terça-feira, 25 de abril de 2017

Movimento Vem Pra Rua faz atos pedindo celeridade a processos da Lava Jato

  • 25/04/2017 22h31
  • Belo Horizonte e São Paulo
Léo Rodrigues e Camila Boehm – Repórteres da Agência Brasil *
O movimento Vem Pra Rua fez na noite de hoje (25) uma manifestação simultânea em 27 cidades para pedir que o Supremo Tribunal Federal (STF) instale uma força-tarefa para dar celeridade às análises dos processos decorrentes de depoimentos prestados por ex-executivos da Odebrecht. Investigadas no âmbito da Operação Lava-Jato, 77 pessoas ligadas à empreiteira fecharam acordo de delação premiada para detalhar como funcionavam os esquemas de corrupção.
A partir dos depoimentos, o ministro do STF, Edson Fachin, autorizou a abertura de 76 inquéritos . Há duas semanas, ele retirou o sigilo de 74 inquéritos, revelando o nome de 83 políticos suspeitos de envolvimento nos esquemas de corrupção. Segundo um manifesto divulgado pelo movimento Vem Pra Rua, a demora no julgamento dos citados nas delações "provoca uma confusão entre inocentes e culpados e mantêm todos na mesma vala comum". O texto diz que é preciso chegar às eleições de 2018 "sem a contaminação da corrupção que permeia o mundo político brasileiro".
O ato foi chamado de SOS STF - A Hora da Justiça e os manifestantes em diversas cidades cobraram também uma posição do STF sobre o fim do foro privilegiado e pediram aos senadores que votem contra o projeto de lei que busca tipificar crimes por abuso de autoridade. A proposta deve ser apreciada amanhã (26) na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).
São Paulo
Em São Paulo, o ato reuniu cerca de 70 manifestantes. O grupo carregava cartazes em defesa do juiz Sérgio Moro, pedindo renovação política em 2018 e rapidez da Justiça. Eles cantaram o Hino Nacional e acenderam velas na calçada, que formavam a sigla "SOS STF".
Representante do Vem Pra Rua, Rogério Chequer, disse que há demanda para que o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria-Geral da República acelerem as investigações para processar pessoas que estão envolvidas na Lava Jato.
"Não podemos depender da velocidade normal da Justiça brasileira em um caso que envolve tantas pessoas tão importantes, porque são legisladores, principalmente os legisladores do Brasil. Então o ato é para exigir uma força-tarefa para acelerar essas investigações, da Lava Jato especificamente", disse.
Recife - Ato do movimento Vem Pra Rua em recife escreveu a mensagem "SOS STF" com velas em frente ao Tribunal Regional Federal da 5 Região (Sumaia Villela/Recife)
 Ato do movimento Vem Pra Rua em Recife escreveu a mensagem "SOS STF" com velas em frente ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região Sumaia Villela/Recife
Belo Horizonte
Em Belo Horizonte, cerca de 30 manifestantes se concentraram em frente ao edifício da Justiça Federal e também utilizaram velas acessas para escrever no chão "SOS STF". Uma das líderes do movimento, a médica Kátia Pegos, disse que a instituição de uma força-tarefa no STF não seria algo novo.
"Já aconteceu outras vezes. É possível que sejam convocados juízes de primeira instância para que eles façam a leitura do processo e um pré-julgamento e o ministro responsável depois decide se valida a decisão. A situação atual urge que isso seja feito", diz.
Kátia defendeu também que a ordem dos julgamentos seja definida por nível de gravidade, colocando na frente os processos que envolvam crimes mais graves. "Nós entendemos que Justiça lenta é injustiça e, se não for dada celeridade aos processos, a maior parte deles vai acabar prescrevendo".
Outras capitais
Em Salvador, o ato foi em frente à antiga sede regional do Tribunal de Contas da União, na Avenida Tancredo Neves. Em frente ao local, os manifestantes acenderam velas que formavam a expressão “SOS STF”.
Um dos membros do Movimento Vem Pra Rua na Bahia, César Leite, diz que a ideia é prestar apoio ao juiz Sérgio Moro, que vem julgando os casos de corrupção. “A quantidade de processos a ser julgada é importante, a gente fica angustiado para resolver logo, mas acho que está seguindo os passos que devem ser seguidos. A sociedade quer justiça e ninguém suporta mais a corrupção”, disse Leite, que se reuniu com mais dez pessoas no ato de hoje.
No Recife, 20 pessoas do movimento Vem Pra Rua montaram uma mensagem com velas em frente ao Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5) em que se lia SOS STF. Em Brasília, o ato reuniu cinco pessoas na Praça dos Três Poderes.
* Colaboraram Sayonara Moreno, Sumaia Villela e Ivan Richard Esposito
Edição: Fábio Massalli

Herman Benjamin sobre TSE: virará lavanderia Comente

Josias de Souza

Numa sessão em que o Tribunal Superior Eleitoral julgou as prestações de contas de três partidos, o ministro Herman Benjamin fez uma espécie de desabafo: “Eu não queria dizer essa frase, mas vamos nos transformar na lavanderia mais sofisticada do Brasil.” Relator da ação sobre a cassação da chapa Dilma-Temer, Benjamin se referia à costumeira benevolência da Corte com a contabilidade suspeita dos partidos.
Segundo o ministro, a Lava Jato demosntrou que as legendas recebem verbas de má origem e “lavam” o dinheiro por meio do TSE. Ao chancelar contas a partir de simples declarações formais, acrescentou Benjamin, o tribunal aceita “a cortina de fumaça de uma legalidade formal.” E não contribui para a criação de um ambiente que estimule “a licitude do comportamento dos partidos políticos”, melhorando o próprio processo eleitoral.
Nas palavras de Benjamin, transmitidas ao vivo pela internet, o TSE está diante de duas alternativas: “…Ou se contenta apenas com um atestado de existência formal ou tem os olhos abertos para, em hipóteses excepcionais, não se contentar com essa cortina de fumaça.”
A manifestação de Benjamin foi feita durante o julgamento das contas do PPS referentes a 2011. Calma, você não leu errado. O TSE julgou a escrituração partidária de seis anos atrás. Em decisão inusual, o plenário da Corte reprovou as contas do PPS por unanimidade. Coube à ministra Luciana Lóssio relatar o processo. Ela anotou em seu voto que passaram pelas arcas do PPS naquele ano R$ 5,8 milhões. O grosso, R$ 5,1 milhões, veio do Fundo Partidário. É verba pública.
Escorando-se em auditoria feita por técnicos do TSE, a ministra informou aos seus pares que foram detectadas irregularidades na aplicação de 48,21% do dinheiro que manuseado pela tesouraria do PPS. Farejaram-se incongruências, por exemplo, no pagamento de prestadores de serviços, na compra de passagens aéreas e nas despesas com alimentação. O partido foi condenado a devolver R$ R$ 2,27 milhões, com a devida atualização monetária. De resto, deixará de receber o equivalente a três meses do Fundo Partidário.
Noutros tempos, os ministros do TSE talvez aprovassem as contas do PPS com ressalvas. Como fizeram, a propósito, com outras duas legendas que tiveram suas contabilidades apreciadas na mesma sessão: PSC e PTdoB (não confundir com PCdoB). Em ambos os casos, as contas passaram “com ressalvas” porque as irregularidades detectadas pelos técnicos do TSE foram consideradas irrisórias.
Herman Benjamin foi o relator do processo referente ao PTdoB, que terá de devolver ao erário R$ 27,5 mil. Seus comentários sobre a conversão do TSE em lavanderia soaram como se o ministro vivesse a angústia do que está por vir no julgamento mais relevante de toda a história do Corte máxima da Justiça Eleitoral. Até os ácaros do carpete do plenário do TSE suspeitam que Benjamin deve votar pela inelegibilidade de Dilma Rousseff e pela interrupção do mandato de Michel Temer. Os mesmos aracnídeos têm certeza de que é mais fácil o PMDB se tornar um partido casto do que o TSE levar a cabeça de Temer à bandeja no julgamento que será retomado em maio.


Deputado Paulo Pimenta (PT) vai tomar enquadro por praticar calúnias contra Moro e o Judiciário

Um vídeo do deputado Paulo Pimenta (PT/RS) vem causando polêmica nas redes e, convenhamos, não sem razão. O conteúdo é forte. Ele diz, por exemplo, que Sergio Moro é insano, irresponsável, e que o Poder Judiciário é o mais podre do país.
Veja:


Pois bem. Diante disso, a AJURIS (Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul) pretende ingressar com reclamação junto ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Isso porque, tratando-se de um parlamentar com mandato vigente, a ele não são cabíveis as medidas regulares de reparação de danos e outros que tais.
A seguir, a íntegra da nota divulgada pela entidade:
“A Associação dos Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris) ingressará com representação contra o deputado Paulo Pimenta (PT/RS) no Conselho de Ética da Câmara Federal em razão de graves acusações feitas por ele ao Poder Judiciário, aos juízes em geral e ao juiz federal Sergio Moro, em particular, de forma leviana e irresponsável. A manifestação, que atinge a independência de qualquer juiz brasileiro, foi gravada em vídeo pelo parlamentar e postada nas redes sociais
Sem qualquer preocupação com o decoro e demonstrando desequilíbrio, o deputado diz que o Judiciário “é o poder mais podre deste país”, que Moro é um “irresponsável”, “um insano” e que ele, Pimenta, não tem medo “de bandido, de bandido de toga, de bandido procurador, promotor”.
Revelando desconhecimento sobre as prerrogativas de um juiz na condução de uma ação penal, Pimenta diz que Moro “está forçando uma ida de Lula” a Curitiba, aludindo ao interrogatório marcado para maio, o qual foi agendado originalmente no início de março.
A Ajuris identifica nesse tipo de manifestação a intenção que está por trás do projeto de abuso de autoridade, que pretende cercear a atuação de magistrados e promotores no combate à corrupção no país e que está prestes a ser votado no Senado.
‘Não podemos aceitar que um deputado, membro do Congresso Nacional, do Poder Legislativo, perca totalmente a razão e assaque contra outro poder, no caso o Judiciário, com tamanha ferocidade e irresponsabilidade. Por isso, vamos acionar o deputado no Conselho de Ética’, diz o presidente da Ajuris, Gilberto Schäfer.”
O texto é do site Implicante. DO J.LIVRE

Artigo: Independência judicial e abuso de autoridade, por Sergio Moro

Lei precisa de salvaguardas expressas para prevenir a punição do juiz


CURITIBA - As Cortes de Justiça precisam ser independentes. Necessário assegurar que os julgamentos estejam vinculados apenas às leis e às provas e que sejam insensíveis a interesses especiais ou à influência dos poderosos.
A independência dos juízes tem uma longa história. Na Idade Média, os juízes do rei se impuseram, inicialmente, às Cortes locais, estas mais suscetíveis às influências indevidas nos julgamentos. Sucessivamente, os juízes se tornaram independentes do próprio rei e, posteriormente, daqueles que o substituíram no exercício do poder central, o executivo ou o parlamento.
Nos Estados Unidos, a independência judicial foi definitivamente afirmada ainda no ano de 1805 com o fracasso da tentativa de impeachment do juiz Samuel Chase da Suprema Corte. O impeachment foi aprovado na Câmara dos Deputados, mas foi rejeitado no Senado. Tratava-se de tentativa do então presidente Thomas Jefferson, notável por outras realizações, de obter domínio político sobre a Suprema Corte. O célebre John Marshall, então juiz presidente da Suprema Corte, afirmou, sobre o episódio, que o impeachment tinha por base o equivocado entendimento de que a adoção por um juiz de uma interpretação jurídica contrária à legislatura tornaria-o suscetível ao impeachment. A recusa do Senado, mesmo pressionado pela Presidência, em aprovar o impeachment propiciou as bases da tradição de forte independência das Cortes norte-americanas e que é uma das causas da vitalidade da democracia e da economia daquele país.
No Brasil, a independência das Cortes de Justiça é resultado de uma longa construção, trabalho não de um, mas de muitos.
Seria, porém, injustiça não reconhecer a importância singular de Rui Barbosa nessa construção.
Passado mais de um século, o Senado Federal debruça-se sobre projeto de lei que, a pretexto de regular o crime de abuso de autoridade, contém dispositivos que, se aprovados, terão o efeito prático de criminalizar a interpretação da lei e intimidar a atuação independente dos juízes.
Causa certa surpresa o momento da deliberação, quando da divulgação de diversos escândalos de corrupção envolvendo elevadas autoridades políticas e, portanto, oportunidade na qual nunca se fez mais necessária a independência da magistratura, para que esta, baseada apenas na lei e nas provas, possa determinar, de maneira independente e sem a pressão decorrente de interesses especiais, as responsabilidades dos envolvidos, separando os culpados dos inocentes.
Ninguém é favorável ao abuso de autoridade. Mas é necessário que a lei contenha salvaguardas expressas para prevenir a punição do juiz — e igualmente de outros agentes envolvidos na aplicação da lei, policiais e promotores — pelo simples fato de agir contrariamente aos interesses dos poderosos.
A redação atual do projeto, de autoria do senador Roberto Requião e que tem o apoio do senador Renan Calheiros, não contém salvaguardas suficientes. Afirma, por exemplo, que a interpretação não constituirá crime se for “razoável”, mas ignora que a condição deixará o juiz submetido às incertezas do processo e às influências dos poderosos na definição do que vem a ser uma interpretação razoável. Direito, afinal, não admite certezas matemáticas.
Mas não é só. Admite, em seu art. 3º, que os agentes da lei possam ser processados por abuso de autoridade por ação exclusiva da suposta vítima, sem a necessidade de filtro pelo Ministério Público. Na prática, submete policiais, promotores e juízes à vingança privada proveniente de criminosos poderosos. Se aprovado, é possível que os agentes da lei gastem a maior parte de seu tempo defendendo-se de ações indevidas por parte de criminosos contrariados do que no exercício regular de suas funções.
Há outros problemas na lei, como a criminalização de certas diligências de investigação ou a criminalização da relação entre agentes públicos e advogados, o que envenenará o cotidiano das Cortes.
Espera-se que uma herança de séculos, a construção da independência das Cortes de Justiça, não seja desprezada por nossos representantes eleitos. Compreende-se a angústia do momento com a divulgação de tantos casos de corrupção. Mas deve-se confiar na atuação da Justiça, com todas as suas instâncias, para realizar a devida depuração. Qualquer condenação criminal depende de prova acima de qualquer dúvida razoável. A aprovação de lei que, sem salvaguardas, terá o efeito prático de criminalizar a hermenêutica e de intimidar juízes em nada melhorará a atuação da Justiça nessa tarefa. Apenas a tornará mais suscetível a interesses especiais e que, por serem momentâneos, são volúveis, já que — e este é um alerta importante — os poderosos de hoje não necessariamente serão os de amanhã.
Rui Barbosa também foi Senador da República. É o seu busto que domina o Plenário do Senado. Espera-se que a sua atuação como um dos fundadores da República e em prol da independência da magistratura inspire nossos representantes eleitos. DO O GLOBO
*Sergio Fernando Moro é juiz federal

Lula no Itaquerão: entra em campo o Amigo da Odebrecht

Os parteiros do estádio do Corinthians sabiam que aquilo daria muito dinheiro por fora. Não imaginavam que também poderia dar cadeia

Em 3 de setembro de 2011, três meses depois do início da construção do novo estádio do Corinthians, Lula estacionou o palanque ambulante em Itaquera para uma discurseira ao lado de Andrés Sanchez, então presidente do clube e hoje deputado federal pelo PT paulista. O trecho em que celebra a parceria com a Odebrecht ajuda a entender por que, além dos mimos milionários ofertados pelos chefões da empresa, ganhou do departamento de propinas o codinome Amigo.


“Eu quero agradecer, sobretudo, ao doutor Emílio Odebrecht, presidente do conselho da Odebrecht…”, entra em campo o camelô de empreiteira aos 57 segundos do vídeo. (Também de microfone em punho, Andrés Sanchez se volta para um ponto fora do alcance da câmera e pede que o chefão venha para a frente do palco: “Doutor Emílio… doutor Emílio”, diz, reforçando o convite com chamados gestuais. Safo, o dono do dinheiro continua longe da telinha).
Enquanto Sanchez tenta transformar a dupla em trinca, o comício segue seu curso: “… e o Marcelo, presidente do grupo Odebrecht, porque foram duas pessoas que começaram a construir essa obra ainda sem um contrato assinado”, confessa Lula. “Eles já tão trabalhando há noventa dias e o contrato foi assinado hoje, numa demonstração… numa demonstração de que o Corinthians vai construir um estádio”.
(E numa demonstração de que os craques da tapeação se julgavam condenados à eterna impunidade, reafirma o desprezo por documentos indispensáveis. Mais que um discurso, aquilo é um aviso perturbador: há outro vale-tudo em gestação. Os parteiros do Itaquerão sabiam desde sempre que obras sem contrato dão muito dinheiro “não-contabilizado”. Só cinco anos mais tarde saberiam que essas vigarices bilionárias também dão cadeia).
O ex-presidente retoma o falatório fantasiado de alma viva mais pura do país: “Nós temos que fiscalizar, Andrés, o estádio… pedir apoio da imprensa pra que este estádio seja construído da melhor maneira possível, da maneira mais honesta possível, pelo preço mais justo possível”, promete o intermediário de suspeitíssimos financiamentos do BNDES. “Porque nós precisamos provar que o Corinthians é um time de pobre, mas é um time de dignidade”.
Ninguém precisava provar que são incontáveis os corintianos pobres e dignos. Faltava provar o que agora é evidente até para os bebês de colo: Lula não figura entre eles. A Fiel queria ver o time ganhar numa casa nova. Lula queria ganhar a parte que lhe cabia naquele latifúndio. Ele nunca deu as caras no Itaquerão em dia de jogo. Nem todo criminoso volta ao local do crime. DO A.NUNES

Opções presidenciais do PSDB viraram estorvo


Faltam 17 meses para a eleição presidencial de 2018. E o PSDB, antes uma opção real de poder, está afogado em suas contradições. O tucanato vive uma experiência parecida com a de um cachorro que corre atrás de carros. Persegue o seu alvo por algum tempo. Dá a impressão de que vai trucidá-los. Mas acaba desistindo. Os tucanos passaram os últimos anos correndo atrás do PT aos gritos de 'pega ladrão'. De repente, foram atropelados pela Lava Jato. E estão jogados na mesma UTI em que se encontram o PT e o resto do sistema político brasileiro.
Os três candidatos que o PSDB tinha a oferecer ao eleitorado, politraumatizados, perderam o rumo, o discurso e a pose. Continuam achando que vieram ao mundo como exemplo. Mas já não sabem de quê. Quando os tucanos acordarem do estado de coma, vão descobrir que acorrentaram seu futuro na biografia de um personagem que encanta a plateia renegando a condição de político.
O PSDB caiu na seguinte armadilha: o prefeito João Dória, o tucano que aparece nas pesquisas com alguma viabilidade eleitoral, só pode admitir suas pretensões presidenciais depois que Geraldo Alckmin, Aécio Neves e José Serra reconheceram que viraram matéria-prima de inquéritos. O problema é que os marqueses tucanato tratam o assunto com a mesma arrogância que enxergavam no PT. Falta aos ex-competitivos a coragem para assumir a nova condição de estorvos.

Imitando Lula, Dilma reivindica o papel de boba

Josias de Souza

Dilma Rousseff frequenta a cena político-policial em constrangedora posição. De um lado, delatores da Odebrecht informam que injetaram dinheiro sujo de corrupção nas arcas da campanha vitoriosa na disputa presidencial de 2014. Na outra ponta, o casal João Santana e Mônica Moura, responsável pelo marketing do comitê petista, admite ter recebido da construtora, por baixo da mesa, verbas de má origem. Uma parte foi depositada em conta secreta na Suíça. No meio disso tudo, Dilma nega o inegável.
A ex-presidente petista reivindica o papel de cega. Ou de boba. Repetindo: aquela senhora que chegou à Presidência com a fama de supergerente infalível pede para ser vista como uma tola, incapaz de farejar os milhões que passaram sob suas narinas. O mais irônico é que Dilma se desconstrói num esforço para desmentir João Santana, o mago do marketing que construíra sua imagem de mulher maravilha.
Dilma imita Lula. O sucesso de sua defesa dependerá do talento dos seus advogados para desmoralizá-la. A essa altura, aceitar a versão de Mônica Moura, que disse ter informado pessoalmente à ex-presidente sobre os depósitos da Odebrecht na Suíça, é uma homenagem à inteligência que Dilma diz não ter.