quarta-feira, 9 de janeiro de 2019
Coluna de Carlos Brickmann, publicada nesta quarta-feira em diversos jornais do país:
“Pense num absurdo. Na Bahia tem precedente”. O autor da frase,
Octavio Mangabeira, foi modesto: no Brasil todo há precedentes de tudo.
Grupos do PT articulam a indicação de Lula ao Prêmio Nobel da Paz.
Bom, se for contemplado, ficará ao lado de Obama, que ganhou o prêmio ao
chegar à Casa Branca e foi o primeiro presidente americano a passar em
guerra todos os dias de seus dois mandatos. Mas o objetivo dos lulistas
não é figurar na galeria ao lado de Obama, que afinal de contas era
presidente “duzianqui” e o surpreendente líder “dos galeguinho di zóio
azul”: é criar um paralelo com Nelson Mandela, que saiu da prisão para
dirigir a África do Sul, e deixar mal o Governo, que teria de soltar
Lula para receber o prêmio ou mantê-lo preso enquanto o Comitê Nobel
tentaria homenageá-lo.
Em Sinop, no Mato Grosso, a mãe foi a um bar com amigos e deixou os
quatro filhos pequenos sozinhos. Ao voltar, viu um homem de 36 anos nu
na cama com sua menina de cinco anos. Espancou-o com cabo de vassoura e
cano de PVC. O cavalheiro foi para o hospital. Ela foi presa por
agressão. Lembra um caso recente, em que os mesmos bandidos invadiram a
mesma casa três vezes, roubando tudo e espancando os moradores. Na
terceira, o dono da casa tomou o revólver de um bandido e matou-os. Foi
preso na hora, pela mesma polícia que, enquanto ele era assaltado
repetidas vezes, não tinha sequer sido vista nas proximidades do local
dos crimes.
Bobeou, dançou
O ator José de Abreu pisou em falso: em seu Twitter, acusou o Mossad,
serviço secreto israelense, de ter tramado e executado um atentado
falso a Bolsonaro, com a cumplicidade do Hospital Israelita Albert
Einstein, onde o então candidato, segundo ele, se fingiu em risco. A
prova disso, disse Abreu, é que o primeiro-ministro israelense Benyamin
Netanyahu veio ao Brasil para a posse de Bolsonaro. Vieram também
dezenas de chefes de Estado e de Governo, mas não eram judeus, e Abreu
não quis culpá-los.
A reação
O Einstein, um dos melhores hospitais do país, internacionalmente
reconhecido pela qualidade de seus serviços, foi difamado: Abreu lhe
atribuiu comportamento criminoso, por dizer que as cirurgias que
salvaram a vida de Bolsonaro eram apenas parte de uma farsa. E ainda
nesta semana o Einstein entra com queixa-crime, por difamação, contra
José de Abreu. Propõe também ação civil de reparação de dano moral,
sendo a indenização destinada a obras beneficentes. Na ação civil, os
advogados do Einstein são Hilton e Décio Milnitzki. Na criminal, o caso
está com o escritório de Carlos Kauffmann.
Tentando escapar
José de Abreu postou a mensagem em que culpa os judeus pelo atentado a
Bolsonaro e, não muito tempo mais tarde, a retirou. Mas a mensagem já
tinha sido gravada: Abreu se esqueceu de que, depois de desferida, não
há como esconder a difamação, nem fazê-la simplesmente desaparecer.
Igualdade seletiva
Hélio Negão, o negro mais bem votado nessas eleições, com pouco mais
de 345 mil votos, tomou posse como deputado federal do Rio sem notícias
especiais, sem manifestações do movimento negro, sem ONGs a apoiá-lo. Há
motivo para essa indiferença: Hélio Negão é negro, luta contra o
racismo, mas é do PSL, partido de Bolsonaro. E sofre agressões por isso,
de cunho discriminatório: um músico ligado a partido adversário o
chamou de “Negão do Bolsonaro”. Pelo jeito, um cidadão negro tem o
direito de votar em quem quiser, desde que seja no partido dos
bem-pensantes.
O grande dia
Sim, a previsão existe – mas nunca se sabe, pois Bolsonaro diz e
desdiz, é desmentido por auxiliares de primeiro e segundo escalões, o
que fala não se escreve (talvez um Twitter, mas nem isso é definitivo),
Enfim, prevê-se que as ideias do Governo sobre Previdência sejam
reveladas na quarta-feira. O Governo está no início, mas o assunto é
urgente: ou consegue votá-lo ainda sob o impacto da vitória eleitoral ou
fica para o longínquo futuro.
Olha a chance!
Bolsonaro, falando na posse de presidentes de bancos estatais,
prometeu dividir a verba oficial de publicidade de acordo com o retorno
oferecido pelos veículos. Perde uma oportunidade única: a de cortar
dramaticamente a gigantesca verba de publicidade, mantendo-a apenas para
as empresas federais que disputem mercado. As monopolistas, para que
publicidade? O Governo, para que publicidade? Para dizer que o
presidente come cachorro-quente e hambúrguer? Este colunista também come
e não é nem candidato.
Que cada veículo lucre com consumidores e patrocinadores – e apenas eles.
Faz-se a luz
Palocci está depondo sobre fundos de pensão. Ele conhece. DO.TAMBOSI