço dos tucanos no governo Michel Temer e influenciar a área econômica, em São Paulo o governador Geraldo Alckmin cada vez mais se afasta do Palácio do Planalto e da cúpula do PSDB. Ele adotou internamente independência e um discurso dissonante fora dos muros do partido.
Principal bandeira das bancadas tucanas no Congresso Nacional, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55, que coloca um teto no crescimento dos gastos públicos pela inflação do ano anterior pelos próximos 20 anos, foi alvo de críticas do tucano. 
"Se nós vamos ter por 20 anos nada a aumentar acima da inflação, já começa que a saúde é dolarizada e aumenta acima da inflação. Ela tem custos dolarizados. A demanda cresce, a medicina fica mais sofisticada, a população, mais idosa. A conta não fecha", afirmou Alckmin na semana passada após uma cerimônia realizada na sede do Ministério Público Estadual, no centro da capital.
Foto: Evelson de Freitas/Estadão
Alckmin e Aécio
Alckmin, com José Serra e Aécio Neves, na zona norte de São Paulo, em julho de 2014, quando concorria à reeleição ao governo do Estado.
Em outro sinal de afastamento das teses defendidas pela cúpula nacional do PSDB, Alckmin não compactuou com a pressão exercida sobre Temer por mais espaço no governo federal. Ele avalia, segundo um interlocutor próximo, que a Secretaria de Governo, cargo que deve ser entregue ao deputado Antonio Imbassahy (BA), atual líder do partido na Câmara, só trará desgaste. 
Para Alckmin, o partido não precisa de mais espaço, mas de mais independência em relação ao governo Temer. "O PSDB é que vai pagar a conta pelo desgaste do governo em 2018. O partido não devia buscar cargos", disse ao Estado o deputado estadual Pedro Tobias, presidente do PSDB paulista. 
Durante o processo de formação do ministério de Temer, Alckmin foi convidado a indicar um nome, mas declinou da proposta. Para não deixar sua digital registrada na gestão do peemedebista, fez questão de dizer que a escolha do aliado Alexandre de Moraes para a pasta da Justiça foi uma escolha pessoal do presidente.
Estratégia. Citados por delatores da Operação Lava Jato, os três presidenciáveis tucanos trabalham com estratégias diferentes para chegar a 2018 com chance. Para Aécio e Serra, o futuro está atrelado a Temer.
Com o comando da máquina partidária, o senador mineiro mantém protagonismo e poder de fogo nas negociações com o governo. Serra, por sua vez, está afastado do varejo político, mas tem os holofotes do Ministério das Relações Exteriores. Correndo por fora, Alckmin tem as máquinas paulistana, com seu afilhado João Doria (prefeito eleito), e paulista nas mãos.
Sua postura de apoio crítico deixa uma rota de desembarque desobstruída para 2018. "Disputa interna agora é uma palhaçada. Alckmin está pensando em 2018. Infelizmente não é só ele. O cidadão não está nem aí para isso", diz o ex-governador Alberto Goldman, vice-presidente nacional do PSDB.
Na cúpula do partido, porém, a ordem unida é pacificar o trio e adiar a inevitável disputa fratricida. “Não haverá cerceamento na disputa. O governador tem grande chance de ser nosso candidato à Presidência”, disse o senador José Aníbal (SP), presidente do Instituto Teotônio Vilela, braço de formulação teórica do PSDB.
Mandato. Conhecido pelo perfil discreto, o paulista evitou criticar abertamente o acordo entre seus dois adversários internos que estendeu por mais um ano o mandato de Aécio à frente do PSDB. Aos aliados, porém, disse que seria melhor adiar essa decisão para 2017 e o ideal seria eleger o novo presidente do partido no máximo em janeiro de 2018, e não em maio, como ficou decidido.
Entre os correligionários mais próximos, a avaliação é de que o movimento visou bloquear o plano B do governador, que seria disputar à Presidência da República pelo PSB caso o PSDB lhe fechasse as portas. Pelo calendário original, o segundo mandato de Aécio terminaria em maio de 2017 e ele não poderia se reeleger. Essa seria a oportunidade de Alckmin, fortalecido pelo resultado das eleições municipais, ampliar a influência na máquina partidária.
"Se (a Executiva) fosse em janeiro (de 2018), o novo presidente do PSDB teria mais tempo de articular a campanha presidencial. É mais difícil fazer a sucessão partidária em maio de 2018, às vésperas da eleição", disse o deputado Silvio Torres (SP), secretário-geral do partido, na reunião do Diretório na quinta-feira que definiu a prorrogação do mandato de Aécio. 
Aliado de Alckmin, apenas ele e o deputado Eduardo Cury, também afinado com o Palácio dos Bandeirantes, votaram contra em um colégio eleitoral formado por 31 tucanos. 
"A prorrogação não foi uma coisa boa. Esse era o momento de democratizar essa decisão", disse o deputado Vanderlei Macris (SP), que é ligado ao governador paulista. 
Alckmin também diverge de Aécio no formato do processo de escolha do candidato tucano em 2018. Ele quer a realização de prévias entre todos os filiados, enquanto o mineiro prefere um modelo mais restrito. DO ESTADÃO