Faltam 17 meses para a eleição presidencial de 2018. E o PSDB, antes uma opção real de poder, está afogado em suas contradições. O tucanato vive uma experiência parecida com a de um cachorro que corre atrás de carros. Persegue o seu alvo por algum tempo. Dá a impressão de que vai trucidá-los. Mas acaba desistindo. Os tucanos passaram os últimos anos correndo atrás do PT aos gritos de 'pega ladrão'. De repente, foram atropelados pela Lava Jato. E estão jogados na mesma UTI em que se encontram o PT e o resto do sistema político brasileiro.
Os três candidatos que o PSDB tinha a oferecer ao eleitorado, politraumatizados, perderam o rumo, o discurso e a pose. Continuam achando que vieram ao mundo como exemplo. Mas já não sabem de quê. Quando os tucanos acordarem do estado de coma, vão descobrir que acorrentaram seu futuro na biografia de um personagem que encanta a plateia renegando a condição de político.
O PSDB caiu na seguinte armadilha: o prefeito João Dória, o tucano que aparece nas pesquisas com alguma viabilidade eleitoral, só pode admitir suas pretensões presidenciais depois que Geraldo Alckmin, Aécio Neves e José Serra reconheceram que viraram matéria-prima de inquéritos. O problema é que os marqueses tucanato tratam o assunto com a mesma arrogância que enxergavam no PT. Falta aos ex-competitivos a coragem para assumir a nova condição de estorvos.
Imitando Lula, Dilma reivindica o papel de boba
Josias de Souza
Dilma Rousseff frequenta a cena político-policial em constrangedora posição. De um lado, delatores da Odebrecht informam que injetaram dinheiro sujo de corrupção nas arcas da campanha vitoriosa na disputa presidencial de 2014. Na outra ponta, o casal João Santana e Mônica Moura, responsável pelo marketing do comitê petista, admite ter recebido da construtora, por baixo da mesa, verbas de má origem. Uma parte foi depositada em conta secreta na Suíça. No meio disso tudo, Dilma nega o inegável.
A ex-presidente petista reivindica o papel de cega. Ou de boba. Repetindo: aquela senhora que chegou à Presidência com a fama de supergerente infalível pede para ser vista como uma tola, incapaz de farejar os milhões que passaram sob suas narinas. O mais irônico é que Dilma se desconstrói num esforço para desmentir João Santana, o mago do marketing que construíra sua imagem de mulher maravilha.
Dilma imita Lula. O sucesso de sua defesa dependerá do talento dos seus advogados para desmoralizá-la. A essa altura, aceitar a versão de Mônica Moura, que disse ter informado pessoalmente à ex-presidente sobre os depósitos da Odebrecht na Suíça, é uma homenagem à inteligência que Dilma diz não ter.
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