Em defesa de Sérgio Moro
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão – serrao@alertatotal.net
A
recém criada Associação dos Juízes Anticorrupção (AJA) vai entregar um
manifesto de apoio à atuação do juiz Sérgio Fernando Moro. O titular da
13a. Vara Federal em Curitiba foi alvo ontem de um violento ataque
pessoal praticado pelo defensor do lobista Fernando Baiano. O advogado
Nélio Machado, considerado um dos criminalistas mais competentes do
mercado, jogou pesado, depois que Moro decretou uma nova prisão
preventiva de seu cliente. Nélio Machado triturou Moro: “Reagi com
veemência, mostrando o descabimento dessa medida, que parece ser uma
determinação do juiz de prender sem julgar. Ele quer eternizar a prisão.
Ele age não como magistrado, e sim como Ministério Público. Eu acho que
ele errou de concurso”.
O
juiz Sérgio Moro, procurado pela reportagem da Rede Globo, nem quis
responder à provocação de Nélio Machado. Avesso a entrevistas, o
magistrado se limitou a repetir a velha máxima de que “não pretende se
pronunciar fora dos autos”. Na verdade, Moro não quis cair na armadilha
da vaidade. O “Homem de Gelo” sabe que, por causa da anacrônica Lei da
Magistratura, que impede a livre expressão dos juízes, em total conflito
com a Constituição Federal, ele não deve falar além da conta, sob o
risco de ter questionada sua suspeição, sendo retirado do caso. Até
agora, a frieza de Moro e sua técnica paciente de “seguir o dinheiro”,
acatando o que a Força da Tarefa da Lava Jato investiga e denuncia, tem
apresentado resultados em favor da legalidade, firmando vários acordos
de delação premiada.
Os
petistas e defensores de réus na Lava Jato estão aloprando e
radicalizando verbalmente porque as investigações chegam ao andar de
cima da pirâmide de corrupção. O juiz Sérgio Moro já quebrou o sigilo
acerca da investigação sobre José Dirceu de Oliveira e Silva. A Força
Tarefa do Ministério Público quer total acesso aos contratos assinados
entre a Camargo Corrêa e a empresa de consultoria do ex-ministro da Casa
Civil José Dirceu, a JD Assessoria e Consultoria. A consultoria do
ex-ministro faturou R$ 29 milhões em serviços para mais de 50 empresas,
entre 2006 e 2013. Os procuradores afirmam que é necessário “aprofundar”
as investigações e avaliar a “licitude” dos acordos. Desde que saiu do
governo Lula, Dirceu recebeu, através da JD, R$ 900 mil da empreiteira
em contratos.
Agora,
o fato estranho desse ataque pessoal de Nélio Machado a Sérgio Moro é
que nenhuma das grandes associações representativas de juízes tenha
reagido, imediatamente, em defesa do magistrado que, recentemente, foi
homenageado pelo jornal O Globo com o prêmio “Faz a Diferença”. O
silêncio daqueles que costumam ser rápidos no gatilho na hora de
defender aumentos de salários, auxílios moradia, alimentação e outras
mordomias é assustador. Ainda mais no crítico momento em que a sociedade
brasileira sai à rua, aos milhões, para exigir justiça, combate efetivo
à corrupção e fim da impunidade, manifestando total apoio à atuação do
juiz Sérgio Moro – tido como exemplar.
Exceto à AJA, nenhuma outra entidade agiu – ao menos até agora. Tomara que aja…
Dança do Baiano
O
juiz federal Sérgio Moro decretou uma nova prisão preventiva contra
Baiano, que está preso desde novembro do ano passado acusado de
corrupção ativa e lavagem de dinheiro, justificando com as novas
evidências apresentadas pelo Ministério Público Federal:
“Surgiram
mais provas a respeito dos crimes pelos quais Fernando foi denunciado,
novas provas sobre outros crimes de que teria participado e ainda, em
especial, prova de que ele teria intermediado o pagamento de propinas
para obstruir o regular funcionamento de Comissão Parlamentar de
Inquérito de 2009 e 2010, evidenciando risco à investigação e à
instrução”
Baiano é tudo como homem do PMDB na Lava Jato, mas os líderes do partido insistem que não têm nada com ele…JORGERORIZ
A Força-Tarefa da Operação Lava Jato reuniu provas de que Baiano
operou o pagamento de propinas da empreiterias Queiroz Galvão para
obstruir as investigações da CPI. Em depoimento, o ex-diretor de
Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, declarou que foram
repassados R$ 10 milhões para o então presidente nacional do PSDB,
senador Sérgio Guerra, morto em 2014.