No post
anterior, há um competente relato de Tai Nailon e Laryssa Borges, da
VEJA.com, sobre o depoimento de Luiz Antonio Pagot, ex-diretor-geral do
Dnit, na CPI do Cachoeira. Ficamos sabendo que ele é mais um desses
heróis dos tempos modernos. Caiu porque era competente demais e porque
estaria combatendo os abusos da Delta, ainda que a empreiteira tenha
multiplicado seus negócios com o órgão durante a sua gestão. Tudo indica
que não será a CPI a investigar.
Amanhã depõe Paulo Vieira de Souza,
ex-diretor da Dersa, em São Paulo. Só foi convocado por pressão dos
governistas da CPI, que tentaram arrastar a lambança da empreiteira para
São Paulo. Não existe nem mesmo uma suspeita formalizada. Muito bem. O
que disse Pagot sobre a Dersa. Releiam:
“O que notei no período foi uma insistência muito grande para que eu fizesse uma revisão da minha posição ou justificar adequadamente por que não queria assinar o aditivo. Um conhecido meu que trabalha em uma empresa disse ‘Cuidado com esse aditivo que ele tem finalidade de (abastecer) as campanhas do Serra, Alckmin e Kassab’”. Mas depois concluiu que as suspeitas se resumem a “uma conversa de bêbado, de botequim, que não se pode se provar”.
“O que notei no período foi uma insistência muito grande para que eu fizesse uma revisão da minha posição ou justificar adequadamente por que não queria assinar o aditivo. Um conhecido meu que trabalha em uma empresa disse ‘Cuidado com esse aditivo que ele tem finalidade de (abastecer) as campanhas do Serra, Alckmin e Kassab’”. Mas depois concluiu que as suspeitas se resumem a “uma conversa de bêbado, de botequim, que não se pode se provar”.
Bom, então
vamos ao que não é conversa de botequim. Pagot confessou que, mesmo
estando no Dnit, atuou como arrecadador da campanha de Dilma Rousseff à
Presidência da República, e isso, sim, é um escândalo em si. Adiantou,
no entanto, que tudo foi declarado à Justiça eleitoral.
E daí?
Desde quando um quadro da área técnica, que lida com empreiteiras,
arrecada dinheiro junto a… empreiteiras para fazer caixa de campanha? Em
que país sério do mundo isso seria admitido? No Brasil, claro!,
começará aquela ladainha: “Cadê o ato de ofício??? Mostre um só
documento que eu tenha assinado que tenha beneficiado a empreiteira A ou
a empreiteira B”.
O mais
impressionante é que Pagot confessou à CPI que as empreiteiras, depois,
lhe mostraram os recibos doações. É mesmo? Mostraram por quê? Com qual
finalidade? Quais empreiteiras? O decente, a partir de agora, é que se
iniciasse uma apurações desses casos em particular. Mas nada será feito.
Pagot confessa que trabalhou em dobradinha com o caixa de campanha de
Dilma.
Quem vai se interessar por isso?
REV VEJA