desfile das campeãs, a escola de samba Paraíso do Tuiuti conseguiu uma proeza: transformou triunfo em vexame.
Fez isso ao arrancar a faixa presidencial do peito do seu
vampiro-presidente. Dessa vez, o personagem que satirizou Michel Temer
desfilou sem o adereço.
Vozes do barracão da escola contaram ao repórter Ricardo Rigel que um emissário do Palácio do Planalto pediu à Liesa (Liga “Independente” das Escolas de Samba do Rio) que vetasse a presença da versão carnavalizada de Temer na avenida. Ouvida, a assessoria do presidente negou o pedido. E a Tuiuti desconversou: ''Foi uma decisão exclusivamente da escola, por se tratar de uma celebração, um dia de festa, e entendemos não ser pertinente levar este adereço”, mandou dizer a diretoria da escola, em meio a um carnaval de versões desencontradas.
Seja como for —censura ou autocensura— o resultado foi um vexame. A faixa presidencial é o principal símbolo do presidente. Mas o chefe da nação não pode ser apenas uma pose. É preciso que, por trás da pose, exista uma noção qualquer de moral. Neste segundo desfile, a imoralidade que a Tuiuti grudou na imagem de Temer passaria despercebida se a censura não tivesse se esforçado para chamar a atenção.
Quanto à escola, vice-campeã de um desfile cujo resultado foi definido nas casas decimais, descerá à crônica dos carnavais como a primeira agremiação da história a erguer na Sapucaí, em pleno desfile das campeãs, um monumento autocrítico, uma espécie de Arco da Derrota. Sob a estrutura dessa edificação invisível, o vampirão da Tuiuti foi convertido num reles bebedor de groselha.
Suprema ironia: Dilma Rousseff foi enviada de volta para Porto Alegre em agosto de 2016. Mas Temer só posou para a foto oficial em maio de 2017. Foi clicado de duas maneiras: com a faixa presidencial e sem ela. Acabou optando por pendurar nos gabinetes de Brasília a fotografia sem a faixa. Ao desfigurar o seu Drácula, a Paraíso do Tuiuti acabou se aproximando do presidente que pretendeu criticar. Skindô-skindô.
De volta à Marques de Sapucaí para o Vozes do barracão da escola contaram ao repórter Ricardo Rigel que um emissário do Palácio do Planalto pediu à Liesa (Liga “Independente” das Escolas de Samba do Rio) que vetasse a presença da versão carnavalizada de Temer na avenida. Ouvida, a assessoria do presidente negou o pedido. E a Tuiuti desconversou: ''Foi uma decisão exclusivamente da escola, por se tratar de uma celebração, um dia de festa, e entendemos não ser pertinente levar este adereço”, mandou dizer a diretoria da escola, em meio a um carnaval de versões desencontradas.
Seja como for —censura ou autocensura— o resultado foi um vexame. A faixa presidencial é o principal símbolo do presidente. Mas o chefe da nação não pode ser apenas uma pose. É preciso que, por trás da pose, exista uma noção qualquer de moral. Neste segundo desfile, a imoralidade que a Tuiuti grudou na imagem de Temer passaria despercebida se a censura não tivesse se esforçado para chamar a atenção.
Quanto à escola, vice-campeã de um desfile cujo resultado foi definido nas casas decimais, descerá à crônica dos carnavais como a primeira agremiação da história a erguer na Sapucaí, em pleno desfile das campeãs, um monumento autocrítico, uma espécie de Arco da Derrota. Sob a estrutura dessa edificação invisível, o vampirão da Tuiuti foi convertido num reles bebedor de groselha.
Suprema ironia: Dilma Rousseff foi enviada de volta para Porto Alegre em agosto de 2016. Mas Temer só posou para a foto oficial em maio de 2017. Foi clicado de duas maneiras: com a faixa presidencial e sem ela. Acabou optando por pendurar nos gabinetes de Brasília a fotografia sem a faixa. Ao desfigurar o seu Drácula, a Paraíso do Tuiuti acabou se aproximando do presidente que pretendeu criticar. Skindô-skindô.
Josias de Souza
18/02/2018 18:35