domingo, 18 de fevereiro de 2018

Vampirão da Tuiti virou um bebedor de groselha

Vampirão da escola Paraíso do Tuiuti foi à avenida sem a faixa presidencial, no desfile das campeãs
No primeiro desfile, o vampiro-presidente exibia a faixa, adornada com cédulas de dólar de plástico
Michel Temer posa para foto oficial: sem faixa
De volta à Marques de Sapucaí para o desfile das campeãs, a escola de samba Paraíso do Tuiuti conseguiu uma proeza: transformou triunfo em vexame. Fez isso ao arrancar a faixa presidencial do peito do seu vampiro-presidente. Dessa vez, o personagem que satirizou Michel Temer desfilou sem o adereço.
Vozes do barracão da escola contaram ao repórter Ricardo Rigel que um emissário do Palácio do Planalto pediu à Liesa (Liga “Independente” das Escolas de Samba do Rio) que vetasse a presença da versão carnavalizada de Temer na avenida. Ouvida, a assessoria do presidente negou o pedido. E a Tuiuti desconversou: ''Foi uma decisão exclusivamente da escola, por se tratar de uma celebração, um dia de festa, e entendemos não ser pertinente levar este adereço”, mandou dizer a diretoria da escola, em meio a um carnaval de versões desencontradas.
Seja como for —censura ou autocensura— o resultado foi um vexame. A faixa presidencial é o principal símbolo do presidente. Mas o chefe da nação não pode ser apenas uma pose. É preciso que, por trás da pose, exista uma noção qualquer de moral. Neste segundo desfile, a imoralidade que a Tuiuti grudou na imagem de Temer passaria despercebida se a censura não tivesse se esforçado para chamar a atenção.
Quanto à escola, vice-campeã de um desfile cujo resultado foi definido nas casas decimais, descerá à crônica dos carnavais como a primeira agremiação da história a erguer na Sapucaí, em pleno desfile das campeãs, um monumento autocrítico, uma espécie de Arco da Derrota. Sob a estrutura dessa edificação invisível, o vampirão da Tuiuti foi convertido num reles bebedor de groselha.
Suprema ironia: Dilma Rousseff foi enviada de volta para Porto Alegre em agosto de 2016. Mas Temer só posou para a foto oficial em maio de 2017. Foi clicado de duas maneiras: com a faixa presidencial e sem ela. Acabou optando por pendurar nos gabinetes de Brasília a fotografia sem a faixa. Ao desfigurar o seu Drácula, a Paraíso do Tuiuti acabou se aproximando do presidente que pretendeu criticar. Skindô-skindô.
Josias de Souza
18/02/2018 18:35

A INTERVENÇÃO DESARMADA E A CRIAÇÃO DE MAIS UMA BOQUINHA. VEM AÍ O "MINISTÉRIO DA (IN) SEGURANÇA".

sábado, fevereiro 17, 2018

Enquanto a mídia anuncia neste sábado que Michel Temer vai criar o 'Ministério da Segurança', coisa que não passa de mais uma 'boquinha' que funcionará como moeda de troca no balcão de negócios em que o MDB, PT e PSDB transformaram o ato de governar.
O essencial permanece intocável. As Forças Armadas e as polícias continuam manietadas pela lei do desarmamento da polícia que concede o armamento para os bandidos. Por tudo isso a propalada intervenção no Rio de Janeiro, como as demais incursões das FFAA na ex-cidade maravilhosa, tem tudo para não resolver nada.
De tudo que tem sido dito pela grande mídia - useira e vezeira em produzir fake news e adaptar a narrativa dos fatos aos interesses do establishment - um artigo do jornalista J. R. Guzzo (José Roberto Guzzo) é um ponto fora da curva. Ainda mais quando está estampado no site da revista Veja justamente a principal ponta de lança dos escusos interesses do dito establishment e que exala os últimos suspiros, enquanto mendiga assinaturas para não fechar as portas. O que aliás está acontecendo com todos os ex-grandes veículos de mídia aqui no Brasil e em todos os países do mundo.
Seja como for, o fato é que o artigo de J.R. Guzzo é uma exceção e diz tudo. Faz um inventário sucinto dessa destrambelhada dita "intervenção" no Rio de Janeiro. Transcrevo:

EMPULHAÇÃO
Por J. R. Guzzo
As Forças Armadas, com o Exército à frente, são a organização mais respeitada do Brasil. Dão de 10 a 0 no Supremo Tribunal Federal, no Ministério Público, nos juízes que ganham o “auxílio-moradia”, na mídia e no Congresso Nacional. Ganham de longe de qualquer organização civil ─ sindicatos, empresas estatais ou privadas, confederações disso ou daquilo, clubes de futebol, OABs e similares. É melhor nem falar, então, da Igreja Católica e das CNBBs da vida ─ e muito menos desses lúgubres “movimentos sociais”, entidades de “minorias” e outros parasitas que vivem às custas do Tesouro Nacional. Enfim, as Forças Armadas têm mais prestigio que qualquer outra coisa organizada que exista neste país. Militar não rouba. Militar não falta ao serviço. Militar não é nomeado por político. É exatamente por essas razões ─ por ter nome limpo na praça, e valer mais aos olhos do público do que todos os três poderes juntos ─ que o Exército foi chamado para defender um Rio de Janeiro invadido, tomado e governado na prática por um exército de ocupação de criminosos. Mas é só por isso, e por nada mais: o governo chamou os militares, porque esta é a única maneira de tentar mostrar à população que está “fazendo alguma coisa” contra a derrota humilhante que lhe foi imposta pelos bandidos. O Exército não pode derrotar o crime no Rio de Janeiro. Nenhum exército foi feito para isso, em nenhum lugar do mundo. Pode haver algum alívio durante um certo tempo, mas depois a tropa tem de sair ─ e aí o crime volta a mandar, porque é o crime, e não o governo e sua polícia, quem manda no Rio de Janeiro.
O governo Michel Temer, no caso, é culpado por empulhação ─ mas só por empulhação. Pela situação do crime no Brasil, com seus 60.000 assassinatos por ano, recordes de roubos, estupros e violência em massa, e a entrega da segunda maior cidade do país à bandidagem, as responsabilidades vão muito além. A culpa pelo desastre, na verdade, é conjunta ─ o que não quer dizer, de jeito nenhum, que ela é dos cidadãos. Ela é de todos os que têm algum meio concreto de influir na questão e não fazem o seu dever. Como é possível enfrentar a sério o crime se temos leis, um sistema Judiciário e agentes do Estado que protegem ativamente os criminosos? Afinal, do jeito em que está a ordem pública no Brasil, eles têm praticamente o direito de cometer crimes.
A maior parte da mídia mantém uma postura de hostilidade aberta à polícia ─ nada parece excitar tanto o fervor do noticiário do que as denúncias contra a “violência policial”. Obedece, ao mesmo tempo, a mandamentos de simpatia e compreensão perante os criminosos, sempre tratados apenas como “suspeitos”, vítimas da situação “social” e portadores prioritários de direitos. A maior parte dos 800.000 advogados do país é contra qualquer alteração que torne menos escandalosa a proteção e garantias fornecidas ao crime pelas leis atualmente em vigor. Policiais são assassinados em meio à mais completa indiferença ─ policial bom é policial morto, parecem pensar governo, oposição e quem está no meio dos dois. Os bispos, as ONGs, as entidades de defesa dos direitos humanos, as variadas “anistias” internacionais que andam por aí, as classes intelectuais, procuradores, juízes, políticos e mais uma manada de gente boa são terminantemente contra a repressão ao crime. Punição, segundo eles, “não resolve”. Sua proposta é esperarmos até o Brasil atingir o nível educacional, cultural e social da Noruega ─ aí sim, o problema estará resolvido.
A jornalista Dora Kramer, na sua coluna da última edição de VEJA, escreveu o que está para ser dito há muito tempo e ninguém diz: a cidade do Rio de Janeiro vive, hoje em dia, como se estivesse ocupada por uma tropa de invasão nazista. Nem mais nem menos. Um invasor do país tem de ser combatido com guerra, e não com decretos, criação de “ministérios de segurança” e a intervenção de um Exército que é mandado à frente de combate com as mãos amarradas. Não tem estratégia clara. Não tem missão definida. Não tem a proteção da lei. Não tem o direito de usar suas armas dentro da finalidade para a qual elas foram projetadas e construídas. Não tem meios adequados sequer para proteger os seus próprios soldados ─ muito menos, então, para atacar o inimigo. Enquanto for assim, o Rio continuará entregue aos invasores. (Do site da revista Veja) DO A.AMORIM