Josias de Souza
A
provável revisão do acordo de colaboração judicial do Grupo JBS deixou
Michel Temer animado. Mas o presidente, de volta da viagem à China nesta
quarta-feira, logo perceberá que seu entusiasmo se parece muito com a
sensação de um afogado que confunde jacaré com tronco. O drama vivido
pelo procurador-geral Rodrigo Janot oferece a Temer um discurso político
contra seu algoz. Não altera, porém, sua situação penal. Tampouco
devolve ao governo a maioria constitucional de que precisa para aprovar a
reforma da Previdência.
A mediocridade continuará correspondendo ao apreço que o governo Temer lhe devota. E o presidente conseguirá atingir a meta de não cair, hoje sua prioridade zero. Mas Temer se manterá na poltrona porque seus rivais não dispõem dos 342 votos necessários para que o plenário da Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal a analisar a segunda denúncia a ser apresentada por Janot. Sua sobrevivência não está relacionada às explicações que o procurador-geral precisa oferecer sobre o amigo Marcelo Miller, que assessorou os delatores da JBS quando ainda trabalhava como procurador da Lava Jato.
A defesa de Temer requereu novamente no Supremo o afastamento de Janot do caso JBS. Volta à carga quatro dias depois de o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, ter indeferido um pedido de suspeição semelhante. Trata-se de um ensaio para um movimento mais ousado. Advogado de Temer, Cláudio Mariz de Oliveira amadurece a ideia de protocolar no Supremo uma petição pedindo a anulação da peça que fez do seu cliente o primeiro presidente da história a ser denunciado por corrupção.
Dois ministros da Suprema Corte disseram ao blog nesta terça-feira que o vendaval que sacode o acordo firmado entre Janot e o Grupo JBS não varre da cena as provas recolhidas na investigação. Em situações como a atual, a lei autoriza o Estado a rever os prêmios concedidos a delatores que desonram o acordo, sem prejuízo do aproveitamento das provas.
E as evidências recolhidas contra Temer não são banais: o encontro noturno no Jaburu com Joesley Batista, um empresário investigado por corrupção e lavagem de dinheiro. Os 38 minutos de conversa gravada, repleta de indícios de ilicitudes e frases esquisitas. Coisas como “zerar pendências” com Eduardo Cunha para, segundo o delator, comprar-lhe o silêncio. Ou o “tem que manter isso, viu?”, que Temer admitiu ter pronunciado depois que Joesley lhe informou sobre suas boas relações com Cunha. Ou ainda o “ótimo, ótimo” que Temer enganchou na revelação de Joesley de que estava subornando dois juízes e um procurador.
De resto, o mais inquietante: o fato de Temer ter confirmado que indicara o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, então deputado federal, como seu interlocutor junto a Joesley. E o esforço que o presidente teve de fazer na Câmara para impedir que os deputados autorizassem o Supremo a investigar os supostos vínculos de Temer com a propina de R$ 500 mil que Loures receberia numa mala da JBS dias depois do diálogo vadio do Jaburu.
O novo áudio tóxico da JBS não apaga esses fatos. Quando deixar a Presidência, Temer terá de acertar contas com a Justiça, provavelmente na primeira instância. E vem aí a segunda denúncia, vitaminada pela delação do operador de propinas Lúcio Funaro, homologada nesta terça-feira pelo ministro Edson Fachin.
A mediocridade continuará correspondendo ao apreço que o governo Temer lhe devota. E o presidente conseguirá atingir a meta de não cair, hoje sua prioridade zero. Mas Temer se manterá na poltrona porque seus rivais não dispõem dos 342 votos necessários para que o plenário da Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal a analisar a segunda denúncia a ser apresentada por Janot. Sua sobrevivência não está relacionada às explicações que o procurador-geral precisa oferecer sobre o amigo Marcelo Miller, que assessorou os delatores da JBS quando ainda trabalhava como procurador da Lava Jato.
A defesa de Temer requereu novamente no Supremo o afastamento de Janot do caso JBS. Volta à carga quatro dias depois de o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato, ter indeferido um pedido de suspeição semelhante. Trata-se de um ensaio para um movimento mais ousado. Advogado de Temer, Cláudio Mariz de Oliveira amadurece a ideia de protocolar no Supremo uma petição pedindo a anulação da peça que fez do seu cliente o primeiro presidente da história a ser denunciado por corrupção.
Dois ministros da Suprema Corte disseram ao blog nesta terça-feira que o vendaval que sacode o acordo firmado entre Janot e o Grupo JBS não varre da cena as provas recolhidas na investigação. Em situações como a atual, a lei autoriza o Estado a rever os prêmios concedidos a delatores que desonram o acordo, sem prejuízo do aproveitamento das provas.
E as evidências recolhidas contra Temer não são banais: o encontro noturno no Jaburu com Joesley Batista, um empresário investigado por corrupção e lavagem de dinheiro. Os 38 minutos de conversa gravada, repleta de indícios de ilicitudes e frases esquisitas. Coisas como “zerar pendências” com Eduardo Cunha para, segundo o delator, comprar-lhe o silêncio. Ou o “tem que manter isso, viu?”, que Temer admitiu ter pronunciado depois que Joesley lhe informou sobre suas boas relações com Cunha. Ou ainda o “ótimo, ótimo” que Temer enganchou na revelação de Joesley de que estava subornando dois juízes e um procurador.
De resto, o mais inquietante: o fato de Temer ter confirmado que indicara o ex-assessor Rodrigo Rocha Loures, então deputado federal, como seu interlocutor junto a Joesley. E o esforço que o presidente teve de fazer na Câmara para impedir que os deputados autorizassem o Supremo a investigar os supostos vínculos de Temer com a propina de R$ 500 mil que Loures receberia numa mala da JBS dias depois do diálogo vadio do Jaburu.
O novo áudio tóxico da JBS não apaga esses fatos. Quando deixar a Presidência, Temer terá de acertar contas com a Justiça, provavelmente na primeira instância. E vem aí a segunda denúncia, vitaminada pela delação do operador de propinas Lúcio Funaro, homologada nesta terça-feira pelo ministro Edson Fachin.
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