terça-feira, 4 de abril de 2017

TSE ainda culpará a maçã por pecados cometidos pelo comitê de Dilma e Temer

Tudo correu como planejado no primeiro dia do suposto julgamento do pedido de cassação da chapa Dilma Rousseff—Michel Temer. Verificou-se que a única maneira de levar o processo adiante é voltando no tempo. Em nome da preservação do sacrossanto direito de defesa, o Tribunal Superior Eleitoral decidiu que, além de conceder mais prazo para que os advogados de Dilma e Temer apresentem novamente suas “alegações finais”, será necessário ouvir novas testemunhas.
A certa altura, o relator Herman Benjamin, preocupado em evitar que o processo se torne “um universo sem fim”, fixou um limite: “Não vamos querer ouvir Adão e Eva e a serpente.” O colega Napoleão Nunes Maia Filho concordou: “Eu também não quero retornar ao Paraíso.” Mas deixou a questão em aberto: “A não ser se fosse no período anterior à queda.” Ficou entendido que, no limite, o TSE ainda pode culpar a maçã pelos pecados nada originais cometidos na campanha que reelegeu Dilma e Temer.
Na prática, o TSE decidiu suspender o julgamento antes mesmo que o relator pudesse iniciar a leitura do seu relatório. Retornou-se à fase de coleta de provas. Atendendo a pedido da defesa de Dilma, os ministros da Corte Eleitoral abriram novo prazo de cinco dias para que os advogados se manifestem. Nos dois dias que o relator havia concedido, os advogados de Dilma produziram alegações finais de 213 páginas. Restabelecida a ordem, produzirá muito mais.
Sobretudo porque, na sequência, os ministros deliberaram que o novo prazo de cinco dias vai durar pelo menos uns dois meses, pois só começará a ser contado depois da inquirição do ex-ministro petista Guido Mantega e mais três personagens que acabam de fechar acordo de delação com a força tarefa da Lava Jato: o marqueteiro João Santana, sua mulher Monica Moura e um personagem desconhecido do noticiário: André Santana.
Estima-se que os novos procedimentos empurrarão a próxima sessão do pseudo-julgamento para algum ponto no calendário de maio ou junho. Até lá, dois dos atuais ministros —Henrique Neves e Luciana Lóssio— já terão sido substituídos por um par de julgadores indicados pelo acusado Temer: Admar Gonzaga e Tarcísio Vieira de Carvalho Neto.
Gilmar Mendes, presidente do TSE, elogiou o trabalho do relator Benjamin. “Sua Excelecência, inclusive, hoje, demonstrou a clarividência e a humildade de fazer eventuais ajustes, tendo em vista a marcha do processo, a necessidade de que o processo vá para a frente. E que não fique nesse permanente ritornelo. Ele que está muito sensibilizado pela imagem bíblica da oitiva da serpente. Não sei se isso tem alguma razão metafórica.”
Com sorte, o julgamento hipotético será retomado antes do recesso de meio do ano do Judiciário. Seja quando for, o ministro Napoleão, aquele que admite levar ao processo ao Éden se for “no período anterior à queda”, pedirá vista dos autos, postergando um pouco mais o veredicto. Nada impede que outros ministros façam o mesmo nas sessões subsequentes.
Nesse ritmo, quando conseguir apontar a maçã como culpada pelos crimes eleitorais de 2014, o TSE talvez conclua que será necessário reabrir uma vez mais a fase de instrução processual. Como se sabe, a Bíblia não especifica qual era o fruto proibido que Adão e Eva comeram naquele dia em que, por desobediência a Deus, a humanidade perdeu o Paraíso e, em troca, ganhou a mortalidade, o sexo, a indústria têxtil e o Departamento de Propinas da Odebrecht. DO J.DESOUZA


Egito descobre restos de pirâmide construída há cerca de 3.700 anos








As primeiras escavações descobriram a estrutura de um corredor
As primeiras escavações descobriram a estrutura de um corredor
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Ruínas de uma pirâmide construída há 3.700 anos foram descobertas no Egito, informou o Ministério de Antiguidades do país. Até o momento, entre as estruturas encontradas na necrópole real (cemitério de civilizações antigas) de Dahshur, ao sul do Cairo, estão um corredor e um bloco com dez linhas de hieróglifos.
O ministério divulgou imagens da construção que aparece em bom estado de preservação. O trabalho de escavação ainda vem tentando dimensionar o tamanho da pirâmide, que teria sido construída na 13ª dinastia faraônica.
"Todas as partes descobertas da pirâmide estão em boas condições, e mais escavações serão realizadas para se revelar mais partes [da estrutura]", informou o ministério.

EPA
Um bloco com dez linhas de hieróglifos também está entre as descobertas
Um bloco com dez linhas de hieróglifos também está entre as descobertas
Dahshur é onde o faraó Seneferu, da 4ª dinastia, construiu a primeira pirâmide de paredes lisas do antigo Egito, a Pirâmide Vermelha, de 104 metros de altura, há cerca de 4.600 anos.
Ele também ordenou, anteriormente, a construção da Pirâmide Curvada, de 105 metros.

AFP
A Grande Pirâmide de Gizé foi a edificação mais alta do mundo por 3.500 anos
A Grande Pirâmide de Gizé foi a edificação mais alta do mundo por 3.500 anos
Seneferu foi sucedido por seu filho, Quéops, conhecido por ter ordenado a construção da Grande Pirâmide de Gizé, também conhecida como Pirâmide de Quéops, que tem 138 metros de altura e é a única das chamadas sete maravilhas do mundo antigo que ainda permanece praticamente intacta.
MAIS DE 120 PIRÂMIDES
Os arqueólogos descobriram até agora 123 pirâmides antigas no Egito, disse Zahi Hawass, ex-diretor do Conselho Supremo de Antiguidades, à agência AFP.
Hawass confirmou que as ruínas encontradas no sul do Cairo parecem indicar que o monumento pertencia a "uma rainha enterrada próxima a seu marido ou filho".
"Esperamos encontrar alguma inscrição que revele a identidade do dono da pirâmide. Encontrar o nome de uma rainha desconhecida até agora serviria para completar a história", ressaltou o especialista.
As novas pesquisas são parte da chamada Operação ScanPyramids, que emprega equipamentos de escaneamento para localizar estruturas e cavidades ocultas.DA FOLHA

Finjam que a Odebrecht não existe, pede Temer

Josias de Souza

Com o mandato pendurado num veredicto a ser proferido pelo Tribunal Superior Eleitoral, Michel Temer pediu aos ministros da Corte que julguem o processo que pode interromper sua presidência num país alternativo: o Brasil sem as doações eleitorais radioativas. Um Brasil que poderia ter sido se a Odebrecht não existisse.
Por meio dos seus advogados, Temer protocolou no TSE uma petição que sustenta, com outras palavras, a tese segundo a qual o pior cego é o que vê algum valor processual nas provas devastadoras resultantes da colaboração da Odebrecht. Alega-se que tudo o que está na cara deve ser desconsiderado.
Documento subscrito pelo advogado Luiz Fernando Casagrande Pereira recorda que, pela lei, os resultados eleitorais devem ser impugnados até 15 dias depois da diplomação dos eleitos. No caso da chapa Dilma—Temer, o prazo expirou em 1º de janeiro de 2015. Nenhum fato descoberto posteriormente poderia compor a ação.
A peça que inaugurou o processo, embora tenha sido protocolada pelo PSDB de Aécio Neves dentro do prazo legal, não fazia menção ao dinheiro sujo da Odebrecht. Portanto, a defesa de Temer exige que o julgamento ocorra num Brasil fictício onde essas doações, que somaram R$ 150 milhões, não aconteceram.
Deseja-se que as sete togas do TSE fechem os olhos para o caixa dois, a verba roubada da Petrobras, a propina em troca de uma medida provisória, a compra do tempo de televisão dos partidos, o dinheiro depositado na conta do João Santana na Suíça… Nada disso precisa ser explicado. E o assunto deve ser encerrado.
É com base nesta farsa que Temer pede a extinção da encrenca. Se houver boa vontade dos julgadores, o substituto constitucional de Dilma se dispõe a conviver até 2018 com os 27 volumes do processo, fingindo que eles não existem. Ou usando-os como base para uma mesa de centro na sala presidencial.
O dinheiro sujo que empresas como a Odebrecht transformam em doações eleitorais podem virar muitas coisas. Nos últimos 50 anos, graças à desfaçatez dos políticos e à inépcia da Justiça Eleitoral, passaram de exceção a hábito. Depois, disseminaram-se como parâmetro. Súbito, deram na Lava Jato. Temer pode chamar o descalabro do que quiser. Mas o melado continua escorrendo. DO J.DESOUZA