PAZ AMOR E VIDA NA TERRA
" De tanto ver triunfar as nulidades,
De tanto ver crescer as injustiças,
De tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus, o homem chega
a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".
[Ruy Barbosa]
Dilma Rousseff comemorou ontem os 500 000/barris/dia do pré-sal
produzidos no Brasil. Beleza. O que ela não pode festejar, no entanto,
é a produção de petróleo da Petrobras com um todo, que não aumenta desde 2005.
A taxa de crescimento anual da produção da Petrobras entre 1980 e
2005 foi de 8,6%. Entre 2006 e 2014, ou seja, entre o segundo governo
Lula e o de Dilma, foi de 1,0%. (Pior: a produção efetivamente vem
caindo 1,6% ao ano desde 2011.
A propósito dos celebrados 500 000/barris/dia do pré-sal: só são em
parte da Petrobras, que nestes campos de exploração tem sócios como a
BG, Repsol e Petrogal.
DOLAUROJARDIM
Dirigentes do PR fazem a entrega delivery de 1min15s de propaganda eletrônica para Dilma
O
Partido da República administra com método a cobrança da cessão do seu
tempo de propaganda eleitoral à campanha de Dilma Rousseff (1min15s). A
fatura foi dividida em duas parcelas —uma antecipada, outra com
vencimento pós-fixado.
A primeira parcela foi resgatada por Dilma
na semana passada, ao desalojar do comando da pasta dos Transportes o
ministro Cesar Borges, substituído por Paulo Sérgio Passos. Sobreveio,
então, a entrega da mercadoria.
Reunida na segunda-feira (30), a
Executiva nacional do PR abandonou a ameaça de apoio ao tucano de Aécio
Neves e aprovou o ingresso do partido na coligação de Dilma. Foram 23
votos a favor e apenas um contra.
A mercadoria do PR foi às mãos de Dilma em sistema de delivery.
Dirigiram-se ao Planalto os três dirigentes formais da agremiação:
Alfredo Nascimento, Tadeu Candelária e Antonio Carlos Rodrigues,
respectivamente presidente, vice e secretário-geral do partido.
A
troica posou para foto ao lado de uma Dilma sorridente. Ela fez sinal de
positivo. À sua esquerda, imitando-lhe o gesto, estava Alfredo
Nascimento, ‘varrido’ da poltrona de ministro dos Transportes em 2011,
sob denúncias de desvios.
Agora, dando sequência à transação, o PR
cobra a segunda parcela de que se julga credor. Exige reocupar o Dnit,
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, órgão que cuida
da manutenção e construção de estradas federais.
Epicentro das
denúncias que levaram à pseudofaxina de 2011, o Dnit administra
contratos milionários com construtoras. As mesmas que borrifam nas arcas
dos comitês eleitorais generosas contribuições.
Jorge Fraxe, o 'faxineiro', deve deixar o Dnit
Há
três anos, antes de aposentar a vassoura, Dilma expurgara do Dnit o
então diretor-geral Luiz Antonio Pagot, do PR do Mato Grosso. Nomeara
para o lugar dele um general do Exército, Jorge Ernesto Pinto Fraxe.
Seguindo
ordens expressas de Dilma, o general Jorge Fraxe varejou contratos
suspeitos, chacoalhou obras tisnadas pelo superfaturamento e trocou o
comando de superintendências do Dnit nos Estados, apinhadas de prepostos
do PR.
Pois bem. Jorge Fraxe já foi informado de que seus serviços não serão mais necessários. Nos próximos dias, deve descer ao Diário Oficial o ato de demissão do general. No teatro montado pelo Planalto, a saída se dará 'a pedido', por razões de saúde.
O
PR trama acomodar na direção-geral do Dnit Handerson Cabral. Ele
conhece os meandros da repartição. Já comandou a superintendência de
Goiás. Se nomeá-lo, Dilma terá protagonizado uma rendição integral.
O
nome de Handerson foi avalizado pelo ex-deputado mensaleiro Valdemar
Costa Neto. Da penitenciária da Papuda, onde se encontra, Valdemar puxa
os cordões do PR. É ele quem detém o poder real na legenda.
Dilma
submete-se aos caprichos do PR aconselhada por Lula. O patrono da
candidata acha que o benefício publicitário compensa o custo estético.
De resto, concluiu-se que o prejuízo seria maior se Valdemar mandasse
entregar o tempo de propaganda eletrônica do partido para Aécio Neves.
DO JOSIASDESOUZA
Lula recebe do Altíssimo os novos fundamentos da educação moral
É… O mal
que Lula faz à decência política do país é algo que será, se for,
mensurado a longo prazo. Espero que as futuras gerações um dia se
debrucem sobre este período, em que o país viveu sob a égide dos valores
lulistas. O resultado certamente será espantoso. Não, senhores! É
evidente que o chefão petista não inventou a corrupção, tampouco é ela
uma criação de seu partido. Mas não é menos evidente que só Lula e seu
partido têm a ousadia — nesse caso, entendida como a cara de pau e a
vigarice intelectual — de fazer a defesa pública de que a falha moral é
uma questão menor quando está em disputa o poder. Alguém ainda poderia
ponderar: “Ah, Reinaldo, assim é com todos os políticos”. Em primeiro
lugar, não é verdade. Em segundo, mas não menos importante, é preciso
considerar que a defesa pública da lambança corresponde a um mal
adicional, além do malfeito original. O crime contra o dinheiro público é
coisa de gente deseducada para a democracia. A defesa pública do crime
deseduca as gerações futuras. O crime, em si, é coisa de ladrões; a
defesa do crime cria novos ladrões. O crime, em si, é um mal temporário;
a defesa do crime é um mal permanente; o crime, em si, pode desafiar
uma cultura da correção; a defesa do crime cria a cultura da corrupção
do caráter.
E é nesse
preciso sentido que Lula é um professor perverso, que continuará a
procriar, para lembrar Fernando Pessoa, muito além do seu e dos nossos
respectivos cadáveres. Por que isso? Lula foi ao Pará lançar a
candidatura de Helder Barbalho (PMDB) ao governo do Estado. O vice é
Paulo Rocha, do PT. Então vamos ver. Helder é filho do notório senador
Jader Barbalho (PMDB), que, em 2002, chegou a ser preso pela Polícia
Federal, junto com outras dez pessoas, todas acusadas de envolvimento no
escândalo da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia). No dia 4 de outubro do ano anterior, tinha renunciado ao
mandato de senador, não resistindo a uma chuva de acusações, como desvio
de recursos do Banpará e emissão fraudulenta de Títulos da Dívida
Agrária. Há três semanas, Dilma chamou o senador de seu “querido”.
E Paulo
Rocha? Também renunciou ao mandato de deputado federal em 2005 em razão
do escândalo do mensalão. Uma assessora sua sacou R$ 620 mil de uma das
contas de Marcos Valério. Ele justificou que o objetivo era pagar
dívidas do PT do Pará, arrancou um empate no julgamento do Supremo e
acabou absolvido da acusação de lavagem de dinheiro. Mas o saque houve.
Dada a moral típica do petismo, ele admitiu que tudo não passou de caixa
dois, como se isso fosse legal. Agora voltemos a Lula.
O homem
foi ao Pará lançar a dupla intrépida ao governo. Poderia ter se calado
sobre o pai de Helder, por exemplo, seguindo a máxima de que as penas
pelos crimes do pai não podem recair sobre o filho — é um princípio do
direito romano. Isso na hipótese, claro!, de Helder não ser um herdeiro
também não virtuoso de Jader. Mas aí Lula não seria Lula. Sabem o que
ele disse? Isto: “Helder, você tem
de dizer que é filho do Jader com muito orgulho; Paulo, você tem de ir
para esta eleição com a cabeça erguida”.
Entenderam?
Lula vive a demonizar país afora um político como FHC. Alguém se lembra
de alguma acusação moral contra o ex-presidente? Em São Paulo, promove
as alianças as mais exóticas e improváveis contra Geraldo Alckmin.
Alguém se lembra de alguma acusação moral contra o governador? No Pará,
no entanto, ele pede que Helder se orgulhe de o pai ter sido preso pela
PF e de ter renunciado ao mandato. E convida o petista Rocha a andar de
cabeça erguida, apesar daqueles R$ 620 mil… Afinal, eram só caixa dois,
certo?
Sim, é
claro que é legítimo que Lula se oponha a tucanos e a outros que
disputam com ele o poder. Asqueroso é o convite que ele faz para que
seus aliados defendam as lambanças como se fossem virtudes.