Josias de Souza
Os
deuses do acaso foram caprichosos com Lula. No dia do encerramento da
caravana nordestina do pajé do PT, Antonio Palocci prestou depoimento a
Sergio Moro, em Curitiba. Lula gastou os últimos 20 dias fazendo pose de
“guerreiro do povo brasileiro”. Em duas horas de depoimento, Palocci
demoliu a fantasia. Acusou o líder máximo do petismo de guerrear pelos
interesses da Odebrecht. Num “pacto de sangue” com a construtora, Lula amealhou propinas para bancar suas campanhas eleitorais e os seus confortos, dedurou o amigo.
Ao quebrar o silêncio, Palocci acrescentou uma novidade no processo de apodrecimento da reputação de Lula. Pela primeira vez, o ex-soberano enfrenta a autofagia companheira. Até aqui, Lula dedicou-se a desqualificar o juiz e os procuradores da Lava Jato. Se fizer o mesmo com Palocci será como xingar a própria imagem refletida no espelho. Palocci mantinha com Lula uma relação do tipo unha e cutícula.
Lula talvez não tenha se dado conta. Mas empurrou o companheiro para o colo dos investigadores. Num dos processos que responde na Lava Jato, Palocci é acusado de coletar verbas sujas em nome de Lula. Na contabilidade do Departamento de Propinas da Odebrecht, a verba destinada a Lula era lançada na rubrica “Amigo”. O ex-presidente petista respondeu à suspeita assim:
“Quem tiver contando mentiras, quem tiver inventando historinhas, quem tiver dizendo que criou uma conta pra mim, para um terceiro… Já faz sete anos que eu deixei a Presidência. Essa conta está onde? Esse terceiro está onde? Esse cara deve estar comendo, então, o dinheiro que era pra mim, porra!”
Preso em Curitiba, Palocci ficou imprensado. De um lado, a provedora Odebrecht. Do outro, o beneficiários dos mimos, que jura não ter recebido nada. Ou Palocci abria o bico ou seria condenado como um comedor solitário e egoísta de propinas —sem atenuantes. Faltando-lhe o histórico militante de José Dirceu, Palocci sucumbiu. Foi como se mandasse uma coroa de flores para o mito petista —com uma mensagem no cartão: “Descanse em paz.”
Ao quebrar o silêncio, Palocci acrescentou uma novidade no processo de apodrecimento da reputação de Lula. Pela primeira vez, o ex-soberano enfrenta a autofagia companheira. Até aqui, Lula dedicou-se a desqualificar o juiz e os procuradores da Lava Jato. Se fizer o mesmo com Palocci será como xingar a própria imagem refletida no espelho. Palocci mantinha com Lula uma relação do tipo unha e cutícula.
Lula talvez não tenha se dado conta. Mas empurrou o companheiro para o colo dos investigadores. Num dos processos que responde na Lava Jato, Palocci é acusado de coletar verbas sujas em nome de Lula. Na contabilidade do Departamento de Propinas da Odebrecht, a verba destinada a Lula era lançada na rubrica “Amigo”. O ex-presidente petista respondeu à suspeita assim:
“Quem tiver contando mentiras, quem tiver inventando historinhas, quem tiver dizendo que criou uma conta pra mim, para um terceiro… Já faz sete anos que eu deixei a Presidência. Essa conta está onde? Esse terceiro está onde? Esse cara deve estar comendo, então, o dinheiro que era pra mim, porra!”
Preso em Curitiba, Palocci ficou imprensado. De um lado, a provedora Odebrecht. Do outro, o beneficiários dos mimos, que jura não ter recebido nada. Ou Palocci abria o bico ou seria condenado como um comedor solitário e egoísta de propinas —sem atenuantes. Faltando-lhe o histórico militante de José Dirceu, Palocci sucumbiu. Foi como se mandasse uma coroa de flores para o mito petista —com uma mensagem no cartão: “Descanse em paz.”