quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Bretas manda prender ex-presidente da Fetranspor que Gilmar soltou


por Lauro Jardim
Leo Martins
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, mandou prender novamente Lelis Teixeira, o ex-presidente da Fetranspor que Gilmar Mendes acabou de libertar.
Bretas fundamentou sua decisão a partir da operação de anteontem da PF que realizou buscas de documentos na casa de Rodrigo Bethlen, ex-secretário Assistência Social da Prefeitura do Rio de Janeiro. Na denúncia feita mpelo MPF, Bethlen tinha um diálogo suspeito com Teixeira.

Atentado terrorista deixa mortos e feridos em Barcelona

DO TERRA-ISTOÉ

Crédito: AFP
Uma van foi lançada sobre uma multidão na avenida Las Ramblas, a mais turística de Barcelona (Crédito: AFP)
Atentado em Barcelona: van avança contra a multidão – AFP
Ao menos  13 pessoas morreram e 80 ficaram feridas –  15 em estado grave – no atropelamento causado por uma van, nesta quinta-feira, em Barcelona, segundo Carles Puigdemont, presidente do governo da Catalunha. O grupo jihadista Estado Islâmico reivindicou a autoria do atentado.
A polícia prendeu dois suspeitos. Um deles havia sido identificado como Driss Oukabir, mas, segundo o jornal “La Vanguardia”, um homem procurou a polícia da Catalunha para afirmar ser Oukabir e explicar que seus documentos foram roubados. Ele procurou a polícia após ver suas fotos na imprensa.
Ainda de acordo com “La Vanguardia”, um terceiro suspeito do atentado teria morrido em um tiroteio com a polícia em Sant Just Desvern, cidade situada a cerca de 10 quilômetros de Barcelona.
A polícia catalã negou que homens armados estivessem entrincheirados em um bar em Barcelona, como havia sido divulgado pela imprensa logo após o atentado terrorista em Las Ramblas. No Twitter, agentes da polícia informara que “não há nenhuma barricada em qualquer bar”. “Nós prendemos um homem e tratamos o caso como atentado terrorista”, escreveram.
A Casa Real espanhola e o chefe de governo, Mariano Rajoy, condenaram o ataque desta quinta-feira. “Não vão nos aterrorizar. Toda a Espanha é Barcelona. Las Ramblas voltarão a ser de todos”, escreveu a Casa Real no Twitter, enquanto o chefe de governo, Mariano Rajoy, tuitou: “os terroristas nunca vão derrotar um povo unido que ama a liberdade frente à barbárie”.
Turista filma feridos após atropelamento. ATENÇÃO IMAGENS FORTES
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Estado Islâmico reivindica ataque
Após simpatizantes do grupo terem comemorado o ataque nas redes sociais, o EI usou sua agência oficial de propaganda, a “Amaq”, para assumir a responsabilidade pela ação na capital da Catalunha.
A reivindicação foi reproduzida no Twitter pelo site Intelligence Group, portal que monitora a atividade de extremistas na internet. Segundo a reivindicação, os autores do atentado são “soldados do Estado Islâmico”.
Esse termo pode indicar que o atentado não foi planejado pela cúpula do EI, mas sim por simpatizantes da milícia jihadista na Europa. O ataque teria sido cometido por três homens.
Há cerca de duas semanas, simpatizantes do Estado Islâmico lançaram apelos nas redes sociais pedindo atentados na Espanha.
De acordo com Rita Katz, diretora do site, os jihadistas cobraram “ataques iminentes” e a “reconquista” de Al-Andalus, nome dado à Península Ibérica no século 8, início de um período de domínio muçulmano na região que duraria quase 800 anos.
O uso de veículos pesados – como vans e caminhões – tem sido o método preferido de simpatizantes do EI para cometer atentados na Europa, como nos ataques de Nice, em julho de 2016, em Berlim, em dezembro do mesmo ano, e em Londres, em março e junho de 2017.
O atentado de Barcelona é o primeiro ato terrorista reivindicado pelo Estado Islâmico na Espanha.

‘Gilmar Mendes quer acabar com poder investigatório do Ministério Público’, diz procurador da Lava Jato

Com O Globo

Procurador da Lava-Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou na manhã da última quarta-feira nas redes sociais que o ministro Gilmar Mendes, membro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quer acabar com o poder de investigação do Ministério Público (MP).
“Gilmar Mendes quer acabar com o poder investigatório do Ministério Público. Sem esse poder, a Operação Lava-Jato não teria chegado onde chegou. Qual o real objetivo de Gilmar Mendes?”, escreveu Carlos Fernando Lima em sua conta pessoal no Facebook. DO J.TOMAZ

Câmara troca superfundo por cheque em branco

Josias de Souza

Sempre prontos a sofrer na própria pele insuportáveis vantagens, os parlamentares encontraram uma saída honrosa para a desonra que se abateria sobre eles caso insistissem na ideia de borrifar R$ 3,6 bilhões do contribuinte no financiamento das eleições de 2018. Discute daqui, negocia dali, entraram no lugar do superfundo eleitoral as palavras mais belas da língua portuguesa: “Cheque em branco”.
Ficou acertado que o relator Vicente Cândido (PT-SP) passará a borracha no trecho da proposta que destina 0,5% das receitas líquidas da União para a caixa registradora das campanhas. Assim, o superfundo será criado, mas permanecerá vazio até que a Comissão de Orçamento do Congresso defina a cifra que irá recheá-lo. Amanhã, quando a opinião pública não estiver olhando, nada impede que a esperteza se junte ao cinismo para elevar ainda mais o valor do Bolsa Eleição.
Finalmente, uma boa notícia: não houve nas últimas horas nenhum aumento na taxa de desfaçatez dos congressistas que negociam a suposta reforma política. Continua nos mesmos 100%. A votação foi adiada para a semana que vem. Falta chegar a um acordo quanto a outros pontos da proposta.

Em vez de trocar nome, PMDB deveria considerar hipótese da autodissolução

Josias de Souza

O PMDB decidiu que vai voltar a se chamar MDB. O truque é antigo. Foi ensinado pelos portugueses. Chama-se o Cabo das Tormentas de Cabo da Boa Esperança e imagina-se que tudo está resolvido.
“Queremos ganhar as ruas”, disse Romero Jucá, presidente da sigla. Se o objetivo é esse, há uma fórmula infalível: o partido de Michel Temer poderia aprovar em convenção nacional um requerimento de autodissolução, a bem da moralidade pública. As ruas bateriam palmas.
Em 1966, um paradoxo deu à luz o MDB: após extinguir todos os partidos, a ditadura militar autorizou o funcionamento de apenas dois —um contra o regime, outro a favor.
Enrolados na bandeira do combate à tirania representada pela Arena (Aliança Renovadora Nacional), ficou fácil para os fundadores do MDB (Movimento Democrático Brasileiro) transformar sua logomarca num ativo politicamente atraente.
Na transição para a democracia, com o ‘P’ já incorporado ao nome, o PMDB recepcionou em seus quadros José Sarney, apoiador e grande amigo da ditadura até seis meses antes. Desde então, uma maldição persegue a legenda. Sarney viraria presidente da República graças a uma cilada das bactérias que invadiram o organismo de Tancredo Neves, para impedir que assumisse o trono obtido em eleição indireta.
Em meio século de existência, o PMDB foi à sorte das urnas em eleições para a Presidência da República apenas duas vezes. Numa, em 1989, Ulysses Guimarães amealhou irrisórios 4,7% dos votos válidos. Noutra, em 1994, Orestes Quércia arrebanhou ínfimos 4,4%. O partido tornou-se prisioneiro de uma contradição: gigante no Legislativo, optou por ser subalterno no Executivo. Virou sócio minoritário dos governos do PSDB e do PT. Manteve com ambos um matrimônio político lastreado pelo patrimônio público.
O PMDB percebeu que, no Brasil, o dinheiro do Orçamento sai pelo ladrão porque os ladrões entram no Orçamento. A legenda fez dos cofres públicos seu habitat natural. De repente, decorridos 31 anos da vitória de Tancredo no Colégio Eleitoral, um raio caiu no mesmo lugar pela segunda vez. Com Temer, outro vice com destino de versa, o PMDB chegou ao Planalto novamente sem passar pela pia batismal das urnas. Achou que podia plantar bananeira no Tesouro Nacional.
O MDB representava os ideiais da humanidade. O PMDB pode ser a favor de tudo ou absolutamente contra qualquer outra coisa. Basta que paguem o seu preço. A troca de nomes não fará do Cabo das Tormentas um Cabo da Boa Esperança. Seja qual for a sigla, todos sabem que dessa moita não sai mais coelho. Sai víbora, Sarney, jacaré, Temer, abutre, Renan, morcego, Jader, escorpião, Jucá, hiena, Cunha…
Em situações assim, tão desesperados, só a autodissolução pode promover um reencontro com o meio-fio. A morte costuma atenuar os julgamentos negativos. No caso do PMDB, o único inconveniente é que o partido talvez tenha que morrer uma dúzia de vezes.

Temer tornou-se presidente da cota do centrão


Josias de Souza

À medida que vai penetrando o caos fiscal, Michel Temer percebe aos poucos que se deixou enfeitiçar por um tipo de ilusão que Brasília não perdoa num presidente: a ilusão de que preside. Antes de ser denunciado por corrupção, Temer se vangloriava de ter uma sólida base parlamentar. Hoje, os parlamentares é que têm o presidente. A banda fisiológica do Congresso encostou a faca na jugular de Temer.
A história ofereceu a Temer uma extraordinária oportunidade. Ele não aproveitou. E acabou se transformando na oportunidade que seus aliados fisiológicos e oportunistas aproveitam. O governo fraco potencializa a política do ‘quanto eu levo nisso’?, um defeito congênito de Brasília —cidade nascida de um canteiro de obras lamacento, lugar de movimentos pesados, espaço ideal para o trânsito de tratores e do ‘centrão’.
Para sobreviver, Temer entregou-se ao centrão. Prestes a ser denunciado novamente pela Procuradoria, o presidente celebra um conchavo do despudor com a falta de escrúpulos. O centrão pede algo como meia centena de cargos públicos. E o presidente já começou a entregar ao grupo os cofres exigidos. O único cargo que os fisiológicos não reivindicam é o de presidente da República. Está entendido que essa poltrona já é da cota do centrão.

No mundo da Lua, Temer comemora ‘avanços’

Josias de Souza
Um dia depois de o governo anunciar que não conseguiu cumprir suas metas fiscais e entregará rombos ainda maiores até 2019, Michel Temer veio à boca do palco para comemorar as reformas que conseguiu empinar. Eis o que disse o inquilino do Planalto:
“Toda vez que você propõe uma reforma, a primeira coisa é uma guerra brutal contra a reforma, não é? Logo depois, reforma aprovada, o que se verifica nas pesquisas é uma aprovação extraordinária e o silêncio daqueles que protestaram, porque foram obrigados a curvar-se à realidade que aquela reforma trouxe.”
Temer se referia à reforma do ensino médio. Talvez tenha sido a mexida mais alvissareira que seu governo promoveu. Mas não há vestígio de aferição que ateste a “aprovação extraordinária” de que fala o presidente. De resto, o ensino reformado significará muito pouco num país que não consegue pagar regularmente nem a faxina nas escolas.
Temer solta fogos num instante em que sua infantaria parlamentar se recusa a aprovar a reforma da Previdência, apresentada pelo ministro Henrique Meirelles (Fazenda) como a mãe de todas as reformas. Sem ela, o teto constitucional dos gastos, outra reforma da qual o presidente se orgulha, será estourado entre o final de 2018 e o ano da graça de 2019.
Prestes a ser abalroado por uma segunda denúncia da Procuradoria, dessa vez por obstrução de Justiça, Temer sinaliza que sua principal dificuldade não é a incapacidade de apresentar soluções. Tomado pelas palavras, o presidente já não enxerga nem os problemas. Passou a viver no mundo da Lua.