terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Grupo de Lima discute crise na Venezuela; vice-presidente dos EUA promete novas sanções

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019


O presidente autoproclamado Juan Guaidó e o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, se encontraram.
Norte-americano voltou a dizer que 'todas as opções estão à mesa'.


Por G1
Vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, e o líder da oposição e autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, participam de reunião do Grupo de Lima, em Bogotá, na Colômbia, nessa segunda-feira (25)
Foto: Luisa Gonzalez/ Reuters

Representantes do Grupo de Lima pediram nesta segunda-feira (25) soluções pacíficas para a crise humanitária na Venezuela. Em reunião em Bogotá, capital da Colômbia, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, reforçou apoio ao autoproclamado presidente interino venezuelano, Juan Guaidó, e prometeu novas sanções ao regime de Nicolás Maduro.


No encontro, os países integrantes do Grupo de Lima aceitaram a Venezuela – representada por Guaidó – como novo membro da associação. Entre os participantes da cúpula, estava o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão.

O Grupo também pediu que o Tribunal Penal Internacional "leve em consideração a grave situação humanitária na Venezuela, a violência criminosa do regime de Nicolás Maduro contra civis e negação de acesso a assistência internacional, que constituem um crime contra a humanidade", segundo uma declaração lida pelo chanceler colombiano, Carlos Holmes Trujillo.
Encontro do Grupo de Lima acontece nessa segunda-feira (25) em Bogotá, na Colômbia  — Foto: Diana Sanchez / AFP 
Encontro do Grupo de Lima acontece nessa segunda-feira (25) em Bogotá, na Colômbia
Foto: Diana Sanchez / AFP

O Grupo de Lima foi criado em 2017 por iniciativa do governo peruano com o objetivo de pressionar para o restabelecimento da democracia na Venezuela. Integram o grupo os chanceleres de países como Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Paraguai e Peru, entre outros.
Grupo de Lima se reúne em Bogotá para discutir crise da Venezuela

Veja as declarações da reunião do Grupo de Lima:

Vice dos EUA promete novas sanções
Vice-presidente dos EUA, Mike Pence, fala sobre crise da Venezuela em reunião do Grupo de Lima em Bogotá, capital da Colômbia
Foto: Luisa Gonzales/Reuters

Em discurso, Pence prometeu novas sanções "ainda mais fortes" à "rede de corrupção financeira" do regime de Maduro.

"Vamos encontrar até o último dólar que eles roubaram do dinheiro do povo venezuelano", disse o vice-presidente dos EUA.

Ele também pediu que o Grupo de Lima faça como o governo norte-americano e congele os bens da PDVSA e os transfira para a administração de Guaidó. Pence ainda fez um apelo para que esses países restrinjam a concessão de vistos e reconheçam os representantes do presidente autoproclamado.
 
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, desembarca em Bogotá para participar da reunião do Grupo de Lima
Foto: Joaquin Sarmiento/AFP

Além disso, Pence reforçou a mensagem do presidente norte-americano, Donald Trump, aos militares da Venezuela – de que eles devem deixar a lealdade ao regime Maduro e apoiar Guaidó. Caso contrário, "vão perder tudo", reforçou o vice, repetindo a fala de Trump.

"A você, presidente Guaidó, uma simples mensagem do presidente Trump: estamos com você 100%", declarou Pence.

Pence afirmou que a violência durante a tentativa de entrega de alimentos e remédios tão necessários à Venezuela fortalece a determinação dos EUA de apoiar Guaidó até que a liberdade seja restabelecida no país. Na mesma linha de Trump, o vice norte-americano repetiu que "todas as opções estão à mesa" para "restaurar a liberdade" aos venezuelanos.

Também nesta segunda-feira, o governo dos Estados Unidos pediu reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU sobre a Venezuela. A reunião do Conselho, marcada a princípio para esta terça-feira, será aberta, informaram diplomatas segundo a agência France Presse.

Guaidó pede minuto de silêncio
Juan Guaidó discursa durante encontro do Grupo de Lima sobre situação na Venezuela
Foto: Luisa Gonzales/Reuters

Guaidó pediu um minuto de silêncio pelo que chamou de "massacre que sofreu o povo da Venezuela no sábado, dia 23". Ele fazia referência aos confrontos entre as forças armadas leais a Maduro e opositores do regime durante o "Dia D" da entrega da ajuda humanitária.

Para Guaidó, ser "permissivo" com Maduro nesse momento constitui em uma ameça para a América Latina.

Antes do encontro, o presidente autoproclamado chegou a pedir que "todas as opções permaneçam abertas" contra Maduro.
Juan Guaidó se encontra com o vice-presidente dos EUA em Bogotá

Líderes de outros países pedem solução pacífica
Vice-ministro das Relações Exteriores do Peru, Hugo de Zela, participa de uma reunião do Grupo Lima para discutir a crise na Venezuela, nesta segunda-feira (25)
Foto: Luisa Gonzalez/ Reuters

"No Grupo Lima, estamos lutando por uma solução pacífica", disse o vice-ministro do Exterior do Peru, Hugo de Zela, na abertura da reunião. Para ele, chegou a hora de adotar "mais medidas para isolar o regime". "Medidas mais claras para aumentar a pressão, e estamos dispostos a assumir posições mais categóricas, agir politicamente, agir financeiramente", insistiu.

"Reafirmamos nosso compromisso com a transição democrática e a restauração da ordem constitucional na Venezuela", afirmou Holmes Trujillo, ministro das Relações Exteriores da Colômbia e anfitrião do encontro.

Trujillo lembrou que, com o apoio do Grupo de Lima, "alguns países fizeram um grande esforço para facilitar a operação de um canal para fornecer assistência humanitária internacional para aliviar, ainda que parcialmente, a situação humanitária grave que afeta muitos venezuelanos".

Na mesma linha, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, afirmou que o governo brasileiro acredita ser possível encontrar uma solução "sem qualquer medida extrema" para, segundo ele, "devolver a Venezuela ao convívio democrático das Américas".

"O Brasil acredita firmemente que é possível devolver a Venezuela ao convívio democrático das Américas sem qualquer medida extrema que nos confunda com aquelas que serão julgadas pela história como agressoras, invasoras e violadoras das soberanias nacionais", discursou.

Apelos por negociação
Mulher segura uma faixa que diz "Liberdade" em Pacaraima (RR), na fronteira Venezuela com o Brasil
Foto: Bruno Kelly/Reuters

Pouco antes do início do encontro, a Comissão Europeia fez um apelo para que seja encontrada uma saída negociada para a crise e para que os líderes evitem uma intervenção militar no país. O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu pelo Twitter para que o Grupo de Lima busque diálogo.

"Irmãos presidentes do Grupo de Lima: respeitando as nossas diferenças políticas e como líderes democraticamente eleitos, peço-lhes, com muito respeito, que busquem uma solução mediante o diálogo", afirmou o líder boliviano.

Hermanos Presidentes del Grupo de Lima: Respetando nuestras diferencias políticas y como líderes democráticamente electos les pido, con mucho respeto, que busquen una solución mediante el diálogo como opción para salvar vidas y evitar que la guerra traiga destrucción a nuestra AL — February 25, 2019

Entrega da ajuda humanitária
Caminhão que transportava ajuda humanitária para a Venezuela foi incendiado em Cúcuta
Foto: Marco Bello/Reuters

Aliados de Maduro reprimiram violentamente as tentativas de comboios oposicionistas com alimentos e medicamentos de ingressar na Venezuela. Há registros de vítimas, mas não há um balanço oficial.

Entre sexta-feira (22) e sábado (23), quatro pessoas morreram e 300 ficaram feridas, de acordo com dados do Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU).

Porém, o prefeito da municipalidade de Gran Sabana, que é opositor de Maduro, afirmou que 25 pessoas morreram e 84 ficaram feridas em Santa Elena de Uairén (cidade venezuelana na fronteira com o Brasil). A informação não foi confirmada por fontes independentes.
25/02/2019