quarta-feira, 2 de julho de 2014

Os 500 000 barris da Petrobras festejados por Dilma: não é bem assim

Produção em baixa
Produção em baixa
Dilma Rousseff comemorou ontem os 500 000/barris/dia do pré-sal produzidos no Brasil. Beleza. O que ela não pode festejar, no entanto,  é a produção de petróleo da Petrobras com um todo, que não aumenta desde 2005.
A taxa de crescimento anual da produção da Petrobras entre 1980 e 2005 foi de 8,6%. Entre 2006 e 2014, ou seja, entre o segundo governo Lula e o de Dilma, foi de 1,0%. (Pior: a produção efetivamente  vem caindo 1,6% ao ano desde 2011.
A propósito dos celebrados 500 000/barris/dia do pré-sal: só são em parte da Petrobras, que nestes campos de exploração tem sócios como a BG, Repsol e Petrogal.
DOLAUROJARDIM

Após derrubar ministro, PR quer reocupar o Dnit Comente


Dirigentes do PR fazem a entrega delivery de 1min15s de propaganda eletrônica para Dilma
O Partido da República administra com método a cobrança da cessão do seu tempo de propaganda eleitoral à campanha de Dilma Rousseff (1min15s). A fatura foi dividida em duas parcelas —uma antecipada, outra com vencimento pós-fixado.
A primeira parcela foi resgatada por Dilma na semana passada, ao desalojar do comando da pasta dos Transportes o ministro Cesar Borges, substituído por Paulo Sérgio Passos. Sobreveio, então, a entrega da mercadoria.
Reunida na segunda-feira (30), a Executiva nacional do PR abandonou a ameaça de apoio ao tucano de Aécio Neves e aprovou o ingresso do partido na coligação de Dilma. Foram 23 votos a favor e apenas um contra.
 
A mercadoria do PR foi às mãos de Dilma em sistema de delivery. Dirigiram-se ao Planalto os três dirigentes formais da agremiação: Alfredo Nascimento, Tadeu Candelária e Antonio Carlos Rodrigues, respectivamente presidente, vice e secretário-geral do partido.
A troica posou para foto ao lado de uma Dilma sorridente. Ela fez sinal de positivo. À sua esquerda, imitando-lhe o gesto, estava Alfredo Nascimento, ‘varrido’ da poltrona de ministro dos Transportes em 2011, sob denúncias de desvios.
Agora, dando sequência à transação, o PR cobra a segunda parcela de que se julga credor. Exige reocupar o Dnit, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, órgão que cuida da manutenção e construção de estradas federais.
Epicentro das denúncias que levaram à pseudofaxina de 2011, o Dnit administra contratos milionários com construtoras. As mesmas que borrifam nas arcas dos comitês eleitorais generosas contribuições.
Jorge Fraxe, o 'faxineiro', deve deixar o Dnit
Há três anos, antes de aposentar a vassoura, Dilma expurgara do Dnit o então diretor-geral Luiz Antonio Pagot, do PR do Mato Grosso. Nomeara para o lugar dele um general do Exército, Jorge Ernesto Pinto Fraxe.
Seguindo ordens expressas de Dilma, o general Jorge Fraxe varejou contratos suspeitos, chacoalhou obras tisnadas pelo superfaturamento e trocou o comando de superintendências do Dnit nos Estados, apinhadas de prepostos do PR.
Pois bem. Jorge Fraxe já foi informado de que seus serviços não serão mais necessários. Nos próximos dias, deve descer ao Diário Oficial o ato de demissão do general. No teatro montado pelo Planalto, a saída se dará 'a pedido', por razões de saúde.
O PR trama acomodar na direção-geral do Dnit Handerson Cabral. Ele conhece os meandros da repartição. Já comandou a superintendência de Goiás. Se nomeá-lo, Dilma terá protagonizado uma rendição integral.
O nome de Handerson foi avalizado pelo ex-deputado mensaleiro Valdemar Costa Neto. Da penitenciária da Papuda, onde se encontra, Valdemar puxa os cordões do PR. É ele quem detém o poder real na legenda.
Dilma submete-se aos caprichos do PR aconselhada por Lula. O patrono da candidata acha que o benefício publicitário compensa o custo estético. De resto, concluiu-se que o prejuízo seria maior se Valdemar mandasse entregar o tempo de propaganda eletrônica do partido para Aécio Neves.
DO JOSIASDESOUZA 

A fala asquerosa de Lula no Pará. Ou: Os males que chefão petista faz à política como perverso professor da deseducação moral e cívica

Lula recebe do Altíssimo os novos fundamentos da educação moral e cívica
Lula recebe do Altíssimo os novos fundamentos da educação moral 
É… O mal que Lula faz à decência política do país é algo que será, se for, mensurado a longo prazo. Espero que as futuras gerações um dia se debrucem sobre este período, em que o país viveu sob a égide dos valores lulistas. O resultado certamente será espantoso. Não, senhores! É evidente que o chefão petista não inventou a corrupção, tampouco é ela uma criação de seu partido. Mas não é menos evidente que só Lula e seu partido têm a ousadia — nesse caso, entendida como a cara de pau e a vigarice intelectual — de fazer a defesa pública de que a falha moral é uma questão menor quando está em disputa o poder. Alguém ainda poderia ponderar: “Ah, Reinaldo, assim é com todos os políticos”. Em primeiro lugar, não é verdade. Em segundo, mas não menos importante, é preciso considerar que a defesa pública da lambança corresponde a um mal adicional, além do malfeito original. O crime contra o dinheiro público é coisa de gente deseducada para a democracia. A defesa pública do crime deseduca as gerações futuras. O crime, em si, é coisa de ladrões; a defesa do crime cria novos ladrões. O crime, em si, é um mal temporário; a defesa do crime é um mal permanente; o crime, em si, pode desafiar uma cultura da correção; a defesa do crime cria a cultura da corrupção do caráter.
E é nesse preciso sentido que Lula é um professor perverso, que continuará a procriar, para lembrar Fernando Pessoa, muito além do seu e dos nossos respectivos cadáveres. Por que isso? Lula foi ao Pará lançar a candidatura de Helder Barbalho (PMDB) ao governo do Estado. O vice é Paulo Rocha, do PT. Então vamos ver. Helder é filho do notório senador Jader Barbalho (PMDB), que, em 2002, chegou a ser preso pela Polícia Federal, junto com outras dez pessoas, todas acusadas de envolvimento no escândalo da extinta Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). No dia 4 de outubro do ano anterior, tinha renunciado ao mandato de senador, não resistindo a uma chuva de acusações, como desvio de recursos do Banpará e emissão fraudulenta de Títulos da Dívida Agrária. Há três semanas, Dilma chamou o senador de seu “querido”.
E Paulo Rocha? Também renunciou ao mandato de deputado federal em 2005 em razão do escândalo do mensalão. Uma assessora sua sacou R$ 620 mil de uma das contas de Marcos Valério. Ele justificou que o objetivo era pagar dívidas do PT do Pará, arrancou um empate no julgamento do Supremo e acabou absolvido da acusação de lavagem de dinheiro. Mas o saque houve. Dada a moral típica do petismo, ele admitiu que tudo não passou de caixa dois, como se isso fosse legal. Agora voltemos a Lula.
O homem foi ao Pará lançar a dupla intrépida ao governo. Poderia ter se calado sobre o pai de Helder, por exemplo, seguindo a máxima de que as penas pelos crimes do pai não podem recair sobre o filho — é um princípio do direito romano. Isso na hipótese, claro!, de Helder não ser um herdeiro também não virtuoso de Jader. Mas aí Lula não seria Lula. Sabem o que ele disse? Isto: “Helder, você tem de dizer que é filho do Jader com muito orgulho; Paulo, você tem de ir para esta eleição com a cabeça erguida”.
Entenderam? Lula vive a demonizar país afora um político como FHC. Alguém se lembra de alguma acusação moral contra o ex-presidente? Em São Paulo, promove as alianças as mais exóticas e improváveis contra Geraldo Alckmin. Alguém se lembra de alguma acusação moral contra o governador? No Pará, no entanto, ele pede que Helder se orgulhe de o pai ter sido preso pela PF e de ter renunciado ao mandato. E convida o petista Rocha a andar de cabeça erguida, apesar daqueles R$ 620 mil… Afinal, eram só caixa dois, certo?
Sim, é claro que é legítimo que Lula se oponha a tucanos e a outros que disputam com ele o poder. Asqueroso é o convite que ele faz para que seus aliados defendam as lambanças como se fossem virtudes.
Por Reinaldo Azevedo